sexta-feira, 13 de maio de 2011

Curitiba, Estrada da Graciosa e Litoral Paranaense – de 27 de dezembro de 2010 a 1 de janeiro de 2011


Após o Natal, nem um pouco celebrado por mim, eu, Ana e Fernando nos embrenhamos pelo sul do país na gana de conhecer Curitiba, a capital do Paraná, e a Serra da Graciosa, pela qual uma estrada histórica, adornada por paralelepípedos, desemboca o viajante direto no litoral paranaense.
Os 500km que nos levaram à Curitiba não poderiam ser mais suaves. Paradas esporádicas, sol e calor. Adentramos o estado do Paraná pela 116, passamos sobre a bela Represa de Capivari e alcançamos a capital por volta das 17 horas. A guerra para encontrar um hotel então se principiou. Como poderia ser diferente? Não se pode reservar hotéis quando se está um dia em cada lugar. Somos nômades das estradas, procurando abrigo com a velha filosofia de que “acomodações próximas à rodoviária são mais baratas”. Mas, uma ressalva: dependendo da cidade, podem ser também as mais perigosas. Felizmente não é o caso de Curitiba, apesar de alguns sujeitos nem um pouco amigáveis tentarem te vender objetos de cânhamo à força em alguns dos cruzamentos.
Curitiba/PR
Dormimos bem por 50 cruzeiros. Logo pela manhã visitamos o Jardim Botânico e a Ópera de Arame, ambos muito bem arquitetados. O que uma cidade grande pode oferecer além de arquitetura? Aprecio particularmente as igrejas católicas, seus desenhos góticos e a imponência que emanam. Pode-se dizer que sou um ateu à caça de templos, por mais contraditório e profano que possa parecer. Após algumas fotos e um almoço reforçado, partimos com destino à Graciosa.
A entrada da Estrada da Graciosa (PR-410), por si só, já é uma imagem a ser guardada com carinho. Um portal histórico - a estrada era utilizada por tropeiros no século XVIII - para uma estrada histórica e muito bem conservada pelo governo paranaense, diga-se de passagem.  Hortênsias, paralelepípedos e cachoeiras marcam a passagem por estes certames. A velocidade máxima é de 40km/h, mas aconselho o passeio a 20km/h. Eu sempre digo que nossas estradas não tem história, mas essa é uma das exceções. Ela nos leva diretamente a Morretes, cidade pequena e aprazível, na qual se consome o Barreado, prato típico de carne seca feito em panelas de barro. Conhecemos também Antonina, com um certo charme por se encontrar parada no tempo e também por ser banhada pela Baía de Paranaguá. Terminada a Graciosa, embrenhamo-nos pela Curitiba-Paranaguá e chegamos à Paranaguá, também banhada pela baía. A cidade é histórica, mas talvez passasse despercebida se não fosse ponto de partida de barcos para o fenômeno turístico que é a Ilha do Mel.
Ilha do Mel/PR
Um barco nos levou logo pela manhã do dia seguinte à ilha. Também histórica, ela serviu de defesa litorânea nas épocas de dominação portuguesa. Vários canhões, prisões, labirintos e um farol. A gruta, que eu gostaria de conhecer, infelizmente deixamos de visitar por falta de tempo. Algo me diz que essa ilha desaparecerá do mapa muito em breve. Seu tamanho reduzido e o aumento do nível das águas do mar propiciarão esse fenômeno, o que pode ser notado com mais ênfase na Praia do Istmo, bem no centro da ilha.
Morretes/PR
De volta à Paranaguá, dormimos e acordamos no dia seguinte para o regresso. No caminho para casa muita chuva, frio e cansaço. Chegamos bem, e as memórias desta viagem renderam boas gargalhadas por semanas a fio. Rodamos, ao todo, 1400km. Esta viagem não seria tão interessante se eu não estivesse em companhia de pessoas maravilhosas como Ana e Fernando. Em dias como os nossos, encontrar parceiros para aventuras deste porte é praticamente impossível, e por isso sou eternamente grato a todos os que já viajaram comigo. Quem possui uma motocicleta muitas vezes não se vê viajando por longas distâncias; quem quer viajar longas distâncias muitas vezes não tem dinheiro para tal; quem tem vontade e dinheiro muitas vezes não tem oportunidade e/ou coragem. É isso que tento inculcar em todos os que convivem comigo: coragem, pois um homem precisa viajar. De nossos pés não brotam raízes, que se enfincam no solo e nos deixam estáticos. Temos articulações, músculos e glicose para o movimento. E, o mais importante, temos um mundo inteiro querendo se revelar.


Mais fotos aqui.

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