Quanto mais perambulo por este país, mais me certifico de que unir o que é histórico e o que é natural numa mesma rota é mais incomplexo do que parece. Enquanto os meios de veiculação de imagens, vídeos e informações turísticas, em sua completude quase sempre comandados à mão-de-ferro por grandes corporações televisivas e comercializadoras de pacotes preconcebidos, tentam “vender a ideia” de que regiões ou cidades que comutem essas duas características são raras e distantes (exemplos: Paraty e Salvador), outros, como eu, procuram informações a respeito de ermos praticamente desconhecidos e olvidados pelo turismo de consumo atual, aquele que transforma lugares e seus atrativos em simples produtos a serem comprados em suaves prestações pelos que, por não augurarem desperdiçar muito tempo em pesquisas ou por ignóbil comodidade, preferem adquirir o que já está pronto. Não é questão de eu achar que minha maneira de viajar é melhor que a de quem consome. É, admito, apenas uma tentativa infrutífera de incutir um pouquinho de criticidade no já bem alienado “pensar” de grande parte dos “viajantes” brasileiros.
Companheiros de aventura |
Estrada Franca-Ibiraci |
Furnas dos Taveiras e serras dos Borges e dos Garcias |
Matriz de Ibiraci |
Capela da Piçarra |
Casa de Visitas na Vila de Furnas |
Carrapateiro |
Aranha-armadeira |
Tucano |
Rio Grande |
Usina Hidrelétrica de Marechal Mascarenhas com o paredão da Serra do Funil logo atrás |
Serras do Peixoto, à esquerda da barragem, e da Tocaia, à direita |
Ponte sobre o rio Grande e montanha da Serra da Chapada |
Cachoeira do clube |
Princípio do Reservatório de Estreito |
Serra da Chapada |
Cachoeira temporária formada pela chuva |
Xexéu |
Vista do alto da Serra de São Jerônimo |
Chapadão da Zagaia |
Cachoeira Nascentes das Gerais |
Pica-pau-branco |
No alto da Serra das Sete Voltas |
Povoado Sete Voltas |
Tucano-de-bico-verde |
Desemboque |
Remanescente da arquitetura colonial |
"Seo" Lázaro conosco |
Igreja do Rosário, de meados do século XVIII, construída para os escravos |
Detalhe da Ig. do Rosário |
Igreja de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque, de 1743 |
Cemitério defronte à igreja |
Altar entalhado em madeira |
Adeus, Desemboque |
Carcará |
Serra da Chave, em Rifaina |
Adeus, Vila de Furnas |
Cachoeira dos Ranchos |
Detalhe da queda de 40 metros |
Sabiá-barranco |
Vista da Serra da Tocaia |
Serra do Itambé |
Cachoeira do Itambé vista da estrada |
Cachoeira do Itambé |
O regresso |
“O silêncio era absoluto, apenas entrecortado pela onomatopeia que caracteriza as matas e cerrados virgens: de fato, o que se podia ouvir eram o assobio do vento, as “vozes” dos animais, representadas por pios, cânticos, trinados ou chilreios dos pássaros, o barulho das fontes, o “urro” das cachoeiras, o uivo de lobos, o miado característico das onças, o tique-taque dos dentes das queixadas... o tombo da caça presa pelas garras da onça faminta... Às vezes, aqui e ali, o silêncio sepulcral era interrompido pelo ranger de árvores gigantes, envelhecidas pelo tempo e bravamente retorcidas pelo redemoinho que sacode ou pelo tufão que ruge... ou pelo pio triste das perdizes que povoam as campinas... pelos guinchos afinados dos micos, até o “ronco” ou “mugido” dos macacos maiores, anunciadores da chuva que vem ou do frio que se vai... ou pelo estalido seco ou abafado do trovão que prenunciava as chuvas ou pelo farfalhar das folhas levemente agitadas pela brisa ou balouçadas loucamente pelo vento que ruge e avassala”. O Triângulo Mineiro, hoje diferente do que era, ainda continua belo, José Ferreira de Freitas, mas em alguns pontos ainda praticamente inacessível. E, como os bandeirantes, nós e outros, “afrontando perigos, contornando cachoeiras, deslizando as canoas sobre toras roliças de madeiras nos varadouros, enfrentando as onças traiçoeiras, as serpes venenosas, os marimbondos e abelhas escondidos, e as gigantes cobras sucuris engolidoras de gente”, continuaremos desbravando-o.
Mais fotos no seguinte slideshow ou aqui.
Made with Slideshow Embed Tool
Made with Slideshow Embed Tool
Sigo compondo meus curtos blues, como o que segue abaixo em referência ao rio Grande e ao Desemboque. É uma tentativa vã de recuperar a paz e a satisfação que eu sentia em viver quando a responsabilidade era quase nula, em meus tempos de menino, quando somente a sombra de uma árvore piracicabana, um violão e uma lasca de uma ideia eram o suficiente para eu ocupar satisfatoriamente o meu tempo.
Olha, tiro o chapéu pra ti. Fico admirada pelas aventuras, pela escrita e pelo amor a natureza!
ResponderExcluirUm beijo!
Obrigado pelo comentário e pelos elogios. Beijo.
ExcluirFala, Carcará, como vai? Não costumo fazer comentários através dos blogs, mas outra vez me sinto quase que na obrigação de comentar esse teu texto: muito bom!!! Também já te escrevi que fico com um pouco de inveja de saber que conheceste esses lugares todos aí das fotos, né? Admiro essa tua gana em desbravar o país, e, mais que isso, a tua coragem para desbravá-lo, porque ter só vontade não é o suficiente, né? É preciso se jogar! Muito bacana mesmo! Além disso, teus textos são sempre bem escritos, o que demonstra não só sensibilidade em relação às coisas sobre as quais escreves, mas também inteligência. Parabéns mesmo! Ah, tb curti o som! Um abraço!
ResponderExcluirFala, Ulisses. Obrigado pelo retorno, pelo comentário e pelos elogios. Não sei se é coragem isso que eu sinto. Parece ser um ímpeto natural, uma necessidade. Sabe quando você se pega envelhecendo e acredita que resta pouco a se viver? Assim me sinto, e é isso que aumenta a minha sede de desbravar o Brasil. Continue por aqui. Abraço.
Excluir