Em uma das escolas que leciono, noto amiúde o ato de auto isolamento de um dos funcionários responsáveis pela faxina. Ele está sempre presente, dialogando ridentemente conosco durante o almoço. Porém, logo após a refeição, o homem de meia-idade se esvai. Busca refúgio nas imediações da caixa d'água da unidade de ensino, onde vagarosamente saboreia uma fruta, numa rotina que apelidei de “a sobremesa do eremita”. Muitas vezes a curiosidade nos encoraja a desmistificar, a perguntar, a querelar. No que se refere à ritualística deste nobre homem, garanto, minha curiosidade é obstruída pela compreensão dos fatos. Nunca quis realmente saber os motivos que levam este ser humano a “fechar-se em seu casulo” por alguns minutos. Simplesmente procuro entendê-lo passivamente, pois, no imo, considero-me semelhante a ele. A diferença é que busco a soledade em locais diversos, já que a mesma paisagem é capaz de me oferecer alento apenas uma única vez.
Ponte Rio-Niterói |
Casimiro de Abreu |
Primeira imagem do Espírito Santo, às margens do rio Itabapoana |
Cariacica/ES |
Rota do Lagarto |
A Pedra Azul vista a partir de uma das curvas da Rota do Lagarto |
A Pedra Azul |
Pedra do Lagarto |
Cachoeira do Zeca |
Cachoeira da Matilde |
Vitória vista do convento |
Convento Nossa Senhora da Penha |
Ponta da Fruta |
Praia de Guanabara |
Um último olhar à serra do mar capixaba |
O regresso |
Espera Feliz/MG |
Estar sozinho não é um escape. Em um mundo no qual perder a fé nos seres humanos é cada vez mais natural, isolar-se ocasionalmente pode ser uma forma de manter a sanidade e de angariar novas esperanças de uma convivência mais solidária com nossos semelhantes. Estar sozinho é um ensejo de sentir o amparo de pessoas que veementemente admiramos, que respeitam nossos momentos de isolamento; pessoas que estão conosco, presentes, mesmo que estejamos distantes. Estiveste certa o tempo todo, Caju: a solidão é física. Tive a noção exata do que me disseste, curiosamente, contemplando a paisagem na Ponta da Fruta. Carrego, ademais, essa força interior, esse ímpeto em ora ou outra deixar tudo para trás. Antagonicamente, para o meu bem e para o bem de meus próximos, tenho a obstinação de sempre volver e disseminar as boas novas. Deixe-se inspirar, monami.
Mais fotos aqui.
E abaixo, um blues para o Espírito Santo, em especial para a Pedra Azul e para esta curta jornada.
Lindos lugares, lindas fotos, lindo relato...
ResponderExcluirÁs vezes a gente precisa se isolar para compreender o quão forte nosso espírito é, e nessas suas viagens, descobrindo novos lugares, o quão perfeito o mundo é, e que no nosso dia-a-dia, deixamos passar, a alegria na beleza das pequenas coisas, de uma flor, do sol, do vento, da natureza, e das pessoas, por mais diferentes que sejam...
Suas viagens são vida, que você compartilha conosco...
E repito: a solidão é física, pois o pensamento de pessoas que te querem bem, estarão sempre contigo. Que se lembre sempre disso...
Um beijo, caju.
Lindo lindo e lindo, pena não estar com vc, mas com suas palavras me sinto em algum lugar distante, pena não sentir a cachoeira principalmente a do Zeca, que acho que ficaria lá por algumas horas, mas para vc dedico meu primeiro Podium, um beijo no coração e lembra que a Amizade não tem cara, nem idade, não conhece distâncias nem ausências. A Amizade não se mede, sente-se, Não precisa de palavras bonitas, mas sim de ações. A Amizade não se diz, dá-se, sem nada esperar, sem nada pedir. A Amizade nasce, cresce, muitas vezes de um nada, De qualquer coisa, como a minha por vc.
ResponderExcluirMarcão.... Parabéns pela riqueza de detalhes no seu relato.
ResponderExcluirAbraço
e ae Marcão é como eu smpre digo "desbravar o existente desconhecidos de nossas vistas"
ResponderExcluiressas sus viagens fazem a gente ir com você mas na garupa de nossas imaginações !!!! até a próxima carona ...uuuhuuu
ABRAÇÃO
Amei a história da "sobremesa do eremita"...ás vezes é bom tirar um tempinho do nosso dia para estar á sós, para refletir, ou até quem sabe fazer uma oração...procuro sempre fazer isso...dessa forma sinto paz em meio ao caos, a confusão do dia a dia.
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