Destrinchando caminhos. Escancarando o Brasil. Compondo quimeras e melodias sobre duas rodas.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Reserva Guainumbi – de 17 a 20 de agosto de 2012
Existem duas facetas na personalidade de um aventureiro que são inevitavelmente antagônicas entre si. A primeira, o calado consentimento, é aquela que o permite fazer parte de um sistema que ele acredita ser totalmente contrário a sua ideologia. A segunda, o repentino e ocasional descaso para com todas as suas obrigações sociais, é aquela que o encoraja a abandonar tudo o que outras pessoas prezam como mais sagrado, incluindo trabalho, família e rotina. Alguns dizem que a primeira é a responsável pela nutrição e desenvolvimento da segunda. Eu e minha pífia opinião discordamos, visto que essa concepção dá uma conotação de mero “escape” à aventura, quando na verdade ela é justamente o oposto disso. Penso, talvez contrariamente à maioria, que a primeira advém da segunda, pois é o caminho encontrado pelo aventureiro para manter-se vivo, alerta, já que uma aventura, quando se prolonga por muitos sóis, tende a debilitar e a adoecer o corpo. É tudo uma questão de manter-se saudável, operante, desbravador. E é, acima de tudo, a criação de ideais tão fortes que em nenhum momento podem ser estremecidos por outrem. Uma rigidez de caráter que não só assusta os acomodados, mas que também desperta a admiração e o respeito calado das pessoas mais próximas.
Olhando para o futuro
Prometi a mim mesmo que não discorreria sobre a Reserva Guainumbi, localizada nos píncaros da Serra do Mar entre São Luiz do Paraitinga e Ubatuba, no litoral norte do Estado de São Paulo. Primeiro por não ter sido uma viagem feita sobre uma moto, e segundo por se tratar de uma experiência muito pessoal, de duas pessoas que pretendem, num futuro próximo, alavancar um projeto parecido. Como de praxe, quebrei minha promessa, mostrando minha total falta de apreço pelas minhas próprias prerrogativas. Em síntese, eu e Newton Norio Nabeta, um grande amigo dos joviais e saudosos tempos de universidade, conheceríamos uma reserva ambiental particular e todos os seus meandros, visando entender todos os pormenores, tanto burocráticos quanto práticos, para a criação de uma reserva particular nossa, voltada à preservação, reflorestamento, educação e perpetuação da vida selvagem em habitats naturais. Logicamente é um grande sonho, quando adormecemos, e um devaneio, quando as obrigações nos mantêm acordados, mas que nem por isso deixam de ser cativados, galgados. Por fim, meus escritos, por mais singelos que sejam, carregam consigo a capacidade de disseminar o nome dessa reserva que é um exemplo de ação efetiva em prol da conservação de nossas matas e fauna. Então, por quê não escrever sobre Guainumbi?
Companheiros de viagem
Newton, Thaís Diniz-Reis, Noriko Nabeta e eu partimos de Americana na manhã do dia 17 de agosto. O trio vinha de Ipeúna, pacata cidade aos pés da Serra de Itaqueri, e eu me juntava ao bando para seguirmos ao destino pretendido. Vencemos a Rodovia Anhanguera, que em obras nos retardou a progressão, e o sempre congestionado princípio da Dom Pedro, nas imediações de Campinas. Essa excessivamente pedagiada rodovia nos acompanhou pelos perímetros urbanos de Itatiba e Atibaia, de onde avistamos a Pedra Grande, aproveitando a boa visibilidade de um dia ensolarado e de baixa umidade. Sem muitas emoções, a não ser rápidas passagens sobre as pontes da Represa de Atibainha, uma das mais limpas do Estado de São Paulo, acessamos a Rodovia Carvalho Pinto, bem conhecida pelos turistas que rumam ao litoral norte por cruzar com a Rodovia dos Tamoios, que faz a ligação direta de São José dos Campos com Caraguatatuba. O quarteto, contudo, passara direto pelo cruzamento das rodovias, seguindo pela Carvalho Pinto até a Dutra, na altura do município de Taubaté. Na terra onde viveu o amado e odiado Mazzaropi, localizamos a Rodovia Oswaldo Cruz, que serpenteante nos conduziu Serra do Mar acima. Menos de 50km depois visualizamos, incrustada no Vale do Rio Paraitinga, a cidade histórica de São Luiz do Paraitinga, que tenta reconstruir suas tombadas construções coloniais após a grande enchente do Rio Paraitinga em 2010. A água, tanto a transbordante quanto a vertical, avariou suas coloridas edificações. Obras acontecem em todas as partes. O acesso principal ainda está intransitável. Entramos por um acesso secundário para, somente assim, podermos conhecer as ladeiras de “pé-de-moleque” e a organizada “irregularidade” das edificações coloniais.
São Luiz do Paraitinga
Tiê-de-topete
Deixando São Luiz do Paraitinga, retornamos a Oswaldo Cruz para continuar subindo a serra. Por entre barrancos e matas secundárias chegamos ao acesso do Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo Santa Virgínia. Adentramos essa via, por terra, e fomos nos circundando pela mata atlântica fechada, pelos casebres administrativos e alojamentos do parque e por alguns sítios menores, além de sobrepassarmos os rios Ipiranga e Paraibuna. Depois de sete quilômetros e meio de terra e poeira nos deparamos com a porteira da Reserva Guainumbi, nosso único e desejado destino. O portão de madeira, semicerrado por um destravado cadeado, nos possibilitou a entrada sem nenhum impedimento. Num amplo espaço gramado, ao lado de uma estufa, estacionamos o carro, descendo ulteriormente uma trilha acimentada até uma singela casa esverdeada, sede da reserva, de onde já era possível avistar um grande morro coberto por densa mata primária e secundária, essa última fruto de um processo de replantio engendrado pelo idealizador da reserva. Nos arredores da casa, três fotógrafos, munidos de pesado equipamento, se divertiam fotografando as dezenas de beija-flores, como o beija-flor-rubi, o beija-flor-de-papo-branco e o cauda-branca-rajado, que sorviam a água com açúcar de outras dezenas daquelas garrafas plásticas com flores artificiais multicoloridas, e também o néctar natural de grevíleas e caliandras que floriam exuberantemente ao lado de troncos e galhos de madeira seca, onde eram ofertadas frutas, como mamão, banana e laranja, a outros pássaros maiores, como o sanhaço-cinzento, o sanhaço-de-encontro-amarelo, o tecelão, o sabiá-de-coleira, o sabiá-laranjeira, o tiê-do-mato-grosso, o tiê-de-topete, o periquito-rico e o chopim-preto. No chão, uma espécie de ração servia de bródio ao coleirinho e ao canário-da-terra. O senhor Joziel, caseiro e guia da reserva, recepcionou-nos ao mesmo tempo em que nos mostrava a fartura de seres alados. Segundo ele, já foram catalogadas 340 espécies de aves nos domínios de Guainumbi.
Sanhaço-de-encontro-amarelo
Tecelão
Caranguejeira
O sol do primeiro dia se punha, mas nem por isso deixamos de gozar das surpresas de uma trilha noturna. Com a bagagem devidamente acomodada no chalé em que pernoitaríamos nos próximos dias, partimos a pé pelas picadas em meio aos 70 hectares de mata atlântica da reserva. Sorrateiros, com lanternas em mãos e com perneiras nas canelas (uma defesa contra botes de cobras), atravessamos uma pequena ponte de madeira sobre um dos quatro lagos, o Lago 3, formados por águas represadas das diversas nascentes e riachos que entrecortam Guainumbi, escutando atentamente às lerdas corredeiras, ao coaxar dos sapos e ao farfalhar de asas que elevavam seus donos vegetação úmida adentro, assustados com o nosso palmilhar. Andamos por cerca de uma hora e meia e, infelizmente, não vimos animal algum, a não ser um letárgico opilião, aracnídeo comumente confundido com a aranha. Apesar de pertencerem a mesma classe, morfologicamente apresentam dessemelhanças. A aranha possui duas estruturas distintas em seu “torso”, como dois elos de uma mesma corrente, enquanto o opilião, apesar de também desfrutar das mesmas duas estruturas, não aparenta divisão entre elas, sendo seu “torso” semelhante ao de um carrapato. Por incrível que pareça, pouco antes de vestirmos as perneiras, subtraídas de um baú na sede, eu fotografara uma estabanada aranha que perambulava pelo piso frio. Acreditávamos se tratar da temida armadeira, mas no fim das contas a bichana não soergueu suas patas dianteiras quando tocada por um pedaço de papel, recebendo apenas o rótulo de “espécie desconhecida por nós”, possivelmente uma caranguejeira, como classificação. O certo é que esses dois aracnídeos foram, além das aves, o que de mais abismante observamos neste primeiro meio-dia dentro da Reserva Guainumbi.
Opilião
Roda d'água
O segundo dia amanheceu seco, como era de se esperar. Nenhuma nuvem pontilhava os céus azuis sobre Guainumbi. O anil só não era mais imponente que a extensa e curvilínea faixa verde, um cinturão de mata atlântica que continuava impressionando pela densidade. Realocamos as perneiras de couro, abastecemos as mochilas com víveres e água e partimos pela Trilha dos Tangarás, que possibilita caminhadas pelo extremo sul da reserva. Como o sol clareava em demasia mesmo as áreas mais cerradas, sabíamos que dificilmente toparíamos com algum mamífero. Lentamente, sempre comigo encabeçando a fila com minha câmera fotográfica em mãos, chegamos a uma casa de apoio, vazia, que em tempos mais remotos foi sede do Sítio Sapé, um dos que foram comprados pelo proprietário da reserva e anexado a outros para a consolidação da reserva. Uma pequena roda vermelha, que girava ao contato de uma água limpa e potável, e algumas esculturas de querubins em pedra nos convidaram a uma rápida parada, tempo suficiente apenas para completar os cantis e dispersar o ácido lático dos membros inferiores. De volta à trilha, atravessamos um regato conhecido como Poço dos Girinos, onde um sapo, moldado em pedra, cospe água incessantemente. Um pouco mais adiante, uma surpresa, que infelizmente não pude visualizar. Enquanto olhava atentamente para a copa das árvores à procura de pequenas aves, eis que Newton brame, a uns 20 metros atrás de mim, a palavras COBRA. Instintivamente olhei para baixo, não vendo absolutamente nada no chão recoberto por folhas úmidas em decomposição. Segundo ele, uma cobra verde de um metro de comprimento, supostamente uma cobra-cipó, quase foi esmagada pelas minhas botas, dando-me um drible e se embrenhando pela mata. Por sorte ela preferiu não me presentear com um bote. Mesmo não sendo peçonhenta, uma picada de um réptil como esse pode ser traumática e dolorosa. Nunca fez tanto sentido vestir uma perneira.
Beija-flor-rubi, comum na Trilha dos Tangarás
Mata atlântica
Do meio da Trilha dos Tangarás em diante, nada de embasbacante no quesito fauna. Logicamente a flora continuava a mostrar sua força, relegando as plantas mais baixas ao apodrecimento e as mais altas à perpetuação da vida. É a seleção natural da mata atlântica, na qual a disputa pela luz solar indica os vegetais que sobreviverão e os que perecerão. As bromélias, que subsistem com uma menor quantidade de luz, são um caso à parte, e muitas espécies delas são notadas no solo ou nos caules de algumas árvores. No findar da caminhada, uma outra trilha, a da Casinha da Mata, se iniciava, ao sul. Contudo, uma outra partia para o norte, e essa não constava em nossos mapas. Por mera curiosidade, seguimos caminhando pelo “desconhecido”, sempre subindo, ganhando altitude. Após 500m de estafante ascensão, discernimos, a partir de uma clareira, os morros recobertos de mata do Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo Santa Vigínia. Na verdade, o mais nobre intento da Reserva Guainumbi é ser uma área anexa ao Parque Estadual citado, aumentando, dessa forma, a extensão da área verde desse santuário ecológico, tão diversificado e ao mesmo tempo tão castigado pela caça predatória e pela extração ilegal de orquídeas e palmito. Por falar em diversidade, quando augurávamos retomar a caminhada, um barulho tímido no meio da mata nos fez voltar nossos olhos na esperança de ver alguma grande ave, talvez uma jacutinga. Por dez suspirantes segundos fixamos nossos olhares onde as folhas se debatiam ao contato de um animal de médio porte. Tratava-se de uma jaguatirica, felino com aproximadamente um metro de comprimento e com a pelagem muito semelhante a de uma onça. Por estar entre galhos e folhas, nem Thaís nem eu, os dois que portavam câmeras, conseguimos fotografar a garbosa bichana.
Aqui vimos a jaguatirica
Ecdise de um aracnídeo
O saldo, quando voltamos para o chalé, foram poucas fotos da fauna local, a lembrança inesquecível de uma jaguatirica no córtex cerebral e muitos micuins infestando nossos corpos. Há muitos porcos-do-mato na reserva, principalmente na trilha não mapeada pela qual ousamos nos embrenhar, e estes são disseminadores de parasitas como os pequenos carrapatos que agora pretendiam sugar o nosso sangue. O desconforto e a coceira, no entanto, não exauriram nosso ânimo, e no terceiro dia, um domingo atípico, repetimos a liturgia do dia anterior. Vestimos roupas longas, perneiras e reabastecemos as mochilas com víveres e água. Trilhamos, desta feita, um outro caminho, conhecido como Trilha das Pedras. Logo nos primeiros metros dessa via fotografei, grotescamente, um arapaçu, escalando velozmente uma delgada e alta palmeira. Um paredão rochoso, possivelmente granítico, veio na sequência. Parte da trilha segue paralelo a ele. Vimos um anuro negro escondido nos buracos úmidos de tatu e algumas ecdises, exoesqueletos de pequenos invertebrados como a aranha e a cigarra. Funcionalmente têm a mesma serventia de uma troca de pele nos ofídios. Abandonam a carapaça antiga quando encerram a formação de uma nova, podendo, então, crescer e adquirir uma “couraça” mais leve. Nossa atenção foi desviada pelo barulho de martelo em ferro. Uma tonitruante “batida” a cada 30 ou 40 segundos. Era a araponga marcando seu território. A estranha ave alva de face azul, ruidosa como ela só, foi localizada nas proximidades da Trilha da Casinha da Mata, onde se finda a Trilha das Pedras. Mesmo estando numa posição muito elevada, acocorada nos altos galhos da mata, consegui algumas fotos que, se não ficaram assim tão artísticas, servem bem como registros desse ser ameaçado – mais um – de extinção.
Araponga
Anuro
Gruta
Decididos a fazer contato novamente com a jaguatirica que víramos no dia anterior, abandonamos todas as trilhas mapeadas, subimos os barrancos, tornamo-nos íntimos, a contragosto, de mais uma leva de micuins e localizamos o ponto de encontro com o felino. O horário era, inclusive, o mesmo: treze horas. Dispendemos algum tempo ali, num dos pontos mais altos da reserva, e nessa ocasião não contamos com o auxílio da sorte. Recolocamo-nos em outros caminhos, morro abaixo, por uma trilha que, de tão ampla, parecia ser uma antiga estrada em desuso, visto que o mato tenciona a tomá-la por completo. Encontramos uma gruta, e após uma breve checagem em seu interior descobrimos estar vazia. Nenhuma vida, por mais ínfima que fosse, estava nela abrigada. Em seus entornos, contudo, e também em grande parte da estrada que se fecha, fezes e mais fezes de jaguatirica, formadas basicamente por ossos triturados e pelos de roedores, pontilhavam o solo. Pela quantidade de excremento, chegamos à conclusão de que comida não falta para a nossa querida jaguatirica em Guainumbi. Foi com esse pensamento que encerramos nossas caminhadas matutinas e vespertinas pela mata atlântica desses ermos da Serra do Mar paulista. Regressamos à base, ao nosso chalé, para um descanso que só não foi maior por causa da necessidade premente de nos livrarmos, à unha, dos micuins que, a essa altura, praticamente haviam modificado a mordidas a superfície dos nossos judiados corpos.
Sapo-cururu
Macuquinho
À noite, quando o sol há muito se esquivara da faina de iluminar o ocidente, insuflamo-nos com o desejo de uma última caminhada noturna pela estrada de acesso à reserva. Segundo Joziel, esperanças existiam quanto à visualização de corujas e curiangos. Andamos por cerca de quatro quilômetros até uma ponte sobre o Rio Paraibuna, nos limites do Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo Santa Virgínia, e as esperanças se desvaneceram. A caminhada por um espaço aberto nos gratificou com alguns sapos-cururus, que atravessavam de um lado para o outro da estrada à caça de riachos, uma aranha, que carregava seus incontáveis filhotes sobre o torso, e um macuquinho, ave que num primeiro momento parecia presa em uma rachadura de um alto mourão, mas que na verdade estava ali, encaixado, para cantar e se proteger, tanto de predadores quanto do frio. A propósito, o frio foi o grande vilão de todos esses dias em que estivemos em Guainumbi. Muitos animais preferiram permanecer entocados. No fim de tudo, não houve motivo para reclamações. Quem tem o privilégio de ver, a poucos metros de distância, uma jaguatirica em um país onde a mata atlântica sucumbe a cada dia perante o desmatamento? Logicamente tudo pode ser visto num renomado zoológico, mas deparar-se com um felino desses, com absolutamente nada entre seus olhos e os amedrontadores olhos da “fera”, é uma sensação que meu pífio vocabulário não se atreve a exprimir.
Estufa
Adeus, Serra do Mar
No dia 20 de agosto, uma segunda-feira causticante, deixamos Guainumbi. Nos últimos momentos ainda conhecemos uma estufa, de onde saem as plantas que reflorestam, dia após dia, a mata atlântica da reserva. As mudas também são vendidas para outros interessados em replantio e recuperação de áreas desmatadas. É, acredito, um nobre papel e um grande exemplo a ser seguido por todos aqueles que têm condições financeiras plenas de adquirir grandes extensões de terra em locais onde a flora e a fauna carecem de uma sobrevida. Newton e eu estamos nutrindo esse sonho de alguns tempos para cá, e o desânimo ao nos conscientizarmos dos valores necessários para abrir e manter uma reserva particular se instaurou após conversas por e-mail com pessoas que já as possuem. É um “mimo” que pode não passar de utopia para meros assalariados como nós. No entanto, como dizia o ideário popular, a esperança é a última – ou a única – que morre. Com jargões na cabeça e 400km de regresso, descemos a serpenteante Oswaldo Cruz até Ubatuba, avistando o mar e os morros da Serra do Mar do litoral norte paulista. Na BR101, passamos por Caraguatatuba e acessamos a Rodovia dos Tamoios, que nos acompanhou até a Carvalho Pinto. Voltando à realidade, adentramos a caótica e fétida capital paulista, São Paulo, apenas por tempo suficiente para desembarcarmos Noriko. Para ela, era o fim da linha. Newton, Thaís e eu ainda enfrentamos a Bandeirantes até Campinas, e depois a Anhanguera até minha casa, em Americana. Já era noite. Newton e Thaíz sumiam para Ipeúna. Eu ficava com meus pensamentos. Pensava numa tal de Mantiqueira. Estarei aí em breve, minha serra querida.
Adeus àquele pusilânime ser que minha adolescência nutria. Àquele que acreditava que a felicidade dependia do bem-querer de outrem. Hoje tenho uma nova manta, tão indiferente no trato com seres humanos e tão ligada ao abstrato, ao natural, ao mato, aos animais “irracionais”. Completo-me em minha incompletude em viver uma realidade urbana voraz e mercenária. A liberdade tem seu preço, e brevemente pagarei o meu. Enquanto ela não cobrar essa dívida, vagarei, gratuitamente, pelo asfalto, pela terra, na mata atlântica, no cerrado ou na caatinga. Sobre uma moto? A pé? De carona? Vagarei.
Adorei a gruta. Gostaria de ter coragem de largar tudo e ir morar em um lugar assim. Sem uma pessoa para ouvir a voz, olhar o verde todas as manhãs e esquecer como é viver em uma cidade. Beijos!!!
É um local de rara e outrora judiada beleza, mas que agora está em vias de reaver sua exuberância. Moraria por lá facilmente, também. Grandes cidades, e as grandes responsabilidades de se viver nelas, me cansam. Beijo.
Adorei a gruta.
ResponderExcluirGostaria de ter coragem de largar tudo e ir morar em um lugar assim. Sem uma pessoa para ouvir a voz, olhar o verde todas as manhãs e esquecer como é viver em uma cidade.
Beijos!!!
É um local de rara e outrora judiada beleza, mas que agora está em vias de reaver sua exuberância. Moraria por lá facilmente, também. Grandes cidades, e as grandes responsabilidades de se viver nelas, me cansam.
ExcluirBeijo.