tag:blogger.com,1999:blog-27657845732562025452024-03-13T12:05:14.673-07:00Motociclismo, Aventura, Blues & UtopiaDestrinchando caminhos. Escancarando o Brasil. Compondo quimeras e melodias sobre duas rodas.Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.comBlogger60125tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-84230736702772010082015-09-05T06:51:00.001-07:002015-09-05T06:58:55.681-07:00Pirenópolis – de 22 a 28 de dezembro de 2014<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Dytg6-gp3eA/VSv9F-jnBZI/AAAAAAAAFB8/jI11BqTmxfE/s720-Ic42/DSC_3925-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://1.bp.blogspot.com/-Dytg6-gp3eA/VSv9F-jnBZI/AAAAAAAAFB8/jI11BqTmxfE/s720-Ic42/DSC_3925-Editar.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Divisores de águas, epifanias, revoluções: classifiquem mudanças súbitas como desejarem, caros e raros leitores. Para um motociclista e andejo, como o cidadão que ora vos escreve, tais reviravoltas (outro termo similar) estão correlacionadas inapartadamente com o quanto se pode viajar dispondo de um mínimo de capital. Hoje, oito meses após concluída a incursão que se desvelará nos próximos parágrafos, tenho a infeliz noção de que foi a última em que ainda gozava de condições mínimas de se realizar com um planejamento econômico de curto prazo. O reajuste brutal dos valores de nossos combustíveis somado aos de outros produtos de consumo usual, aliados à defasagem do salário do trabalhador brasileiro, tornaram o ato de viajar com pouco dinheiro, que já era complicado, em algo extremamente houdiniano. Logicamente muitos vão argumentar que gastos podem ser cortados, como a própria moto, que pode ser trocada por caronas, mas em um país em que não há confiança entre compatriotas, e onde campings e albergues são tão caros quanto hotéis, não vejo muitas vantagens, sem contar que o tempo de viagem teria que ser estendido, algo praticamente inegociável na relação patrão-trabalhador.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-qeb19bH2-tY/VSv7GAE0L3I/AAAAAAAAFB8/ytMqBwU4JoE/s720-Ic42/DSC_3826.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://4.bp.blogspot.com/-qeb19bH2-tY/VSv7GAE0L3I/AAAAAAAAFB8/ytMqBwU4JoE/s720-Ic42/DSC_3826.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Hidrelétrica de Volta Grande</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Luana e eu planejávamos desde julho de 2014 rumar para a Chapada das Mesas, no Maranhão, e Ilha de Marajó, no Pará, mas infelizmente minhas obrigações profissionais tolheram esse ímpeto. Dispúnhamos de uma semana e nada mais. Pirenópolis, inicialmente no roteiro, passou, portanto, de coadjuvante a protagonista de uma viagem reduzida em dias, mas não menos intensa em paisagens e experiências. Conseguiríamos unir nossas duas maiores paixões, o cerrado e a História brasileira, em uma única aventura pelo centro goiano? Certamente que sim, e com isso em vista partimos de Americana cedo, no dia 22 de dezembro, pela fatídica rodovia Anhanguera, que por tediosos quilômetros nos acompanhou até pouco antes da divisa com Minas Gerais, momento em que, pendendo para o oeste, chegamos a Miguelópolis, cidade muito frequentada por pescadores. De fato, retomando o sentido norte, cruzamos a ponte sobre o rio Grande, registrando a Usina Hidrelétrica de Volta Grande, em cujo lago se aglomeram os peixes que afamam esses confins. Do outro lado da ponte já era Minas, nosso Estado preferido, e rapidamente assomamos em Conceição das Alagoas. Visando ganhar tempo, pegamos um atalho por terra até Campo Florido e, pouco depois, acessávamos a Transbrasiliana, quarta maior rodovia do país. Por ela adentramos Goiás, passando o rio Parnaíba, e assolados por chuvas rápidas calhamos na caótica Goiânia, capital do Estado, onde pernoitamos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-fudZP7Nq4oA/VSv7f4Fa0HI/AAAAAAAAFB8/iirB-6GIleE/s720-Ic42/DSC_3838.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://3.bp.blogspot.com/-fudZP7Nq4oA/VSv7f4Fa0HI/AAAAAAAAFB8/iirB-6GIleE/s720-Ic42/DSC_3838.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de N. Sra. do Rosário (1728)</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Vinte e três de dezembro, antevéspera de Natal. Não que eu comemore tal data, mas é válido mencioná-la. Deixamos a grande Goiânia, famosa, dentre outros encômios por seu combustível caro, e seguimos para o nordeste pela BR-060. A monótona paisagem ganha outros ares ao passarmos pelos grandes lagos do ribeirão João Leite, represado. Essa carga extra de umidade durou poucos quilômetros, pois Anápolis, terceira maior cidade do Estado em número de habitantes, surgiu na sequência. Saímos de um de seus trevos pela BR-414, que entrecorta um trecho serrano acima dos 1000 metros de altitude. Em Planalmira, distrito de Abadiânia, acessamos a GO-338, já avistando ao longe os Pireneus goianos. Em pouco tempo, e debaixo de chuva, ganhávamos as ruas de calçamento em pedra de Pirenópolis, uma cidade tão histórica quanto as mais coloniais do Circuito do Ouro Mineiro (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/12/circuito-do-ouro-de-15-20-de-novembro.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>). E como primeiro contato, o único avalizado pelas intempéries, registramos um patrimônio cuja data de construção corrobora a secularidade do local: a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, de 1728. Foi edificada próxima ao rio das Almas, de onde se extraía em abundância o ouro de aluvião. Foi esse metal que atraiu garimpeiros para esses rincões, muito embora saibamos que, paradoxalmente, o ouro não goza de propriedades magnéticas.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-BBu8N-iDgZ0/VSv7z9ChidI/AAAAAAAAFB8/e_tGKOvGFa8/s640-Ic42/DSC_3862.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="230" src="https://2.bp.blogspot.com/-BBu8N-iDgZ0/VSv7z9ChidI/AAAAAAAAFB8/e_tGKOvGFa8/s640-Ic42/DSC_3862.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-6lv1QUxkiL8/VSv740-zCHI/AAAAAAAAFB8/tz8s5SeqWjE/s800-Ic42/DSC_3867-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="203" src="https://1.bp.blogspot.com/-6lv1QUxkiL8/VSv740-zCHI/AAAAAAAAFB8/tz8s5SeqWjE/s800-Ic42/DSC_3867-Editar.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-zEnBppzBuz0/VSv7kQrdtaI/AAAAAAAAFB8/al9_myw97pw/s720-Ic42/DSC_3840-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://1.bp.blogspot.com/-zEnBppzBuz0/VSv7kQrdtaI/AAAAAAAAFB8/al9_myw97pw/s720-Ic42/DSC_3840-Editar.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casario colonial do Centro Histórico de Pirenópolis</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-4EX9FVVF3FU/VSv7-NjRb5I/AAAAAAAAFB8/eh0r9RpMU9k/s720-Ic42/DSC_3872.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://4.bp.blogspot.com/-4EX9FVVF3FU/VSv7-NjRb5I/AAAAAAAAFB8/eh0r9RpMU9k/s720-Ic42/DSC_3872.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Antiga cadeia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O casario colonial de todo o chamado Centro Histórico, nos arredores da Matriz, é pouco mais recente, com exemplares do fim do século XVIII e de toda a centúria de XIX, em numa época em que construir igrejas era a ignição de um novo povoado. Inicialmente chamado de Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte, tanto prosperou que mais duas grandes igrejas foram construídas: a de Nosso Senhor do Bonfim e a de Nossa Senhora do Carmo, ambas datadas de 1750. Felizmente estão bem conservadas, sendo que a última transformou-se em museu de arte sacra. E como toda grande aglomeração gera criminalidade, em Meia Ponte não era diferente. A primeira cadeia do Estado de Goiás foi construída aqui. O prédio original, erigido no largo da Matriz em 1733, foi demolido em 1919, mas replicado à beira do rio das Almas, na chamada Ponte Velha, onde resiste até hoje sob os cuidados do IPHAN. O motivo da demolição foi inverso ao da sua construção: falta de presos. Na decadência da extração aurífera, em meados do século XIX, muita gente debandou, estagnando o povoado que, em 1890, mudou da designação Meia Ponte para Pirenópolis. Por estar posicionado geograficamente em um sertão bravio de cerrado, ficou por muito tempo isolada. Voltou a figurar entre as importantes cidades goianas somente a partir da década de 1960, quando construiu-se Brasília e se redescobriu as cidades circundantes ao planalto central.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-56bhekZUHis/VSv7tmA09FI/AAAAAAAAFB8/zb4UIS0Xsko/s512-Ic42/DSC_3853.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-56bhekZUHis/VSv7tmA09FI/AAAAAAAAFB8/zb4UIS0Xsko/s512-Ic42/DSC_3853.jpg" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, de 1750</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-k5C5HjHZMlM/VSv8IqCgwJI/AAAAAAAAFB8/mUyzsbA6oOs/s720-Ic42/DSC_3883.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://4.bp.blogspot.com/-k5C5HjHZMlM/VSv8IqCgwJI/AAAAAAAAFB8/mUyzsbA6oOs/s720-Ic42/DSC_3883.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Carmo, de 1750</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-S-G5mZjY5Us/VSv8N4cwaPI/AAAAAAAAFB8/nKifG8hn9zA/s512-Ic42/DSC_3884.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-S-G5mZjY5Us/VSv8N4cwaPI/AAAAAAAAFB8/nKifG8hn9zA/s512-Ic42/DSC_3884.jpg" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte velha sobre o rio das Almas e cadeia</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-j-AbnegakMQ/VSv8DxXv8mI/AAAAAAAAFB8/hjZZPRJ5l-o/s720-Ic42/DSC_3880.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://4.bp.blogspot.com/-j-AbnegakMQ/VSv8DxXv8mI/AAAAAAAAFB8/hjZZPRJ5l-o/s720-Ic42/DSC_3880.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pirenópolis: natureza e História</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Como dito no prólogo, Pirenópolis não é unicamente História, nem tampouco é somente lembrada como a cidade natal da dupla Zezé di Camargo e Luciano (não sou fã, mas é um fato digno de menção). É, ademais, um complexo de montes comparáveis aos Pireneus, cadeia de montanhas entre a Espanha e a França. Muitos espanhóis viveram em Meia Ponte, o que explicaria a designação da serra que circunda o centro urbano. Em 1890 a cidade se utilizou do radical para a outorga de seu novo nome, que se mantém até os dias de hoje. Retomando a linha paisagística, é uma incubadora de nascentes e pequenas cachoeiras, grande parte delas infelizmente situadas em propriedade particulares. Até aí, tudo bem, visto ser esse um fato corriqueiro no país. Contudo, o grande diferencial de Pirenópolis, e um diferencial negativo, são as altas taxas de visitação. À exemplo de Bonito, na Serra da Bodoquena (MS), tudo é centralizado em comerciantes que vendem os ingressos em seus comércios. Essa dinâmica encarece o processo, visto que há mais pessoas envolvidas na transação até a chegada do dinheiro na mão dos donos das propriedades. Ter que pagar R$20 por cabeça para desfrutar de uma cachoeira é algo inconcebível para um casal de motociclistas que viaja com um orçamento restrito.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-5bGxqP08Eps/VSv8b-_yrQI/AAAAAAAAFB8/qQUa3m2C1w4/s512-Ic42/DSC_3892.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://2.bp.blogspot.com/-5bGxqP08Eps/VSv8b-_yrQI/AAAAAAAAFB8/qQUa3m2C1w4/s512-Ic42/DSC_3892.jpg" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira das Andorinhas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Nos comércios supracitados víamos fotos e mais fotos das cachoeiras em <i>banners</i> com seus respectivos valores. Uma, entretanto, constava nas minhas anotações e não figurava em nenhum desses impressos. Imaginei que fosse de visitação aberta ou talvez de difícil acesso. Arriscamos. No lado leste da cidade, saímos pela estrada que sobe os Pireneus, mas pouco antes de terminar o asfalto acessamos uma outra, de terra, à direita, ainda para o leste, entrecortando um cerrado bravio e exigindo muita concentração por conta do quartzito que se esfarelam com o tempo e com o trânsito de automóveis. Menos de 1km depois de deixado o asfalto não havia mais condições de prosseguir sobre a moto. Rapidamente localizei uma trilha e seguimos por um campo aberto de capim-estrela. Quinhentos metros depois chegamos a um pequeno vale, o do córrego Barrigudo, e nele encontramos uma cachoeira que, se não impressiona pelo tamanho, impressiona pela forma peculiar. Desaba no interior de um cânion de cerca de 12 metros, caminha serena e tortuosamente e sofre uma outra queda de 3 metros até livrar-se da claustrofóbica situação e ganhar uma área aberta do vale, formando um poço esmeralda e mel de 10 metros de diâmetro. É de visitação gratuita e, por não constar nos impressos, como já dito, poucos turistas a conhecem. Luana e eu ficamos mais de uma hora no local e ninguém apareceu.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-33xKA0ZnBEA/VSv8iRVs73I/AAAAAAAAFCY/4p4kAuNO9PI/s720-Ic42/DSC_3895.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://2.bp.blogspot.com/-33xKA0ZnBEA/VSv8iRVs73I/AAAAAAAAFCY/4p4kAuNO9PI/s720-Ic42/DSC_3895.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Poço da cachoeira das Andorinhas</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-g-4NUpApDZQ/VSv8trsoTSI/AAAAAAAAFB8/-qg4tRU8Jp8/s512-Ic42/DSCN0178.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-g-4NUpApDZQ/VSv8trsoTSI/AAAAAAAAFB8/-qg4tRU8Jp8/s512-Ic42/DSCN0178.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Queda do cânion</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-KqprYCYR4_s/VSv8xFbqUCI/AAAAAAAAFB8/h6Nfo4IOqyQ/s512-Ic42/DSCN0191.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://4.bp.blogspot.com/-KqprYCYR4_s/VSv8xFbqUCI/AAAAAAAAFB8/h6Nfo4IOqyQ/s512-Ic42/DSCN0191.jpg" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Elaenia</i></td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Voltando para as motos, registramos algumas aves do gênero <i>elaenia</i>, de difícil identificação. Nesse instante começou o ingrato jogo de escolher as cachoeiras que conheceríamos a partir dali. Há várias mas, pelos meus cálculos financeiros, teríamos o privilégio de conhecer apenas mais duas. Optamos, então, por nos dirigirmos às mais próximas do centro urbano de Pirenópolis, a da Usina Velha e a da Fazenda Bonsucesso, também em função do tempo, uma vez que eram passadas 13h. Da cachoeira das Andorinhas à entrada da Usina Velha foram 4km, voltando para a cidade e entrando ao norte sentido Pedreira Pirenópolis. Lá obviamente havia um senhor cobrando R$20 por cabeça (também há vendedores itinerantes nos principais pontos turísticos), o que nos deu o direito de palmilhar os poucos metros de trilha rumo ao leito do ribeirão do Inferno. Subindo seu curso, sobre as pedras, constatamos se tratar de não apenas uma, mas várias quedas laterais ao ribeirão, provenientes de pequenos afluentes. No ribeirão propriamente dito há apenas uma cachoeira de 10 metros, seminatural semiartificial, pois nela foi erigida uma barragem de concreto para a produção de energia elétrica. Hoje não produz mais nada, a não ser uma harmonia entre águas e rochas digna de ser apreciada e registrada, mesmo que o preço a se pagar por isso seja alto.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-qclaW1jSFGk/VSv822lMqRI/AAAAAAAAFB8/WgoAmzqEV2E/s720-Ic42/DSC_3916-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://4.bp.blogspot.com/-qclaW1jSFGk/VSv822lMqRI/AAAAAAAAFB8/WgoAmzqEV2E/s720-Ic42/DSC_3916-Editar.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-tPscxCoK1gE/VSv88sK2bQI/AAAAAAAAFB8/9TAIsMVcN6Q/s720-Ic42/DSC_3921.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://4.bp.blogspot.com/-tPscxCoK1gE/VSv88sK2bQI/AAAAAAAAFB8/9TAIsMVcN6Q/s720-Ic42/DSC_3921.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Rilc6ofnDjU/VSv9CrLfivI/AAAAAAAAFB8/0zwpHeU0xtA/s720-Ic42/DSC_3923.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://1.bp.blogspot.com/-Rilc6ofnDjU/VSv9CrLfivI/AAAAAAAAFB8/0zwpHeU0xtA/s720-Ic42/DSC_3923.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Quedas da Usina Velha</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-KzWbWbX_nmU/VSv9htJhKBI/AAAAAAAAFB8/Ui5s8SAvyH4/s640-Ic42/DSCN0215.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="https://4.bp.blogspot.com/-KzWbWbX_nmU/VSv9htJhKBI/AAAAAAAAFB8/Ui5s8SAvyH4/s640-Ic42/DSCN0215.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pica-pau-verde-barrado</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A Fazenda Bonsucesso, elencada a próxima e derradeira da véspera de Natal, tem sua sede ao norte do centro urbano de Pirenópolis, nos contrafortes dos pireneus. Tivemos, portanto, que retornar à cidade, cruzá-la e pilotar por uma estrada de terra de apenas 4km, essa ladeada por pastagens que parecem há muito ter inibido o cerrado nativo. Não é problema para o pica-pau-verde-barrado ou o corocoró, aves comumente vistas na região. Na sede, pagamos R$15 por cabeça e seguimos a trilha que seguia para o norte. Inusitadamente palmilhamos, poucos passos depois, um trecho calçado e conservado da Estrada Colonial, um caminho aberto em 1736 a mando do rei de Portugal. Ligava, à época, Bahia, Goiás e Mato Grosso, possuindo aproximadamente 3 mil quilômetros de extensão. O ouro produzido em povoados desses Estados, como Meia Ponte (atual Pirenópolis), era escoado por essa via até Salvador, onde adornava obras barrocas. Com tanta História, a primeira das seis quedas da fazenda, a do Açude, quase passou despercebida, mas não nos olvidamos que é uma obra do ribeirão Soberbo bem mais primitiva que um caminho de pedras.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-TQHhNe8YvhQ/VSv9yR86BAI/AAAAAAAAFB8/WQIIDsF45iI/s640-Ic42/DSCN0267.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://3.bp.blogspot.com/-TQHhNe8YvhQ/VSv9yR86BAI/AAAAAAAAFB8/WQIIDsF45iI/s640-Ic42/DSCN0267.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Corococó</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-tiHAMu_BRwM/VSv9QEBd7HI/AAAAAAAAFB8/nPNXRsq5cTo/s720-Ic42/DSC_3939.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://1.bp.blogspot.com/-tiHAMu_BRwM/VSv9QEBd7HI/AAAAAAAAFB8/nPNXRsq5cTo/s720-Ic42/DSC_3939.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Açude</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-JLaJ_NvVTnI/VSv9KFMzEtI/AAAAAAAAFB8/iny08Nfp844/s512-Ic42/DSC_3938.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://4.bp.blogspot.com/-JLaJ_NvVTnI/VSv9KFMzEtI/AAAAAAAAFB8/iny08Nfp844/s512-Ic42/DSC_3938.jpg" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Calçamento da Estrada Colonial, de 1736</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-kft1_lZAyV0/VSv9WXAHGRI/AAAAAAAAFB8/aO8drmYJUZU/s720-Ic42/DSC_3947.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://1.bp.blogspot.com/-kft1_lZAyV0/VSv9WXAHGRI/AAAAAAAAFB8/aO8drmYJUZU/s720-Ic42/DSC_3947.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pireneus</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">As outras cachoeiras da Fazenda Bonsucesso são também crias dos Pireneus, que podem ser vistos de algumas partes da trilha, e todas no curso do ribeirão Soberbo. São pequenas, para a nossa decepção, mas há de se destacar principalmente as duas derradeiras: a da Lagoa Azul e a do Bonsucesso. A primeira por seu amplo poço de águas esverdeadas; a segunda por seus 12 metros de altura e único feixe de fluxo de água, constante. Se o escopo do visitante é banhar-se, são cascatas perfeitas. Se a meta é cair de queixo mediante a imponência, não há porque procurar essas paragens. As outras quedas, por fim informativo, são a Landi, Palmito e Pedreira, além da Açude, mencionada no parágrafo anterior. No que se refere à avifauna, não é difícil registrar os inúmeros tucanos que saqueiam ninhos alheios na mata adjacente à trilha.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-v5f06XOKjZs/VSv9c6WHHII/AAAAAAAAFB8/ElowN-o3Peg/s720-Ic42/DSC_3956.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://2.bp.blogspot.com/-v5f06XOKjZs/VSv9c6WHHII/AAAAAAAAFB8/ElowN-o3Peg/s720-Ic42/DSC_3956.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Bonsucesso</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-u5_4yOY_168/VSv9oZitmQI/AAAAAAAAFB8/gjrYwxONmQM/s720-Ic42/DSC_3963.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://2.bp.blogspot.com/-u5_4yOY_168/VSv9oZitmQI/AAAAAAAAFB8/gjrYwxONmQM/s720-Ic42/DSC_3963.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Lagoa Azul</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-2g_k14EzbuI/VSv9tG6vP7I/AAAAAAAAFB8/Qx9RTLt2m0U/s512-Ic42/DSCN0263.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-2g_k14EzbuI/VSv9tG6vP7I/AAAAAAAAFB8/Qx9RTLt2m0U/s512-Ic42/DSCN0263.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tucano</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2_dEtjLlJCg/VSv98ETq8gI/AAAAAAAAFB8/YZMfeXJA16o/s720-Ic42/DSC_3980.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://1.bp.blogspot.com/-2_dEtjLlJCg/VSv98ETq8gI/AAAAAAAAFB8/YZMfeXJA16o/s720-Ic42/DSC_3980.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pirenópolis vista dos Pireneus</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Passado o Natal em Pirenópolis, levantamos acampamento e nos dispusemos ao óbvio: subir os Pireneus. Não há vias asfaltadas para esse fim, então encaramos a terra, o que nos deu um alento para os fiascos financeiros dos dias anteriores. Luana registrava aves, como o acauã, e eu observava a cidade do alto de mais de 1100m de altitude. Lá embaixo, a 700m, uma “maquete” que outrora nos dera guarida a um alto custo. No planalto, quando a altitude se estabilizou, nos aproximamos rapidamente dos limites do Parque Estadual dos Pireneus, uma área de cerrado protegida. No entanto, desviamos um pouco para o sul para conhecermos a Reserva do Abade, uma área de proteção particular anexa ao parque. O bom desse lugar é que os valores são diferenciados para cada trilha. Pagamos o valor proporcional ao caminho para a Cachoeira do Abade, que alcançamos vale abaixo 20 minutos depois. É, com seus meros 20m de queda, a maior de todos os Pireneus, e também a mais agradável aos olhos dentre todas as que visitamos, talvez pela imponência e por ser a única que cai livremente, sem ter suas águas abstraídas por rochas dispostas entre sua cabeceira e seu poço.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-K7LgW3JVcmI/VSv-96vrKXI/AAAAAAAAFB8/sshmYvj6eWQ/s512-Ic42/DSCN0304.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-K7LgW3JVcmI/VSv-96vrKXI/AAAAAAAAFB8/sshmYvj6eWQ/s512-Ic42/DSCN0304.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acauã</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-7ufzOB12qKQ/VSv-Dgp6aGI/AAAAAAAAFB8/VBvoU820GbM/s720-Ic42/DSC_3982.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://4.bp.blogspot.com/-7ufzOB12qKQ/VSv-Dgp6aGI/AAAAAAAAFB8/VBvoU820GbM/s720-Ic42/DSC_3982.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-hF63VdpU3hQ/VSv-M3wS4yI/AAAAAAAAFB8/97OYwKucVHg/s720-Ic42/DSC_3990-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://3.bp.blogspot.com/-hF63VdpU3hQ/VSv-M3wS4yI/AAAAAAAAFB8/97OYwKucVHg/s720-Ic42/DSC_3990-Editar.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Abade</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-gyRLPlf8JAc/VSv-TkWQPBI/AAAAAAAAFB8/ee09_rDBjtA/s720-Ic42/DSC_4011.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://2.bp.blogspot.com/-gyRLPlf8JAc/VSv-TkWQPBI/AAAAAAAAFB8/ee09_rDBjtA/s720-Ic42/DSC_4011.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Estadual dos Pireneus</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Voltando para a principal estrada dos Pireneus, seguimos para o leste e adentramos de vez os domínios do Parque Estadual dos Pireneus, uma área preservada, pelo menos em teoria, de quase 2900 hectares. Nele está, por exemplo, o ponto culminante dos Pireneus, o alusivo Pico dos Pireneus, com 1385m de altitude. Para se chegar ao topo dele, atravessa-se, na sequencia da mesma estrada de terra que começou a 20km, no centro urbano de Pirenópolis, um cerrado vistoso, salpicado de rochas quartzíticas e areníticas. São todos empilhamentos, <i>a priori</i>, mas à medida em que nos embrenhávamos mais para o leste discerníamos o famoso Morro Cabeludo, uma estrutura rochosa larga e chamativa, rodeada por várias dezenas de buritis. É a última grande visão antes do início da subida, a pé, para o Pico dos Pireneus, o mais alto de um conjunto de três montes pontiagudos. Deixa-se a moto a seus pés, e vinte minutos depois, subindo vagarosamente devido à aguda inclinação, alcança-se uma capelinha dedicada a Santíssima Trindade. De lá é possível observar algumas cidades da região, como Cocalzinho de Goiás e Corumbá de Goiás. Fora isso, cerrado campo limpo, cerrado campo sujo e outras formas de cerrado. Nos limites do parque, bem visíveis, estão pastagens e terras destinadas à agricultura.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-eUMlqcBdFig/VSv-k1wNIxI/AAAAAAAAFB8/QNdFs2JgJCE/s800-Ic42/DSC_4026-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-eUMlqcBdFig/VSv-k1wNIxI/AAAAAAAAFB8/QNdFs2JgJCE/s800-Ic42/DSC_4026-Editar.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro Cabeludo</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-DB3xLMJ3PEM/VSv-rYybyiI/AAAAAAAAFB8/_tnN-cdEoL8/s720-Ic42/DSC_4040.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://4.bp.blogspot.com/-DB3xLMJ3PEM/VSv-rYybyiI/AAAAAAAAFB8/_tnN-cdEoL8/s720-Ic42/DSC_4040.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista do Pico dos Pireneus</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-lhZ2r4LGBgw/VSv-62zJw4I/AAAAAAAAFB8/NHzhohWkFlA/s720-Ic42/DSC_4057.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://2.bp.blogspot.com/-lhZ2r4LGBgw/VSv-62zJw4I/AAAAAAAAFB8/NHzhohWkFlA/s720-Ic42/DSC_4057.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela da Santíssima Trindade a 1385m de altitude</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-WkUuDsf5GJ8/VSv_HVLTp2I/AAAAAAAAFB8/xmOFTFPJFBY/s720-Ic42/DSC_4063.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://1.bp.blogspot.com/-WkUuDsf5GJ8/VSv_HVLTp2I/AAAAAAAAFB8/xmOFTFPJFBY/s720-Ic42/DSC_4063.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Salto do Corumbá</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Descendo o Pico dos Pireneus e reavendo a moto, tocamos mais um tanto para o leste e deixamos em definitivo o pequeno Parque Estadual dos Pireneus. Foram poucas horas de aventuras por essas terras e escassos registros fotográficos, mas suficientes para manter viva minha paixão pelo cerrado brasileiro, bioma que entapeta mais de 30% de nosso país. Saímos em Cocalzinho de Goiás, encontramos o asfalto da BR-414 e rumamos para o sul para o último registro natural da região dos Pireneus: o Salto do Corumbá. Ele está ali, com seus 70 metros de portentosa queda, despejando incessantemente as águas do rio Corumbá, cria da Serra dos Pireneus (embora não seja considerada uma cachoeira pertencente a essa serra). Dali começaríamos a regressar, cortando o velho Goyáz do centro para o sul praticamente pelo mesmo caminho que viéramos. Naquele momento em que a cabeça do motociclista, dentro de seu capacete, se obriga a refletir, conclui que deixáramos muita coisa a ser vista para trás. Um misto de serenidade e decepção, que volta e meia se faz presente e se é característica perene de minha personalidade, me acompanhou até Itumbiara, às margens do rio Paranaíba, onde pernoitamos. Essa cidade de 100 mil habitantes, cantada em músicas sertanejas, foi nosso último contato com o Estado.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-4oI73t6X-Cw/VSv_Kn9zc3I/AAAAAAAAFB8/7HdlQEXJnkY/s800-Ic42/DSC_4067.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://2.bp.blogspot.com/-4oI73t6X-Cw/VSv_Kn9zc3I/AAAAAAAAFB8/7HdlQEXJnkY/s800-Ic42/DSC_4067.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Itumbiara e o rio Paranaíba</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-vjDR3X_jJUU/VSv_W7yjQfI/AAAAAAAAFB8/8AhSqX_W9Eo/s720-Ic42/DSC_4090-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://3.bp.blogspot.com/-vjDR3X_jJUU/VSv_W7yjQfI/AAAAAAAAFB8/8AhSqX_W9Eo/s720-Ic42/DSC_4090-Editar.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dolcinópolis</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 26, logo pela manhã, passamos a ponte para Minas Gerais, pela BR-153, e seguimos até Prata, cruzando a terra dos melhores palheiros do Brasil: Centralina. Esse caminho, na verdade, não era parte de minha rota. Luana, com um tempo maior de férias, passaria o resto do ano com sua família, em Aparecida d'Oeste, no velho oeste paulista, e fiz esse desvio para baldeá-la. Aproveitei o ensejo para conhecer a Usina Hidrelétrica de Água Vermelha, no curso do rio Grande, altura de Iturama, e a pequena Dolcinópolis, já no Estado de São Paulo, cidade natal de meu pai. Às 14h entrávamos na também minúscula Aparecida d'Oeste, lar da família paterna de Luana. Pernoitamos por lá e, no dia 27, logo cedo, demos uma boa volta pela região, sempre por estradas de terra, registrando importantes espécimes da avifauna como o polícia-inglesa-do-sul e o caboclinho. É uma área bem devastada por pastagens e canaviais, mas que ainda preserva o bucolismo da vida no campo com os pequenos sítios que despontam em intervalos irregulares desde Estrela d'Oeste até Ilha Solteira, às margens do rio Paraná, e da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, nos quilômetros finais do rio Tietê, até Pereira Barreto.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Ktcd3eDLtXg/VSv_O_JjYHI/AAAAAAAAFB8/B_C5YUBt7Rw/s800-Ic42/DSC_4077.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://4.bp.blogspot.com/-Ktcd3eDLtXg/VSv_O_JjYHI/AAAAAAAAFB8/B_C5YUBt7Rw/s800-Ic42/DSC_4077.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pescadores à jusante da barragem da Hidrelétrica de Água Vermelha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-86hDnI3QnMU/VSv_76Mf7JI/AAAAAAAAFB8/L342GeWr-QA/s720-Ic42/DSC_4103.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://1.bp.blogspot.com/-86hDnI3QnMU/VSv_76Mf7JI/AAAAAAAAFB8/L342GeWr-QA/s720-Ic42/DSC_4103.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Hidrelétrica de Três Irmãos, a última do rio Tietê</td></tr>
</tbody></table>
</span>
<span style="margin: 0px 50px;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-S3khUhDDl5Q/VSv_un9GtUI/AAAAAAAAFB8/G3tgi8O39pI/s640-Ic42/DSCN0383.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://2.bp.blogspot.com/-S3khUhDDl5Q/VSv_un9GtUI/AAAAAAAAFB8/G3tgi8O39pI/s640-Ic42/DSCN0383.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Polícia-inglesa-do-sul</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-1BQaNlGg5No/VSv_kY7dFUI/AAAAAAAAFB8/yuU70v1QpNQ/s720-Ic42/DSC_4092-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://3.bp.blogspot.com/-1BQaNlGg5No/VSv_kY7dFUI/AAAAAAAAFB8/yuU70v1QpNQ/s720-Ic42/DSC_4092-Editar.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, calmaria</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 27 despedi-me de Luana e de sua família e regressei para Americana. Sozinho enfrentei quase 700km de asfalto, um tédio sem limites mas necessário para o cumprimento da jornada. Assim são os motociclistas amantes da natureza: para visitar o natural, quase sempre camuflado em estradas de terra e vales de difícil acesso, é preciso encarar o artificial, um labirinto de rodovias rápidas e truncadas que nos permitem, embora muitas vezes não queiramos admitir, usufruir do escasso tempo de que muitas vezes dispomos. Em Americana, no fim da tarde, descarreguei minhas tralhas e concluí, naquele breve momento de introspecção que é rapidamente sobrepujado pelo cansaço e pelo sono oriundo do fim de uma viagem, que apesar de ter sido uma incursão que prometia mais, foi um importante demarcador do fim de um ano de boas viagens e de importantes mudanças na maneira como encarara a vida até então, inclusive no âmbito profissional. Os Pireneus, que deturparam os pensamentos de tanta gente que a eles se dirigiram à caça do eldorado, de uma forma ou de outra também exerceram sua inexorável influência sobre mim.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Flutuando entre a razão e a vontade, ainda vagamos, apesar do caótico estado em que se encontra nosso país. Talvez a partir de hoje eu tenha que andar mais sobre meus calcanhares e relegar minha motocicleta ao ócio, ou talvez eu tenha que observar por mais tempo para enxergar o garbo dos escassos lugares em que me será permitido estar. Não sei. O certo é que vemos muito sendo mudado em nós e pouco sendo mudado por nós. Marx, no fim das contas, estava certo em seu materialismo dialético. O problemas do meio nos transformam. O que ele não sabia, entretanto, é que esses problemas não têm sido fortes o suficiente para que tentemos mudá-lo. A preguiça é maior. São, infelizmente, motivos para mudarmos não uma sociedade toda, mas apenas nosso pequeno mundo, almejando manter apenas o que mais nos alegra. No caso do viajante, ele não precisa mudar o Brasil. Precisa mudar apenas seu <i>modus operandi</i> para continuar viajando. Se isso é bom ou ruim, o fim da vida de cada um dirá.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-GCfzF_bDuXM/VSv-vPrSnDI/AAAAAAAAFB8/6cOyuB4vY90/s720-Ic42/DSC_4052-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://1.bp.blogspot.com/-GCfzF_bDuXM/VSv-vPrSnDI/AAAAAAAAFB8/6cOyuB4vY90/s720-Ic42/DSC_4052-Editar.jpg" width="400" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/PirenopolisDe22A27DeDezembroDe2014?noredirect=1#" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues para Goiás, repostado de uma viagem mais antiga para esse belo Estado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/eRTo1JMMd_c/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/eRTo1JMMd_c?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-35660267008312287112015-03-31T08:19:00.001-07:002015-03-31T08:49:06.266-07:00Bueno Brandão – 13 e 14 de setembro de 2014<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-YhFcGs6bXjM/VNjOmeNH-xI/AAAAAAAAE38/5HmsAwdnpPw/s720/DSC_3273.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-YhFcGs6bXjM/VNjOmeNH-xI/AAAAAAAAE38/5HmsAwdnpPw/s720/DSC_3273.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Dando procedência ao “duo” Sul de Minas, Quintal de Minha Casa, será relatada nos próximos parágrafos uma curta viagem motociclística pelo território de uma cidade que, de tão íntima, não deveria ser exposta de forma pragmática, o que habitualmente ocorre nesse espaço. Entretanto, seria uma falta muito grave deixar de expor todas as belezas desse pequeno rincão mineiro, colado a São Paulo, omitindo informações importantes para outros viajantes que porventura passarem por aquelas bandas. Segue abaixo, então, o máximo de cachoeiras e paisagens que consegui registrar em dois dias incompletos, maravilhas que nem mesmo a estiagem prolongada de 2014-2015 é capaz de ressequir.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-4k6TAkoblFU/VNjNovBsl5I/AAAAAAAAE38/jR-84eYTrto/s720/DSC_0993.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-4k6TAkoblFU/VNjNovBsl5I/AAAAAAAAE38/jR-84eYTrto/s720/DSC_0993.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sítio do Sossego</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Partimos de Americana, Rodrigo Gil, Luana Romero e eu na manhã do dia 13 de setembro. Foram meros 170km de rodovias asfaltadas, passando por Engenheiro Coelho, Mogi-Mirim e Lindóia. Chegando em Socorro, a última cidade do Estado de São Paulo em nossa rota, rumamos sentido nordeste, acompanhando o sinuoso traçado da Serra do Bom Jardim e dos cafezais plantados em suas encostas. Quinze quilômetros após o centro de Socorro adentrávamos o querido Estado de Minas Gerais, já em território bueno-brandense. Sítios despontavam aqui e acolá, muitos camuflados nos contornos da serra e outros “ombro a ombro” com o asfalto da vicinal Bueno Brandão-Socorro, que há pouco sequer gozava de pavimentação. Atravessando a porteira escancarada de um desses, o do “sêo” Brás, um indivíduo bem conhecido localmente, montamos acampamento, livrando-nos do excesso de bagagem de modo que pudéssemos perambular livremente pelas estradas rurais da cidade que, no que se refere ao seu centro urbano, ainda não víramos. Por ter registrado em outras oportunidades o Sítio do Sossego, ou Camping do Sossego, não perdemos tempo algum em fotografar as belezas desse pedaço de chão distante cerca de 5km da cidade, acessível a partir da vicinal supramencionada. Meros 300m de estrada de chão batida e a casinha alva e azul, de feições coloniais, entornada por uma pequena represa, um lago e uma pastagem pontilhada por araucárias, onde poucos bovinos ruminam, se distingue no sopé da serra, convidando a uma parada de poucos minutos ou de alguns dias, conforme a necessidade do andejo.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/tsHQaXH1kImeuzOkdjUBdc4x77BCIG3ouIFe1A71PiY=w816-h544" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/tsHQaXH1kImeuzOkdjUBdc4x77BCIG3ouIFe1A71PiY=w816-h544" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Machado II</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A primeira cachoeira em nossa rota foi um revés. A do Machado II, acessível por uma estrada rural levemente aclivada de meros 600m a 7km a sudoeste do sítio do “sêo” Brás, voltando para Socorro pela mesma vicinal pela qual viéramos, jazia morbidamente seca. Por estar em uma propriedade privada, é cobrada uma taxa por cabeça, mas o proprietário, devido ao estado da cachoeira, permitiu nosso acesso sem a cobrança. Uma curta trilha por uma roça, mangueiras e goiabeiras e um paredão granítico se apresentou. Uma “baba” escorria timidamente por 70 metros até o fundo do vale. É (ou seria) a maior queda d'água de Bueno Brandão, e também foi nossa copiosa decepção. A escassez de chuvas aqui, nas nascentes da Mantiqueira e de outras pequenas serras do sul mineiro, é um dos profícuos causadores da baixa dos reservatórios do nordeste paulista, visto que praticamente todos os rios e ribeirões nascidos nesses píncaros correm para o Estado de São Paulo. Se não chove aqui, falta água lá, e belezas naturais como a cachoeira do Machado II deixam de entusiasmar seus admiradores. O desprazer foi tanto que a Machado I, no curso do mesmo ribeirão mas no lado oeste da vicinal, propositadamente deixamos de conhecer. Preferimos, na ocasião, rumar para o leste, subindo de vez a Serra da Boa vista até outra famosa cachoeira, a dos Félix, com 40 metros de queda e um volume ligeiramente maior que a anterior, mas infelizmente “desfigurada” pela existência de uma pousada nas cercanias de sua cabeceira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-LngFDsuXd3U/VNjOECUiSdI/AAAAAAAAE38/XjO0NjwVZ6c/w816-h544-no/DSC_3259.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-LngFDsuXd3U/VNjOECUiSdI/AAAAAAAAE38/XjO0NjwVZ6c/w816-h544-no/DSC_3259.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-g8YOdNl9hvc/VNjOIg-5OdI/AAAAAAAAE38/-SjBhf0yhoU/w363-h544-no/DSC_3264-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-g8YOdNl9hvc/VNjOIg-5OdI/AAAAAAAAE38/-SjBhf0yhoU/w363-h544-no/DSC_3264-Editar.jpg" height="320" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira dos Félix</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-q4tMLX46dDU/VNjO0ozUg8I/AAAAAAAAE38/unRZnkgMw_I/w816-h544-no/DSC_3280.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-q4tMLX46dDU/VNjO0ozUg8I/AAAAAAAAE38/unRZnkgMw_I/w816-h544-no/DSC_3280.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Davi</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Contumazes na caça de cachoeiras, continuamos para o leste por mais 1km, enviesando-nos, em seguida, para o sudeste. Casebres de sítios abandonados, fato corriqueiro no sul mineiro, despontavam em intervalos irregulares até a chegada em definitivo à cachoeira do Davi, distante apenas 4km da dos Félix. Cai de 10m por um cânion estreito de blocos graníticos. A água, afunilada, corre por algumas dezenas de centímetros e se abre em um poço de 5 metros de diâmetro. Logo após tem seu caminho natural retraído novamente até escorrer irreversivelmente em uma segunda queda, menos portentosa quando comparada à primeira. É um espetáculo gratuito, à beira da estrada e hidricamente volumoso, antagônico às cachoeiras previamente visitadas, o que por ora nos exortou a seguir tocando para o sudeste, onde os efeitos da estiagem pareciam menos evidentes. Ledo engano. Na cachoeira do Cascavel, um quilômetro depois, a falta d'água voltou a ser a regra, tornando a do Davi a exceção. Foi triste verificar mais um paredão natural, esse com 30 metros, sofria sua secura sazonal. Por outro lado, é envolto por uma densa mata atlântica, o que amenizou e muito o calor fustigante que enfrentamos ao atravessar a pastagem no princípio da trilha, à beira da estrada, onde deixamos as motos 800m atrás.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-WBNqz1RESsA/VNjOtjZ07TI/AAAAAAAAE38/uvrPOuqJejI/w363-h544-no/DSC_3277.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-WBNqz1RESsA/VNjOtjZ07TI/AAAAAAAAE38/uvrPOuqJejI/w363-h544-no/DSC_3277.jpg" height="320" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Davi e seu estreito cânion</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-DRUrBmI7Yow/VNjO8KN-ASI/AAAAAAAAE38/tTk9DI2Ucvc/w363-h544-no/DSC_3286.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-DRUrBmI7Yow/VNjO8KN-ASI/AAAAAAAAE38/tTk9DI2Ucvc/w363-h544-no/DSC_3286.jpg" height="320" width="212" /></a></div>
<span id="goog_1995749643"></span><span id="goog_1995749644"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-OIoYi8rUDuY/VNjPHZPELtI/AAAAAAAAE38/NBJB-nk09PE/w725-h544-no/DSC_3290.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-OIoYi8rUDuY/VNjPHZPELtI/AAAAAAAAE38/NBJB-nk09PE/w725-h544-no/DSC_3290.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Cascavel</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-BhY_WURo7_E/VNjPPJFNrAI/AAAAAAAAE38/KhjZIbgTjxU/w816-h544-no/DSC_3299.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-BhY_WURo7_E/VNjPPJFNrAI/AAAAAAAAE38/KhjZIbgTjxU/w816-h544-no/DSC_3299.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira dos Luís</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Eram passadas 16h e, portanto, ainda havia tempo hábil para conhecermos pelo menos mais uma cachoeira. Acontece que a mais próxima dali estava a 12km para o sudeste. As estradas, com em todas as zonas rurais de nosso Brasil, eram incertas. Felizmente, enquanto avançávamos, quilômetro a quilômetro testemunhávamos o zelo com o qual são mantidas as vias de chão de Bueno Brandão, o que nos possibilitou passar muito velozmente pelo Bairro da Cachoeirinha e chegar à propriedade privada, onde também funciona um restaurante e um criadouro de avestruzes, em que está localizada a cachoeira dos Luís. Dentre todas do município, é a mais curiosa. O ribeirão Cachoeirinha se biparte em sua cabeceira, formando duas cachoeiras distintas, diferentes em largura e volume d'água. No horário em questão, uma estava totalmente abrigada da luz solar; a outra luzia com afinco. São como gêmeos vivitelinos, concebidos juntos, mas dessemelhantes. Uma ilhota repleta de arbustos faz literalmente a vez de divisor de águas por cerca de 30m, altura oficial da queda. Lembro-me de ter visto diversas fotos desse atrativo durante a confecção da rota, e em todas elas a água descia com vigor por esses paredões com 45º de inclinação. No momento, tínhamos escassez. Por ser a última visão de um sábado quente e seco, bastou. Voltamos para o acampamento e, sob as araucárias do Sítio do Sossego, repousamos para retomar a empreitada no domingo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-iJYPr673Xd8/VNjPTLUzVyI/AAAAAAAAE38/H17pVhHKXuo/w816-h544-no/DSC_3305-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-iJYPr673Xd8/VNjPTLUzVyI/AAAAAAAAE38/H17pVhHKXuo/w816-h544-no/DSC_3305-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Duas quedas distintas do mesmo ribeirão</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-goLxPIBcJd4/VNjNsNELQ6I/AAAAAAAAE38/Kwv2DGcK06U/w816-h544-no/DSC_1023.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-goLxPIBcJd4/VNjNsNELQ6I/AAAAAAAAE38/Kwv2DGcK06U/w816-h544-no/DSC_1023.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cair da noite em Bueno Brandão</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-QOz1U3JTloQ/VNjPuFJR6-I/AAAAAAAAE38/coY99fJBz-c/w816-h544-no/DSC_3338-Editar-2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-QOz1U3JTloQ/VNjPuFJR6-I/AAAAAAAAE38/coY99fJBz-c/w816-h544-no/DSC_3338-Editar-2.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Curral em Boa Vista dos Barbosas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Muito pouco se conhece na região norte de Bueno Brandão. Sabíamos, contudo, a localização de uma de suas cachoeiras. Por isso reservamos a primeira parte da manhã para conhecê-la. Erguemos acampamento, despedimo-nos de “sêo” Brás, passamos rapidamente pelas poucas construções da área urbana do município e aceleramos pela MG-295, para o norte, sentido Inconfidentes. Após 5km, a partir da Matriz, deixamos o asfalto e aceleramos por uma estrada de terra pedregosa sentido nordeste. Quatro quilômetros depois alcançávamos o bairro rural Boa Vista dos Barbosas. Uma moradora nos deu as coordenadas que faltavam ao meu mapa e, adentrando mais um dos pastos íngremes de Bueno Brandão por um curral, encontramos a tímida cachoeira homônima ao bairro no fundo de um vale, guarnecida por uma estreita camada de mata de galeria com exemplares de grandes bromélias. Seria redundante mencionar que pelos 11 metros da queda principal, bem como pelas outras quedas menores ao longo do riacho, pouca água vertia. Todo bom motociclista sabe que a estiagem é esperada entre maio e setembro, mas nem os mais pessimistas criam ser essa a pior das últimas décadas, a que desencadearia, em uníssono com a má gestão do governo de São Paulo, a maior crise hídrica da história. Queria estar eu sendo assolado por chuvas pesadas da “estiagem” do ano passado, quando estive em Iguape e Cananéia, no litoral sul de São Paulo (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/07/iguape-e-cananeia-de-20-24-de-junho-de.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>), para poder registrar o líquido da vida descendo com vigor pelos acidentes geográficos do sul mineiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-mvmRvK20bLU/VNjPa3tVEHI/AAAAAAAAE38/5e5BDIJRHY4/w363-h544-no/DSC_3320.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-mvmRvK20bLU/VNjPa3tVEHI/AAAAAAAAE38/5e5BDIJRHY4/w363-h544-no/DSC_3320.jpg" height="320" width="212" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-lgpXQdypxIM/VNjPifLh0oI/AAAAAAAAE38/Ai0DvSeBtzQ/w816-h544-no/DSC_3322.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-lgpXQdypxIM/VNjPifLh0oI/AAAAAAAAE38/Ai0DvSeBtzQ/w816-h544-no/DSC_3322.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-0yTYA5DAqC4/VNjPqYvBD-I/AAAAAAAAE38/L6u7sYGk7E4/w816-h544-no/DSC_3329.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-0yTYA5DAqC4/VNjPqYvBD-I/AAAAAAAAE38/L6u7sYGk7E4/w816-h544-no/DSC_3329.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira Boa Vista dos Barbosas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-y0Y-7peQBw4/VNjP2OezeiI/AAAAAAAAE38/y2dirpUsdp8/w363-h544-no/DSC_3344.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-y0Y-7peQBw4/VNjP2OezeiI/AAAAAAAAE38/y2dirpUsdp8/w363-h544-no/DSC_3344.jpg" height="200" width="132" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Mergulho</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Menos lamentações, mais cachoeiras. Voltando para o centro urbano de Bueno Brandão, localizamos uma saída ao sul, de chão novamente, e pendendo para o sudeste, numa região altamente desmatada pela criação de gado, calhamos em uma choupana abandonada 10km a partir da Matriz, à beira da estrada, de onde aparentemente se iniciava uma trilha para o fundo de um vale de mata de galeria. Segundo meu mapa, tratava-se da cachoeira do Mergulho. Descendo essa trilha incrivelmente bem aberta, topamos com o atrativo natural, uma queda de 10 metros com boa quantidade de água, um grande poço natural e muita sombra. É, por conseguinte, talvez a mais convidativa para um banho e, ademais, o melhor ponto a ser visitado num raio de dois quilômetros. Digo isso porque ao norte da cachoeira há um cânion, o do Esmeril, que em nossos devaneios parecia promissor. Porém, ao chegarmos lá constatamos ser uma pedreira desativada. A estradinha de pedras que nos conduziu até ela, precária e repleta de engodos, não valeram o sacrifício. Como sempre digo, para desgostar é preciso primeiramente conhecer. Conhecimento gera convicção. Idealismo gera divagação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Cw4m46_WkxQ/VNjP82ltP5I/AAAAAAAAE38/uNijpcAq1mg/w816-h544-no/DSC_3348.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Cw4m46_WkxQ/VNjP82ltP5I/AAAAAAAAE38/uNijpcAq1mg/w816-h544-no/DSC_3348.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Mergulho</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Bi13ClLYQ5Q/VNjQD-nrFaI/AAAAAAAAE38/hVIF9pLaej8/w816-h544-no/DSC_3355.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Bi13ClLYQ5Q/VNjQD-nrFaI/AAAAAAAAE38/hVIF9pLaej8/w816-h544-no/DSC_3355.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Cânion" do Esmeril</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-b8lJJ91EDHA/VNjQLXxXyeI/AAAAAAAAE38/mP58qTvAtkI/w816-h544-no/DSC_3362.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-b8lJJ91EDHA/VNjQLXxXyeI/AAAAAAAAE38/mP58qTvAtkI/w816-h544-no/DSC_3362.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedreira desativada</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ysvD5SlvzN0/VNjQpIZ_iyI/AAAAAAAAE38/P4mKQfip87E/w816-h544-no/DSC_3382.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ysvD5SlvzN0/VNjQpIZ_iyI/AAAAAAAAE38/P4mKQfip87E/w816-h544-no/DSC_3382.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira Santa Rita</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Na reta final de nossa aventura pela zona rural de Bueno Brandão, rumamos para o sul e passamos pela derradeira cachoeira da rota, distante 10km do cânion do Esmeril: a do Vale dos Avestruzes. É, indubitavelmente, a mais turística dentre todas. Muita gente a conhece pelo nome Santa Rita. O que estão intentando, na verdade, é modificar esse nome para o da fazenda que a detém. Não vimos, mas certamente há uma criação de avestruzes em seus domínios. A cachoeira dos Luís, registrada no primeiro dia e bem próxima dali, tem seu criadouro, o que deve ter dado origem ao nome do vale. O que sabíamos, no momento, é que a cachoeira, larga e linda, por sinal, despejava muita água do alto de seus 40m. Como nada é perfeito, para aumentarem o diâmetro do poço, permitindo que turistas tenham mais área para se banharem, foi feita uma barricada de sacaria, uma barragem artificial que represa toda essa água. Com certeza é uma obra levada a cabo com os R$3 por cabeça cobrados na sede da fazenda. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Encerrava-se ali nossa estadia em Bueno Brandão. Deixamos muitas cachoeiras para trás, mas não vejo tal fato pelo lado negativo. Deixamos, sim, muitos motivos para voltar, talvez em um período mais favorável às águas. Eu diria que, no geral, fomos capazes de registrar as características mais marcantes desse pequeno e pouco desbravado município do sul mineiro, mais conhecido pelo seu carnaval que por suas riquezas naturais e rurais. E como era de se esperar, ainda sofremos um bocado para dele sair. Do Vale dos Avestruzes até Munhoz, cidade onde reencontraríamos o asfalto após um dia de pura terra e poeira, foram quase 30km em um sobe e desce frenético pelas pequenas serras circundantes à da Bela Vista. De lá para Americana foram mais 170km, 140 para Rodrigo, que ficou por Campinas. Rodamos, ao todo, 470km em dois dias, muitos desses por estradas pelas quais realmente vale a pena rodar, estradas de chão do quintal de nossas casas: o sul mineiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-BKFIXsBweAA/VNjQW17hv7I/AAAAAAAAE38/ET8sxmsSxAM/w816-h544-no/DSC_3380-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-BKFIXsBweAA/VNjQW17hv7I/AAAAAAAAE38/ET8sxmsSxAM/w816-h544-no/DSC_3380-Editar.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos <a href="https://plus.google.com/photos/111506201642937001855/albums/6113862422623725217?banner=pwa&authkey=CLipgLzNrs6QNA" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Abaixo, a reedição de um blues composto para minha primeira viagem de moto para Minas Gerais, em 2011.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/W0udiPAhEF0/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="http://www.youtube.com/embed/W0udiPAhEF0?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-54943049927118612682015-01-25T17:32:00.000-08:002015-01-31T07:17:40.550-08:00Cambuí – 26 e 27 de agosto de 2014<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-WkM1yEvl4vg/VG1OK5uheiI/AAAAAAAAEwg/MsvIf5dzFRc/s720/DSC_3165-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-WkM1yEvl4vg/VG1OK5uheiI/AAAAAAAAEwg/MsvIf5dzFRc/s720/DSC_3165-Editar.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Para quão longe é preciso, de fato, ir quando o objetivo pretendido é contagiar-se bobamente pela nostalgia? No meu caso, em particular, para não muito. Resido defronte um vale da caótica e extremamente urbanizada Americana, onde corriqueiramente se vê o gado pastando, gralhas errando sobre os galhos das muitas árvores frutíferas e almas-de-gato passando despercebida pela grande maioria de meus vizinhos, mas não por mim. Se augurar aventuras, posso descer esse vale, território do antigo Sítio Anhanguera, caminhar pelo leito rochoso de estreitos córregos e subir até suas nascentes, banhando-me em pequenas cascatas nesse ínterim. Com uma dose extra de pernas posso testemunhar a junção de dois importantes rios brasileiros, o Jaguari e o Atibaia, que formam irreversivelmente o Piracicaba, esse tão aclamado pela poesia e pela música. Eu, contudo, sempre apreciei a liberdade de ir e vir, e muito embora o preço do deslocamento sobre duas rodas (ou quatro, ou seis, ou quantas forem) pelo Brasil tenha se elevado irrefreavelmente, ainda insisto em expandir o “quintal” de minha casa. O sul de Minas Gerais, para mim tão próximo, é o que considero o limite desse quintal, um local tão rápido de se alcançar quanto o surgimento de uma ideia despretensiosa. Enfim, como diria um bom amigo, podes cair em qualquer lugar desse sul mineiro que estarás bem caído.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4NhPNEu5epA/VG1MqRSeg9I/AAAAAAAAEwg/5oxDkgLd5SE/s720/DSC_3095-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-4NhPNEu5epA/VG1MqRSeg9I/AAAAAAAAEwg/5oxDkgLd5SE/s720/DSC_3095-Editar.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cambuí</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Cambuí é uma dessas cidades “aqui do lado” que eu ainda desconhecia. Não é turisticamente badalada, economicamente rica ou um centro de referência gastronômica, atributos que muitos procuram quando criam o ensejo de viajar, o que não é o meu caso. Muita gente a entrecorta pela Fernão Dias, a caminho de Belo Horizonte, e sequer nota sua existência. Confesso que já fui um desses. O que me dispôs a remediar esse lapso foi a vontade que sempre me tomou de subir a Pedra de São Domingos, a parte mais alta da Serra da Mantiqueira alcançável por veículos motorizados. Embora não esteja nesse município, Cambuí é um ponto de partida para sua exploração, além de contar com uma vasta área rural, cortada por inúmeras estradas de chão e paisagens rurais e naturais que culminam no local mencionado. Luana e eu, com isso em vista, partimos de Americana ainda cedo, no sábado, enfrentando a Anhanguera, a Dom Pedro (e seus pedágios absurdos) e a Fernão Dias (e seus nem um pouco absurdos pedágios, embora eu considere todo pedágio abusivo). Adentrando Minas Gerais, completamos os quase 190km de asfalto entre a terra sem lei chamada Americana e Cambuí e logo subimos à rampa de parapente, ou Morro do Cruzeiro, ao sul do centro urbano para obter uma ampla visão da região. Foram os primeiros e únicos registros de casas citadinas, prédios e ruas asfaltadas da cidade de 27 mil habitantes. Já víamos, a leste, a Pedra de São Domingos, guardiã da região. De onde estávamos até ela seriam muitos quilômetros desbravados por terra.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-EBhGSNVDalA/VG1MxQjuOnI/AAAAAAAAEwg/CspFndyvnQE/s720/DSC_3101.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-EBhGSNVDalA/VG1MxQjuOnI/AAAAAAAAEwg/CspFndyvnQE/s720/DSC_3101.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro do Cruzeiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-2RJ8WiLyGTY/VG1M3w97H5I/AAAAAAAAEwg/7amItIDySOo/s720/DSC_3113.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-2RJ8WiLyGTY/VG1M3w97H5I/AAAAAAAAEwg/7amItIDySOo/s720/DSC_3113.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra de São Domingos (ponto mais alto)</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-SiVujlYLCq8/VG1NaVk505I/AAAAAAAAEyE/PZHSFSzqmTQ/s720/DSC_3128.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-SiVujlYLCq8/VG1NaVk505I/AAAAAAAAEyE/PZHSFSzqmTQ/s720/DSC_3128.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zona rural de Cambuí</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Descendo o Morro do Cruzeiro, localizamos a sudeste do centro urbano de Cambuí a Estrada Velha para Córrego do Bom Jesus, cidade vizinha. Permanecemos na mesma por menos de 500m. Após um lago artificial, descemos para o sul por uma estrada de terra que dá acesso a chácaras e sítios locais. Não há quase vestígios de mata atlântica, vegetação nativa antes da ocupação exploratória, e ao mesmo tempo não há grandes plantações. O que mais se vê é pasto. Os pequenos córregos estão totalmente desprovidos de sua mata ciliar. Dez quilômetros depois, passando pelo vale do Córrego São Domingos e pelo bairro rural Meia-légua, chegávamos ao fim da estrada, deparando-nos com um simples curral. Ali deixamos a moto e descemos o pouco íngreme vale para calhar no córrego Meia-légua, um dos muitos cursos d'água com cabeceira no alto da Serra de São Domingos, subdenominação da Mantiqueira por essas bandas. Pela trilha beiradeante o córrego augurávamos encontrar uma cachoeira, mas por mais que a palmilhássemos apenas pequenas quedas surgiam. Saberíamos, mais tarde, que a cachoeira Meia-légua, que procurávamos, sumira há alguns anos. Fortes tempestades mudaram a disposição das rochas arredondadas do leito do córrego, transformando-a inconvertivelmente. Não foi, por esse motivo, uma perda de tempo, já que a estrada, com edificações típicas das áreas rurais mineiras e paulistas, começou a nos aclimatar ao bucolismo do campo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-S94IyTFhny4/VG1M-lXAmmI/AAAAAAAAEwg/Y-QHvDZsRtY/s512/DSC_3116.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-S94IyTFhny4/VG1M-lXAmmI/AAAAAAAAEwg/Y-QHvDZsRtY/s512/DSC_3116.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Cachoeira" da Meia-légua</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-izAYi75L31M/VG1NNGeRheI/AAAAAAAAEwg/LVqxnfmMPZA/s720/DSC_3123.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-izAYi75L31M/VG1NNGeRheI/AAAAAAAAEwg/LVqxnfmMPZA/s720/DSC_3123.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Na estrada para o bairro rural Meia-légua</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4nk9NbnnPGE/VG1NiTLgXGI/AAAAAAAAEwg/D-L9nGc6gPI/s512/DSC_3129.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-4nk9NbnnPGE/VG1NiTLgXGI/AAAAAAAAEwg/D-L9nGc6gPI/s512/DSC_3129.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Nenê</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Voltamos pela mesma estrada pela qual viéramos. Contudo, na altura do bairro rural São Domingos, acessamos uma outra estrada de chão que seguia sentido nordeste. Daí foram mais 4km até o centro urbano de Córrego do Bom Jesus, cidadezinha sete vezes menos povoada que Cambuí. São apenas 4 mil habitantes espalhados por pouco mais de 120 km² de território. Afastando-nos dela para o sudeste, rumo a Pedra de São Domingos, aproveitamos para conhecer a cachoeira do Nenê, distante 2km do centro. Há um bar no local e é cobrada uma taxa de visitação, mas como descia pouca água pelas três quedas do córrego da Lavrinha, o proprietário não quis cobrar valor algum. Além disso, deu-nos profícuas informações concernentes às estradas de chão que culminam na Pedra de São Domingos. Segundo ele, os últimos metros do aclive seriam pavimentados. E assim fomos, confiantes, serpenteando em uma ascendência brutal para o alto da serra de São Domingos. Para se ter uma noção, Córrego do Bom Jesus estava na centena dos 900m de altitude. No bairro rural de Tabuão, equidistante desses dois pontos, esse número já se aproximava dos 1400. Foi a partir daí que o negócio complicou. Alternando terra e cimento, a estrada foi se agudando de uma tal maneira que o pneu dianteiro da moto chegava a perder contato com o solo. Luana e eu nos inclinávamos em direção ao tanque da moto numa tentativa de baixar o centro de gravidade e não empinarmos. Por fim, alcançamos 2010m de altitude, onde havia uma espécie de estacionamento nos arredores de uma capelinha. Dali pra cima, ao píncaro da pedra, somente a pé.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-TuTrbhMwUwA/VG1NnyW-PaI/AAAAAAAAEwg/H0GwkKXqgL0/s720/DSC_3141.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-TuTrbhMwUwA/VG1NnyW-PaI/AAAAAAAAEwg/H0GwkKXqgL0/s720/DSC_3141.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra de São Domingos: metros finais de aclive</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-zDntRwhNW_8/VG1N2OAGfsI/AAAAAAAAEwg/nZJzBCqq8g0/s720/DSC_3143.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-zDntRwhNW_8/VG1N2OAGfsI/AAAAAAAAEwg/nZJzBCqq8g0/s720/DSC_3143.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da Pedra de São Domingos</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Alguns íngremes degraus de cimento, torres de transmissão e uma vista que não chega a embasbacar: esse é o cenário no alto da Pedra de São Domingos que, diga-se de passagem, pertence ao município de Córrego do Bom Jesus, e não a Cambuí ou Gonçalves, como alguns alegam. O altímetro marcava pouco mais de 2040m de altitude nos beirais graníticos, mas em alguns pontos, inacessíveis devido aos muros que envolvem as antenas, esse número pode ser maior. A altitude oficial é 2050m. É o ponto mais alto da Serra da Mantiqueira alcançável por veículos motorizados e segundo a REMITEL, empresa proprietária da pedra desde 1968, é o vigésimo quarto ponto de maior altitude do Brasil. Como todo cume, oferece uma visão praticamente em 360º da região circundante, mas o que se vê não é tão apetecível: pastagens e capões de mata atlântica. Olhando para o leste, vê-se uma outra crista da Mantiqueira, que divide naturalmente os Estados de Minas Gerais e São Paulo, chamada pelos mapas do IBGE de Serra da Balança, com altitudes na centena dos 1700m; para todas as outras direções, o intrincado relevo do sul mineiro, bem desmatado por sinal. Enfim, é um recôndito natural, modificado pelo homem, a partir do qual se vislumbra a guerra incessante entre a pecuária e vegetação nativa, Atlântica, que vem, infelizmente, sempre perdendo batalhas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-YUthTNejZcg/VG1N8T5SbcI/AAAAAAAAEwg/Cw9RsujoCiE/s720/DSC_3148.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-YUthTNejZcg/VG1N8T5SbcI/AAAAAAAAEwg/Cw9RsujoCiE/s720/DSC_3148.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-CM348o8sTno/VG1OIVfYylI/AAAAAAAAEwg/gDLimy-DaqA/s720/DSC_3151.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-CM348o8sTno/VG1OIVfYylI/AAAAAAAAEwg/gDLimy-DaqA/s720/DSC_3151.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-L-OueNKP0I0/VG1OB67dEyI/AAAAAAAAEwg/WNASZLe2HDA/s720/DSC_3149.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-L-OueNKP0I0/VG1OB67dEyI/AAAAAAAAEwg/WNASZLe2HDA/s720/DSC_3149.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sul mineiro visto de 2050 metros de altitude</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-5ljbsUWB5ho/VHJL0l8y4ZI/AAAAAAAAEwg/wnXhSwCsbUo/s512/DSC_3178_DxO.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-5ljbsUWB5ho/VHJL0l8y4ZI/AAAAAAAAEwg/wnXhSwCsbUo/s512/DSC_3178_DxO.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Barragem no rio do Peixe</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Perto das 18h descemos a Pedra de São Domingos em busca das menores altitudes de Cambuí, onde pernoitaríamos. A descida é cauta a exemplo da subida. Como a noite caía, visualizamos alguns jacus e o sol se escondendo sob o horizonte do campo mineiro. E no outro dia, 27 de agosto, esse sol retornou, logo cedo nos exortando a desbravar a parte oeste do território cambuiense. Acessamos, ao norte do centro urbano, a MG-295, sentido Senador Amaral, também acessível pela Fernão Dias. Permanecemos nesta por apenas 3km, momento em que subimos para o norte por uma estrada rural. Essa, em uma ascendente de altitude, nos levou a Serra da Usina, onde rurícolas, que faziam o transporte de gado de uma pastagem para outra, nos informaram sobre uma cachoeira que já constava em nosso planejamento, mas cuja localização era desconhecida. Deixamos a moto à beira da estrada, onde o aclive começa a se intensificar, caminhamos mato adentro e localizamos o rio do Peixe. A cachoeira, que encontramos contudo, consistia em uma barragem de uma antiga usina hidrelétrica desativada. Não contente, seguimos o curso do rio e, poucos metros abaixo, topamos com mais duas. Ambas formam a cachoeira do Andorinhão. Para se chegar à derradeira e mais bela das quedas, há de se caminhar sobre os aquedutos de escoamento da antiga usina. Embora tímida, é uma obra natural de 12 metros de queda bem guarnecida pelo vale, onde andorinhas nidificam e, consequentemente, a nomeiam. O mais interessante de todo esse meio ambiente, no entanto, não foram as quedas em si, mas a aparição de uma família de sauás nas adjacências, macacos de médio porte que vivem em numerosos bandos praticamente o tempo todo sobre as árvores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-wsEOZGnXX3Y/VHJLuOf-GhI/AAAAAAAAEwg/wuNS03QyEdI/s720/DSC_3169.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-wsEOZGnXX3Y/VHJLuOf-GhI/AAAAAAAAEwg/wuNS03QyEdI/s720/DSC_3169.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Andorinhão: primeira queda</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-h-V6mIy5yoQ/VHJL8aTmq5I/AAAAAAAAEx8/CM0YY6QLrzk/s720/DSC_3187.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-h-V6mIy5yoQ/VHJL8aTmq5I/AAAAAAAAEx8/CM0YY6QLrzk/s720/DSC_3187.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Andorinhão: segunda queda</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-qUafKH8XJVc/VKHEnpjT77I/AAAAAAAAEzA/Vl94m2F0gpw/s512/DSCN9499.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-qUafKH8XJVc/VKHEnpjT77I/AAAAAAAAEzA/Vl94m2F0gpw/s512/DSCN9499.jpg" height="320" width="255" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sauá</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-GpQ82XskqJE/VHJMRbjbfXI/AAAAAAAAEwg/91NFfxRGUgI/s720/DSC_3204-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-GpQ82XskqJE/VHJMRbjbfXI/AAAAAAAAEwg/91NFfxRGUgI/s720/DSC_3204-Editar.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Cachoeira" da Usina</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Regressando à moto, continuamos acompanhando a estrada de chão para o alto da Serra da Usina. Nos últimos metros de subida a guinada é aguda, motivo pelo qual alguns pontos apresentam calçamento. No fim do aclive, ao invés de seguirmos pela mesma via, o que culminaria na Serra dos Lopes, pendemos para o norte visando localizar mais duas cachoeiras. A primeira, a da Usina, encontramos menos de 1km depois de adentrarmos essa nova estrada de chão. É, na verdade, uma outra usina hidrelétrica desativada no mesmo rio do Peixe, e a barragem, inutilizada, forma uma pequena cascata. Mesmo estando em um sítio particular, não é cobrada a entrada. O proprietário prefere lucrar com a venda de comes e bebes em uma vendinha no começo da curta trilha aberta para o atrativo. Sorte a nossa, que rapidamente registramos o local, que é bom para um banho, mas não para maravilhar os olhos, e partimos para a outra cachoeira do planejamento. Teimando na mesma estrada, fomos para o extremo norte da Serra da Usina, onde ela começa a se confundir com a Serra dos Fonsecas, e descemos abruptamente o vale do Ribeirão dos Três Irmãos. Praticamente no fim da descida havia uma placa indicando ser essa uma área protegida. A partir dela se ramifica uma trilha, curta, entre mata atlântica. Cruzando o leito rochoso do ribeirão, chega-se a um campo aberto, uma pastagem, e daí sobe-se contra a corrente até o encontro com a Cachoeira dos Fonsecas, pequena como todas as outras de Cambuí, mas incrivelmente forte mesmo nesses períodos de estiagem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-9jAMs-RQiEI/VHJMM-rIpWI/AAAAAAAAExs/lsIty8A2-p0/s720/DSC_3202.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-9jAMs-RQiEI/VHJMM-rIpWI/AAAAAAAAExs/lsIty8A2-p0/s720/DSC_3202.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Usina</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-y2qdImLn_gY/VHJMYrBAgtI/AAAAAAAAEwg/07tY0m1f72s/s720/DSC_3214.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-y2qdImLn_gY/VHJMYrBAgtI/AAAAAAAAEwg/07tY0m1f72s/s720/DSC_3214.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira dos Fonsecas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-C-9FmfKoND0/VHJMnXiB7lI/AAAAAAAAEwg/in6tXA6gQUQ/s720/DSC_3221.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-C-9FmfKoND0/VHJMnXiB7lI/AAAAAAAAEwg/in6tXA6gQUQ/s720/DSC_3221.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da Pedra da Onça</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Nossa missão, no que tange os atrativos naturais de Cambuí, se encerrava ali. Contudo, um outro mirante natural se dispunha entre a cachoeira dos Fonsecas e Munhoz, cidade pela qual compulsoriamente teríamos que passar na volta para Americana. Entrecortando sítios locais, abrindo e fechando porteiras, entramos em uma área incerta entre os municípios de Senador Amaral e Bom Repouso, onde limites territoriais são tão desconhecidos quanto o mistério secular do Triângulo das Bermudas ou a eterna discussão filosófica se existe ou não a divisão entre corpo e alma. Só sabíamos que ali existia uma pedra, a da Onça, presença marcante na Serra dos Lopes com mais de 1300m de altitude. Sobre ela vimos pela última vez a cidade de Cambuí e a Pedra de São Domingos, ao longe. Em suas adjacências é comum observar o gavião-de-rabo-branco. Registramos dois: um jovem e outro adulto, de plumagens divergentes. Em uma das paradas para essas fotos, percebi que o pneu traseiro murchava aos poucos, o que me obrigou a utilizar o milagroso <i>spray</i> que veda furos e calibra a câmara de ar ao mesmo tempo. As cascalhadas estradas do sul mineiro, salpicadas de buracos de tamanhos para todos os gostos, não conseguiu nos frear por muito tempo. Conseguimos chegar em Munhoz, trinta e três quilômetros de terra depois, no fim de um domingo extremamente quente, mas oportunizador de novos caminhos, cenários e histórias.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">De Munhoz a Americana foram 160km de asfalto, passando por Toledo, última cidade mineira da rota, e entrando em São Paulo por Pedra Bela. O <i>spray</i> aguentou até Americana, onde o pneu, às 21h, desceu de vez. Encontrar um borracheiro disposto a trocar uma câmara de pneu de moto nesse horário, em um domingo, é equiparável a encontrar caminhos rurais nas intrincadas serras mineiras. Isso me custou o resto do domingo e os primeiros minutos da segunda. Todavia, esse revés não é digno de ser mencionado em um relato como esse, em que o “quintal de minha casa” foi mais uma vez desbravado. Como os meninos de minha época, que amarravam panos ou a própria camiseta no próprio pescoço para simular a capa de um super-herói, nós, motociclistas, amarramos nosso ímpeto às nossas motocicletas e nos embrenhamos pelo mato, sem medo ou preconceito algum. A diferença é que, hoje, essa área de mato a ser desbravada é bem maior que a da nossa infância, mesmo que continuem destruindo-a.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-G4knGM6u9Do/VG1OZB4PbWI/AAAAAAAAEwg/rMDaapDqbd0/s720/DSC_3167.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-G4knGM6u9Do/VG1OZB4PbWI/AAAAAAAAEwg/rMDaapDqbd0/s720/DSC_3167.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos <a href="https://plus.google.com/photos/111506201642937001855/albums/6083602691874775185" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues composto especialmente para Cambuí.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/gXVEPx9-aew?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-38517900013199315312014-12-20T08:56:00.001-08:002015-06-25T10:01:25.872-07:00Vale do Jequitinhonha – de 03 a 10 de julho de 2014<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-1fG9TfQIB3Y/VGEbWpv_HOI/AAAAAAAAErY/h2ihUSnRxMA/s720/DSC_2888.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://4.bp.blogspot.com/-1fG9TfQIB3Y/VGEbWpv_HOI/AAAAAAAAErY/h2ihUSnRxMA/s720/DSC_2888.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Duas viagens em uma: essa era a ideia que eu tinha em mente para o período da Copa do Mundo de Futebol de 2014. No que tange à primeira delas, uma cruzada pelo sertão nordestino, de nenhuma companhia desfrutei, como pode ser conferido nesse <a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2014/10/piaui-e-sertao-nordestino-de-16-de.html" target="_blank"><u><b><i>link</i></b></u></a>; à segunda, em contrapartida, havia eu acertado previamente com um velho parceiro de empreitadas, Rodrigo Gil, uma “bandeira” motociclística por um dos vales de rio mais emblemáticos desse país: o Vale do Jequitinhonha. Nossas motivações para a escolha dessa região foram diversas: primeira, eu provinha do Estado do Sergipe e estava, portanto, próximo da região; segunda, Rodrigo tem suas raízes maternas fincadas no Médio Jequitinhonha, mais precisamente no município de Itaobim, Minas Gerais; terceira, o desejo de testemunhar o que os livros e professores de nossos tempos escolares proferiam sobre essa peculiar localidade, considerada uma das mais secas e pobres do Brasil; quarta, a estatística de que 80% dos moradores do vale são rurícolas, o que nos levou a crer que passaríamos um bom tempo trafegando por estradas de chão, sempre muito almejadas por nós; e quinto, a possibilidade de ver o comportamento da caatinga no acidentado relevo mineiro. Enfim, nunca outrora carecemos de um motivo para viajar, mas era bom saber que, para essa peleja, teríamos alguns.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-QiXathxRsGo/VGEExRmXCzI/AAAAAAAAErY/NkjdHoxrPc8/s800/DSC_2540.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="125" src="http://2.bp.blogspot.com/-QiXathxRsGo/VGEExRmXCzI/AAAAAAAAErY/NkjdHoxrPc8/s800/DSC_2540.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Camamu</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Parti de Itabaiana, Sergipe, no dia 3 de julho, logo após conhecer o trabalho de José Percílio no Parque dos Falcões, como pode ser conferido também no <i>link</i> do primeiro parágrafo. Era meio-dia, a chuva desabava ininterrupta e eu cautelosamente avançava pelas estradas de mão dupla do agreste sergipano. Passei por Lagarto, Riachão do Dantas, Pedrinhas e Arauá. Deixei as rodovias estaduais, truncadas, e entrei na federal BR-101. Os problemas, logicamente, começaram aí: obras, sinalização precária, lombadas e mais lombadas em plena rodovia. A toada, vagarosa, me fez adentrar a Bahia com muito atraso. Permaneci na 101 até a cidade de Santo Antônio de Jesus. Dela desci rumo ao litoral pela sinuosa BA-542, chegando a Valença. Estava agora na Costa do Dendê, uma região repleta de praias, manguezais, restinga e baías compreendida entre a foz do rio Jaguaripe e a Baía de Camamu. Eu me dirigia a essa última, onde marcara de me encontrar com Rodrigo, que provinha de algum lugar do interior baiano. A noite cai mais cedo no litoral e, devido a isso, não pude apreciar toda a beleza que circunda a BA-101, uma espécie de translitorânea da Bahia. Passei batido pelos municípios de Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá e Igrapiúna. Por volta das 20h eu adentrava Camamu pelo norte, após 530km rodados desde Itabaiana. Localizei Rodrigo, conversamos acerca da rota a partir dali e concluímos: incluiríamos, dada a proximidade e o tempo de que dispúnhamos, a Península de Maraú em nosso roteiro. O dia seguinte, ao contrário do que fora esse, prometia ser melhor aproveitado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-IV8lViDgCak/VGEFel04hcI/AAAAAAAAErY/10kvo5ctNIg/s720/DSC_2557.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://2.bp.blogspot.com/-IV8lViDgCak/VGEFel04hcI/AAAAAAAAErY/10kvo5ctNIg/s720/DSC_2557.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Acaraí</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Amanheceu o dia 4. Estávamos em Camamu, defronte o Acaraí, rio que deságua na baía homônima à cidade. Uma vez ali, por que não conhecê-la antes de nos dirigirmos a Península de Maraú e ao Vale do Jequitinhonha? Em síntese, é uma das cidades mais antigas do Brasil, datada de 1560, e que se pode conhecer à moda antiga: a pé. Antigo lar dos índios Macamamus e posteriormente regida por mãos jesuítas, foi idealizada em dois níveis, sendo o primeiro, defronte o rio, destinado ao porto e ao comércio, principalmente o da farinha de mandioca; e o segundo, sobre os morros (mais alto, portanto), reservado às igrejas e ao casario colonial. Passadas mais de quatro centúrias, obviamente a dinâmica urbana muito se modificou. No entanto, Camamu, hoje com quase 40 mil habitantes, ainda apresenta um comércio ululante e uma grande frota de barcos pesqueiros em sua parte baixa; no alto, boa parte de sua arquitetura histórica ainda está preservada, e um belo remanescente é a Igreja de Nossa Senhora do Assunção. Construída no século XVIII, apresenta arquitetura barroca e de suas vidraças, na galeria superior, obtêm-se uma vista panorâmica do rio Acaraí e de seu consequente encontro com as águas do Atlântico, fenômeno formador da Baía de Camamu, conclamada a terceira maior do Brasil, perdendo apenas para a de Todos os Santos, também na Bahia, e a de Guanabara, no Rio de Janeiro.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-cGGgIGVimZc/VGEFQstvq8I/AAAAAAAAErY/ZkKCF_vkgqk/s512/DSC_2553.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-cGGgIGVimZc/VGEFQstvq8I/AAAAAAAAErY/ZkKCF_vkgqk/s512/DSC_2553.jpg" width="228" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Pd05Cy8eyTk/VGEE9rH21KI/AAAAAAAAErY/dVpCvaQ9cRk/s720/DSC_2543.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://2.bp.blogspot.com/-Pd05Cy8eyTk/VGEE9rH21KI/AAAAAAAAErY/dVpCvaQ9cRk/s720/DSC_2543.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Igreja de Nossa Senhora do Assunção, do século XVIII</span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-E-GU7h4Csgc/VJWSo8ElpDI/AAAAAAAAEw8/uE7EJFagLHo/s720/DSC_2564.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://1.bp.blogspot.com/-E-GU7h4Csgc/VJWSo8ElpDI/AAAAAAAAEw8/uE7EJFagLHo/s720/DSC_2564.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maraú</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Findado o reconhecimento de Camamu, cruzamos a ponte sobre o rio Acaraí e aceleramos para o sul. Trinta e cinco quilômetros depois contornávamos uma rotatória na BA-101 e subíamos sentido nordeste por uma poeirenta estrada de terra. A aventura real começou nesse ponto. Estávamos oficialmente na Península de Maraú. Uma definição rápida do termo PENÍNSULA seria “uma porção de terra cercada de água por praticamente todos os lados, exceto por um, que a mantém conectada ao continente”. É um adendo do Estado da Bahia, por assim dizer, um braço com 40km de extensão que, por um capricho da geografia, não se tornou uma ilha. Por essa estreita paragem baiana avançávamos, com o rio Serinhaem ao lado esquerdo e o Oceano Atlântico à direita. Em nenhum momento os víamos, mas sabíamos que estavam lá. Contornando buracos e vencendo curtos trechos de lamaçais, calhamos na cidade de Maraú. Nela finalmente vimos o rio. Na margem oposta, a menos de 200 metros, o continente. Vários barcos pesqueiros, atracados, criavam um cenário que, se não fosse pelos encardidos balaustres, seria análogo ao de Camamu. Esse centro urbano, por mais apetecível que fosse, não era nosso escopo. Augurávamos conhecer as águas translúcidas do mar na vila de Taipus de Fora. Mais afastada, mas ainda no prolongamento da estrada de chão praticamente retilínea que entrecorta toda a península, chegamos a esse pequeno povoado de opulentas mansões e pousadas, mas vazio e com um camping de valor irrisório disponível, apenas uma hora depois. Assentamos acampamento e nos dispusemos a caminhar pela orla. Foram rodados, a partir do balão da BA-101, quarenta e cinco quilômetros por terra, lama e curtos trechos arenosos.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-M0gcz_doy8g/VGEFshjFXDI/AAAAAAAAErY/58Vcoy5BLZg/s512/DSC_2585.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-M0gcz_doy8g/VGEFshjFXDI/AAAAAAAAErY/58Vcoy5BLZg/s512/DSC_2585.jpg" width="213" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-UCML_Hq2kAw/VGEF6aJxB7I/AAAAAAAAErY/tE0hIRzruwk/s720/DSC_2601.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://2.bp.blogspot.com/-UCML_Hq2kAw/VGEF6aJxB7I/AAAAAAAAErY/tE0hIRzruwk/s720/DSC_2601.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-g_6dMCrwcy8/VGEGNlD5ovI/AAAAAAAAErY/Lbzet0VrNAc/s720/DSC_2638.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-g_6dMCrwcy8/VGEGNlD5ovI/AAAAAAAAErY/Lbzet0VrNAc/s720/DSC_2638.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Taipus de Fora, na Península de Maraú</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-92Tzqs-U5qY/VGEGesKlUPI/AAAAAAAAErY/_Res-THe-LY/s720/DSC_2645.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://4.bp.blogspot.com/-92Tzqs-U5qY/VGEGesKlUPI/AAAAAAAAErY/_Res-THe-LY/s720/DSC_2645.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">45km de orla</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Embora uma breve pesquisa na internet revele incontáveis praias na Península de Maraú, não se espante se um dia vier a esse ermo, onde não há sinal de telefone e apagões são costumeiros, e se deparar com apenas uma delas. Isso mesmo, uma. Da Ponta do Mutá, limite norte da península, à foz do Rio de Contas, limite sul, há apenas uma extensa costa arenosa, sem divisões. Calculo, na falta de um dado mais preciso de um órgão oficial, que sejam cerca de 45km de ininterrupta praia. Não há costões ou morros próximos à orla o suficiente para dividir a extensa faixa de alva areia. É uma grandiosidade que logicamente não se equipara aos 240km da maior praia do mundo, a do Cassino, no Rio Grande do Sul (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/01/rota-das-missoes-e-chui-de-18-27-de.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>), mas ainda assim é um número expressivo. Aqui, ao contrário dos gaúchos, as pequenas vilas da península nomeiam seus trechos de praia, segmentando-a simbolicamente. Barra Grande, Algodões e Cassange são algumas delas. Ficamos, como já mencionado, em Taipus de Fora, onde a disposição dos coqueiros na orla (muitos sendo derrubados paulatinamente pela maré alta), os recifes de corais, rochedos e a água azul celeste e transparente do Atlântico são características marcantes. Em toda a península esses elementos são os mesmos, o que pode ser conferido do alto de alguns morros mais afastados da areia. Verdadeiros mirantes naturais, deles se observa também grandes lagoas de água doce e um pequeno farol de navegação.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-mBwIZPjMIkM/VGEGs3lrX-I/AAAAAAAAErY/65n9KTMS8z4/s720/DSC_2653.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-mBwIZPjMIkM/VGEGs3lrX-I/AAAAAAAAErY/65n9KTMS8z4/s720/DSC_2653.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro do Farol</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Qd3r3mpH2RQ/VGEG5ul6BcI/AAAAAAAAErY/lkKk1a0Ndt4/s720/DSC_2655.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-Qd3r3mpH2RQ/VGEG5ul6BcI/AAAAAAAAErY/lkKk1a0Ndt4/s720/DSC_2655.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fim de tarde em Taipus de Fora</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-YLnmEkD_InA/VGEHCZatDaI/AAAAAAAAErY/yB7inZrK1y4/s720/DSC_2656.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://3.bp.blogspot.com/-YLnmEkD_InA/VGEHCZatDaI/AAAAAAAAErY/yB7inZrK1y4/s720/DSC_2656.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia de Belmonte</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia de jogo do Brasil é sinônimo de praia completamente deserta. Some esse fato à baixa densidade demográfica de Taipus de Fora, bem como de toda a Península de Maraú, e terás um ode à tranquilidade. Buscamos sempre isso em nossas viagens. Toda essa misantropia, entretanto, vai na contramão do que nos propuséramos quando da confecção de uma rota que abrangesse o Vale do Jequitinhonha. Procuraríamos o contato com os sertanistas, visando ter conhecimento de suas dificuldades. Isso, de alguma forma, nos motivou a partir logo pela manhã, no dia 5, rumo à foz do rio Jequitinhonha, em Belmonte, Bahia. Não era nossa intenção, <i>a priori</i>, percorrer toda a margem do rio, mas nossas divagações de certa forma nos levaram a isso. Para situar o leitor, entende-se como Vale do Jequitinhonha os municípios mineiros da bacia do rio Jequitinhonha. É uma classificação geográfica e administrativa. A parte baiana entrecortada pelo rio é, em sua grande parte, uma planície, já que se encontra próxima ao mar. Por ser curta, pensamos em transformar a incursão em uma jornada de conhecimento não só do Vale do Jequitinhonha, mas do próprio rio Jequitinhonha, sobre o qual daremos mais dados no transcorrer do relato. Com mais essa mudança de planos em mente, deixamos Taipus de Fora e retornamos para o continente. Seguimos pela “transoceânica” baiana até Ilhéus onde, por ora, dávamos adeus ao mar. Subimos para o oeste até Itabuna e acessamos a BR-101. Sempre sentido sul, seguimos até Itapebi, onde vimos o rio pela primeira vez. Numa guinada ao leste, reencontramos o Atlântico em Belmonte. Os anfitriões foram um mar revolto e uma praia de areias negras. Foram rodados 430km desde a Península de Maraú.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-XQCHtIyZx-k/VGEHREM7Q6I/AAAAAAAAErY/A6KW2R1HyEg/s720/DSC_2663.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://3.bp.blogspot.com/-XQCHtIyZx-k/VGEHREM7Q6I/AAAAAAAAErY/A6KW2R1HyEg/s720/DSC_2663.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foz do rio Jequitinhonha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A noite foi longa em Belmonte. Um apagão elétrico de três horas deixou a cidade baiana de 20 mil habitantes na penumbra. No dia seguinte, 06 de julho, conversamos com alguns moradores e os mesmos afirmaram ser esse um fato trivial. “E o engraçado é que construíram uma hidrelétrica a poucos quilômetros rio acima”, frisou uma comerciante. Passaríamos por ela, Rodrigo e eu, mas nesse momento era peremptório registrar a foz do Jequitinhonha. Para tal, dirigimo-nos ao manguezal no limite nordeste do território belmontense. É lá que o rio, abrindo-se em dois e formando uma ilhota, um pseudo delta, encontra o Oceano Atlântico. Barrento, largo, é em seus últimos metros tão suscetível às marés quanto o próprio mar. O altímetro marcava 0 metros de altitude. Iniciaríamos a peleja a partir das sombras de altos coqueiros, uns semiderrubados pela ímpeto das águas, testemunhas vivas – ou semivivas – do término de um glorioso caminho de quase 1100km desde Serro, Minas Gerais. Esse caminho pretendíamos percorrer, sim, mas no sentido inverso ao de seu curso. Por vias terrestres obviamente em alguns momentos o perderíamos de vista, mas procuraríamos nos manter o mais próximo possível do Jequitinhonha, a exemplo do que foi eu fizera com o rio Itabapoana alguns anos atrás, entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/05/rio-itabapoana-de-29-de-abril-1-de-maio.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>).</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-OwkwSzGZBek/VGEHkVK3yjI/AAAAAAAAErY/JWb_YeGNJZw/s720/DSC_2673.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://2.bp.blogspot.com/-OwkwSzGZBek/VGEHkVK3yjI/AAAAAAAAErY/JWb_YeGNJZw/s720/DSC_2673.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-s2vYd9wGabk/VGEH-t166XI/AAAAAAAAErY/1R4lY47GVs8/s800/DSC_2674.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="http://4.bp.blogspot.com/-s2vYd9wGabk/VGEH-t166XI/AAAAAAAAErY/1R4lY47GVs8/s800/DSC_2674.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-lGx1vymH8c8/VGEIMXHUF0I/AAAAAAAAErY/KNjqXaivxu0/s720/DSC_2676.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-lGx1vymH8c8/VGEIMXHUF0I/AAAAAAAAErY/KNjqXaivxu0/s720/DSC_2676.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Últimos metros do Jequitinhonha a caminho do mar</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-HejHdMk7tNk/VGEIY362jBI/AAAAAAAAErY/0FOOoEGIYtI/s800/DSC_2678-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="112" src="http://3.bp.blogspot.com/-HejHdMk7tNk/VGEIY362jBI/AAAAAAAAErY/0FOOoEGIYtI/s800/DSC_2678-Editar.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Belmonte</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Um último olhar ao rio em solo belmontense: barcos pesqueiros atracados e barqueiros oferecendo o transporte de nossas motos para Canavieiras, cidade baiana ao norte de Belmonte, mas sem ligação rodoviária. “Não, obrigado. Vamos tocar rio acima. Onde podemos encher o tanque”? Só risadas. Era domingo. O único posto da cidade, ao relento, jazia inoperante. Com o que tínhamos, deixamos a cidade pela mesma estrada pela qual chegáramos, a BA-275. O Jequitinhonha estava ao norte, a talvez 6km de distância, mas não haviam estradas próximas a ele nesse seu trecho de planície. Um pouco antes de Barrolândia, um distrito de Belmonte, localizamos uma estrada que nos aproximou, mas cobrando um preço caro: barro, buracos e poças com dezenas de metros de diâmetro. Por fim calhamos em Barrolândia, onde encontramos um posto aberto, e seguimos novamente pela BA-275 que, a partir do entroncamento com a BA-683, deixou de ser asfaltada. Por terra batida alcançamos Itapebi, cidadezinha com 11 mil habitantes a 60m de altitude. Na Cidade Velha, bairro com predominância de pescadores encostado ao rio, se vê, a partir das escadarias da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, os enormes bancos de areia e sedimentos do leito do Jequitinhonha. O rio, aqui, é atravessável a pé, sem o risco de se molhar os joelhos. “Essa barragem aí pra cima acabou com tudo”, vocalizou um pescador subindo o morro a caminho de casa. Contou-nos que, após a construção de uma hidrelétrica, “a água raleou, e se não tem água não tem peixe”.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-vhKM6S_Sfa8/VGEIyPp2aII/AAAAAAAAErY/NawL9_8zui0/s512/DSC_2682.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-vhKM6S_Sfa8/VGEIyPp2aII/AAAAAAAAErY/NawL9_8zui0/s512/DSC_2682.jpg" width="213" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-TOi62Ctdkn8/VGEI9tiKrSI/AAAAAAAAErY/oWgcvXt6ytc/s720/DSC_2686.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://1.bp.blogspot.com/-TOi62Ctdkn8/VGEI9tiKrSI/AAAAAAAAErY/oWgcvXt6ytc/s720/DSC_2686.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-LHeiEO9Zz60/VGEJIzowRKI/AAAAAAAAErY/GCkk-JOVkyo/s720/DSC_2688.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://1.bp.blogspot.com/-LHeiEO9Zz60/VGEJIzowRKI/AAAAAAAAErY/GCkk-JOVkyo/s720/DSC_2688.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cidade Velha, em Itapebi</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Z5Uxw4jR-rQ/VGEJrjdKGhI/AAAAAAAAErY/TkdFx7uVJaM/s720/DSC_2701.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://4.bp.blogspot.com/-Z5Uxw4jR-rQ/VGEJrjdKGhI/AAAAAAAAErY/TkdFx7uVJaM/s720/DSC_2701.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rumo à barragem de Itapebi</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Aquela pobreza e miséria tão enfatizadas nos livros concernentes ao Vale do Jequitinhonha me pareciam verossímeis na Cidade Velha. Em São Paulo, por exemplo, estamos habituados a contrastes econômicos: mansões, habitações de classe média e barracos coexistindo no mesmo ambiente urbano. Aqui, entretanto, não existe isso. São todos lares humildes. De fato, sequer adentráramos o Vale propriamente dito, já que ainda estávamos na Bahia, e testemunhávamos o descaso com esse povo. Dispostos a registrar isso, seguimos acompanhando o rio, calhando na origem dos problemas de Itapebi: a Usina Hidrelétrica de Itapebi, uma das duas barragens no curso do Jequitinhonha. Finalizada e posta em operação em 2003, é a coqueluche da pesca no sul baiano e, como descobriríamos mais tarde, dos garimpeiros e pescadores do nordeste mineiro. Segundo dados da empresa que administra a usina, a Itapebi Geração de Energia, a energia gerada pelo rio Jequitinhonha beneficia mais de 1,5 milhão de pessoas. Não aponta em seu site, contudo, quais são as cidades agraciadas. Será que Belmonte, a 100km dali, é uma delas? Se é, não estão fazendo um trabalho eficiente. Há dúvidas de que a própria cidade de Itapebi seja beneficiada. Tomara que sim, senão o povo é duplamente afanado: nos peixes e na energia gerada a partir da água que passa pelo próprio quintal.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6EL6ANhi8jk/VGEJc_O8WQI/AAAAAAAAErY/Dt5fRQXRXFY/s720/DSC_2693.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-6EL6ANhi8jk/VGEJc_O8WQI/AAAAAAAAErY/Dt5fRQXRXFY/s720/DSC_2693.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Hidrelétrica de Itapebi</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-HMt1Ni8YrYw/VGEJ8QZPSJI/AAAAAAAAErY/x5IIoX8zDPw/s720/DSC_2702.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://2.bp.blogspot.com/-HMt1Ni8YrYw/VGEJ8QZPSJI/AAAAAAAAErY/x5IIoX8zDPw/s720/DSC_2702.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lago de Itapebi</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-VkHFtu7Uij0/VGEKZ6pEqtI/AAAAAAAAErY/wwMmdPDiM2w/s720/DSC_2710.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://2.bp.blogspot.com/-VkHFtu7Uij0/VGEKZ6pEqtI/AAAAAAAAErY/wwMmdPDiM2w/s720/DSC_2710.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Salto da Divisa</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Da Usina de Itapebi retomamos nosso caminho para o oeste. Infelizmente não há estradas que bordejam o reservatório. Com o aumento do nível das águas a montante da barragem (fenômeno oposto do que ocorre a jusante), muitas pequenas propriedades perderam os limites de seus territórios, que faziam fundo com o leito natural do Jequitinhonha. Consequentemente muitas estradas rurais desapareceram, bem como cachoeiras, grutas e áreas de garimpo. Nossa alternativa foi rumar para Salto da Divisa, próxima cidade beiradeante ao rio, pela BA-275, totalmente asfaltada. Foram 60km no total, os últimos no Estado baiano. Já em Salto da Divisa, município mineiro com 8 mil habitantes, começaríamos a faina pelo verdadeiro Vale do Jequitinhonha, mais precisamente pelo Baixo Jequitinhonha, subdivisão geográfica que compreende as cidades do extremo nordeste do Estado de Minas Gerais banhadas pelo rio e por sua bacia, consideradas de baixa altitude. Estávamos a 120 metros acima do nível do mar, à margem dos primeiros tentáculos dentre inúmeros no decorrer dos 42km do Lago de Itapebi em seu polêmico caminho até a hidrelétrica. Digo polêmico porque muitos sitiantes afirmam não ter recebido indenizações pela perda de terras quando da inundação do reservatório, além da qualidade da água represada ter caído drasticamente em relação ao leito original, prejudicando lavadeiras e pescadores. São, infelizmente, problemas recorrentes no Brasil.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-YWNvOpIjfbM/VGELDVtZ02I/AAAAAAAAErY/a-bNSHnW5xQ/s720/DSC_2717.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://2.bp.blogspot.com/-YWNvOpIjfbM/VGELDVtZ02I/AAAAAAAAErY/a-bNSHnW5xQ/s720/DSC_2717.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ZR_6PD2CdHw/VGELTbkHG5I/AAAAAAAAErY/eUwBJTNKL4E/s720/DSC_2719.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-ZR_6PD2CdHw/VGELTbkHG5I/AAAAAAAAErY/eUwBJTNKL4E/s720/DSC_2719.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pelo Vale do Jequitinhonha</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-f1Iq31ry7Rw/VGELgH7Y1OI/AAAAAAAAErY/NZlxTL7rkH0/s720/DSC_2726.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://2.bp.blogspot.com/-f1Iq31ry7Rw/VGELgH7Y1OI/AAAAAAAAErY/NZlxTL7rkH0/s720/DSC_2726.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jacinto</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">De Salto da Divisa em diante (sempre lembrando que estamos no contra curso), o Jequitinhonha dá uma guinada de 12km para o sul. Aqui já não há asfalto. A estrada é de terra batida, poeirenta, e ao seu redor quase não se vê moradias. Em compensação, acompanha “ombro a ombro” o rio, que nessa altura revela pequenas ilhotas (bancos de areia com vegetação arbustiva) e uma pobre mata ciliar. O assoreamento é uma realidade. O solo pobre e seco dessa região de caatinga e cerrado não é, por natureza, muito prolífero. O desmatamento só vem a agravar esse processo erosivo, jogando grandes quantidades de sedimentos no leito do Jequitinhonha. Está aí mais um dos incontáveis problemas recorrentes do Brasil, desculpando-me logo pela redundância. Passados os 12km em direção ao sul, o curso retorna para o oeste. Percorre-se então mais 40km de estrada de chão até Jacinto, município um pouco maior que Salto da Divisa. Com 12 mil habitantes e a 180m de altitude, nele se encontra a primeira (ou última) balsa do rio, responsável pelo transporte de veículos para a margem norte, onde há uma rodovia que desemboca em Jordânia, divisa com a Bahia. Por ser uma área de muito tráfego, inclusive de caminhões de médio porte, não é um dos pontos mais glamourosos do Baixo Jequitinhonha. Na saída da cidade contempla-se, em contrapartida, uma das grandes beleza cênicas de todo o vale: a Serra da Cangalha, pertencente ao município de Rubim, distante cerca de 30km dali, mas com seus cumes arrendondados bem visíveis.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-x_MRBNxFlNI/VGELzB1sA_I/AAAAAAAAErY/WX6ehrvYiDA/s720/DSC_2728.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-x_MRBNxFlNI/VGELzB1sA_I/AAAAAAAAErY/WX6ehrvYiDA/s720/DSC_2728.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jequitinhonha em Jacinto</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-U82PVVULuxU/VGEL7mTTHjI/AAAAAAAAErY/TcZyIJQCT1M/s912/DSC_2735.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="171" src="http://4.bp.blogspot.com/-U82PVVULuxU/VGEL7mTTHjI/AAAAAAAAErY/TcZyIJQCT1M/s912/DSC_2735.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Cangalha</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Pw85Qho9tMs/VGEMObbuffI/AAAAAAAAErY/XkPnHCL8k90/s720/DSC_2745.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://1.bp.blogspot.com/-Pw85Qho9tMs/VGEMObbuffI/AAAAAAAAErY/XkPnHCL8k90/s720/DSC_2745.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Almenara</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Para derrocar os 52km que separam Jacinto de Almenara, próxima cidade do Vale do Jequitinhonha em nossa rota, optamos por utilizar as estradas da margem sul do rio. Segundo nossos mapas, se o atravessássemos de balsa para a margem norte também chegaríamos incontestes ao mesmo destino, mas ao preço de nos apartarmos em demasia do Jequitinhonha. Dessa forma, tocamos pela BR-367, rio acima, e intercalando trechos de terra e asfalto calhamos em Almenara, a maior cidade que havíamos visitado até aquele momento. Com população de 40 mil habitantes e a uma média de 190m de altitude, é o município em que o rio Jequitinhonha exibe seu azul mais vívido. O leito é, por sua vez, visivelmente menos acidentado. Há apenas uma rocha ou outra despontando. Ilhotas se contam nos dedos de uma mão. Prosseguindo, vencemos rapidamente mais 50km asfaltados até o local que apanhou para si o nome do rio, Jequitinhonha. Nessa cidade de pouco mais de 20 mil habitantes pernoitamos pela primeira vez no vale. A quase 230m de altitude, seria também nosso último contato com o chamado Baixo Jequitinhonha, uma região não muito rica economicamente, mas onde não presenciamos toda aquela miséria enfatizada pelos livros escolares de nossa adolescência. É, em suma, uma área em lento desenvolvimento, permeada por um povo que se felicita com pequenas, mas constantes melhorias. A ponte construída recentemente, ligando as margens norte e sul do rio, por exemplo, é motivo de grande orgulho e esperança para os jequitinhonhenses.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-IomyFz-eE9c/VGEMG6w0GWI/AAAAAAAAErY/k5Wxc7LRNKg/s720/DSC_2738.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://2.bp.blogspot.com/-IomyFz-eE9c/VGEMG6w0GWI/AAAAAAAAErY/k5Wxc7LRNKg/s720/DSC_2738.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jequitinhonha em Almenara</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-YDVFrK-qvlk/VGEMcV9UasI/AAAAAAAAErY/0t0i7Jnmb8c/s720/DSC_2750.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://2.bp.blogspot.com/-YDVFrK-qvlk/VGEMcV9UasI/AAAAAAAAErY/0t0i7Jnmb8c/s720/DSC_2750.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jequitinhonha em Jequitinhonha</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-_H_OvhuLhWM/VGEMvQschDI/AAAAAAAAErY/ZerKCvpW6_8/s720/DSC_2765.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://2.bp.blogspot.com/-_H_OvhuLhWM/VGEMvQschDI/AAAAAAAAErY/ZerKCvpW6_8/s720/DSC_2765.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Entre Jequitinhonha e Itaobim</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Alvoreceu o 07 de julho e, logo cedo, arrostamos a sinuosa BR-367 novamente. Inteiramente asfaltada no trecho compreendido entre Jequitinhonha e Itaobim, revela chapadas e serras graníticas imponentes, como a do Bom Jardim e a Taquaril. A vegetação predominante é o cerrado. Pastagens fazem fundo com o rio, deixando-o desguarnecido de sua mata ciliar, com exceção de um trecho próximo a São Pedro de Jequitinhonha, vila da cidade de Jequitinhonha. Mesmo esse trecho é ínfimo, praticamente inefetivo na proteção do rio, ainda entremeado por extensos bancos de areia com arbustos. Setenta quilômetros depois calhávamos em Itaobim, a cidade mais assolada pela seca dentre todas as integrantes do Vale do Jequitinhonha. Rodrigo tem suas raízes maternas na zona rural desse município. Fotografamos rapidamente o rio em sua área urbana e aceleramos para o alto da Chapada Boa Vista, por uma estrada de terra subindo pela caatinga bravia de um dos lugares mais tórridos de todo o Brasil. No alto da serra localizamos a casinha de adobe da dona Dejanira, vó de Rodrigo, uma senhora de 85 anos que tem se recusado, anos após ano, a abandonar esse lugar olvidado pelas águas do céu. Em volta de seu quintal o cenário é um misto de assombro – regatos totalmente secos, vegetais de pequeno porte desfolhados, ausência de verde e solo esturricado, desidratado até o imo pelo sol escaldante – e resiliência – o Jequitinhonha correndo no fundo do vale, o forno de barro e a lenha ociosa aguardando a feitura da próxima refeição e a cisterna instalada pelo governo para suprir a necessidade básica de água potável.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-oFTUTbQPRZQ/VGEMnGYcZJI/AAAAAAAAErY/c6PiB4jHGoQ/s720/DSC_2761.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-oFTUTbQPRZQ/VGEMnGYcZJI/AAAAAAAAErY/c6PiB4jHGoQ/s720/DSC_2761.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-ZGrzKWQrlcE/VGENE8nQvyI/AAAAAAAAErY/rZM5Ufz3wzU/s720/DSC_2775.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-ZGrzKWQrlcE/VGENE8nQvyI/AAAAAAAAErY/rZM5Ufz3wzU/s720/DSC_2775.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jequitinhonha em Itaobim</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-EcE1sv9o9Uc/VGENVx_iBLI/AAAAAAAAErY/6iZvka-B0Ao/s720/DSC_2780-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://2.bp.blogspot.com/-EcE1sv9o9Uc/VGENVx_iBLI/AAAAAAAAErY/6iZvka-B0Ao/s720/DSC_2780-Editar.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sítio de Dona Dejanira</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Acreditava eu que minhas andanças pelo nordeste me dariam uma ideia, mesmo que ínfima, do que representa o semiárido brasileiro, o grande fomentador da seca e o trazedor de tanta escassez nas pequenas lavouras. Grande equívoco. Foi aqui no sudeste, no norte de Minas Gerais, mais precisamente no Médio Jequitinhonha, que testemunhei a ausência de cor mais marcante de toda a minha vida. Vale lembrar, contudo, que no período de chuvas, entre outubro e março, o verde volta a aparecer e a vida a ulular, ao contrário do que muita gente pensa. A estiagem é uma situação temporária e esperada, o que obriga os sitiantes do Vale do Jequitinhonha a planejar os anos com boa antecedência. É a forma que a vida humana encontrou de permanecer aqui, em uma terra tão fustigada pelo clima. Dessa e de outras cidades saíram, no começo e em meados do século passado, muita gente à procura de melhores condições de trabalho em São Paulo e Belo Horizonte, mas hoje a tendência parece ser a de querer ficar. Dona Dejanira, por exemplo, vive relativamente próxima à cidade, recebe aposentadoria, tem água e alimento. Considera ultrajante pedidos para que vá morar no centro urbano, onde teoricamente a existência seria mais cômoda. Sempre morou no “mato”. Não se arriscaria, a essa altura da vida, a tentar a sorte entre casas de alvenaria e comércios. Em síntese, o espírito de hoje dos rurícolas dessa região é análogo ao de Dona Dejanira: quando se pode, se planta; e quando se colhe, se estoca para quando não se pode plantar. E assim a vida segue no Vale do Jequitinhonha.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-w8ARabrg9As/VGENPex0TsI/AAAAAAAAErY/1_ODKtNzpug/s720/DSC_2779.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-w8ARabrg9As/VGENPex0TsI/AAAAAAAAErY/1_ODKtNzpug/s720/DSC_2779.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-DpKWxHPPcEw/VGENh8hOUAI/AAAAAAAAErY/wEWkFBtLdjw/s512/DSC_2787.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-DpKWxHPPcEw/VGENh8hOUAI/AAAAAAAAErY/wEWkFBtLdjw/s512/DSC_2787.jpg" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Seca e resiliência na caatinga de Itaobim</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-vBFv8F8vk5w/VGENuJzW5MI/AAAAAAAAErY/Fz9RJU6XKdc/s720/DSC_2790.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://1.bp.blogspot.com/-vBFv8F8vk5w/VGENuJzW5MI/AAAAAAAAErY/Fz9RJU6XKdc/s720/DSC_2790.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Itinga</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Do sítio de Dona Dejanira a Itinga, próxima cidade à beira do Jequitinhonha, foram 35km pelo asfalto da já intima BR-367. Com 15 mil habitantes e a uma altitude de 200 metros, tem o centro urbano todo emoldurado pela Serra da Tabatinga. Seus dados econômico-sociais não são tão requintados, contudo. É a cidade mais pobre de todo o Vale do Jequitinhonha. Foi um dos berços do Fome Zero e tem, hoje, mais de 2 mil famílias sobrevivendo com o auxílio Bolsa Família. Enquanto fotografávamos sobre a ponte, promessa cumprida por Lula quando em campanha por aqui, onde tudo é tão plácido que parece macular os problemas, decidimos seguir viagem pela margem norte do rio que, pelos mapas, parecia dispor de estradas mais rentes. Como bônus, eram todas de terra. Areia, melhor dizendo, o que nos tomou muito tempo. O cenário, a exemplo de Itaobim, era desolador: cerrado esporádico (lutando para manter seu verde), caatinga bravia (totalmente desfolhada), sol causticante. Quarenta e cinco quilômetros, nessa condições, furtaram duas horas do dia. Como se não bastasse essa lentidão, apeamos à beira do Jequitinhonha em uma praia próxima à afluência do rio Araçuaí, local onde supostamente deveria haver uma balsa para nos levar de volta à margem direita. Supostamente. O que vimos foi uma corda estendida de uma margem à outra, duas canoas na margem oposta e um outro motociclista que, também decidido a atravessar, derrocou a nado os 80m de largura do leito e trouxe, remando, uma das canoas para o lado norte. A epopeia de erguer, acomodar e equilibrar moto por moto, atravessando uma de cada vez, começou aí. A necessidade de ir sobre elas, com os pés apoiando nas laterais da rústica embarcação, foi a tarefa mais perigosa e dramática dessa incursão e possivelmente de minha vida. Ao descer as motos na margem sul, um pequeno e lamacento barranco ainda tinha que ser transposto. Estava eu tão tenso que tombei a moto. Sem problemas. Nenhum dano permanente.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-uBeFItEAJjU/VGEOQBW04UI/AAAAAAAAErY/lsHiuCEZkRU/s720/DSC_2795.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-uBeFItEAJjU/VGEOQBW04UI/AAAAAAAAErY/lsHiuCEZkRU/s720/DSC_2795.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zona rural de Itinga</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-U2dBP8iGSzA/VGEO4VkPTNI/AAAAAAAAErY/c1XMVE76Yro/s720/DSC_2804.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://2.bp.blogspot.com/-U2dBP8iGSzA/VGEO4VkPTNI/AAAAAAAAErY/c1XMVE76Yro/s720/DSC_2804.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-kDYGWxAhWsE/VGEO_57eppI/AAAAAAAAErY/KLRxPJzOS34/s720/DSC_2807-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://1.bp.blogspot.com/-kDYGWxAhWsE/VGEO_57eppI/AAAAAAAAErY/KLRxPJzOS34/s720/DSC_2807-Editar.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Balsa" para atravessar o Jequitinhonha</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-sm02L0R4em4/VGEPUiMD-QI/AAAAAAAAErY/x8IkEnm6Fhs/s720/DSC_2810.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://2.bp.blogspot.com/-sm02L0R4em4/VGEPUiMD-QI/AAAAAAAAErY/x8IkEnm6Fhs/s720/DSC_2810.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Itira</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Subindo o barranco topamos com Itira, antiga Barra do Pontal, distrito e berço do município de Araçuaí. Sua igrejinha antiga, de feições do século XIX, rememora seu poder histórico. Três quilômetros de estrada de terra bem batida nos colocaram de volta no asfalto, BR-342, e por essa via chegamos a Coronel Murta 26km depois. Da ponte sobre o Jequitinhonha se observa o Morro da Cascalheira a noroeste, imponente. Pouco permanecemos nessa cidade de 10 mil habitantes. Com uma altitude de 320 metros, é o último (ou primeiro) reduto do Médio Jequitinhonha. Dele adiante, seguindo no curso contrário ao rio, derrocamos um desnível de 400 metros, subindo a Chapada São Domingos e o Chapadão Virgem da Lapa. A ascendência é lenta, cadenciada por curvas sinuosas, puaca, areia e muita poeira. Já na região considerada Alto Jequitinhonha, com altitudes acima dos 700m, calhamos em Lelivéldia, uma vila do município de Berilo. Descemos a Chapada do Lamarão sentido norte e, serpenteando por um declive agudo, topamos com os portões da Usina Hidrelétrica Juscelino Kubitschek, ou Usina de Irapé. Posta em funcionamento em 2006, detém o título de maior barragem do Brasil com 208 metros de altura. Juntamente com sua parceira de rio, a Usina de Itapebi, prometeu trazer desenvolvimento, mas veio de mãos dadas com os prolemas de uma obra desse porte. Os moradores a montante da barragem reclamam da diminuição da piscosidade do rio, bem como o desaparecimento de algumas praias e consequentemente a dispersão de turistas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2RNxkZvL_4Y/VGEPfrRnaNI/AAAAAAAAErY/UgaNWjnkNq0/s720/DSC_2811.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://1.bp.blogspot.com/-2RNxkZvL_4Y/VGEPfrRnaNI/AAAAAAAAErY/UgaNWjnkNq0/s720/DSC_2811.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jequitinhonha em Coronel Murta</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-xPOBwVk4NbI/VGEQI150F4I/AAAAAAAAErY/fPRa4imAhHI/s720/DSC_2838.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://1.bp.blogspot.com/-xPOBwVk4NbI/VGEQI150F4I/AAAAAAAAErY/fPRa4imAhHI/s720/DSC_2838.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale a jusante da Barragem de Irapé</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/--MqNMGvc4Ck/VGEQZHfs7AI/AAAAAAAAErY/uZc52WvgU6E/s512/DSC_2839.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/--MqNMGvc4Ck/VGEQZHfs7AI/AAAAAAAAErY/uZc52WvgU6E/s512/DSC_2839.jpg" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Barragem de Irapé</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-qE_FMyL7Ey0/VGERC4RVXOI/AAAAAAAAErY/Q6545pixZv4/s720/DSC_2863.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://3.bp.blogspot.com/-qE_FMyL7Ey0/VGERC4RVXOI/AAAAAAAAErY/Q6545pixZv4/s720/DSC_2863.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cai a noite em Irapé</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Deixamos Irapé (caminho do mel, em tupi) sabendo que o Jequitinhonha é uma exceção à regra. Para um curso de quase 1100km, duas barragens são irrisórias, principalmente no modelo paulista de exploração dos recursos hídricos. O rio Tietê, por exemplo, corta todo o Estado de São Paulo e, em seus 1010km de extensão, comporta 6 hidrelétricas. Logicamente o Jequitinhonha, por ter parte de sua bacia no semiárido, tem um menor volume d'água, mas as serras que o envolvem são intrincadas, o que poderia despertar um grande interesse para o setor energético. Por sorte nada tem sido feito nesse sentido, preservando a maior parte do curso natural do rio. Com esse pensamento subimos a Chapada do Lamarão, observando as águas hirtas do Lago de Irapê lá embaixo, e chegamos a Igacatú, um distrito de José Gonçalves de Minas, onde não encontramos um local para pernoitar. Na própria José Gonçalves de Minas, distante 13km a sudeste, pudemos descansar. No outro dia augurávamos conhecer a principal responsável pelo povoamento (e hoje da degradação) do Vale do Jequitinhonha: a mineração.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-j6m2pBb8-hs/VGEZ-hDxwpI/AAAAAAAAErY/XIxpvG9gwkU/s800/DSC_2868.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="http://2.bp.blogspot.com/-j6m2pBb8-hs/VGEZ-hDxwpI/AAAAAAAAErY/XIxpvG9gwkU/s800/DSC_2868.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lago de Irapé</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-qE_FMyL7Ey0/VGERC4RVXOI/AAAAAAAAErY/Q6545pixZv4/s720/DSC_2863.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-RMelfXWZ5ms/VGEaGrSg5DI/AAAAAAAAErY/YIH57VFcyVs/s720/DSC_2869-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://1.bp.blogspot.com/-RMelfXWZ5ms/VGEaGrSg5DI/AAAAAAAAErY/YIH57VFcyVs/s720/DSC_2869-Editar.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casebre na Chapada do Lamarão</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-0W7m6fNzWOg/VGEbMW2TxDI/AAAAAAAAErY/AU5F-7cFAgE/s720/DSC_2886.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://3.bp.blogspot.com/-0W7m6fNzWOg/VGEbMW2TxDI/AAAAAAAAErY/AU5F-7cFAgE/s720/DSC_2886.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Garimpo ilegal de Areinha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 08 de julho. Saindo de José Gonçalves de Minas, no vale do Ribeirão Gangorra, subimos de volta para a Chapada do Lamarão. Sempre numa altitude superior a 900m, percorremos sem muitas emoções vários quilômetros na monótona MG-677, asfaltada. O rio passa a oeste, longe, inalcançável por estradas devido ao seu acidentado vale. Após Acauã, um povoado de Leme do Prado, reencontramos a BR-367. Fomos parar em Senador Mourão. Lá localizamos uma estrada de terra e rochas, entre o cerrado, descendo para um meandro do Jequitinhonha. A mesma se findou em um sítio. O proprietário permitiu que adentrássemos sua propriedade, além de nos mostrar uma picada no meio do milharal que nos desembocou em uma estrada beiradeante o rio. Daí pra cima só tivemos o trabalho de acompanhar o Jequitinhonha novamente, por terra e areia. E quão abobada foi nossa reação, à medida que subíamos no contracurso, de vê-lo cada vez mais marrom, em alguns pontos vermelho. O motivo foi descoberto poucos depois: o garimpo. Diga-se de passagem, ilegal. Conhecido como Garimpo de Areinha, é uma vila clandestina composta por pessoas que tentam a sorte com a extração de diamantes e ouro do leito do Jequitinhonha. Visando esse fim, revolvem o fundo do rio, perfuram poços enormes, desviam o curso, amontoam sedimentos nas margens. Destroem-no, por assim dizer. A cor avermelhada de suas águas é devido aos metais utilizados no processo. Não vou prover maiores informações sobre o caso porque apenas passamos pelo local, não conhecendo sua realidade profundamente. Indico, todavia, uma matéria no site Aconteceu no Vale (<a href="http://aconteceunovale.com.br/portal/?p=25977">http://aconteceunovale.com.br/portal/?p=25977</a>), que demonstra, dentre outras coisas, a relação entre a criminalidade em Diamantina e o advento do Garimpo de Areinha. É uma leitura bem informativa para os interessados.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-PvDjYuGZODE/VGEaw0-axKI/AAAAAAAAErY/XVkqDd7-6Ss/s720/DSC_2878.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-PvDjYuGZODE/VGEaw0-axKI/AAAAAAAAErY/XVkqDd7-6Ss/s720/DSC_2878.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-M839ejQk94k/VGEamA6stUI/AAAAAAAAErY/JSu1KmOnX-o/s720/DSC_2875.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-M839ejQk94k/VGEamA6stUI/AAAAAAAAErY/JSu1KmOnX-o/s720/DSC_2875.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_lha7fRUz7I/VGEbde5kMOI/AAAAAAAAErY/PnmYZWdjCvY/s512/DSC_2891-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-_lha7fRUz7I/VGEbde5kMOI/AAAAAAAAErY/PnmYZWdjCvY/s512/DSC_2891-Editar.jpg" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A deformação do Jequitinhonha pelo garimpo</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-IvMxU_m3HXA/VGEcmJcsp1I/AAAAAAAAErY/FHdnCxq3s5Y/s720/DSC_2903.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://4.bp.blogspot.com/-IvMxU_m3HXA/VGEcmJcsp1I/AAAAAAAAErY/FHdnCxq3s5Y/s720/DSC_2903.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mendanha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Passando pelo Garimpo de Areinha, chegamos a Mendanha, distrito de Diamantina. Não foi nada fácil. Quarenta quilômetros de areia, olhares desconfiados de garimpeiros e fotos tiradas na surdina desde o reencontro com o rio. No pequeno povoado diamantino tudo voltou à paz. Respira-se um ar colonial, emulsificado pelas edificações do século XVIII, todas construídas com os lucros da extração do diamante. Hoje, nesse trecho, não há garimpo, e o rio, a menos de 200km de sua nascente, corre plácido, transparente sob a ponte de madeira somente atravessável por pedestres. Desse pacato povoado para Diamantina foram mais 28km por asfalto pela cinzenta Serra dos Cristais, uma das subdivisões da Serra do Espinhaço. A altitude pairava na centena dos 1300 metros. Já em Diamantina, procuramos uma oficina para trocarmos o óleo do motor das motos, a essa altura já praticamente recobertas pelo pó do Baixo, Médio e Alto Jequitinhonha. A de Rodrigo estava com o escapamento dependurado. A trepidação das estradas de chão soltou todos os parafusos que o sustentavam. Por fim, deixamos de visitar o Centro Histórico do Antigo Arraial do Tejuco, fundado em 1713 e que teve forte ascensão com a descoberta de diamantes a partir de 1729. Já o visitei em outra oportunidade (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/08/santuario-do-caraca-e-caminho-dos.html" target="_blank"><b><i>link</i></b></a>). Como nosso escopo, nessa viagem, era outro, nos contentamos com o registro de uma igreja mais moderna e afastada do centro, a de São Francisco de Assis. Esse dia, para nós, ficará na história como o dia em que poderíamos ter sido baleados em um garimpo ilegal. Para o resto do Brasil, o dia em que a seleção amargou 7 gols da Alemanha.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-MiHYug7u1aU/VGEcBY4h9ZI/AAAAAAAAErY/M7PC7YZjlJ0/s720/DSC_2897.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-MiHYug7u1aU/VGEcBY4h9ZI/AAAAAAAAErY/M7PC7YZjlJ0/s720/DSC_2897.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jequitinhonha em Mendanha</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/--0zjgzdloUU/VGEc2W6bN4I/AAAAAAAAErY/7sGpeCsVFsg/s720/DSC_2907.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/--0zjgzdloUU/VGEc2W6bN4I/AAAAAAAAErY/7sGpeCsVFsg/s720/DSC_2907.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Diamantina</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-GY0kHfpvDcc/VGEdsY86zbI/AAAAAAAAErY/xZ2bJ1Uwq_E/s720/DSC_2918.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://4.bp.blogspot.com/-GY0kHfpvDcc/VGEdsY86zbI/AAAAAAAAErY/xZ2bJ1Uwq_E/s720/DSC_2918.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caminho dos Diamantes</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Amanheceu o dia 9, o último no Vale do Jequitinhonha. O trecho derradeiro, em busca da nascente, seria pela Estrada Real. Com alguns trechos em obras (brevemente será toda asfaltada, para a tristeza dos amantes de estradas de terra e para a alegria dos moradores que utilizam constantemente essa via), fez-me relembrar uma viagem anterior pelo Caminho dos Diamantes e oportunizou que parássemos em locais que passaram despercebidos na outra ocasião, como uma pequena cachoeira e um casebre colonial totalmente abandonado no alto da Serra do Espinhaço. Contornamos maciços rochosos e atravessamos Val, onde há uma ponte sobre o Jequitinhonha construída no século XIX. Aqui o rio não tem mais que alguns metros de largura, correndo por entre um cânion que muito lembra o Vale da Lua, na Chapada dos Veadeiros, Goiás (link). Prosseguindo, passamos por São Gonçalo do Rio das Pedras e Milho Verde, todos distritos colonias de Serro. Após 40km de terra descíamos a Serra da Boa Vista e, por asfalto, calhávamos em Três Barras. Foi a penúltima vista do curso do rio, aqui totalmente desfigurado por passar sob a rodovia e estar em um ambiente urbano, onde possivelmente esgoto é despejado. Não tem mais que 3 metros de largura.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Vni2203LGvQ/VGEd3hlROZI/AAAAAAAAErY/QZgpusDZIlc/s720/DSC_2926.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-Vni2203LGvQ/VGEd3hlROZI/AAAAAAAAErY/QZgpusDZIlc/s720/DSC_2926.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira na Estrada Real</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-_dDhKtYeW1c/VGEeeTS4JnI/AAAAAAAAErY/IhgyHZDPpHo/s800/DSC_2950.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="http://2.bp.blogspot.com/-_dDhKtYeW1c/VGEeeTS4JnI/AAAAAAAAErY/IhgyHZDPpHo/s800/DSC_2950.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Espinhaço</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Xed1q8Ccslw/VGEe2xXv3NI/AAAAAAAAErY/N5VOVXkPays/s720/DSC_2968.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://2.bp.blogspot.com/-Xed1q8Ccslw/VGEe2xXv3NI/AAAAAAAAErY/N5VOVXkPays/s720/DSC_2968.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte do século XIX sobre o Jequitinhonha em Val</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-CKmXeknJwXg/VGEfZrVdciI/AAAAAAAAErY/KeRp02zPWR8/s720/DSC_2983.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://1.bp.blogspot.com/-CKmXeknJwXg/VGEfZrVdciI/AAAAAAAAErY/KeRp02zPWR8/s720/DSC_2983.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jequitinhonha em Três Barras</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Restavam 7km, em linha reta, para a nascente do Jequitinhonha. Devido à geografia local, entretanto, tivemos que dar uma grande volta pelo asfalto da MG-900 e da BR-259, passando pelo acesso a Serro. Nessa última rodovia, equidistante de Serro e Presidente Kubitschek, em uma das muitas curvas da Serra do Espinhaço, uma placa demarcava o fim da nossa aventura com os simples dizeres NASCENTE DO RIO JEQUITINHONHA. Deixamos as motos no acostamento, descemos por uma picada no cerrado e localizamos o regato onde a história desse grande rio brasileiro, tão judiado, se reinicia a todo instante. A 1200m de altitude, uma dismórfica e pouco profunda poça d'água se prolonga e corre livre por alguns metros, quando é então encarcerada por um túnel sob o aterramento da BR-259. Liberta novamente, corre para Diamantina, para o garimpo ilegal, para o esgoto, para o vale ora paupérrimo ora em desenvolvimento. Produz energia, produz esperança. Mais que um perfunctório curso de água, é o símbolo de um dos locais mais icônicos de todo o Brasil, onde há uma grande carência de recursos mas, concomitantemente, um esforço no sentido de vencer as adversidades crônicas ambientais, principalmente nos médio e baixo Jequitinhonha. Em suma, é o totem líquido da resiliência de um povo sofrido, que não abandona suas raízes e que, como o solo da caatinga, chega a esturricar, mas em nenhum momento a atingir o completo estado pueril.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-svt-t6Bc9uQ/VGEfmJS8fZI/AAAAAAAAErY/phGWmgHZvcc/s720/DSC_2986.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-svt-t6Bc9uQ/VGEfmJS8fZI/AAAAAAAAErY/phGWmgHZvcc/s720/DSC_2986.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-C4EQs2rl1fA/VGEf0KV-1aI/AAAAAAAAErY/1neThp1CzzI/s720/DSC_2994.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-C4EQs2rl1fA/VGEf0KV-1aI/AAAAAAAAErY/1neThp1CzzI/s720/DSC_2994.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-omHXmdO0GNc/VGEgQQYfpfI/AAAAAAAAErY/UZ4k5XZAfMY/s720/DSC_2998.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-omHXmdO0GNc/VGEgQQYfpfI/AAAAAAAAErY/UZ4k5XZAfMY/s720/DSC_2998.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Nascente do Jequitinhonha</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-X1EMT6sU0zk/VGEeKYECN1I/AAAAAAAAErY/zFvdloZPGG8/s720/DSC_2948-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://1.bp.blogspot.com/-X1EMT6sU0zk/VGEeKYECN1I/AAAAAAAAErY/zFvdloZPGG8/s720/DSC_2948-Editar.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O regresso</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Rodrigo e eu cessávamos uma aventura, mas não a viagem. Com algum tempo até o fim da tarde, esticamos até Curvelo, onde pernoitamos. No outro dia, o décimo de julho, eu partia de volta para São Paulo, após 26 dias na estrada, enquanto Rodrigo sumia para as bandas de Goiás. Enquanto atravessava a grande Belo Horizonte, recordava-me de que esta fora uma jornada peculiar, uma realidade de aproximadamente um mês que raramente se pode experienciar em uma vida inteira. Foram 2600km desde Itabaiana, no agreste sergipano, e quase 11 mil km no total, contando a volta pelo sertão nordestino. A viagem mais longa de minha vida até então, certamente. Tombos, medos, desafios, todos foram superados, elementos formadores de uma experiência que ninguém jamais poderá extrair de mim. Gosto de pensar também que essa foi uma incursão pioneira, visto que não há registros de nenhum outro motociclista que tenha percorrido toda a extensão do rio Jequitinhonha. Mais um motivo para Rodrigo e eu nos orgulharmos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Um dia me disseram que as viagens se prolongam quando o ímpeto do viajante também é elástico, maleável. Olvidaram-se de apontar que, embora isso tenha um fundo de verdade, os dias são finitos. Há de se trabalhar, para um melhor proveito da vida, que essa finitude seja completada com experiências também finitas em tempo, mas infinitas em benfeitorias à alma do viajante.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-tub6fg-612Q/VGEfEPwlswI/AAAAAAAAErY/Zw8KBws11UU/s720/DSC_2977.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://1.bp.blogspot.com/-tub6fg-612Q/VGEfEPwlswI/AAAAAAAAErY/Zw8KBws11UU/s720/DSC_2977.jpg" width="400" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/ValeDoJequitinhonhaDe04A09DeJulhoDe2014?noredirect=1#6080159713089379554" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues para o vale mais famoso do Brasil, seja por desgraças seja por virtudes.</span></div>
<br />
<center>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/yhE-SobOOus" width="540"></iframe></center>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-2313344874966064202014-10-26T17:21:00.000-07:002014-10-26T17:55:48.825-07:00Piauí e sertão nordestino – de 16 de junho a 03 de julho de 2014<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-O-agxRGIrnM/VBCoSst343I/AAAAAAAAEak/QkglqUs07xY/s720/DSC_1478.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-O-agxRGIrnM/VBCoSst343I/AAAAAAAAEak/QkglqUs07xY/s720/DSC_1478.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Antes que os escassos, mas encarecidos e atentos leitores, possam pôr em cheque o título da presente postagem, adianto-me no intuito de esclarecê-lo. Sim, o Piauí é um estado nordestino, muito embora alguns acreditem erroneamente que pertença ao norte (com certeza aqueles mesmos que pensam ser o Tocantins uma cidade, como apontado na aventura do <a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2014/03/jalapao-de-22-de-dezembro-de-2013-03-de.html" target="_blank"><u><i><b>Jalapão</b></i></u></a>). Contudo, assumo, sem medo de ser taxado de redundante, a ignomínia por dispor lado a lado os termos Piauí e sertão nordestino, pois do primeiro não desfrutei apenas do seu sertão, mas também da garbosa área de transição entre caatinga e cerrado e de seu luzidio litoral de águas esverdeadas, que embora seja o menor dentre todos os Estados praianos do Brasil, não deve ser negligenciado por nenhum viajante que se arrisque por aquelas paragens. Dos outros seis Estados, por outro lado, aprofundei-me apenas no flanco oeste, onde o sertão de caatinga é o único e imponente soberano da paisagem. O litoral destes, com exceção de Jericoacara, no Ceará, foi propositadamente deixado de lado. Se retornar ao nordeste é inevitável, que seja para locais ainda desconhecidos. Que as praias, famosas pela beleza cênica e pelo turismo predatório, me aguardem. Por ora me contento com a solicitude gratuita e sincera do povo sertanista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-nPO2HPsMaus/VBCR5-HuLaI/AAAAAAAAEak/E1HirArM0pk/s720/DSC_1084.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-nPO2HPsMaus/VBCR5-HuLaI/AAAAAAAAEak/E1HirArM0pk/s720/DSC_1084.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale da cachoeira do Buracão</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Em plena copa do mundo saía eu de Americana, no dia 16 de junho, logo cedo, rumo a Patos de Minas, em Minas Gerais, onde pretendia pernoitar. Minha aversão ao futebol comercial (ou “futibol”, como a grande maioria vocaliza) só não é maior nessas épocas porque sua existência foi a responsável por eu dispor de um mês inteiro para viajar. Mesquinharias pessoais à parte, percorri toda a extensão da rodovia Anhanguera no trecho compreendido entre Americana e Igarapava, repassando mentalmente, para burlar o tédio imposto pela paisagem quase que inteiramente dominada pela cana-de-açúcar, os pontos que meu longo planejamento me levaria a visitar durante a viagem. Por volta do meio dia eu adentrava o antigo Sertão da Farinha Podre, hoje conhecido por Triângulo Mineiro, contornando Uberaba pelo anel viário e chegando a Nova Ponte, um pequeno município às margens da represa homônima. Aliás, a rodovia passa sobre a barragem da hidrelétrica, mas de nenhum ponto dela se obtém alguma vista ampla do vale – modificado pelo homem – do rio Quebra Anzol. Mesmo a partir de dois mirantes, bem indicados por placas, a visão é apenas parcial. Em Guimarânia a sorte mudou. Obtive com transeuntes coordenadas para a Cachoeira dos Borges, ou do Buracão, famosa na região. Como o sol ainda raiava alto e Patos de Minas estava próxima, deixei momentaneamente a BR-365, subindo ao norte por uma estrada de terra. Dezessete quilômetros depois eu abria uma porteira, apeava da moto sob uma árvore retorcida típica do cerrado e descia por uma trilha íngreme para o vale, ou “buraco”, onde encontrei a famosa cachoeira de 21 metros de queda livre, cujas águas formam um poço cor de esmeralda, cristalino, tudo com os cumprimentos das pequenas serras que se elevam no extremo leste da mesopotâmia triangulina.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-oXGz_ROd5Cs/VBCRLv0248I/AAAAAAAAEbQ/lN1tgVJUw-Q/s720/DSC_1076.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-oXGz_ROd5Cs/VBCRLv0248I/AAAAAAAAEbQ/lN1tgVJUw-Q/s720/DSC_1076.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-auEeg6D_Xb8/VBCRZFWBqTI/AAAAAAAAEak/eaVReXoFweQ/s512/DSC_1079-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-auEeg6D_Xb8/VBCRZFWBqTI/AAAAAAAAEak/eaVReXoFweQ/s512/DSC_1079-Editar.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira dos Borges, ou do Buracão</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-D48mPzHpQus/VBCSgu5vbvI/AAAAAAAAEak/nbWFxAVHSfI/s720/DSC_1092.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-D48mPzHpQus/VBCSgu5vbvI/AAAAAAAAEak/nbWFxAVHSfI/s720/DSC_1092.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Patos de Minas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Foi difícil encontrar um local para dormir em Patos de Minas. Olhavam para a poeira vermelha que recobria meus andrajos e logo diziam não haver vagas, muito embora a cidade e os estabelecimentos parecessem desérticos. Como é uma cidade relativamente grande, com quase 150 mil habitantes, acabei conseguindo guarida nos entornos da Lagoa Grande. O engraçado é que, no dia 17, por volta das 7 da manhã, enquanto eu fotografava as garças e os biguás da área, alguns moradores me confundiram com um jornalista e bradaram algo do tipo “isso! Denuncia essa pouca vergonha”, referindo-se aos aguapés que começam a superpovoar o pequeno corpo hídrico. Com o sol já a pino, despedi-me dali e voltei para a BR-365, onde enfrentaria seu trecho mais calamitoso, compreendido entre Patos de Minas e o entroncamento com a BR-040. Lembro-me de ter passado por essas bandas em 2012, com Rodrigo Gil, e ter penado com as crateras abissais e a sinalização precária. Víamos, à nossa frente, caminhões com mais de 25 metros de comprimento serpenteando na vã tentativa de desviar dos imensos forames. Invadiam até mesmo a pista contrária. Dessa vez, contudo, a história se inverteria, e eu tranquilamente transcorreria não somente esse trecho, repavimentado, mas também o que veio na sequência, entre a BR-040 e Montes Claros. Agora na BR-135, aprofundei-me ainda mais no noroeste de Minas Gerais, passando por Japonvar e chegando a Januária. Motoristas visivelmente embriagados, a pouco menos de duas horas do início do jogo do Brasil, trafegavam perigosamente pela rodovia e pelos centros das cidades. Por bem, decidi parar por ali mesmo, às margens do Velho Chico, assoreado, baixo, seco, mas ainda assim o maior rio inteiramente em território brasileiro, com 2830km de extensão.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-NkgfTyjtHY4/VBCSqgPYw3I/AAAAAAAAEak/DVsAi2tpz7I/s720/DSC_1097.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-NkgfTyjtHY4/VBCSqgPYw3I/AAAAAAAAEak/DVsAi2tpz7I/s720/DSC_1097.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-l1khO9d0cnQ/VBCSyislHBI/AAAAAAAAEak/wdG98iU4BLQ/s720/DSC_1105-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-l1khO9d0cnQ/VBCSyislHBI/AAAAAAAAEak/wdG98iU4BLQ/s720/DSC_1105-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio São Francisco, em Januária</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-i3a9oSE0CTM/VBCT7kdHlkI/AAAAAAAAEak/3Ez7p7hNAQw/s720/DSC_1129.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-i3a9oSE0CTM/VBCT7kdHlkI/AAAAAAAAEak/3Ez7p7hNAQw/s720/DSC_1129.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Nacional Cavernas do Peruaçu</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 18 segui pela BR-135 rumo a Itacarambi. Porém, não cheguei até ela. No meio do caminho guinei para o oeste, propositalmente, por uma estrada de terra que atravessa o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Esse é o verdadeiro norte mineiro, uma área de cerrado muito pouco conhecida pelos brasileiros, que sempre priorizam a serra, os queijos e os doces do sul do Estado. Minas Gerais é muito mais que isso, tanto que a menos de dois quilômetros pilotando pela estrada de chão apeei da moto, adentrei uma picada no cerrado e dei de cara com um paredão de arenito repleto de pinturas rupestres, largadas ao sabor do acaso, sem nenhuma proteção. Tratava-se do Paredão do Malhador. O parque é recente, de 1999, o que talvez explique essa falta de estrutura para a preservação de seu patrimônio natural e cultural, que conta ainda com grutas, cavernas e tribos indígenas, além das pinturas datadas de 11 mil anos já citadas. Retornando à moto e seguindo por mais 1km, larguei-a novamente e subi um morro, de cerrado campo sujo, até localizar, no meio do nada e sem indicação alguma, a chamada Lapa dos Bichos, uma gruta de calcário com estalagmites e estalactites de grande porte. Importantes estudos de arqueologia e botânica são realizados aqui, visto que em seu solo foram encontrados fósseis de plantas domésticas, como milho e amendoim, juntamente com frutos do próprio cerrado, como o pequi e o umbu, demonstrando claramente que pessoas utilizaram esse local como abrigo há talvez 2 mil anos, usufruindo dos leitos de rios próximos para a prática da agricultura.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-onQXxnpmoB4/VBCTSBq7fwI/AAAAAAAAEak/cJqzfoWcVwk/s720/DSC_1115.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-onQXxnpmoB4/VBCTSBq7fwI/AAAAAAAAEak/cJqzfoWcVwk/s720/DSC_1115.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pinturas rupestres no Paredão do Malhador</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-9B3nah4_w3A/VBCTnm8BHSI/AAAAAAAAEak/ov0cEQHOSqA/s720/DSC_1123.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-9B3nah4_w3A/VBCTnm8BHSI/AAAAAAAAEak/ov0cEQHOSqA/s720/DSC_1123.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lapa dos Bichos</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-frxkyKskh08/VBCUwXQWmwI/AAAAAAAAEak/xMdlr4k75lU/s512/DSC_1151_stitch.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-frxkyKskh08/VBCUwXQWmwI/AAAAAAAAEak/xMdlr4k75lU/s512/DSC_1151_stitch.jpg" height="200" width="171" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Buraco dos Macacos</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Era ainda meio dia quando topei com o primeiro veículo vindo em minha direção desde que adentrara o PARNA Cavernas do Peruaçu. Era uma moto, de baixa cilindrada, velha, e sobre ela vinham três adolescentes. Como se aproximavam em baixa velocidade, parei minha moto e acenei com a mão para que fizessem o mesmo. Em seguida, interpelei-os sobre algum ponto próximo que merecesse um registro, visto serem moradores de uma fazenda da região. Informaram-me que havia uma imensa furna a poucos quilômetros dali, e dentro desta uma outra imensa caverna com a maior estalactite do mundo. A dica foi boa. Dois quilômetros depois, subindo um pouco para o norte na primeira bifurcação da estrada que corta o parque, cheguei ao famoso Buraco dos Macacos. De sua borda realmente se vê a entrada de uma caverna de 200 metros de altura, que soube depois se tratar da Caverna do Janelão. Quanto à informação sobre a maior estalactite do mundo estar ali, não pude comprová-la, nem mesmo mediante pesquisa posterior. O que eu realmente sabia é que não havia meios de descer ao fundo da dolina sem equipamentos de rapel. Há guias que trazem os turistas para visitação nessas cavernas, inclusive a do Janelão, mas entram por outro local, cobrando, logicamente, um preço por isso. Como o PARNA Cavernas do Peruaçu não era meu escopo, contentei-me com uma vista por cima e segui meu rumo. E esse prosseguimento foi complicado. Foram 52km de muita areia atê Cônego Marinho e depois mais 70km até Miravânia, sendo 12 destes dentro do terriório indígena Xacriabá, por terra, e o restante em asfalto. Em Miravânia fiz um desvio de rota de 4km e conheci uma pequena cachoeira, apenas para recuperar as energias para enfrentar mais 40km de areia até Montalvânia, trecho em que levei meu primeiro tombo. Pernoitei ali, naquela cidadezinha do norte mineiro com 15 mil habitantes, já próxima da Bahia e, portanto, da região nordeste.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-z6Uw6n4yK5U/VBCV_WdKjyI/AAAAAAAAEak/BWMJXGOQ25s/s800/DSC_1173.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-z6Uw6n4yK5U/VBCV_WdKjyI/AAAAAAAAEak/BWMJXGOQ25s/s800/DSC_1173.jpg" height="200" width="320" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-fDb45RgxvHw/VBCWKF9g1II/AAAAAAAAEak/hofFBE94q-8/s720/DSC_1175-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-fDb45RgxvHw/VBCWKF9g1II/AAAAAAAAEak/hofFBE94q-8/s720/DSC_1175-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira de Miravânia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-6_knRfmPno4/VBCWpk0SddI/AAAAAAAAEak/htFOPwLsxF4/s720/DSC_1183-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-6_knRfmPno4/VBCWpk0SddI/AAAAAAAAEak/htFOPwLsxF4/s720/DSC_1183-Editar.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lavadeiras no rio Carinhanha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Veio o dia 19 e com ele o meu ingresso em um mundo novo: o sertão nordestino. Atravessei uma ponte de madeira sobre o rio Carinhanha, que demarca naturalmente a divisa entre Minas Gerais e Bahia, e observei moradores de ambos os Estados lavando suas roupas nesse importante afluente do São Francisco. No lado baiano o asfalto desapareceu. A areia, a terra e a poeira voltaram a me acompanhar. O cerrado ia desaparecendo paulatinamente à medida que eu subia para o norte. Assim é todo o oeste da Bahia, uma imensa área de transição entre a savana brasileira e a caatinga. A sequidão da paisagem não me deixava olvidar desse fato. As poucas casinhas de pau-a-pique que despontavam eram cercadas pela matéria-prima mais abundante da região: galhadas secas. Percebe-se, pelo desarrimo, que muita gente já deixou esse recôndito. O gado bovino, cercado, já não é a preferência, mas sim caprinos, criados soltos. Desviar dos mesmos não chegou a ser um embrolho, visto que minha tocada por areia é sempre pautada pela cautela. Depois de Cocos fui por asfalto até Jaborandi, mas após quase atropelar uma cabra fui obrigado a arrefecer meu ímpeto e seguir mais manhosamente. Esse seria um problema recorrente durante toda a incursão pelo nordeste. De Jaborandi a Correntina encarei mais terra, para cortar caminho, e aproveitei para visitar as Sete Ilhas, uma obra natural do rio Correntina descaracterizada pela ação humana ao tentar viabilizá-la (e lucrar em cima dela) para o turismo. Lamentei e prossegui, chegando a São Desidério, onde pernoitei para, no dia seguinte, tentar encontrar um guia que me levasse a Gruta do Catão e a Lagoa Azul.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-cYSSYh-XE6g/VBCXFpHpjfI/AAAAAAAAEak/9cDNS4_p15s/s720/DSC_1186-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-cYSSYh-XE6g/VBCXFpHpjfI/AAAAAAAAEak/9cDNS4_p15s/s720/DSC_1186-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Moradia típica do sertão baiano</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-lgkpVk9LGKM/VBCXZ9Gsg5I/AAAAAAAAEak/vYTk0XkELDg/s720/DSC_1190.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-lgkpVk9LGKM/VBCXZ9Gsg5I/AAAAAAAAEak/vYTk0XkELDg/s720/DSC_1190.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sete Ilhas, em Correntina (BA)</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-VVtlGjigdR8/VBCXjKeQm9I/AAAAAAAAEak/YRz2iTNYatA/s720/DSC_1200.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-VVtlGjigdR8/VBCXjKeQm9I/AAAAAAAAEak/YRz2iTNYatA/s720/DSC_1200.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São Desidério (BA)</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/wpcWFYxcGWyiJeo9KWMDMF6l9oY1fiqmX01GYmqyDR4=w913-h609-no" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/wpcWFYxcGWyiJeo9KWMDMF6l9oY1fiqmX01GYmqyDR4=w913-h609-no" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Municipal da Lagoa Azul</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A madrugada do dia 20 sacramentou minha primeira pernoite no sertão nordestino. E para que o dia germinasse todo o seu potencial, carecia eu de um guia, uma vez que todos os atrativos de São Desidério demandam-no. Exigências da prefeitura. Na praça central conversei com Junior do Jatobá, um guia credenciado que estava de partida para a Lagoa Azul, onde se encontraria com um pessoal da UNEB (Universidade do Estado da Bahia). Em duas motos seguimos por uma estrada de chão, a mesma que eu utilizara para ir de Jaborandi a São Desidério, por cerca de 15km, e então adentramos uma arenosa via rural até a portaria do Parque Municipal da Lagoa Azul. Aguardamos um bocado e o ônibus com 30 universitários assomou. Fomos divididos então em dois grupos e comecei a caminhada juntamente com o primeiro, numa trilha bem demarcada em meio ao cerrado do oeste baiano. Existe aqui uma grande incidência de barrigudas, uma árvore de grande porte, algumas chegando a 20m de altura. O curioso é que, quando despencam, são extremamente leves. Quatro homens medianos são suficientes para carregá-la. Em menos de 500m estávamos derredoreando a Lagoa Azul, verde, na verdade, um imenso e plácido manto d'água com 15 metros de profundidade, formado no curso do rio João Rodrigues. É parcialmente emoldurada por paredões de calcário, lapiás e cactus. Toda essa água, logicamente, não fica estagnada aqui. Ela subterraneamente passa pela Gruta do Catão, uma galeria natural calcária de mais de 100m de comprimento, ressurgindo no extremo oeste do parque, onde um outro cânion a guarnece.</span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-lC0cm93AToE/VBCYyxvTWNI/AAAAAAAAEak/aZJAQZB4wJs/w913-h609-no/DSC_1220.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-lC0cm93AToE/VBCYyxvTWNI/AAAAAAAAEak/aZJAQZB4wJs/w913-h609-no/DSC_1220.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A verde Lagoa Azul</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-w9IIeeC6cDU/VBCZlMwzbNI/AAAAAAAAEak/Ow5ovR6VxQc/s720/DSC_1270.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-w9IIeeC6cDU/VBCZlMwzbNI/AAAAAAAAEak/Ow5ovR6VxQc/s720/DSC_1270.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gruta do Catão</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-amxy8S_dfWE/VBCYA9yQceI/AAAAAAAAEak/XG0tmKJ6RCU/s912/DSC_1201_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-amxy8S_dfWE/VBCYA9yQceI/AAAAAAAAEak/XG0tmKJ6RCU/s912/DSC_1201_stitch.jpg" height="205" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cânion</td></tr>
</tbody></table>
</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-VtzPcjcdSVM/VBCZzlg3ENI/AAAAAAAAEak/Tf0mQyorvGw/s720/DSC_1280.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-VtzPcjcdSVM/VBCZzlg3ENI/AAAAAAAAEak/Tf0mQyorvGw/s720/DSC_1280.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Universitários da UNEB</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Só tenho a gratular a hospitalidade do pessoal da UNEB. Ao terminarmos as trilhas fui convidado para me juntar ao grupo para uma galinhada em um sítio próximo ao Parque Municipal da Lagoa Azul, gratuitamente. Para quem não almoçara desde o começo da viagem, beliscando algo aqui ou acolá nas paradas compulsórias para abastecimento, foi um grande desjejum, isso sem contar nas novas amizades que com certeza me farão voltar àquelas bandas algum dia. Na mesa pude conhecer uma tradição local, a loa, na qual uma ou mais pessoas tecem, na hora, pequenos versos com os fatos ocorridos no dia, sempre com rimas. Despedi-me desse povo carismático sabendo que poderia aproveitar muito mais se permanecesse por um ou dois dias extras em São Desidério, que dispõe de incontáveis grutas, sumidouros e distintas belezas cênicas. Porém, eu ainda estava a centenas de quilômetros do Piauí, meu maior objetivo, e precisei partir. Obtive êxito ao chegar, nesse dia, a Santa Rita de Cássia, já perto da divisa com o Estado pretendido. Pernoitei por lá, às margens do rio Preto, buscando paz interna para dormitar enquanto uma cidade pequena, porém barulhenta por estar sob o jugo da aura festiva de uma sexta-feira, celebrava lá fora.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-sCmAlTY3EWQ/VBCZAL8c1jI/AAAAAAAAEak/dUrI7cRov4o/s640/DSC_1254.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-sCmAlTY3EWQ/VBCZAL8c1jI/AAAAAAAAEak/dUrI7cRov4o/s640/DSC_1254.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, São Desidério</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-QCHfbiKo-UI/VBCaJhJ-HAI/AAAAAAAAEak/vV0pL1KlDmU/s720/DSC_1291.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-QCHfbiKo-UI/VBCaJhJ-HAI/AAAAAAAAEak/vV0pL1KlDmU/s720/DSC_1291.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Preto, em Santa Rita de Cássia (BA)</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-uhDWrdmxEuQ/VBCaessAunI/AAAAAAAAEak/jCldzDxyXnc/s720/DSC_1293.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-uhDWrdmxEuQ/VBCaessAunI/AAAAAAAAEak/jCldzDxyXnc/s720/DSC_1293.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Açude seco chegando a Júlio Borges</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 21: um sábado atípico. De fato, só percebi que era sábado porque encontrei um posto fechado. Eu poderia ter optado por entrar no Piauí por asfalto, via Formosa do Rio Preto, mas minha preferência por estradas rurais me instou a seguir o caminho em que ora me encontrava. Até aí, nada novo. O problemas é que em meus mapas de papel constava uma estrada de terra entre Santa Rita de Cássia e Júlio Borges, no Piauí, mas meu gps a desconhecia. O jeito foi tocar à velha maneira, informando-me com quem porventura topasse comigo. Isso me tomou muito tempo. Demorei cerca de 3 horas para vencer 90km. Não me arrependo, contudo. À medida que ia me aproximando do Piauí e saindo da Bahia, fui “mergulhando” em um bioma exclusivamente brasileiro e ainda novo para mim: a caatinga. Seus arbustos secos, solo arenoso, ausência de rios; açudes, lagos artificiais ou represados que o povo do nordeste cultiva – ou pelo menos tenta cultivar – em épocas de estiagem despontam, alguns ainda cheios e outros completamente tragados pelo solo do semiárido, formando aquele típico solo rachado que alguns jornalistas sensacionalistas veiculam nos noticiários do sudeste. Todos esses detalhes me acompanhavam enquanto eu subia a Serra da Tabatinga , que demarca naturalmente a divisa entre os Estados. No alto da mesma há uma fazenda, a Guatambu, onde me deram uma boa golada de água. Estava eu no Piauí, sorrindo sozinho e descendo para Júlio Borges, onde cheguei por volta das 13h, com o sol me desfazendo. Acelerei pela PI-413, asfaltada, que me apresentou à imponente e ressequida Serra do Gado Bravo, e alcancei Curimatá. Pela esburacada PI-257 fui calhar em Redenção de Gurguéia, onde acessei a BR-135, que me levou até Cristino Castro, onde pernoitaria pela primeira vez em solo piauiense.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-cBy0VpnNI-g/VBCapl6BmtI/AAAAAAAAEak/CZYW2jLbers/s720/DSC_1298.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-cBy0VpnNI-g/VBCapl6BmtI/AAAAAAAAEak/CZYW2jLbers/s720/DSC_1298.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fazenda Guatambu. Primeira imagem do Piauí</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-SSGvHELKklQ/VBCbFbLe_EI/AAAAAAAAEdc/5yqcYDDByzc/s720/DSC_1310.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-SSGvHELKklQ/VBCbFbLe_EI/AAAAAAAAEdc/5yqcYDDByzc/s720/DSC_1310.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-HYxdm3w1Okg/VBCbNnUWX9I/AAAAAAAAEak/kiGBmkE4FYQ/s800/DSC_1311-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-HYxdm3w1Okg/VBCbNnUWX9I/AAAAAAAAEak/kiGBmkE4FYQ/s800/DSC_1311-Editar.jpg" height="180" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Gado Bravo</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-xwG74gWUfhQ/VBCb9jEuB0I/AAAAAAAAEak/q8rbBVQbq9o/s512/DSC_1321.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-xwG74gWUfhQ/VBCb9jEuB0I/AAAAAAAAEak/q8rbBVQbq9o/s512/DSC_1321.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Semitumba</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 22 de junho. Adeus, Cristino Castro. Bom dia, primórdios da Serra Semitumba. Do asfalto do oeste piauiense me furtei, por ora. Acessei uma estrada de areia, como não poderia ser diferente, a leste de Santa Ana, esperando que a mesma cruzasse todo o Parque Nacional da Serra das Confusões, criado em 1998 e ampliado em 2010, tendo hoje uma área de pouco mais de 800 mil hectares. Em um determinado momento, pouco após amargar meu segundo tombo da viagem e entortar o pedal do freio, deparei-me com uma bifurcação. Segui pela estrada que sumia leste adentro. Contudo, algo não estava certo. Abri várias porteiras, quase atolei em bancos cada vez maiores de areia e paulatinamente a via se transformou em uma trilha. Uma porteira trancada a cadeado foi a gota d'água. Voltei até uma palhoça pela qual passara, no meio do nada, mas não encontrei vivalma para pedir informações. Vi-me obrigado a retornar à bifurcação e seguir sentido sudeste. A estrada ali não era melhor, mas pelo menos era espaçosa. Um motociclista vinha em sentido contrário e me afirmou que essa via me levaria a Guaribas. Três horas depois, vencendo toda aquela “caatingueira”, coloquei meus olhos no cinza com toques arroxeados dos cumes arredondados da Serra das Confusões, justamente no ponto em que a Serra Semitumba se encerra, dando lugar à cadeia de morros que nomeia o Parque Nacional. Guaribas é testemunha de sua concepção. Essa cidade, que já foi a mais pobre do Brasil, a tem como uma fortaleza natural, um símbolo de resiliência. Foi aqui que o Fome Zero começou. Seus 5 mil moradores há pouco conhecem a comodidade de ter água encanada, não necessitando andar quilômetros à procura dela sob a quentura do semiárido. E justamente esse povo humilde, num domingo, ofertou uma sombra e um almoço farto para um viajante que, a essa altura, já tinha o pó piauiense incrustado em suas roupas e poros. Tudo o que levo dessa família que me amparou é uma foto mal tirada. Minha indiscrição paulista me fez olvidar seus nomes, mas jamais esquecerei suas feições.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-JoUrAFgQ4o4/VBCeBQJXZXI/AAAAAAAAEdk/Zdt4Jtl5hKU/s720/DSC_1328.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-JoUrAFgQ4o4/VBCeBQJXZXI/AAAAAAAAEdk/Zdt4Jtl5hKU/s720/DSC_1328.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada no Parque Nacional da Serra das Confusões</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-PDoID8zER9M/VBCejznI82I/AAAAAAAAEak/GC7h-DTnn1U/s720/DSC_1331-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-PDoID8zER9M/VBCejznI82I/AAAAAAAAEak/GC7h-DTnn1U/s720/DSC_1331-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Palhoça no sertão piauiense</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-EZzDSHlcE1w/VBCfJ9JPUUI/AAAAAAAAEak/v966vUfTGXI/s800/DSC_1337.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-EZzDSHlcE1w/VBCfJ9JPUUI/AAAAAAAAEak/v966vUfTGXI/s800/DSC_1337.jpg" height="200" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra das Confusões, em Guaribas</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Ywu95KfSRUc/VBCfSvuEp1I/AAAAAAAAEak/mL8ol3c3TmE/s720/DSC_1338-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Ywu95KfSRUc/VBCfSvuEp1I/AAAAAAAAEak/mL8ol3c3TmE/s720/DSC_1338-Editar.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Família guaribana</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Guaribas é realmente isolada. Foram 90km de areia, buracos e pedras desde Santa Luz. Até Caracol, onde eu almejava encontrar a PI-144, foram mais 50km de terra, mas “piçarrada”, como dizem por lá quando os tratores fazem a devida manutenção, deixando a estrada tão transitável quanto o asfalto. Foi sorte. Ganhei tempo. Chegando em Caracol, localizei a base do ICMBio, que regimenta e controla o Parque Nacional. Por ser um domingo estava fechada. Procurei por alguém na praça central que pudesse pelo menos me indicar um local que valeria a pena visitar, justificando minha passagem pela Serra das Confusões. Não souberam me apontar algo. Desapontado por não desbravar mais profundamente a região, mas feliz por ter tido pelo menos um breve contato com o sul do Piauí, sumi para o norte pela PI-144, desviando de cabras, porcos e jumentos, ainda em tempo de aportar em São Raimundo Nonato para uma merecida noite de descanso. Na segunda-feira, cedo, eu trataria de cumprir uma difícil missão. Encontrar um guia, em dia de jogo do Brasil na Copa do mundo, que topasse me apresentar a Serra da Capivara.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-hOR0pIT6ims/VBCfY_0_ImI/AAAAAAAAEak/rPNiGuD0NhE/s800/DSC_1341-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-hOR0pIT6ims/VBCfY_0_ImI/AAAAAAAAEak/rPNiGuD0NhE/s800/DSC_1341-Editar.jpg" height="200" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Serra das Confusões</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-pKBLy5UgTqY/VBCf7_7WJgI/AAAAAAAAEak/gpuYoQM45jk/s512/DSC_1360-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-pKBLy5UgTqY/VBCf7_7WJgI/AAAAAAAAEak/gpuYoQM45jk/s512/DSC_1360-Editar.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gruta Pilã</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Oito da manhã do dia 23 de junho e eu já estava na estrada de terra que me levaria ao Parque Nacional da Serra da Capivara. São 20km por asfalto a partir do centro de São Raimundo Nonato e mais alguns por terra. Ao contrário do que eu poderia prever, o trecho em terra estava bem batido, e rapidamente cheguei ao primeiro atrativo da região, que por estar fora da área do parque não está bem cuidada e sinalizada: a Gruta Pilã. As passarelas que permitem que o caminhante a adentre estão todas destruídas. De seus altos arredores, contudo, obtêm-se uma ampla vista dos chapadões do extremo sul da Serra da Capivara, bem como a caatinga circundante ainda verde-amarelada, apesar da estiagem. Prosseguindo, passei pelo Sítio do Mocó, um bairro pertencente ao município de Coronel José Dias, e apeei à portaria do parque. A entrada, porém, exige a contratação de um guia. Não há como seguir sozinho. O guarda passou um rádio para um guia do Sítio do Mocó, que após uma hora apareceu. O valor de R$100 é oneroso para uma pessoa, mas não para um grupo de 8 pessoas, por exemplo. Como eu estava sozinho, arquei com todo o montante. Em uma segunda-feira de jogo do Brasil pela Copa do Mundo, certamente ninguém aparecia para dividir a conta. Ao som de gralhas e jacus partimos, então, por uma leve caminhada por um pequeno naco dos 130 mil hectares do Parque Nacional da Serra da Capivara, todos eles comandados à mão de ferro pela arqueóloga brasileira de ascendência francesa Niède Guidon.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-1Cqv_0eNLwM/VBCfrh-nsLI/AAAAAAAAEcI/nB0YoYpmzNw/s720/DSC_1347.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-1Cqv_0eNLwM/VBCfrh-nsLI/AAAAAAAAEcI/nB0YoYpmzNw/s720/DSC_1347.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Nacional da Serra da Capivara</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-eD2GrnQ7dYw/VBCgGZHzfjI/AAAAAAAAEak/J3qwiwunx-4/s720/DSC_1363-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-eD2GrnQ7dYw/VBCgGZHzfjI/AAAAAAAAEak/J3qwiwunx-4/s720/DSC_1363-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arenitos</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-3xEelE9ztNE/VBChiGtny3I/AAAAAAAAEco/P_twUsS-SfU/s720/DSC_1384.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-3xEelE9ztNE/VBChiGtny3I/AAAAAAAAEco/P_twUsS-SfU/s720/DSC_1384.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paisagem do parque</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A locomoção dentro do parque seria cômoda se não fosse o calor acachapante do semiárido. Há uma ressalva, entretanto. Perto das chapadas de arenito e conglomerado a caatinga é mais alta e verde, visto que essas rochas retêm a umidade e sombreiam os arredores, deixando o clima mais ameno. É perceptível uma diferença de pelo menos 5º C entre as áreas abertas e os contrafortes. Nas partes baixas o mandacaru é o vegetal mais imponente, enquanto nas trilhas que levam aos cumes da serra estão presentes outros cactáceos como coroa-de-frade e rabo-de-raposa. Olhando por cima a caatinga ainda está conserva seu verde, e o guia Djaílton me explicou que em meados de setembro, no fim da estiagem, praticamente todos os vegetais se desfolham. “Demanda muita energia e água para a planta manter suas folhas, fazendo-a se livrar delas na seca. Quando chove, mesmo que somente um pouco, em questão de dias tudo fica verde novamente”, assegurou ele. Cenicamente falando, o alto dos arenitos revela a vista de um relevo de formas garrafais, de bases arredondadas e cumes estreitos, contrastando a cor avermelhada do arenito e o tom cinza dos conglomerados, semelhantes ao concreto envelhecido. Lá embaixo, tímida entre montes maiores, a Pedra Furada se discerne, ela que é o cartão-postal do parque. Em sua volta foi construído uma espécie de Teatro de Arena, onde apresentações de grande importância se sucedem. “Já recebemos até a Camila Pitanga”, afirmou Djaílton.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-xz-Il8k-D_A/VBChLTtWf1I/AAAAAAAAEcg/D-vTc0IX2uQ/s720/DSC_1377.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-xz-Il8k-D_A/VBChLTtWf1I/AAAAAAAAEcg/D-vTc0IX2uQ/s720/DSC_1377.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cactáceo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-suoV9ZQ0ewE/VBCkqpdjWyI/AAAAAAAAEak/GBSR56_fKl8/s512/DSC_1447.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-suoV9ZQ0ewE/VBCkqpdjWyI/AAAAAAAAEak/GBSR56_fKl8/s512/DSC_1447.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Conglomerados</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-UCh_6QHdqA8/VBClPGjN-BI/AAAAAAAAEak/Y_5fi5xKSxA/s720/DSC_1456-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-UCh_6QHdqA8/VBClPGjN-BI/AAAAAAAAEak/Y_5fi5xKSxA/s720/DSC_1456-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Relevo "garrafal"</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-qKPwxtkmF9o/VBCiV3x1iVI/AAAAAAAAEak/-ZS-DO9Zj-M/s720/DSC_1389.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-qKPwxtkmF9o/VBCiV3x1iVI/AAAAAAAAEak/-ZS-DO9Zj-M/s720/DSC_1389.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pinturas rupestres</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Mesmo com toda essa beleza, capaz de atrair mais turistas estrangeiros do que brasileiros, a Serra da Capivara se destaca sobretudo por seu patrimônio cultural. Existem milhares de “tocas” espalhadas pelo parque, paredes de arenito contendo pinturas e gravuras rupestres, umas com idade estimada de 50 mil anos. São figuras que registram a caça, a vida em bando, animais, sexo, movimentos ginásticos e outras peculiaridades da vida dos homens que habitaram esse território. São desenhos tão antigos que muitos dos animais esboçados nas paredes sequer existem, pois datam de uma época em que essa parte do Piauí ainda era uma floresta tropical. A própria capivara é um roedor já não presente na caatinga. Todas essas pinturas logicamente levaram a escavações arqueológicas, espalhadas por todos os cantos, e alguns achados estão expostos em um pequeno museu. O mais impressionante são ossos de espécimes da megafauna, cujo tamanho era superior aos dos nossos carros populares de hoje. Foi aí que Djaílton relatou que não há, hoje, nenhuma fonte de água dentro do parque, o que fez com que muitos animais migrassem para outras áreas. Os poucos que restaram ainda estão ali porque caminhões-pipa enchem reservatórios artificiais espalhados nas encostas semanalmente. De fato, vi apenas caititus, mas um pesquisador da USP monitorava macacos-pregos. Deve haver muita vida se escondendo por detrás daqueles arbustos, a exemplo do arapaçu-grande, que subia inadvertidamente pelos caules do semiárido.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-vd7NskAxHCg/VBCnQfDE5FI/AAAAAAAAEak/Bw4t7sur9-U/s720/DSC_1476.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-vd7NskAxHCg/VBCnQfDE5FI/AAAAAAAAEak/Bw4t7sur9-U/s720/DSC_1476.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Beijo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-dBF2N0BNIhw/VBCokI2ZYlI/AAAAAAAAEak/N21kJ85o0vo/s720/DSC_1480.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-dBF2N0BNIhw/VBCokI2ZYlI/AAAAAAAAEak/N21kJ85o0vo/s720/DSC_1480.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caça</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-bkaRJAxCpQA/VBCngL77yiI/AAAAAAAAEak/ETcEyGUCyDw/s720/DSC_1477.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-bkaRJAxCpQA/VBCngL77yiI/AAAAAAAAEak/ETcEyGUCyDw/s720/DSC_1477.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Coito</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-MXoSJ6uR01I/VBCpB1c65tI/AAAAAAAAEak/XdWHUWW6hy8/s720/DSC_1515.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-MXoSJ6uR01I/VBCpB1c65tI/AAAAAAAAEak/XdWHUWW6hy8/s720/DSC_1515.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra Furada</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Já eram mais de 16h quando Djaílton voltou para o Sítio do Mocó, onde reside, e eu, a poucos minutos do princípio do jogo do Brasil, subia para São João do Piauí, onde decidi pernoitar. Era dia de São João, e eu estava em uma cidade piauiense com o nome do santo, o que significa que uma festa ocorria por ali. Pena que meu cansaço me fazia dormir diariamente às 20h, por mais que eu teimasse em permanecer vigilante. Despertei cedo, no dia 24, e rapidamente acelerei até Brejo do Piauí, onde acessei a PI-140, permanecendo na mesma até Floriano, onde encontrei pela primeira vez o rio Paranaíba, que divide naturalmente os Estados do Piauí e do Maranhão. Por pilotar somente em asfalto a viagem rendia bastante, e logo reencontrei o rio em Amarante. Do outro lado via as chapadas da Serra de São Francisco do Maranhão. Prosseguindo, por volta do meio dia me deixava envolver pela capital Teresina. Atravessei a ponte sobre o rio Poti e logo zarpei pela BR-343, calhando em Piripiri, onde passei a noite. No outro dia eu conheceria o terceiro Parque Nacional estritamente piauiense: o Sete Cidades. Seria o último no meu caminho rumo ao litoral e ao terceiro maior delta do mundo: o do rio Parnaíba.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-091CcFlXVGk/VBCpVMyuQtI/AAAAAAAAEak/agcabZe1zos/s512/DSC_1536.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-091CcFlXVGk/VBCpVMyuQtI/AAAAAAAAEak/agcabZe1zos/s512/DSC_1536.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São João do Piauí</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Yo4kDVy4nwM/VBCphKp7RjI/AAAAAAAAEak/02ka6PahkNU/s720/DSC_1544.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Yo4kDVy4nwM/VBCphKp7RjI/AAAAAAAAEak/02ka6PahkNU/s720/DSC_1544.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Parnaíba, em Amarante</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ondVboUaRQw/VBCp1aqBAmI/AAAAAAAAEak/3p7BQ8mHiNM/s720/DSC_1555.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-ondVboUaRQw/VBCp1aqBAmI/AAAAAAAAEak/3p7BQ8mHiNM/s720/DSC_1555.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Piripiri</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-VVVEPQByybg/VBCsC4m9VzI/AAAAAAAAEcw/-V5MLgeCzCE/s720/DSC_1594.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-VVVEPQByybg/VBCsC4m9VzI/AAAAAAAAEcw/-V5MLgeCzCE/s720/DSC_1594.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Nacional Sete Cidades</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Como de praxe, às 8h, no dia 25, o guarda da portaria do Parque Nacional Sete Cidades abria a cancela e eu acelerava pela estrada de chão até uma espécie de casa de apoio ao visitante. Lá me informaram que, a exemplo da Serra da Capivara, eu necessitaria de um guia para conhecer os atrativos do parque. A diferença é que esses são funcionários do próprio parque. Ganhei um tempo valioso. O guia foi comigo, na garupa da moto, sem capacete, indicando o caminho. Uma boa estrada de chão interliga as Sete Cidades, ou sete agrupamentos rochosos separados por centenas de metros. Na primeira em que paramos, por exemplo, avistamos formações de arenito como a tartaruga e o elefante. Na sequência deixamos a moto em uma sombra do cerrado (aqui a mata predominante é o cerrado, mas também há “manchas” de caatinga) e partimos em uma caminhada para o alto da chamada Biblioteca, passando pelo Arco do Triunfo e pela Pedra do Americano, essa com inscrições rupestres semelhantes aos da Serra da Capivara. Voltando à moto, passamos pela Gruta do Índio, onde há várias também pinturas rupestres, entre elas um cachimbo, cuja fumaça sorvida pelo líder do clã o auxiliava na tomada decisões importantes. E por falar em fumaça, poucos metros depois o guia me apresentou a Gruta do Catirina, um abrigo natural rochoso com um cilindro sulcado no solo de seu interior. Ali viveu, por 13 anos, José Ferreira do Egito, vulgo Catirina, com seu filho Martinho, bem doente, por sinal. Nesse cilindro citado Catirina preparava ervas na esperança de curar Martinho. Quando o menino morreu, Catirina mudou-se para a cidade.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-aFJ_LFfnpng/VBCttC9aRgI/AAAAAAAAEak/KH3nODiQ9yE/s720/DSC_1607.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-aFJ_LFfnpng/VBCttC9aRgI/AAAAAAAAEak/KH3nODiQ9yE/s720/DSC_1607.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-vdrt7rKiwQ0/VBCvl1NSRdI/AAAAAAAAEak/fwaZAEREblw/s720/DSC_1646.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-vdrt7rKiwQ0/VBCvl1NSRdI/AAAAAAAAEak/fwaZAEREblw/s720/DSC_1646.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-w47HnY2ct2o/VBCxAFFlg-I/AAAAAAAAEak/-lU2zFMT5i4/s720/DSC_1663.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-w47HnY2ct2o/VBCxAFFlg-I/AAAAAAAAEak/-lU2zFMT5i4/s720/DSC_1663.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Cidades" no interior do parque</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-b-HokFUFGSE/VBCrkQe1eeI/AAAAAAAAEak/D7WsM0nWotY/s720/DSC_1587.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-b-HokFUFGSE/VBCrkQe1eeI/AAAAAAAAEak/D7WsM0nWotY/s720/DSC_1587.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mocó</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Vários mocós, em algumas regiões conhecidos como preás, são vistos sobre as rochas de todo o parque. “O Catirina deve ter comido muitos deles”, teorizou o guia. “Muitas pessoas traziam alimentos para ele e Martinho e, em troca, esperavam ter seus males curados por suas 'poções'”. As plantas utilizadas eram todas da região. E como que a consolidar toda a mística envolvendo essa figura, a poucos metros da gruta encontramos formações rochosas como os Três Reis Magos, o Dedo de Deus e o Oratório, todas remetendo ao universo cristão. À parte encontramos o Mapa do Brasil, o busto de Dom Pedro I e a Pedra dos Canhões. Para finalizar o circuito de três horas, o guia me levou às proximidades da portaria norte, onde uma nascente, não importa o quão contumaz seja a seca, sempre jorra. Há outra, mais suscetível a estiagem, que forma uma pequena cachoeira, mas nessa altura do ano por ela já não corria água. O que corria era minha vontade de ainda aproveitar o resto do dia, e como os atrativos por ali se findaram, não vi outra alternativa a não ser continuar para o norte rumo ao Delta do Parnaíba. Pelo caminho, uma parada estratégica em um dos lugares mais conhecidos do Piauí, entre Batalha e Esperantina: a Cachoeira do Urubu.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-0fVvNPbjM5A/VBCupodkZoI/AAAAAAAAEak/MFTmLNyoA38/s720/DSC_1616.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-0fVvNPbjM5A/VBCupodkZoI/AAAAAAAAEak/MFTmLNyoA38/s720/DSC_1616.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gruta do Catirina</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-zV_Jy8zN-oA/VBCrVVkizbI/AAAAAAAAEak/oNoGXMK3ln0/s720/DSC_1584.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-zV_Jy8zN-oA/VBCrVVkizbI/AAAAAAAAEak/oNoGXMK3ln0/s720/DSC_1584.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pinturas rupestres de Sete Cidades</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-7gjlRcVI6fg/VBCwsRtxnoI/AAAAAAAAEak/Tl6O5Ncrok4/s720/DSC_1661.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-7gjlRcVI6fg/VBCwsRtxnoI/AAAAAAAAEak/Tl6O5Ncrok4/s720/DSC_1661.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Saindo do PARNA Sete Cidades</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-K-b5hd-SnfQ/VBCxdy95SnI/AAAAAAAAEak/soFy4NH0lAU/s720/DSC_1669-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-K-b5hd-SnfQ/VBCxdy95SnI/AAAAAAAAEak/soFy4NH0lAU/s720/DSC_1669-Editar.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jumentos soltos: problema recorrente</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> Da portaria norte do Parque Nacional de Sete Cidades a Piracuruca são apenas 18km por asfalto. De Piracuruca a Esperantina mais 86km. Do centro de Esperantina até a Cachoeira do Urubu são meros 20km, todos por vias também asfaltadas. Fácil. Pensava eu que teria dificuldades em chegar a uma cachoeira tão afamada. Surpreendi-me ao me deparar com uma área de lazer, bares, restaurantes e uma passarela de 400m ligando as margens do rio Longá uma a outra. A cachoeira, em si, é a união de várias cascatas, sendo que a maior delas despenca de nada vertiginosos 12m. A largura do rio, a velocidade do turbilhão e o formato das quedas, por outro lado, são seus aspectos mais cativantes, um cenário parecido as Cataratas de Itaguaçu, em Goiás (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2011/07/chapada-dos-guimaraes-e-pantanal-norte.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>). Pescadores tentam a sorte nos profundos poços formados pelo incessante contato da cachoeira com o leito rochoso do rio Longá, o que me fez lembrar da origem de seu nome. Em épocas de seca, quando o rio baixa, muitos peixes ficam presos nas fissuras e buracos dessas rochas. Ao morrerem, atraem o carniceiro dos céus protegido por lei e tão desprezado nas grandes cidades por estar presente em meio à sujeira que o próprio ser humano produz: o urubu.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-uPAXwffo9zo/VBCxvTFrrHI/AAAAAAAAEak/j0JIR15ycdg/s720/DSC_1675.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-uPAXwffo9zo/VBCxvTFrrHI/AAAAAAAAEak/j0JIR15ycdg/s720/DSC_1675.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-yTQhnFylF5k/VBCyAFLtIHI/AAAAAAAAEak/SJhra03o2Kc/s720/DSC_1698.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-yTQhnFylF5k/VBCyAFLtIHI/AAAAAAAAEak/SJhra03o2Kc/s720/DSC_1698.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-oqWAS6F_avk/VBCyTfZksvI/AAAAAAAAEak/r_1z_6HaAIk/s720/DSC_1704.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-oqWAS6F_avk/VBCyTfZksvI/AAAAAAAAEak/r_1z_6HaAIk/s720/DSC_1704.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Urubu</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-qdVgiPtH01k/VBC1eMtTSAI/AAAAAAAAEak/MiYjxG6lx5w/s720/DSC_1901.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-qdVgiPtH01k/VBC1eMtTSAI/AAAAAAAAEak/MiYjxG6lx5w/s720/DSC_1901.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Parnaíba, em Parnaíba</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Meu principal objetivo se materializava. Cento e sessenta quilômetros após Esperantina eu cruzava o centro de Parnaíba na tentativa de adquirir informações sobre a melhor maneira de conhecer o Delta do rio Parnaíba, o terceiro maior do mundo. Fui abordado por um motociclista quando transitava pela rua Doutor João Goulart, bordejante a um dos braços do rio Parnaíba. Em locais turísticos todos parecem saber quem são os “forasteiros”. Não era preciso muita adivinhação, pensei eu. Bastava olhar para a placa de minha moto. Por fim o homem de meia idade me acompanhou a uma agência próxima dali para negociarmos uma volta de barco pelo delta. Eu pesquisara a fundo e infelizmente não encontrara outro meio de desbravá-lo. Mergulharia no sistema ou iria embora sem nada conhecer. Já se foram 4 mil km, raciocinei. Preferível pagar R$55 e dar uma de turista a chupar dedo por um dia numa cidade de 150 mil habitantes. Uma ressalva é que o barco sairia alhures, do Porto do Tatu, em outro braço do rio Parnaíba, no município de Ilha Grande, a oeste de onde eu me encontrava, às 8h do dia 26. Tendo que esperar pelo nascer do sol, encontrei um lugar para pernoitar e decretei o encerramento do dia 25.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-D8v9OOcQcrw/VBCyerbUoZI/AAAAAAAAEak/-GhBASfVkTk/s720/DSC_1710.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-D8v9OOcQcrw/VBCyerbUoZI/AAAAAAAAEak/-GhBASfVkTk/s720/DSC_1710.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-SLlqwn4oAco/VBCytksWRFI/AAAAAAAAEak/VUxt3a1ylZ0/s640/DSC_1714-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-SLlqwn4oAco/VBCytksWRFI/AAAAAAAAEak/VUxt3a1ylZ0/s640/DSC_1714-Editar.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Porto do Tatu</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-TcqCRylgZxo/VBCy4tDHCOI/AAAAAAAAEak/s0olePgIYZM/s720/DSC_1734.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-TcqCRylgZxo/VBCy4tDHCOI/AAAAAAAAEak/s0olePgIYZM/s720/DSC_1734.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dunas do Morro Branco</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Às 7:30 do dia 26 de junho eu deixava minha moto no Porto do Tatu, a 10km de Parnaíba, e subia a bordo, juntamente com outros turistas, do barco que nos carregaria pelo delta. Zarpou no horário combinado, às 8, e lentamente foi avançando pelo braço do rio Parnaíba margeado pelas Dunas do Morro Branco. Em seguida adentrou um sinuoso igarapé, ou rio pequeno, apresentando-nos a uma imensa área de manguezal, feita de lar por um grande contingente de caranguejos-vermelhos. Os “caranguejeiros”, que sobrevivem da cata e da venda desses crustáceos, são, por lei, obrigados a coletar apenas os machos adultos, segundo um funcionário do barco que, em um determinado ponto do mangue, chafurda a lama e salienta as diferenças entre os gêneros para os turistas. O barco voltou ao movimento, singrando para o norte, e logo estávamos em mar aberto, esgueirando-se ao lado de “currais” de pescadores, armadilhas rústicas que prendem o peixe no estuário com o objetivo de criá-lo em um ambiente controlado, pescando-o sem muito esforço no momento adequado. Aportamos na Ilha dos Poldros, um imenso banco de areia compacta de onde se vê as hélices da Usina Eólica na praia da Pedra do Sal, ao leste. A curiosidade é que é pertencente ao Estado do Maranhão. São, ao total, mais de 70 ilhas e ilhotas como essa formadas pelos tentáculos do delta que, juntos, totalizam uma área de aproximadamente 2700km quadrados, divididos entre os dois Estados. Como já frisado, é o terceiro maior delta do mundo.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-8RWoTzsnzC8/VBCzOaLrHvI/AAAAAAAAEak/Xai3guVewnc/s720/DSC_1763.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-8RWoTzsnzC8/VBCzOaLrHvI/AAAAAAAAEak/Xai3guVewnc/s720/DSC_1763.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caranguejos-vermelhos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-0sR0TPpbhaQ/VBCzbN156HI/AAAAAAAAEak/d6NAyeet-XA/s720/DSC_1774-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-0sR0TPpbhaQ/VBCzbN156HI/AAAAAAAAEak/d6NAyeet-XA/s720/DSC_1774-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Curral" de peixes</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-LpScOGlruyA/VBCz4vt49bI/AAAAAAAAEak/DkWYo5ommWk/s720/DSC_1800.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-LpScOGlruyA/VBCz4vt49bI/AAAAAAAAEak/DkWYo5ommWk/s720/DSC_1800.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilha dos Poldros, no Maranhão</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-TQ826r2H63s/VBC0J0hkZRI/AAAAAAAAEak/T9xvqPJhU54/s800/DSC_1824.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-TQ826r2H63s/VBC0J0hkZRI/AAAAAAAAEak/T9xvqPJhU54/s800/DSC_1824.jpg" height="125" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilha das Canárias</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Da Ilha dos Poldros o barco zarpa para o retorno ao Porto do Tatu. Uma parte do caminho de volta, entretanto, é diferente, visto que passa mais próximo aos canais do rio Parnaíba que ficam do lado maranhense. Essa rota possibilitou que víssemos a Ilha das Canárias, a segunda maior do delta, onde há uma comunidade de pescadores. Não paramos, contudo. A última parada se deu já nas proximidades do Porto do Tatu em um local conhecido como Dunas do Morro Branco. Na vinda passamos por elas, mas agora pudemos explorar a pé os bancos de areia que estão sempre sendo remodelados pelos fortes ventos que afetam a região. Entre eles há lagoas intermitentes formadas pela água das chuvas. Reembarcados, finalizamos o trajeto por água na Ilha Grande de Santa Isabel, a maior do delta, onde se encontra, além do próprio Porto do Tatu, o município de Ilha Grande e a praia da Pedra do Sal, cujos ventos impiedosos de até 15 metros por segundo giram as turbinas da Central Eólica Pedra do Sal, produzindo energia elétrica limpa. Esse cenário eu conheceria no próximo dia, quando pretendia percorrer todo o litoral do Piauí, o menor dentre todos os litorais brasileiros.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-yN8CmGSQYYc/VBC0ZqqvWsI/AAAAAAAAEak/LQiwDKQ7-OU/s720/DSC_1864.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-yN8CmGSQYYc/VBC0ZqqvWsI/AAAAAAAAEak/LQiwDKQ7-OU/s720/DSC_1864.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sobre as Dunas do Morro Branco</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="margin: 0px 50px;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4LGhxAf-rLI/VBC0imfZ0II/AAAAAAAAEak/_cDseYPWHx0/s800/DSC_1875.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-4LGhxAf-rLI/VBC0imfZ0II/AAAAAAAAEak/_cDseYPWHx0/s800/DSC_1875.jpg" height="200" width="320" /></a></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-1_V99GGJXxo/VBC02ufuGXI/AAAAAAAAEak/MFCrEwZDQUw/s720/DSC_1885-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-1_V99GGJXxo/VBC02ufuGXI/AAAAAAAAEak/MFCrEwZDQUw/s720/DSC_1885-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lagoa intermitente</td></tr>
</tbody></table>
</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-CjCKfsSgluk/VBC1yXhmsPI/AAAAAAAAEak/TXzdmMlnnDw/s720/DSC_1913.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-CjCKfsSgluk/VBC1yXhmsPI/AAAAAAAAEak/TXzdmMlnnDw/s720/DSC_1913.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Farol da Pedra do Sal</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 27 de junho. Faltava encaixar apenas uma peça no meu meu quebra-cabeças do Delta do Parnaíba, e ela se encontrava no cenário paradisíaco da Praia da Pedra do Sal. Saí de Parnaíba, atravessei a ponte sobre um dos braços do rio Parnaíba e acelerei por uma imensa reta de 12km que rapidamente me levou ao extremo norte do território parnaibano. Passei literalmente pelas sombras das hélices dos “cataventos” da Central Eólica da Pedra do Sal, entre dunas e restinga, e cheguei ao Atlântico, à única praia de Parnaíba. Nela há um totem, distinguível entre incontáveis bares notívagos. É o Farol da Pedra do Sal, construído em 1873 para alertar as embarcações sobre uma trilha de rochedos graníticos que se principia na areia da praia e some mar adentro. Farol e rochedos dividem a praia em duas: na porção oeste, a calmaria impera e embarcações pesqueiras de pequeno porte se ancoram; na porção leste, o mar revolto ataca ininterruptamente a orla por uma extensão de 8km. Se eu seguisse para o leste, pela praia (não há estradas), chegaria ao município litorâneo de Luís Correia. Contudo, a ausência de uma ponte sobre um dos canais do rio Parnaíba, o Igaraçu, me dissuadiu de tal intento. Tive que retornar a Parnaíba e seguir pelo asfalto da BR-343.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_sF6qkuKq8w/VBC23qKkKzI/AAAAAAAAEak/H1aqc3DjKFg/s720/DSC_1924.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-_sF6qkuKq8w/VBC23qKkKzI/AAAAAAAAEak/H1aqc3DjKFg/s720/DSC_1924.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia da Pedra do Sal: porção leste</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-reWVU4A35p4/VBC3XRrlXJI/AAAAAAAAEak/eR_6bxMOTLQ/s720/DSC_1937.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-reWVU4A35p4/VBC3XRrlXJI/AAAAAAAAEak/eR_6bxMOTLQ/s720/DSC_1937.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia da Pedra do sal: porção oeste</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-i0_7V3uTEhI/VBC3xd-0kmI/AAAAAAAAEak/FuIcW_4P_oc/s720/DSC_1945.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-i0_7V3uTEhI/VBC3xd-0kmI/AAAAAAAAEak/FuIcW_4P_oc/s720/DSC_1945.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lagoa do Portinho</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Ir pelo asfalto não é tão emocionante quanto pela areia, mas me oportunizou conhecer um local ao qual eu não me atentara durante o planejamento: a Lagoa do Portinho. Cercada por dunas em constante movimento, suas águas escuras dividem naturalmente os território de Parnaíba e Luís Correia. Tem uma área total de 5km², envoltos por coqueiros e carnaúbas. O vento provoca pequenas ondas em sua superfície. Prosseguindo, cheguei a Luis Correia e rapidamente me dirigi a um molhe no canal de Igaraçú, braço leste do rio Parnaíba e, portanto, o extremo leste de seu delta. Esse “braço de terra” de 3km parte das areias da praia e ganha o mar aberto. Há uma estrada sobre ele. Dela se observa “<i>different shades of blue</i>”, como diria o mestre Joe Bonamassa: o azul turvo das águas do Parnaíba; o azul esverdeado do mar de Luis Correia; e o azul vívido do céu piauiense. Apesar de toda esse garbo, friso que o local é uma obra estagnada desde a década de 1970. O molhe foi a primeira estrutura construída no projeto de um porto, e até agora a única. O Piauí é um Estado litorâneo brasileiro que não recebe grandes quantidades de produtos via mar justamente pela falta de um local adequado para o atracamento de médias e grandes embarcações.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-hYoP796m06g/VBC4Et9E71I/AAAAAAAAEak/uPvpFGMJ1C4/s720/DSC_1970.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-hYoP796m06g/VBC4Et9E71I/AAAAAAAAEak/uPvpFGMJ1C4/s720/DSC_1970.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Molhe em Luís Correia, separando o mar (à esquerda) e o rio Parnaíba (à direita)</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-FbqQ83XPKxs/VBC4pt5OwHI/AAAAAAAAEak/fv6x0plkS1g/s800/DSC_1978.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-FbqQ83XPKxs/VBC4pt5OwHI/AAAAAAAAEak/fv6x0plkS1g/s800/DSC_1978.jpg" height="200" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mar de Luís Correia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-V68x-3XXmjI/VBC5QBaBlRI/AAAAAAAAEak/AHMzaStwukQ/s720/DSC_1996.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-V68x-3XXmjI/VBC5QBaBlRI/AAAAAAAAEak/AHMzaStwukQ/s720/DSC_1996.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lagoa do Sobradinho</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Deixei Luís Correia pela PI-116, sempre para o leste. Uma placa me levou ao sul para a Lagoa do Sobradinho, parecida com a do Portinho, mas maior em área, muito embora eu não tenha como precisar esse número. O que sei é que são altas dunas douradas encarcerando água doce. Muita água doce. O povoado de Sobradinho, que vive às suas margens, cria porcos em seus arredores. Para subir em algumas dunas tive que afundar meus pés no chafurdamento lamoso desses suínos. De volta à moto, dirigi-me à última praia de Luis Correia, Macapá, e de lá segui para Barra Grande, onde há muitos restaurantes à beira-mar e, consequentemente, turistas. Eu, que já não sou tão adepto a praias, e muito menos a locais com excesso de gente, segui para Cajueiro da Praia por uma estradinha de calçamento beiradeante ao Oceano Atlântico. Por fim cheguei à última praia do Piauí, e também ao seu último município do leste: Cajueiro da Praia. A maré estava tão baixa que evidenciava os rochedos de calcário a mais de 300m da areia. As tralhas dos barcos pesqueiros eram levadas e trazidas por carroças. Essa cena icônica foi meu derradeiro registro do menor litoral brasileiro, com apenas 66km, e marcou também o término de minha estadia no Estado do Piauí. Encararia eu, a partir de agora, o sertão dos demais Estados nordestinos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-TNSIjHqBXfg/VBC5Xf_j-gI/AAAAAAAAEak/bPf1fOmrGX4/s720/DSC_2009.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-TNSIjHqBXfg/VBC5Xf_j-gI/AAAAAAAAEak/bPf1fOmrGX4/s720/DSC_2009.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia de Barra Grande</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-DZqLzADPgCM/VBC5lfKlqUI/AAAAAAAAEak/VGbMfn6F1ZU/s720/DSC_2017.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-DZqLzADPgCM/VBC5lfKlqUI/AAAAAAAAEak/VGbMfn6F1ZU/s720/DSC_2017.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cajueiro da Praia</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-MEHJVbTxsV8/VBC6Te8RJyI/AAAAAAAAEak/6ju6kuiSVJQ/s720/DSC_2031-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-MEHJVbTxsV8/VBC6Te8RJyI/AAAAAAAAEak/6ju6kuiSVJQ/s720/DSC_2031-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pescadores caminhando "sobe o mar" na maré baixa</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-A6R4i8ggzOk/VBC67W7lTLI/AAAAAAAAEak/RnQTXzAS080/s720/DSC_2091.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-A6R4i8ggzOk/VBC67W7lTLI/AAAAAAAAEak/RnQTXzAS080/s720/DSC_2091.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jericoacara</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Não sabia o que era chuva desde o princípio da viagem. Deixar o Piauí e adentrar o Ceará trouxe não só uma mudança de Estados mas também uma mudança de clima. Ao aproximar-me de Chaval, primeiro município do noroeste cearense, fui assolado por um forte aguaceiro dos céus, o que me obrigou a buscar abrigo em um posto de gasolina para proteger decentemente minha câmera. Nessa parada encontrei um motociclista que fazia o mesmo. Logo nos apresentamos. Neurimarcos de Oliveira vinha dos Lençóis Maranhenses e estava regressando para Fortaleza, onde reside. Passaria, no caminho, por Jericoacara, o destino litorâneo mais famoso do Ceará. Mesmo não estando nos meus planos originais, decidi acompanhá-lo. Não modificaria muito minha rota e, de quebra, conheceria mais um canto do Brasil. Seguimos, então, até Camocim, agora sob garoa, ulteriormente descendo para o sul contra o curso do rio Coreaú. De Granja pilotamos sentido nordeste até Jijoca de Jericoacara. Lá fomos importunados por muita gente, todos querendo um naco do nosso escasso dinheiro para nos ciceronear até Jericoacara, distante ainda 20km dali por estradas que cortam dunas incertas. Livramo-nos de todos eles e, saindo da cidade, fomos parados por um motociclista que, por R$20, prometeu nos levar a um local de pernoite bem barato em Jericoacara. Por fim aceitamos. Murchamos os pneus das motos, para maior tração nas dunas, e seguimos para o Parque Nacional de Jericoacara. Calhamos lá uma hora depois, estressados por tanta areia, mas ainda em tempo de ver o pôr-do-sol sobre uma duna de nome sugestivo: Duna do Pôr-do-sol.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-eO-DAEwPW3E/VBC6ZEQS4dI/AAAAAAAAEak/3573TNCBCoQ/s720/DSC_2052.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-eO-DAEwPW3E/VBC6ZEQS4dI/AAAAAAAAEak/3573TNCBCoQ/s720/DSC_2052.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-otP5fd1PAh4/VBC6kPJk4YI/AAAAAAAAEak/eIG0xojlu0w/s800/DSC_2058.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-otP5fd1PAh4/VBC6kPJk4YI/AAAAAAAAEak/eIG0xojlu0w/s800/DSC_2058.jpg" height="200" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pôr-do-sol cearense</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-57dufqJi6CY/VBC8tyNOGTI/AAAAAAAAEak/74on3olj-e8/s720/DSC_2159.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-57dufqJi6CY/VBC8tyNOGTI/AAAAAAAAEak/74on3olj-e8/s720/DSC_2159.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista do Serrote</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O dia 28 de junho revelou o maior contraste da viagem. Jericoacara é realmente linda. Não há dúvidas quanto a isso. Andando pela orla, subindo falésias, não importa o ângulo: todos escancaram sua beleza perene. Não é à toa que foi transformada em Parque Nacional no ano de 2002. Contudo, tal aspecto não trouxe serenidade alguma ao local. Pelo contrário, a Vila de Jericoacara, nos limites do parque, é uma amostra de como uma elite econômica pode mandar e desmandar em algo que poderia ser desfrutado por outras classes sociais. As poucas pousadas em mãos de brasileiros são simples, como gostamos, mas extremamente onerosas, como desgostamos. Escuta-se o hindi, o inglês e o espanhol com facilidade ao se caminhar pelas travessias de areia. Refeições no período noturno são outro absurdo. Para dois simples motociclistas que viajam sempre com dinheiro contado, foi praticamente um Desafio Em Dose Dupla Brasil. Coronel Leite e Léo passariam um perrengue desgraçado aqui com R$50 cada. Excetuando-se isso, há de se destacar paisagens como a Pedra Furada (a segunda da viagem, por sinal), o Serrote (parte mais alta do parque e onde se encontra um pequeno farol) e os rochedos da Praia da Malhada, acariciados incessantemente pelo quebrar das ondas do mar.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-SKGdwFFgFzA/VBC7OXCNY_I/AAAAAAAAEak/G_wGBik0dyU/s720/DSC_2094.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-SKGdwFFgFzA/VBC7OXCNY_I/AAAAAAAAEak/G_wGBik0dyU/s720/DSC_2094.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia da Malhada</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-2b2yGtFcI44/VBC8Bai13uI/AAAAAAAAEak/KYAqWjCanN4/s800/DSC_2116-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-2b2yGtFcI44/VBC8Bai13uI/AAAAAAAAEak/KYAqWjCanN4/s800/DSC_2116-Editar.jpg" height="200" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rochedos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/--IOL54--Bkk/VBC8QMoEKXI/AAAAAAAAEak/NqWUhGfKEqw/s720/DSC_2136.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/--IOL54--Bkk/VBC8QMoEKXI/AAAAAAAAEak/NqWUhGfKEqw/s720/DSC_2136.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra Furada</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-4Nj-5Buhxvk/VBC9X26TADI/AAAAAAAAEak/HjODzdL1d6g/s720/DSC_2169.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-4Nj-5Buhxvk/VBC9X26TADI/AAAAAAAAEak/HjODzdL1d6g/s720/DSC_2169.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra das Andorinhas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Era meio-dia quando deixamos, pelas mesmas dunas, a Vila de Jericoacara e toda sua luxúria. Foi mais uma hora de peleja até Jijoca de Jericoacara. Calibramos os pneus e aceleramos de volta para Granja. Em seguida vieram Massapê e a grande Sobral. Estradas praticamente desertas devido ao jogo do Brasil pela Copa do Mundo de Futebol nos acompanharam pelos vários distritos e povoados sobralenses. Passamos pela famosa Pedra das Andorinhas, um maciço rochoso que desponta da Serra do Feijão, no distrito de Taperuaba. A caatinga circundante não negava: estávamos envolvidos completamente pelo sertão cearense. E assim foi até Canindé, uma das cidades do Estado mais castigadas pela seca. Chove aqui apenas de fevereiro a abril. Dialogamos com um senhor em um comércio local e o mesmo nos confidenciou ganhar a vida cavando poços artesianos. A cada 3 que furava, segundo ele, de apenas um vertia água. Deve ser por isso que a religião é tão presente na vida desse município de quase 80 mil habitantes muito frequentada por romeiros. A Basílica de São Francisco é o templo católico mais visitado, seguido pela Igreja de Nossa Senhora das Dores.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-01YQCskCHnI/VBC96j_np1I/AAAAAAAAEak/LSAGq_mDWnQ/s720/DSC_2175-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-01YQCskCHnI/VBC96j_np1I/AAAAAAAAEak/LSAGq_mDWnQ/s720/DSC_2175-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Canindé (CE)</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-qsETdSULiwo/VBC-FKDqMQI/AAAAAAAAEak/ewqNdo3p-OE/s720/DSC_2186-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-qsETdSULiwo/VBC-FKDqMQI/AAAAAAAAEak/ewqNdo3p-OE/s720/DSC_2186-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Basílica de São Francisco</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-UZqIbLPCvcM/VBC-VKVig1I/AAAAAAAAEak/jrVSSakmV9s/s512/DSC_2190.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-UZqIbLPCvcM/VBC-VKVig1I/AAAAAAAAEak/jrVSSakmV9s/s512/DSC_2190.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Basílica de São Francisco: interior</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Gq6r67M7b9g/VBC-9APHrWI/AAAAAAAAEak/vUE0RI7nv40/s512/DSC_2213.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Gq6r67M7b9g/VBC-9APHrWI/AAAAAAAAEak/vUE0RI7nv40/s512/DSC_2213.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Guaramiranga</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Após pernoitarmos na quente Canindé, Neurimarcos e eu subimos a Serra do Baturité, a leste da cidade. Saímos de uma altitude de 150m, vencemos o desenho serpenteante do asfalto e chegamos a Mulungu, onde provei, por indicação de Neurimarcos, o sarrabulho, uma espécie de sopa com miúdos de cabrito servidos com cuscuz, arroz e cheiro verde. Já estávamos nesse ponto a 800m de altitude. É um dos únicos locais do Ceará em que se forma neblina e cidadãos vestem blusas. Prosseguindo, chegamos na cidade mais famosa da serra e a menor do Estado: Guaramiranga. Residem na mesma aproximadamente 5 mil pessoas. Altitude: 865m. Com a ideia fixa de galgarmos um lugar ainda mais alto, pilotamos pelas curvas perigosas do Maciço do Baturité até o Pico Alto, onde o altímetro marcou pouco mais de 1100m. É o segundo ponto mais elevado de todo o Ceará. Infelizmente o excesso de nuvens impediu que nossa vista corresse longe. Fiquei contente em saber, por outro lado, que toda a área é preservada, visto ser um profícuo remanescente de mata atlântica no Estado. Foi uma breve escapada do sertão, e também a despedida de Neurimarcos, que seguiria para Fortaleza enquanto eu me colocaria de volta na rota planejada, seguindo para Quixadá. Que experiência proveitosa ter conhecido parte do Ceará pela ótica de um cearense nato. Com certeza deixo um amigo e uma companhia para novas viagens pelo nordeste, quiçá pelo Brasil.</span></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-3M9pgt1LUwA/VBC-dfMR9CI/AAAAAAAAEak/kssaS1gzTOM/s720/DSC_2199-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-3M9pgt1LUwA/VBC-dfMR9CI/AAAAAAAAEak/kssaS1gzTOM/s720/DSC_2199-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Baturité</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Vvmleth3MRM/VBC-sVoRjVI/AAAAAAAAEak/dGMh1TXJNfI/s720/DSC_2201.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Vvmleth3MRM/VBC-sVoRjVI/AAAAAAAAEak/dGMh1TXJNfI/s720/DSC_2201.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pico alto, o segundo ponto mais alto do Ceará</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-SgjA85XZ6WU/VBC_LRK7M3I/AAAAAAAAEak/JJX4vBV0iug/s720/DSC_2218.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-SgjA85XZ6WU/VBC_LRK7M3I/AAAAAAAAEak/JJX4vBV0iug/s720/DSC_2218.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Monólitos de Quixadá</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Eu retomava meu caminho solitário após a descida da Serra do Baturité. Passei pela cidade de Baturité e ganhei a CE-060. Permaneci na mesma até Quixadá, a cidade dos monólitos. Monólitos são montanhas formadas por uma única rocha. Para exemplificar, cito a Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, um monólito paulista, e o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, um espécime à beira-mar. Em Quixadá, contudo, eles estão por toda parte, dos mais altos aos mais baixos. Residências e prédios foram erguidos lado a lado com essas obras geológicas. Antenas e torres de TV as utilizam como base. Além dos monólitos, eu almejava conhecer o Açude do Cedro, reservatório artificial inaugurado em 1906 para amenizar os efeitos da seca na região. Vale frisar que diferentemente dos reservatórios de hidrelétricas, onde a água tem como escopo a produção de energia, nos açudes da caatinga ela presta (no sentido de prestar) principalmente ao consumo humano e à irrigação de plantações. Uma de suas quatro barragens é um espetáculo à parte. Curvilínea, suas grades foram importadas da Inglaterra e a cerâmica dos balaustres de Portugal. É a chamada Varanda. Dela se observa o monólito mais emblemático de Quixadá: a Pedra da Galinha Choca. Dizem os cearenses que, se essa galinha porventura botar um ovo, extirpará a fome no Estado.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-1tOvrZmzYWk/VBC_cDfFBbI/AAAAAAAAEak/epXiDC9zD2w/s512/DSC_2225.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-1tOvrZmzYWk/VBC_cDfFBbI/AAAAAAAAEak/epXiDC9zD2w/s512/DSC_2225.jpg" height="320" width="213" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Gye7TtS75R8/VBC_qXoZxKI/AAAAAAAAEak/cUWPUb9pOKs/s720/DSC_2263.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Gye7TtS75R8/VBC_qXoZxKI/AAAAAAAAEak/cUWPUb9pOKs/s720/DSC_2263.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Açude do Cedro e Pedra da Galinha Choca</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-b2NmP9b7CL0/VBC_-NxzK3I/AAAAAAAAEak/OnvgRzPjKtY/s800/DSC_2272.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-b2NmP9b7CL0/VBC_-NxzK3I/AAAAAAAAEak/OnvgRzPjKtY/s800/DSC_2272.jpg" height="125" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Jaguaribe</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Em Quixadá se ultimava minha empreitada pelo Estado do Ceará. Rumei para o leste, passando por Morada Nova (cidade natal de Neurimarcos) e Limoeiro do Norte. Atravessei a ponte sobre o rio Jaguaribe, bordejei Quixeré e adentrei o Rio Grande do Norte. A primeira cidade do Estado por essa rota é Baraúna, onde pela primeira vez em minha vida vi mamão plantado em larga escala. Em São Paulo geralmente há um pé ou outro, perdido, mas não uma área imensa dedicada à cultura mamoeira. Prosseguindo, alcancei Mossoró, já no fim da tarde, mas ainda tive energia para descer ao sul até Governador Dix-Sept Rosado. Pernoitei nessa pequena cidade e, na manhã do dia 30, continuei minha toada para o sul até Umarizal. Dali eu pretendia subir a Serra de Martins por terra, passando, nesse ínterim, por uma caverna calcária bastante conhecida na região. Do centro urbano de Umarizal foram 16km até os contrafortes da serra citada, onde se localiza um abrigo natural com vários “salões” conhecido como Casa de Pedra. É um afloramento rochoso de uma época em que o sertão era mar. Adentrando-o, observamos muitas estalactites, despontando de um teto de 10m de altura, e apenas uma grande estalagmite no salão principal medindo 18m por 12m. A depredação, infelizmente, é uma realidade. É o que acontece quando o povo brasileiro tem algo gratuito para desfrutar e, consequentemente, conhecer, aprender e tornar-se menos ignorante com relação a própria História Natural.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-vAjIkD0SA14/VBDALs59xNI/AAAAAAAAEak/SPkj05pou0c/s720/DSC_2279.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-vAjIkD0SA14/VBDALs59xNI/AAAAAAAAEak/SPkj05pou0c/s720/DSC_2279.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Wpz_ekjf_Vg/VBDAjxteqNI/AAAAAAAAEak/pnlU8ApTIU4/s720/DSC_2283.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Wpz_ekjf_Vg/VBDAjxteqNI/AAAAAAAAEak/pnlU8ApTIU4/s720/DSC_2283.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-CQPpIToWH-I/VBDBGW-dSLI/AAAAAAAAEak/t8b1Ea-YVnA/s720/DSC_2296.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-CQPpIToWH-I/VBDBGW-dSLI/AAAAAAAAEak/t8b1Ea-YVnA/s720/DSC_2296.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa de Pedra</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4yzpsEaInq4/VBDBtxVEYlI/AAAAAAAAEak/skLHAjGoMf8/s720/DSC_2309.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-4yzpsEaInq4/VBDBtxVEYlI/AAAAAAAAEak/skLHAjGoMf8/s720/DSC_2309.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra de Patu</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Da Casa de Pedra à cidade de Martins, no alto da serra, são 26km, sendo 12km por terra e o restante, na parte mais íngreme e serpenteante do aclive, por asfalto. Para se ter uma noção de como a ascensão é forte, em Umarizal a altitude fica na centena dos 200m, enquanto no centro da cidade de Martins ela ultrapassa os 700m. De alguns pontos o sertão potiguar é visto com muita clareza. A Serra de Patu, por exemplo, é uma outra cadeia de montes que se sobressalta à monotonia da planície semiárida. Afora o verde da caatinga, o azul dos açudes é deveras realçado. Nós da região sudeste estamos habituados a topar com rios para onde quer que vamos. Mesmo nas grandes rodovias há inúmeras pontes sobre eles. No sertão potiguar, e no sertão de todo o nordeste em geral, quase não se vê rios. Esse é um dos motivos pelos quais a caatinga é tão impetuosa no que se refere à disponibilidade de água. Não é à toa que jumentos são vistos soltos pelas estradas do sertão. São animais que foram utilizados por muito tempo para transportar a terra extraída das valas que armazenavam água que seria consumida na estiagem. Hoje tudo é mecanizado e o jumento perdeu a sua serventia. O ser humano, mantendo a média na sua total ingratidão com o que um dia lhe foi útil, preferiu abandonar esses animais, que hoje sobrevivem soltos, colocando em risco a vida de incautos motoristas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-46MCdefejNU/VBDCStxwQlI/AAAAAAAAEak/Q7uExIAUq3M/s720/DSC_2321.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-46MCdefejNU/VBDCStxwQlI/AAAAAAAAEak/Q7uExIAUq3M/s720/DSC_2321.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale dos Dinossauros, em Sousa (PB)</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Desci a serra de Martins, peguei um atalho sentido oeste por terra e subi novamente a mesma serra, agora pelo flanco noroeste, até a cidade de Portalegre, a 650m de altitude. Pela RN-177 cheguei a Pau dos Ferros, onde iniciei uma cruzada sem paradas pelo oeste potiguar, estreito nessa área, diga-se de passagem. São apenas 45km do extremo noroeste, divisa com o Ceará, para o extremo sudeste do Estado, divisa com a Paraíba. Quando me dei por mim já estava na Paraíba, cruzando Uiraúna e chegando a Sousa. O sertão paraibano me recepcionou com portas fechadas. O Vale dos Dinossauros, que estava em meu planejamento, não abre às segundas-feiras. Eram ainda 14h e eu me vi obrigado a parar. Pernoitei no centro de Sousa e na abertura do mês de julho, dia 1º, era eu o primeiro a adentrar o Vale dos Dinossauros. Embora esse nome remeta a um parque temático, é, na verdade, uma área protegida pelo Estado da Paraíba por conter leitos de rios secos com pegadas jurássicas fossilizadas. Dinossauros, de diversos tamanhos, herbívoros e carnívoros, deixaram suas marcas nesse pedaço de sertão há mais de 140 milhões de anos. O Velho do Rio, senhor que zela por esses frágeis registros, conta que tais pegadas foram descobertas no fim do século XIX, por seu avô, e por muito se acreditou que houvessem sido deixadas por seres de outro mundo que vagavam atrás de almas. Frisou também que por muito tempo o vale ficou abandonado, culminando inclusive com o roubo de algumas pegadas que hoje estão expostas em museus dos Estados Unidos e da Inglaterra. Felizmente hoje parece que houve uma mobilização no sentido de preservar esse importante sítio arqueológico.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mh5rojIHjas/VBDCqReXbFI/AAAAAAAAEak/YIcyy3LPgpg/s512/DSC_2324.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-mh5rojIHjas/VBDCqReXbFI/AAAAAAAAEak/YIcyy3LPgpg/s512/DSC_2324.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pegadas jurássicas fossilizadas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-p5pOwRNOZdw/VBDC4LknncI/AAAAAAAAEak/7-_qOcCubv0/s512/DSC_2332.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-p5pOwRNOZdw/VBDC4LknncI/AAAAAAAAEak/7-_qOcCubv0/s512/DSC_2332.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Velho do Rio</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-a5-vL-vai14/VBDGOK8EzhI/AAAAAAAAEak/2PLn_hDyHDU/s720/DSC_2349.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-a5-vL-vai14/VBDGOK8EzhI/AAAAAAAAEak/2PLn_hDyHDU/s720/DSC_2349.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Teixeira</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Debandei de Sousa pela famosa BR-230, conhecida pela graça Transamazônica. Esse trecho é asfaltado, ao contrário do problemático “pedaço” de quase 3 mil km de terra, lama e puaca compreendido entre Aguiarnópolis, no Tocantins, e Lábrea, no Amazonas. Pretendo me aventurar por ela em meados de 2015. Por ora eu rumava no sentido oposto, para o Pernambuco. Permaneci na lendária rodovia até Patos, uma das grandes cidades do sudoeste paraibano. Subi a magnífica Serra do Teixeira, cuja Pedra do Tendor oferenda uma vista ampla do sertão ainda verde. Passei por Teixeira, desci novamente para o calor da planície do semiárido e adentrei o Estado de Pernambuco. Nem mesmo nos dias mais otimistas de meu planejamento eu cria que transitaria tão rapidamente de um Estado nordestino para outro. Nessa nova Unidade Federativa cruzei sem paradas os centros urbanos de Brejinho, São José do Egito e Sertânia, onde quase atropelei um cidadão embriagado em plena BR-110. Além de jumentos, porcos e cabras, agora eu teria que me atentar a transeuntes. No entroncamento da BR-110 com a BR-232 segui a leste pela última, já no perímetro do Parque Nacional do Catimbau, o próximo atrativo de minha lista. Em Arcoverde pendi para o sul até Buíque, cidade onde pernoitei. No próximo dia eu olvidaria por um momento o asfalto e encararia as estradas arenosas do sertão pernambucano.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-IQ3cF8LJeXA/VBDGfwigM2I/AAAAAAAAEak/2wRRp0pMjVg/s720/DSC_2354.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-IQ3cF8LJeXA/VBDGfwigM2I/AAAAAAAAEak/2wRRp0pMjVg/s720/DSC_2354.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra do Tendor</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-YWfeMZlbDKQ/VBDGpK6zKjI/AAAAAAAAEak/6ymGWSaK1Co/s720/DSC_2359.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-YWfeMZlbDKQ/VBDGpK6zKjI/AAAAAAAAEak/6ymGWSaK1Co/s720/DSC_2359.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sertânia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-sbp3myEKcFU/VBDHGe1YsuI/AAAAAAAAEak/oZMcVeAdIZ0/s720/DSC_2381.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-sbp3myEKcFU/VBDHGe1YsuI/AAAAAAAAEak/oZMcVeAdIZ0/s720/DSC_2381.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Nacional do Catimbau</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 2 de julho. O último Parque Nacional elencado seria esmiuçado. Logo às 7 da manhã derroquei os 2km de asfalto e mais 10km de areia até a vila de Catimbau. De lá parte, direto para o norte, uma outra estrada arenosa que entrecorta todo o território do parque. Catimbau, em língua indígena, significa “morro que perdeu a ponta”. Essa designação se solidifica à medida que as simples residências vão ficando para trás e o cenário composto basicamente por morros de arenito circundados por caatinga vão despontando. À exemplo do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Parque Nacional do Catimbau, criado em 2002 para proteger uma área de 62 mil hectares do semiárido pernambucano, existem pinturas rupestres. No quilômetro 5 dessa “estrada parque” localizei o início de uma trilha que prometia me levar a algumas delas. A pé, desci por um vale de suave inclinação e cheguei a um bloco de arenito com inscrições avermelhadas. Bem deteriorado, ao lado do mesmo se encontra uma placa com a lembrança de como o arenito e as pinturas seriam caso tivessem sido preservadas. Pelo que entendi a própria justiça obrigou o antigo proprietário dessas terras a arcar com as despesas dessa placa. O arenito é uma rocha muito quebradiça, altamente suscetível a erosões. Medidas mais práticas e enérgicas deveriam ser engendradas para que esses traços de mais de 6 mil anos de idade não se percam na indiferença do descaso. De volta à moto, subi mais alguns quilômetros, até o término da estrada, e registrei formações areníticas interessantes, das quais destacam-se a Porta da Igreja e as chamadas Pedras em Equilíbrio. Dessas últimas se obtêm uma vista esplêndida da porção norte do parque, uma planície semiárida, mais ainda verde.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-0bE16xEYto4/VBDG6BcJyAI/AAAAAAAAEak/6lPAuE_4FLs/s720/DSC_2369.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-0bE16xEYto4/VBDG6BcJyAI/AAAAAAAAEak/6lPAuE_4FLs/s720/DSC_2369.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pinturas rupestres desgastadas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-vIJJQdVYKdc/VBDDxpAtaMI/AAAAAAAAEak/Bv3J6xt794g/s800/DSC_2383.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-vIJJQdVYKdc/VBDDxpAtaMI/AAAAAAAAEak/Bv3J6xt794g/s800/DSC_2383.jpg" height="180" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Morros que perderam a ponta"</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-F5kNui0pv8U/VBDHl-D6AFI/AAAAAAAAEak/AjzJC5alavc/s720/DSC_2400-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-F5kNui0pv8U/VBDHl-D6AFI/AAAAAAAAEak/AjzJC5alavc/s720/DSC_2400-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedras em equilíbrio</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4IxcNRZ4hnI/VBDIT-AtVsI/AAAAAAAAEak/KriUkcZ_nu4/s720/DSC_2427-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-4IxcNRZ4hnI/VBDIT-AtVsI/AAAAAAAAEak/KriUkcZ_nu4/s720/DSC_2427-Editar.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Área silvestre ou doméstica?</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Ainda há alguns casebres de pau-a-pique nos domínio do parque. Não sei porque motivo ainda estão ali. Talvez o governo não tenha realocado esses moradores, ou talvez não tenha pago indenizações, ou talvez tenha dado a chancela de Parque Nacional a essa área e permitido que continuem habitando o Vale do Catimbau. Apesar de relativamente novo, já é tempo de se pensar com mais apreço sobre o papel de uma Área de Conservação. No meu humilde alvitre, a vegetação nativa não pode coexistir com plantações; animais silvestres não deveriam disputar espaço com o gado. Essa equação, pelo menos aqui, no Catimbau, não foi resolvida, e o produto disso é um Parque Nacional com feições de zona rural. Para piorar essa sensação de “estar em um lugar que deveria ser algo que aparentemente não é”, ainda sofri o acidente mais grave da viagem. Ao fazer uma curva em uma estreita passagem de areia, eis que me deparo com um velho Del Rey vindo no sentido contrário em alta velocidade. Consegui frear a moto e buzinar, alertando o desatento condutor. Quando finalmente me viu, pisou fortemente no freio e o carro se arrastou por muitos metros na areia, tocando o pneu dianteiro de minha moto com o para-choque. Com o impacto, cai para o lado esquerdo. Minha perna ficou presa. Uma senhora, com uma criança de colo, saiu pela porta do passageiro imprecando o motorista, aparentemente seu marido. “Eu disse pra ir devagar”, bradava ela com toda a melodia do sotaque pernambucano. Passou ao lado de mim, quase pisoteando meu capacete, e sumiu pela estrada. O homem só então se dispôs a erguer a moto e livrar minha perna.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-o3V3r_2JDWA/VBDHdpvpHWI/AAAAAAAAEak/FXMrPr-QtrA/s720/DSC_2398.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-o3V3r_2JDWA/VBDHdpvpHWI/AAAAAAAAEak/FXMrPr-QtrA/s720/DSC_2398.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Porta da Igreja</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-kZeCq6tR-s4/VBDH1SxFiXI/AAAAAAAAEak/AfkDjlGunjg/s720/DSC_2409.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-kZeCq6tR-s4/VBDH1SxFiXI/AAAAAAAAEak/AfkDjlGunjg/s720/DSC_2409.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parte norte do parque</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-8dg26vNadcs/VBDIJND35wI/AAAAAAAAEak/WqF3RKR3Uos/s720/DSC_2420.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-8dg26vNadcs/VBDIJND35wI/AAAAAAAAEak/WqF3RKR3Uos/s720/DSC_2420.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Formação arenítica</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-S7Bk33T_z8c/VBDEChKYT1I/AAAAAAAAEak/TjkIK4NcmrM/s800/DSC_2436.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-S7Bk33T_z8c/VBDEChKYT1I/AAAAAAAAEak/TjkIK4NcmrM/s800/DSC_2436.jpg" height="125" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Porto Real do Colégio (AL)</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Levantei e chequei os danos. Guidão totalmente torto. O homem, com um facão na cinta (é cultural para os povos do sertão), me falava algo sobre eu estar errado. Tergiversei e dei o fora dali, evitando confusão. Rodei mais 2km com a moto toda desalinhada e finalmente parei para uma reavaliação: além do guidão torto, que consegui voltar prendendo o pneu dianteiro com os pés, como uma bicicleta, o pedal do câmbio entortara para baixo do motor, dificultando a troca de marchas. Na Vila de Catimbau, um comerciante me flagrou tentando desentortá-lo e me auxiliou na empreitada. Fora isso, tudo normal. Minha viagem não seria abortada por esse incidente. Dei adeus ao Parque Nacional do Catimbau e também ao oeste nordestino, já que agora eu me dirigiria a uma área agreste, na qual a caatinga já não reina soberana, dividindo o espaço com a mata atlântica. Acelerei até Garanhuns, serpentei pela Serra da Pelada, entre Canhotinho e Quipapá, e fui assolado pela chuva. Adentrei o Estado de Alagoas todo encharcado, e o mau tempo me acompanhou até Ibateguara, onde eu pretendia conhecer a Cachoeira do Roncador. Não detinha coordenadas para localizá-la, contudo, e muito menos os moradores que interpelei. Não vi outra opção a não ser continuar cruzando o agreste pela Serra da Barriga. No fim desse dia cheguei, exausto, a Porto Real do Colégio, na divisa de Alagoas com o Sergipe. Eu reencontrava, já em seus quilômetros finais rumo ao mar, o Velho Chico, que demarca naturalmente a divisão entre os Estados. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Y1HBNmjcsd0/VBDKn0n7AuI/AAAAAAAAEak/ogNfyN5jFC0/s800/DSC_2524.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Y1HBNmjcsd0/VBDKn0n7AuI/AAAAAAAAEak/ogNfyN5jFC0/s800/DSC_2524.jpg" height="125" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque dos Falcões</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 3 de julho. O último Estado nordestino jazia do outro lado do rio São Francisco. E, para mim, o local mais interessante de toda a viagem estava lá, em meio ao agreste sergipano. Derroquei em pouco mais de uma hora os 130km que separavam Porto Real do Colégio e Itabaiana. Dessa última são mais 12km até o bairro de Rio das Pedras e 3km de terra até o sítio Parque dos Falcões, nos contrafortes da Serra de Itabaiana. Lá pude conhecer o trabalho de José Percílio e sua equipe, que trabalham com a reabilitação de aves de rapina. Sob seus cuidados, falcões, harpias, carcarás, corujas e urubus, inclusive o rei, são curados de suas feridas. Muitos são devolvidos à natureza, enquanto outros, por terem danos que os impossibilitariam de sobreviver soltos, são mantidos em cativeiro ou semi-soltos. Há casos como o de um gavião-de-rabo-branco que chegou ao parque com a cabeça avariada por fragmentos de balas de revólver. O animal tem convulsões esporadicamente. “Libertá-lo seria assassiná-lo”, assegurou Percílio. Indagado sobre como começou a tratar dessas aves, ele confidenciou que foi presenteado com um ovo, aos sete anos. As galinhas do sítio de sua família chocaram-no. Quando eclodiu, tratava-se de um carcará, que ele logo nomeou Tito. “Tito me ensinou tudo, inclusive como acariciar uma ave sem amedrontá-la”. Anos depois lhe disseram que Tito era uma fêmea. “Não mudei o nome dela por causa disso. Continua Tito”, gracejou. Por incrível que pareça, Tito, hoje com 29 anos, ainda acompanha Percílio para onde quer que vá.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-jHgrSN625Bk/VBDErYV3WdI/AAAAAAAAEac/iPv7V4mGf8Q/s512/DSC_2517.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-jHgrSN625Bk/VBDErYV3WdI/AAAAAAAAEac/iPv7V4mGf8Q/s512/DSC_2517.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Harpia</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Qqnps5GhpL8/VBDEiv1rbGI/AAAAAAAAEak/3OMPTxhj0ZM/s640/DSC_2478.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Qqnps5GhpL8/VBDEiv1rbGI/AAAAAAAAEak/3OMPTxhj0ZM/s640/DSC_2478.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Coruja-orelhuda</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-OQXLfiK2f9k/VBDJ1zbhYoI/AAAAAAAAEak/_jbqqD0CZGM/s512/DSC_2505.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-OQXLfiK2f9k/VBDJ1zbhYoI/AAAAAAAAEak/_jbqqD0CZGM/s512/DSC_2505.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Urubu-rei</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-PGfoIqZSZcI/VBDJZYGV3gI/AAAAAAAAEak/EaFNcE66skA/s512/DSC_2482-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-PGfoIqZSZcI/VBDJZYGV3gI/AAAAAAAAEak/EaFNcE66skA/s512/DSC_2482-Editar.jpg" height="200" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">José Percílio</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Eu não poderia ter encontrado uma forma melhor de terminar minha passagem pelos sertão e agreste nordestino. Ver um homem com tanta paixão pelo que faz é algo que me oportunizou repensar o modo como levo minha vida. Passamos tanto tempo syportando o que desgostamos e agradando pessoas pura e simplesmente por acreditar que um dia dependeremos delas. Um ser humano pode reensinar uma ave a voar e a se alimentar, mesmo desprovido de asas, bicos e garras propícios. Os quase 8 mil quilômetros rodados até Itabaiana foram não somente uma prova de resistência, nem tampouco um mero campo aberto para o conhecimento visual. Foram, sobretudo, um resgate daquela esperança com relação ao ser humano que se perdeu em algum momento de minha juventude. Logicamente eu ainda tenho a noção de que as atrocidades contra o meio ambiente ainda são bem mais numerosas que as medidas pessoais e governamentais para preservá-lo, mas testemunhar trabalhos como os levados a cabo na Serra da Capivara e no Parque dos Falcões me devolvem aquela tímida esperança, uma fagulha que, penso eu, pode se extinguir a qualquer momento, mas cuja perduração não permitirá que o desespero e a indiferença me eivem com a sua misantropia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A viagem não se findaria ali. Eu ainda vagaria até Camamu, no litoral baiano, para me juntar a Rodrigo Gil e percorrer toda a extensão do vale do rio Jequitinhonha, de sua foz, no município de Belmonte, Bahia, a sua nascente, em Serro, Minas Gerais. Contudo, uma jornada solitária se concluía. Eu me dizia que haviam sido, na verdade, poucos dias em movimento para tantos meses de hirto planejamento. Deixei muitos pontos de lado para, um dia, ter motivos para voltar. O cânion do rio Poty e a Serra Talhada que me esperem, portanto, juntamente com essa hospitalidade do povo sertanista nordestino que tanto me cativou. Que permaneça sendo sua característica mais marcante. Nosso país caminha a passos largos para a penumbra, mas em nenhum momento vejo esses sofridos homens como os responsáveis por isso. São, na verdade, grandes vítimas sobre as quais incide um duplo castigo: a semiaridez da caatinga e a negligência de seus governantes.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ufkNHZjpd3M/VBCk91MmAXI/AAAAAAAAEak/4ue7s829PLY/s720/DSC_1450.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-ufkNHZjpd3M/VBCk91MmAXI/AAAAAAAAEak/4ue7s829PLY/s720/DSC_1450.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://plus.google.com/u/0/photos/111506201642937001855/albums/6057500264447485745" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F6057500264447485745%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues composto especialmente para o sertão nordestino. É, ademais, um singelo agradecimento a todos os que me auxiliaram durante essa viagem.</span></div>
</div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/uqhk4rDngSc" width="540"></iframe>Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-82938716486100633002014-08-25T06:33:00.000-07:002014-08-26T12:10:57.555-07:00Pico Paraná – de 17 a 21 de abril de 2014<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-o08tQ_d-B4I/U9FkUT-atqI/AAAAAAAAD9A/cPbwOyPnkvY/s720/DSC_0899-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-o08tQ_d-B4I/U9FkUT-atqI/AAAAAAAAD9A/cPbwOyPnkvY/s720/DSC_0899-Editar.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Um saudoso cantador e poeta uma vez entoou: “mesmo se eu cantasse todas as canções do mundo, sou bicho do mato”. Em se tratando de um país tão extenso quanto o nosso, onde dimensões são continentais e deslocamentos entre uma origem e um destino podem perdurar por semanas, um viajante pode ter, sem pestanejar, a frase supracitada como um de seus dogmas, isso se usarmos um naco de paráfrase: “mesmo se eu conhecesse todos os lugares do Brasil, sou ainda um bicho do mato”. “Bicho do mato” entende-se aqui não como um sujeito intelectualmente ignorante ou desprovido de inteligência, mas sim uma pessoa que domina uma parte do mundo que não vai além de alguns metros das cercanias de sua comunidade, essa ínfima, por assim dizer. Então, podemos vagar por quilômetros e anos a fio por essa imensa nação e nunca chegarmos a realmente conhecê-la. O que todos os viajantes brasileiros tentam, com curtas e longas viagens pelo seu próprio país, seja de moto seja a pé, é abrandar essa ignorância, sendo presenteado com a noção de que culturas, cenários, flora e fauna são diferentes em cada confim desse grande território. O viajante brasileiro não é completo, mas busca sua completude, e sabe, acima de tudo, que as ruas circunvizinhas a sua residência não têm uma resposta convincente para a sua maior dúvida: qual é o sentido da vida?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Jj2F7vOvTE4/U9FfC_kQEtI/AAAAAAAAD9A/RbVhlfuqcoc/w363-h544-no/DSC_0713-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Jj2F7vOvTE4/U9FfC_kQEtI/AAAAAAAAD9A/RbVhlfuqcoc/w363-h544-no/DSC_0713-Editar.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Quatro Barras</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O ponto culminante da região sul do Brasil é o Pico Paraná. Esse dado, por si só, já é um grande fomentador de uma viagem. A dificuldade e a distância da caminhada até seu cume é um outro chamariz. Está situado no litoral do meu querido Estado do Paraná, distante do planalto interiorano que viu minha família materna se proliferar e debandar, nos anos de 1970, para o interior paulista, em busca de melhores condições econômicas. Nesse fim de semana prolongado, contudo, o êxodo se invertia, e Luana Romero e eu partíamos para o não muito distante “rio” (significado de Paraná na exinta língua geral) com o intuito de vencer um dos muitos desafios que essa terra alta e fértil oferece. Partimos de Americana, então, logo cedo, na manhã do dia 17, para termos tempo hábil de chegar às imediações de Curitiba. Embora sejam apenas 500km, em tempos de feriado prolongado as estradas que desembocam na capital congestionam e uma viagem de poucas horas pode virar uma odisseia. Felizmente não foi o caso e incontinenti passamos por Sorocaba, Votorantim e Juquiá. Nessa última adentramos a maior rodovia nacional, a BR-116, nesse trecho chamada de Régis Bittencourt. Entrecortamos o Parque Estadual de Jacupiranga, importante área preservada no chamado Vale do Ribeira, e adentramos o Estado do Paraná. Passando sobre a Represa de Capivari, paramos no pequeno município de Quatro Barras, grudado à grande Curitiba. Lá esperaríamos por Rodrigo Gil e outros amigos de Americana que, infelizmente, não chegariam no mesmo dia. Esses outros, por um problema ou dois, sequer chegariam.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ZlnQ-aazaXU/U9FfgspqBAI/AAAAAAAAD9A/XTz_3bjwvUg/w816-h544-no/DSC_0721.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-ZlnQ-aazaXU/U9FfgspqBAI/AAAAAAAAD9A/XTz_3bjwvUg/w816-h544-no/DSC_0721.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-t34c4yUCR_A/U9FnDNsEneI/AAAAAAAAD-E/TqMtRMdogKI/w816-h544-no/DSC_0733.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-t34c4yUCR_A/U9FnDNsEneI/AAAAAAAAD-E/TqMtRMdogKI/w816-h544-no/DSC_0733.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fim de tarde em Quatro <b>Barras</b></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-aqlvMGvopIc/U9FfsrhK5ZI/AAAAAAAAD9A/0KY3SOUeIos/w363-h544-no/DSC_0735.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-aqlvMGvopIc/U9FfsrhK5ZI/AAAAAAAAD9A/0KY3SOUeIos/w363-h544-no/DSC_0735.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caminho do Itupava</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Avisados de que estaríamos sozinhos no segundo dia, acabei convencendo Luana a postergar nossa subida ao Pico Paraná por 24 horas. Queria eu finalizar o Caminho do Itupava, trilha aberta por indígenas e mineradores, no século XVII, para facilitar o transporte de mantimentos e mercadorias entre a planície litorânea e o primeiro planalto. Logicamente a coroa portuguesa, nos anos em que dominou a mão de ferro esse país, apossou-se dessa cicatriz de quase 20km na mata atlântica preservada paranaense, chegando inclusive a regulamentar a passagem de tropas de bois com a cobrança de pedágios, naquela época chamados de registros, uma tradição que infelizmente se mantém até hoje na cultura rodoviária brasileira. Críticas à parte, deixamos o centro urbano de Quatro Barras e nos dirigimos a Borda do Campo, um de seus distritos. Lá se encontra um dos postos do IAP (Instituto Ambiental Paranaense), que coordena as perambulações pelo caminho colonial. Lá deixamos a moto e seguimos a pé serra abaixo, sentido contrário ao que Rodrigo Gil e eu palmilháramos dois anos antes (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com.br/2012/02/ariri-ilha-do-cardoso-e-caminho-do.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>). Naquela oportunidade percorrêramos a metade de baixo, e desta feita Luana e eu concluiríamos com a metade de cima. E como quem caminha pelas picadas entre a mata fechada sempre se depara com uma surpresa, a poucos metros do posto encontramos a primeira: uma cachoeira de 15 metros com a mais pura água gélida proveniente dos pontos culminantes da Serra da Baitaca (morada do diabo, em tupi). Caminhando mais um pouco, registramos espécimes de invertebrados, como o gafanhoto-soldado e a aranha-caranguejeira, e da avifauna, como o piolinho e o truculento, embora diminuto, pichororó. Vale frisar que estávamos a mais de 1000 metros de altitude.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-oS33_ZveP9w/U9GDHS6X3HI/AAAAAAAAD9g/gH1ocVcFUNc/w363-h544-no/DSC_0750.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-oS33_ZveP9w/U9GDHS6X3HI/AAAAAAAAD9g/gH1ocVcFUNc/w363-h544-no/DSC_0750.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Dn6YRFhACE4/U9FgSecpciI/AAAAAAAAD9A/wkjdNMV1bDQ/w816-h544-no/DSC_0769.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Dn6YRFhACE4/U9FgSecpciI/AAAAAAAAD9A/wkjdNMV1bDQ/w816-h544-no/DSC_0769.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caranguejeira</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-MAjiDM4M_m0/U9Fi0d9ErTI/AAAAAAAAD9A/popOVhOCUWs/w363-h544-no/DSC_0824.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-MAjiDM4M_m0/U9Fi0d9ErTI/AAAAAAAAD9A/popOVhOCUWs/w363-h544-no/DSC_0824.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gafanhoto-soldado</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ghlGsR1McR8/U9FiRB7cwuI/AAAAAAAAD9A/9xF2XhXV02w/w363-h544-no/DSC_0811.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-ghlGsR1McR8/U9FiRB7cwuI/AAAAAAAAD9A/9xF2XhXV02w/w363-h544-no/DSC_0811.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Calçamento colonial</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Prosseguindo em direção ao litoral avistamos o morro Pão de Loh, ao sul. Bem que gostaríamos de acessar a trilha que leva aos seus píncaros, mas a mesma se encontrava interditada, talvez devido à vegetação que cedera com as chuvas dos dias anteriores e recobrira alguns trechos. Desse ponto em diante os declives e aclives se tornam mais desafiadores devido ao fato de nos aproximarmos de um ponto entre o aglomerado de montanhas do Marumbi e da Graciosa, ambas integrantes de uma ilustre cordilheira conhecida como Serra do Mar. O calçamento pé-de-moleque, feito de pedras irregulares extraídas das próprias cercanias, principalmente do leito de riachos, começa a ser uma grata companhia. Sem ele seria uma tarefa mais demorada caminhar Itupava abaixo, já que muitos pontos são pantanosos. A umidade, que torna a progressão escorregadia e ardilosa, por outro lado permite uma proliferação de plantas muito bem adaptadas à mata atlântica. É o caso de inúmeras espécies de bromélias, que tudo aproveitam como base para sua existência, inclusive o caule de grande árvores que despencam, muitas vezes atravancando a via. O sol, nas áreas mais fechadas, penetra timidamente em estreitos fachos. Com todo esse cenário nos derredoreando fomos nos aproximando da Casa do Ipiranga, moradia do engenheiro-chefe da linha férrea Curitiba-Paranaguá e que posteriormente, devido a sua privatização, foi abandonada, depredada por vândalos e totalmente desfigurada. É uma cena lamentável de se ver e um desrespeito a uma obra de 1885, já secular, portanto. Alguns caminhantes a utilizam como área de camping.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-_6E4xH0b1JA/U9FgdtuILeI/AAAAAAAAD9A/w1ciH2oFSOI/w363-h544-no/DSC_0780.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-_6E4xH0b1JA/U9FgdtuILeI/AAAAAAAAD9A/w1ciH2oFSOI/w363-h544-no/DSC_0780.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bromélia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-EVofGOVLFoc/U9FgsfLcqGI/AAAAAAAAD9A/qP0CrrLwWKc/w816-h544-no/DSC_0782.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-EVofGOVLFoc/U9FgsfLcqGI/AAAAAAAAD9A/qP0CrrLwWKc/w816-h544-no/DSC_0782.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa do Ipiranga</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-LY6P0Kan-5U/U9Fh7xVLRGI/AAAAAAAAD9A/mGId90fKcQQ/w363-h544-no/DSC_0807.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-LY6P0Kan-5U/U9Fh7xVLRGI/AAAAAAAAD9A/mGId90fKcQQ/w363-h544-no/DSC_0807.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada de ferro Curitiba-Morretes</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/yYHVRp22-eh59PFW_PBQD4WEjBpWxAyR5YhYvGA5HCw=w363-h544-no" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/yYHVRp22-eh59PFW_PBQD4WEjBpWxAyR5YhYvGA5HCw=w363-h544-no" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Roda d'água</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Trilhos de ferro passam a poucos metros da escadaria de acesso à porta principal da Casa do Ipiranga. Embora o mato esteja alto, não é difícil visualizá-la. Hoje essa linha não vai até Paranaguá, como antigamente, mas apenas até Morretes. As passagens são compradas em Curitiba e o trem recebe a chancela de “turístico”, o que incrementa seu preço e diminui a acessibilidade de pessoas de baixa renda. É uma pena que tenham sucateado praticamente todas as ferrovias do Brasil e, algumas das poucas que restam, tenham esse fim elitista. Com todas essas instrospecções, mas sem me esquecer de aproveitar os últimos metros do Caminho do Itupava, descemos para o sul beiradeando os trilhos até uma outra escadaria que dá acesso ao rio Ipiranga, o qual já havíamos atravessado, sobre uma ponte de madeira, poucos metros antes da Casa do Ipiranga. Nessa parte de seu curso funcionou uma pequena usina hidrelétrica que tinha justamente a única função de prover energia à morada do engenheiro-chefe. Hoje se encontra desativada, mas algumas peças de sua estrutura ainda resistem ao tempo e à umidade, como uma roda d'água e uma estreita ponte de ferro sobre o rio. Duas portentosas cachoeiras despejam muita água e formam grandes poços com o cumprimento das altas altitudes da Serra do Mar. Após elas o rio segue manso em seu leito pedregoso, revelando ao fundo o topo de um dos montes da Serra da Graciosa. Essa foi nossa última visão do Caminho do Itupava, pois chegáramos à metade de seu percurso total. Voltamos, estafados, para a base do IASP, em Borda do Campo, totalizando aproximadamente 15km de caminhada com grandes desníveis. Como informação adicional, friso que o caminho completo tem 17km de extensão.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/UM3MZsB0aU7FHl5OghUF2OL98hMwqDvOAgjnQjGSaCw=w816-h544-no" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/UM3MZsB0aU7FHl5OghUF2OL98hMwqDvOAgjnQjGSaCw=w816-h544-no" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do rio Ipiranga</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-V4snjrY7QhM/U9FhjHXrz_I/AAAAAAAAD9A/2gmxCvmUGIU/w816-h544-no/DSC_0800.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-V4snjrY7QhM/U9FhjHXrz_I/AAAAAAAAD9A/2gmxCvmUGIU/w816-h544-no/DSC_0800.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Ipiranga com a Serra da Graciosa ao fundo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-o1aZvecAS9A/U9Fiuw_Er6I/AAAAAAAAD9A/QQWjKmgQGhs/w816-h544-no/DSC_0814.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-o1aZvecAS9A/U9Fiuw_Er6I/AAAAAAAAD9A/QQWjKmgQGhs/w816-h544-no/DSC_0814.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estafante caminhada</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Uz0dXh_dpyY/U9FjUILWYeI/AAAAAAAAD9A/yXOjgK7RoQo/w816-h544-no/DSC_0828.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Uz0dXh_dpyY/U9FjUILWYeI/AAAAAAAAD9A/yXOjgK7RoQo/w816-h544-no/DSC_0828.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fazenda Pico Paraná</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Ainda no dia 18 fomos contatados por Rodrigo Gil. Viria de Campinas e nos encontraria no começo da noite no portal de Quatro Barras. Aguardamos e o recepcionamos no local combinado. Os três, reunidos, chegaram ao consenso de que deveríam se aproximar o máximo possível, nesse fim de dia, da Fazenda Pico Paraná, de onde se inicia a trilha a pé rumo ao Pico Paraná, nosso escopo. Incontinenti tentamos a sorte em Campina Grande do Sul, mas por lá não encontramos local para pernoitar. Seguimos adiante pela BR-116, sentido São Paulo, e encontramos um pequeno povoado a poucos metros da estrada de terra que nos levaria à propriedade pretendida. Repousamos e, no dia 19, com a bruma da madrugada da Serra do Mar nos envolvendo, adentramos a via rural. Bordejamos o pequeno rio Tucum por aproximadamente 5km e cruzamos o portão da Fazenda Pico Paraná. Fomos atendidos pelo proprietário que prontamente nos deu valiosas informações sobre a faina que principiaríamos, agora a pé, sem a ajuda do motor de nossas motocicletas, que por uma quantia de R$10 cada seriam deixadas na propriedade. Pegamos somente o necessário (alimentos, barracas, sacos de dormir, câmeras e reservatórios de água), alocamos em nossas mochilas e partimos sobre nossos calcanhares. Estávamos a pouco mais de 900m de altitude, diga-se de passagem. Aguardava-nos adiante um desnível de quase 1000m distribuídos em aproximadamente 8km de caminhada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-o0nZWIk9U3M/U9FjhFuJEwI/AAAAAAAAD9A/tdbe7q25JDI/w363-h544-no/DSC_0859.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-o0nZWIk9U3M/U9FjhFuJEwI/AAAAAAAAD9A/tdbe7q25JDI/w363-h544-no/DSC_0859.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da Pedra do Grito</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A trilha a partir da Fazenda ascende pela Serra do Mar sentido sudeste, primeiro entre um bosque semicerrado, mas já bem úmido, e que pouco depois vai se fechando em samambaias silvestres e rochas graníticas de médio porte, mas sempre transitável. O trecho até a Pedra do Grito, a primogênita de muitas paradas, foi íngreme e sinuoso, mas a vista de seu topo recompensou-nos: a porção oeste da Serra do Mar (chamada nessa porção de Serra dos Órgãos pelo IBGE) gradativamente se elevando (ou se rebaixando, dependendo do ponto de vista), contrastando a escuridão verde de sua mata atlântica praticamente intocada com o céu reluzente da manhã paranaense, além da presença marcante, a noroeste, da Represa de Capivari, inundada com as águas do rio Capivari desde 1971. O interessante desse reservatório é que suas águas não são aproveitadas ali, à beira da BR-116, mas sim pela Usina Hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot no município de Antonina, mais precisamente no povoado de Cachoeira de Cima, próximo ao litoral. Isso só é possível porque existe um aqueduto subterrâneo de 15km que separam esses dois locais passando por debaixo da Serra do Ibitiraquire, onde se encontra o Pico Paraná. É a maior obra desse segmento do Brasil. Do outro lado do reservatório, a oeste, eleva-se a grande Serra de Paranapiacaba, cadeia de montes onde nasce um dos lugares mais interessantes do país e queridos por mim: o Vale do Ribeira. Com tanta água no horizonte contraditoriamente a de nossos cantis se esgotava à medida que nos aproximávamos da Pedra do Getúlio (ou Morro do Getúlio), segundo ponto de parada. Nele já passáramos da casa dos 1100 metros de altitude. Andáramos, até então, 2,5km. A sudeste avistávamos os cumes do Caratuva e do Itapiroca, ambos de altitude pouco inferior ao grande irmão Pico Paraná. Foi a partir daí que a vegetação se adensou e a progressão foi fortemente refreada pelos desníveis abruptos e pelas grandes árvores derruídas pelas chuvas que atravancavam a trilha.</span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-fACrLzU2iBU/U9FjrjvVGJI/AAAAAAAAD9A/P-PsTm3GRsE/w816-h544-no/DSC_0860.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-fACrLzU2iBU/U9FjrjvVGJI/AAAAAAAAD9A/P-PsTm3GRsE/w816-h544-no/DSC_0860.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Represa de Capivari vista da Pedra do Grito</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/yTot3JZBnCFHvP_t8q5Qedv-9qRc9CzJAvThLgBbt_k=w816-h544-no" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/yTot3JZBnCFHvP_t8q5Qedv-9qRc9CzJAvThLgBbt_k=w816-h544-no" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Picos do Caratuva e Itapiroca</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-xK0xjmBGEYU/U9Fj2-pJrrI/AAAAAAAAD9A/O0AKeYUUZJU/w816-h544-no/DSC_0868.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-xK0xjmBGEYU/U9Fj2-pJrrI/AAAAAAAAD9A/O0AKeYUUZJU/w816-h544-no/DSC_0868.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da Pedra do Getúlio</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-YutvIQet47o/U9FkNHLbMbI/AAAAAAAAD9A/ndJLpnqgcBk/w816-h544-no/DSC_0894.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-YutvIQet47o/U9FkNHLbMbI/AAAAAAAAD9A/ndJLpnqgcBk/w816-h544-no/DSC_0894.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Nuvens na Serra do Ibitiraquire</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Andar por altitudes maiores teve vantagens e desvantagens: pontos de coleta de água a cada 500m foi uma vantagem. Desciam de riachos nascidos nos píncaros da Serra do Ibitiraquire. Tudo tem um preço, obviamente. A trilha ficou mais escorregadia; as raízes das árvores, sobressaltadas, proporcionavam tropeços esporádicos, principalmente quando caminhávamos ininterruptas centenas de metros e os retos femorais já não flexionavam nossos quadris com a mesma eficiência. Há duas outras trilhas, bem sinalizadas, que se ramificam dessa principal em que estávamos, uma subindo para o Caratuva e outra para o Itapiroca. Caso tivéssemos alguma aresta no dia seguinte, tentaríamos a sorte em ambos. Seguimos, portanto, e vagarosamente chegamos a uma clareira onde os que não encaram a caminhada de 8km no mesmo dia acampam. É o chamado Acampamento 1. Apesar de estarmos em um ambiente aberto, a neblina tudo envolvia, impedindo que a visão desfrutasse do mirante natural. Achamos prudente descansar um pouco e, felizmente, as nuvens, por apenas um minuto, se esvaneceram, e pudemos vislumbrar e registrar pela primeira vez o Pico Paraná, um monte de granito e gnaisse de áspera textura, cinzento e avermelhado ao mesmo tempo, particionado em pelo menos 4 cumes de topos arredondados, como o fole aberto de uma sanfona. O terceiro, sentido norte-sul, é o culminante, o mais alto da região sul do Brasil.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-mf-UN-Sa8qE/U9FkgljZN7I/AAAAAAAAD9A/1C_1JX_bMpQ/w816-h544-no/DSC_0905.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-mf-UN-Sa8qE/U9FkgljZN7I/AAAAAAAAD9A/1C_1JX_bMpQ/w816-h544-no/DSC_0905.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-nU0DAD9zzic/U9FkrM1_zpI/AAAAAAAAD9A/Mc4IFh1DmaU/w816-h544-no/DSC_0913.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-nU0DAD9zzic/U9FkrM1_zpI/AAAAAAAAD9A/Mc4IFh1DmaU/w816-h544-no/DSC_0913.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pico Paraná</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/CTLYyXCjR_BOgrPc3xsuFZFHm9Tngx0MienQXLzXnLA=w363-h544-no" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/CTLYyXCjR_BOgrPc3xsuFZFHm9Tngx0MienQXLzXnLA=w363-h544-no" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Escalada</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Do Acampamento 1 em diante pode-se dividir a trilha em duas partes: a primeira uma brusca descida; a segunda uma ascendência brutal com direito a trechos de curta escalada. Felizmente há, encravados nas áreas mais verticais, vários degraus férreos. Subir por eles é um verdadeiro exercício de coragem. Olhar para baixo ou para cima é desencorajador. Acompanhar o trabalho das próprias mãos mais ainda, já que é corriqueiro que próximo a elas estejam de passagem grandes e malcheirosas lacraias. Um escorpião-negro também foi flagrado, e por sorte o vimos a tempo de não esmagá-lo e, em contrapartida, sermos aferroados, o que poderia siginificar o encerramento prematuro de nossa aventura. Depois de todos esses obstáculos alcançamos o chamado Acampamento 2, nas proximidades da Casa de Pedra, um antigo abrigo de escaladores, hoje em ruínas. Ali, com o relógio passando das 14h, montamos nossas barracas e nos livramos do excesso de peso. Faríamos o “ataque”, chegando ao cume do Pico Paraná e retornando para pernoitar no acampamento. A essa altura, porém, sabíamos que não desfrutaríamos da vista privilegiada do ponto culminante do Paraná e da região sul do Brasil, já que a névoa novamente se adensara e a visibilidade não passava dos cem metros. Mas, como estávamos ali, juntamos o resto de nossas energias para vencer mais 100 metros de desnível distribuídos pelos 800 metros restantes. No meio do caminho, talvez por acharem infrutífera a subida, Rodrigo e Luana desistiram da empreitada. Fui sozinho, portanto, até os 1870m de altitude do Pico Paraná. Os registros oficiais, que se valem de instrumentos de medição mais precisos, apontam 1877m. Obviamente eu nada via a minha frente senão uma grande e acinzentada massa de vapores. Se não pude me maravilhar com vista alguma, pelo menos um objetivo pessoal fora alcançado. E como que a coroar toda essa minha galhardia, eis que a citada massa de vapores se desfez em chuva. Fui pego enquanto voltava ao Acampamento 2 e me reunia, no meio do caminho, a Rodrigo e Luana. A noite também caiu, para piorar a situação, e com uma lanterna à manivela de Rodrigo conseguimos, completamente encharcados, chegar a nossas barracas. A chuva continuaria até a manhã do dia seguinte.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-MmST-Pwkjac/U9Fk2Nwf9nI/AAAAAAAAD9A/xdqFCOndwac/w816-h544-no/DSC_0922.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-MmST-Pwkjac/U9Fk2Nwf9nI/AAAAAAAAD9A/xdqFCOndwac/w816-h544-no/DSC_0922.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ruínas da Casa de Pedra</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/INM0dwsjipVZPGMTrqDFNGcFEQiRqFstXOTC3KfdVMs=w816-h544-no" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/INM0dwsjipVZPGMTrqDFNGcFEQiRqFstXOTC3KfdVMs=w816-h544-no" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista do Acampamento 2</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/OaUMv681H65s5So6A5dGUtXRhNdTiGldPEm6oZBmcrw=w816-h544-no" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/OaUMv681H65s5So6A5dGUtXRhNdTiGldPEm6oZBmcrw=w816-h544-no" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Últimos metros</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/RC1U48nCCUwuRfjT4JpJJsTEdPFnCM5QoKPzfVyKGnI=w816-h544-no" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/RC1U48nCCUwuRfjT4JpJJsTEdPFnCM5QoKPzfVyKGnI=w816-h544-no" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Pico Paraná</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Não me deixei abater pelo cenário nebuloso que encontrei ao deixar a barraca ao amanhecer. Tudo permanecia cinza, mas felizmente não chovia. Embora a intenção fosse registrar a Baía de Antonina e boa parte do litoral norte do Paraná do ponto mais privilegiado do Estado, a impossibilidade me lembrou que os desígnios da natureza são alheios às nossas vontades. Foi uma grande honra estar ali por alguns momentos. Sem a luz direta do sol e sem esperanças de que o tempo se abrisse, levantamos acampamento, juntamos nossas tralhas e nos recolocamos no caminho de volta à fazenda Pico Paraná. Enfrentamos todos os perigos novamente, avançando mais vagarosamente do que na ida, visto que Luana, em um dos abissais barrancos em meio à mata atlântica, torcera o joelho e reclamava de lancinante dor. O ponto alto do regresso, além da sempre deslumbrante – e parcial – vista da Serra de Ibitiraquire (Serra Verde, em tupi), foi o reencontro com Erlon Junior, motociclista de São Paulo e companheiro de Pantanal Sul (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/07/pantanal-sul-de-09-19-de-julho-de-2012.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a> da viagem) que também caminhava por aquelas bandas. Após 7 horas de caminhada reavíamos nossas motos na fazenda e, sobre elas, praticamente exauridos de nossas forças, retornamos a BR-116, onde pernoitamos à beira da estrada. Certamente esse é um local ao qual regressarei em breve, já que existem, além do Pico Paraná, outros cumes acessíveis por trilhas na mesma serra. As possibilidades ali são muitas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/--G6zA5Y0J_w/U9FmMMI_w0I/AAAAAAAAD9A/zRE5A9qg6Aw/w816-h544-no/DSC_0946.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/--G6zA5Y0J_w/U9FmMMI_w0I/AAAAAAAAD9A/zRE5A9qg6Aw/w816-h544-no/DSC_0946.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Estadual Carlos Botelho</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 21, com os níveis de glicogênio muscular praticamente repostos, caímos no fluxo ininterrupto da BR-116, sentido São Paulo, já no trajeto de volta para casa. Em Registro, Estado de São Paulo, subimos para noroeste pela SP-139, passando por Sete Barras e chegando à portaria sul do Parque Carlos Botelho, uma área pertencente ao Parque Estadual Intervales. Ascenderíamos até São Miguel Arcanjo por uma estrada de chão de 30km, cortando um local conhecido como Serra da Macaca. Infelizmente nossa passagem foi barrada pelo guarda do parque pois, segundo ele, toda a estrada está sendo calçada. Com mais um revés no histórico dessa viagem, voltamos a Sete Barras e subimos a Juquiá pela SP-165. Aí foi só vencer a Serra de Paranapiacaba pelo caminho inverso ao do primeiro dia. Apeamos pela última vez em Votorantim, onde nos despedimos de Rodrigo, que seguiu para Campinas. Luana e eu chegaríamos a Americana no começo da noite, finalizando uma aventura que dessa vez não foi um desafio ao nosso lado motocilista, mas sim ao lado andejo, como diz minha velha avó. Foram percorridos, no total, 1100km sobre duas rodas e 30km a pé.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Por água, por ar e por terra a vida se perpetua. Não a nossa vida, finita e errante, mas a do mundo, infinita e carregada de sentidos. Trilhando novos caminhos auguramos nos assemelhar a este mundo, tornando-nos tão históricos quanto o planeta que habitamos. Mera utopia, mas ainda um viés digno a se seguir. Quem não faz história, refém se faz das circunstâncias, e no limiar da vida acaba se culpando por não ter pelo menos tentando entender os rumos tomados por este nosso imenso globo que, um dia, nos aceitou como inquilinos, mesmo tendo plena consciência de todos os nossos problemas em viver em paz.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-EuHPQcFIuc4/U9FgG66etOI/AAAAAAAAD9A/ipNWANOpAF0/w816-h544-no/DSC_0754.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-EuHPQcFIuc4/U9FgG66etOI/AAAAAAAAD9A/ipNWANOpAF0/w816-h544-no/DSC_0754.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/PicoParanaDe17A21DeAbrilDe2014?noredirect=1" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>. </span></div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F6039712600794644449%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Estou com um dedo quebrado e impossibilitado de tocar violão por um tempo. Abaixo, portanto, reedito um blues composto em 2012 para a primeira parte do Caminho do Itupava.</span></div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/cX02Y4vfzkY" width="540"></iframe>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-9714991177938321272014-07-19T09:39:00.000-07:002014-07-23T10:03:33.446-07:00Alegre – de 1º a 4 de maio de 2014<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-SSlaa_kRUMs/U4jovU0SnEI/AAAAAAAAD2c/nxqH0IWptiE/s720/DSC_0513.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-SSlaa_kRUMs/U4jovU0SnEI/AAAAAAAAD2c/nxqH0IWptiE/s720/DSC_0513.jpg" height="265" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Quem nos dera gozássemos de mais tempo para desfrutar da vida! No nosso atual sistema, que preza pelo desenvolvimento econômico, a balança, que na verdade nunca chegou a estar em equilíbrio, sempre pende para o lado do trabalho, não permitindo que possamos usufruir das maravilhas que só o ócio prolongado oportuniza. Quando vemos no mapa os contornos do Espírito Santo, por exemplo, a priori nos parece um Estado ínfimo, como se fôssemos capazes de conhecê-lo em apenas alguns dias, como num feriado prolongado. Contudo, uma viagem não se principia no destino, e sim no ponto de partida. Destarte, deslocar-se pelas rodovias brasileiras, sempre problemáticas, não é das tarefas mais rápidas, o que acaba também atrasando planos e muitas vezes frustrando-os. Por fim, o tempo é escasso e o conhecimento é parcial. O grande dom do motociclista brasileiro proletário é priorizar o que quer ver quando não há a oportunidade de desfruir de uma visão mais abrangente de seus lugares pretendidos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Gi81RzFMUck/U4jmaH1ePmI/AAAAAAAAD2c/16FvwdSUXfE/w816-h544-no/DSC_0446.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Gi81RzFMUck/U4jmaH1ePmI/AAAAAAAAD2c/16FvwdSUXfE/w816-h544-no/DSC_0446.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Leopoldina, Minas Gerais</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O meu fascínio por grandes cachoeiras e paisagens naturais, que quase sempre trazem a tiracolo paisagens rurais, foram os grandes motivadores para que eu me dirigisse a Alegre, no Espírito Santo, juntamente com Luana Romero e Rodrigo Gil, ambos companheiros de aventura de outras datas. Lá esperávamos encontrar simplesmente a maior queda d’água do Estado. Desde minha última incursão solitária pelo rio Itabapoana (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/05/rio-itabapoana-de-29-de-abril-1-de-maio.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>) e pelo Parque Estadual da Pedra Azul (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2011/09/parque-estadual-da-pedra-azul-vitoria-e.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>) eu ensaiava um retorno a esse pedaço de Brasil relativamente pouco divulgado. Enfim, com tudo pronto e infelizmente com pouco tempo disponível, partimos no dia combinado visando chegar rapidamente ao destino, primeiramente pelas rodovias Anhanguera e Dom Pedro II, e ulteriormente pelas Carvalho Pinto e Dutra, essa última via de entrada no Estado do Rio de Janeiro. Os contratempos se principiaram aí: congestionamentos, acidentes e obras. São ingredientes que somente grandes e problemáticas rodovias adicionam a uma viagem. Enfim, com muito custo subimos, a partir de Piraí, sentido nordeste, acompanhando o curso do rio Paraíba do Sul até Além Paraíba onde, sob forte chuva, acessamos a BR-116 e o Estado de Minas Gerais. O sol se pusera há muito e decidimos, por bem, pernoitar em Leopoldina, município com cerca de 50 mil habitantes e de graça real (Leopoldina foi filha do imperador Dom Pedro II).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-cSdZ3LE5Ypg/U4jmuYiNJ8I/AAAAAAAAD2c/NTFIYyLmgIA/w363-h544-no/DSC_0453.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-cSdZ3LE5Ypg/U4jmuYiNJ8I/AAAAAAAAD2c/NTFIYyLmgIA/w363-h544-no/DSC_0453.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Natividade, RJ</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 2, logo pela manhã, e com o tempo mais estável, subimos pela Rio-Bahia (nome da 116 por essas bandas) até Muriaé. Pendemos para o leste e cruzamos a “fronteira” entre Minas Gerais e Rio de Janeiro novamente. Nossa viagem começou a partir desse momento, já que deixamos de rodar por rodovias federais, cheias de caminhões, e passamos a desfrutar da vista magnífica das estaduais que cortam, tortuosas, as serras do Brigadeiro e da Sapucaia. Para encerrar nossa passagem pelo Estado fluminense, cruzamos a carnavalesca Natividade (não confundir com a homônima tocantinense, com fotos nesse <a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2014/03/jalapao-de-22-de-dezembro-de-2013-03-de.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>) e pela histórica Varre-Sai, onde escravos eram acolhidos em uma propriedade quando em fuga da Insurreição (ou Levante) do Queimado, em Serra, para o Quilombo dos Palmares, isso nos idos de 1849. Quando nos demos por conta atravessávamos o rio Itabapoana e adentrávamos o Estado do Espírito Santo, chegando a Guaçuí e acessando a ES-482, que nos levou diretamente a Alegre, trespassando antes um de seus distritos, Celina, e descendo a Serra da Abundância. Nessa cidade de 30 mil habitantes arrumamos um canto para dormir, desatrelamos o excesso de bagagem e, sem perder sequer mais um minuto, saímos à caça da maior cachoeira do Estado, a da Fumaça, ainda um pouco distante dali, nos limites do território do município, na divisa com Ibitirama.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-WuzXYigkWlQ/U4jnGqRr83I/AAAAAAAAD2c/hMokrgAkTtY/w363-h544-no/DSC_0471.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-WuzXYigkWlQ/U4jnGqRr83I/AAAAAAAAD2c/hMokrgAkTtY/w363-h544-no/DSC_0471.jpg" height="320" width="213" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-FTA8LpvgjoA/U4jnTRDjmhI/AAAAAAAAD2c/_Ced5unBmdQ/w816-h544-no/DSC_0478.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-FTA8LpvgjoA/U4jnTRDjmhI/AAAAAAAAD2c/_Ced5unBmdQ/w816-h544-no/DSC_0478.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Sapucaia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/W5Ge2bDnGmsTn21oqBjviOproK6ayFrLb2eeWADP3eg=w816-h544-no" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/W5Ge2bDnGmsTn21oqBjviOproK6ayFrLb2eeWADP3eg=w816-h544-no" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alegre</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-FbUZHLObFYY/U4joAkmONUI/AAAAAAAAD2c/aJnLRz1aduM/w816-h544-no/DSC_0501.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-FbUZHLObFYY/U4joAkmONUI/AAAAAAAAD2c/aJnLRz1aduM/w816-h544-no/DSC_0501.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Fumaça</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Há uma estrada de paralelepípedos, muito bem calçada, que se ramifica a partir da ES-387, rodovia estadual que liga Celina a Ibitirama e Divino de São Lourenço. Volvemos então ao distrito alegrense, rumamos para o norte e 28km depois adentrávamos a chamada estrada Caminhos do Campo. Aí foram apenas mais 2km de calçamento até a entrada do Parque Municipal da Cachoeira da Fumaça. Apeamos das motos e seguimos a pé, por uma curta trilha em meio à mata atlântica em recuperação, e topamos com os dois tentáculos principais da queda d'água de 140 metros, como já dito só a maior do Estado do Espírito Santo. É uma obra natural do rio do Braço Norte Direito, que nasce na Serra do Caparaó, a segunda maior em média de altitude do Brasil. Seu curso é certamente glorioso, visto ser um dos formadores do rio Itapemirim, que desagua no Oceano Atlântico, em Marataízes. Contribui significativamente, portanto, para a agricultura e a economia de vários municípios, que em contrapartida destroem sua mata ciliar e o expõem ao assoreamento. Críticas à parte, observávamos uma parte rochosa de seu leito, percorrido por águas turbulentas formadoras de algumas pequenas praias de branca areia. Por ser um local protegido por lei, mas de livre e gratuito acesso, é frequentado por inúmeros moradores da região e também por visitantes de fora. Por esse motivo não foi possível observar a fauna circundante, especialmente pássaros, que tanto buscamos. Apesar de todos esses embrólios, é certamente meritória de uma visita, chamando a atenção principalmente pela forma de sua queda mais do que pela névoa (ou “fumaça”) que se forma com a força de suas águas.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-mGatBW54XUk/U4joVzf_ZII/AAAAAAAAD2c/EX6E-mgkt3c/w816-h544-no/DSC_0510-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-mGatBW54XUk/U4joVzf_ZII/AAAAAAAAD2c/EX6E-mgkt3c/w816-h544-no/DSC_0510-2.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-MEZwWENcogw/U4jnonQDn7I/AAAAAAAAD2c/TtvyVUcaf_Q/w816-h544-no/DSC_0494.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-MEZwWENcogw/U4jnonQDn7I/AAAAAAAAD2c/TtvyVUcaf_Q/w816-h544-no/DSC_0494.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-iPd-gKLyeI8/U4jo5DiUS1I/AAAAAAAAD2c/W6qnzrU1e4A/w816-h544-no/DSC_0520-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-iPd-gKLyeI8/U4jo5DiUS1I/AAAAAAAAD2c/W6qnzrU1e4A/w816-h544-no/DSC_0520-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maior cachoeira do Espírito Santo</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-J7qhPLXmSk0/U4jp2CBqraI/AAAAAAAAD2c/lQPn9k7EhvA/w816-h544-no/DSC_0544.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-J7qhPLXmSk0/U4jp2CBqraI/AAAAAAAAD2c/lQPn9k7EhvA/w816-h544-no/DSC_0544.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra capixaba</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Poderíamos apenasmente ter voltado a Alegre por igual caminho, mas segundo nossos mapas algumas estradas de terra nos levariam ao mesmo destino, atiçando nossa curiosidade. O calçamento da estrada Caminhos do Campo desaparece a partir do Parque Municipal da Cachoeira da Fumaça, e estreitos vieses de chão seguem, por alguns momentos, o curso do rio do Braço Norte Direito, revelando outras quedas menores, mas também portentosas. As serras capixabas, de traços suaves e píncaros arredondados, formam vales ora profundos ora rasos, guarnecendo propriedades rurais e simples casebres de pau a pique. No meio do nada, separada por muitos quilômetros de estradas precárias, encontramos o pequeno povoado de Sobreira, de gente simples, que se locomove sobre suas montarias, amarrando-as a tocos à porta dos estabelecimentos comerciais quando necessitam comprar algo. Trinta quilômetros depois sobrepassávamos a última ponte de madeira e derrocávamos o último trecho de terra e pedras e reencontrávamos o asfalto da ES-482, já bem próxima de Alegre. Por ironia, o tempo, que até então se mantivera estável, desabou em chuva, não freando as festividades de um carnaval de marchinhas que se iniciava, com o cair da noite, na praça central da cidade.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-0M3SzSlO__E/U4jpeSxSiNI/AAAAAAAAD2c/w9DEr-Y_oNo/w816-h544-no/DSC_0536.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-0M3SzSlO__E/U4jpeSxSiNI/AAAAAAAAD2c/w9DEr-Y_oNo/w816-h544-no/DSC_0536.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do rio do Braço Norte Direito</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-V6FKghvMzRU/U4jqBlx6-TI/AAAAAAAAD2c/OyLKHNhwMEk/w816-h544-no/DSC_0550.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-V6FKghvMzRU/U4jqBlx6-TI/AAAAAAAAD2c/OyLKHNhwMEk/w816-h544-no/DSC_0550.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casas no campo</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/DMhv68OTUWLZrcXUdVfnupZSghA1ukp7f7h2o1apeoU=w816-h544-no" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/DMhv68OTUWLZrcXUdVfnupZSghA1ukp7f7h2o1apeoU=w816-h544-no" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela no Povoado de Sobreira</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-o1sfiTdU_go/U4jq9c3MaMI/AAAAAAAAD2c/hJKph6B_kUA/w816-h544-no/DSC_0633.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-o1sfiTdU_go/U4jq9c3MaMI/AAAAAAAAD2c/hJKph6B_kUA/w816-h544-no/DSC_0633.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zona rural sul de Alegre</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 3, pela manhã, deixamos o centro urbano de Alegre para localizarmos, em sua zona rural sudoeste, uma outra cachoeira, essa bem menos conhecida que a da Fumaça. Saímos pelo sul e trilhamos o campo capixaba por 10km, derrocando áreas empoçadas pela chuva do dia anterior. Uma porteira fechada, que protegia um sítio e seu cafezal, nos impedia a passagem, mas a proprietária, uma mulher simples do campo, nos permitiu a entrada, dando inclusive mais coordenadas para se chegar à queda d'água. Uma íngreme subida, pedregosa, de 300m de comprimento, foi nosso último obstáculo. Já avistávamos a Cachoeira do Roncador da beira dessa estrada de chão rudimentar, com os verdes pés de café em primeiro plano, mas isso não bastava. Ensejamos uma aproximação, a pé, atravessando um estreito riacho e uma charco. Dessa maneira nos emparelhamos ao imenso maciço rochoso, talvez granítico, de 45º de inclinação pelo qual escorrem 87 metros das águas do córrego Roncador. Devido às suas características não é uma cachoeira no sentido comum da palavra, mais se assemelhando a um tobogã de largas dimensões. Forma um pequeno poço, alcançável ao transpormos uma área de mata com alguns vegetais cortantes, repletos de espinhos e acúleos. Em síntese, eu diria que sua beleza cênica foi mais digna quando vislumbrada da estrada. De perto a visão é meramente parcial; de longe, total.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/W4lACsArmtw4Mr6SpSXZ4X9-xnKJTNkusMAkJ0N911I=w816-h544-no" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/W4lACsArmtw4Mr6SpSXZ4X9-xnKJTNkusMAkJ0N911I=w816-h544-no" height="213" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-feF-PUKWgzA/U4jqfFoeIsI/AAAAAAAAD2c/GlWGMjnXfx0/w363-h544-no/DSC_0624.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-feF-PUKWgzA/U4jqfFoeIsI/AAAAAAAAD2c/GlWGMjnXfx0/w363-h544-no/DSC_0624.jpg" height="320" width="213" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-52yiEYxipEo/U4jrNlHDZYI/AAAAAAAAD2c/g8h0THk5O6E/w816-h544-no/DSC_0639.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-52yiEYxipEo/U4jrNlHDZYI/AAAAAAAAD2c/g8h0THk5O6E/w816-h544-no/DSC_0639.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Roncador</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/BqUZaJ0r8T5QFg5Q2mErSmZB322OO8WL7T94asrFPyA=w816-h544-no" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/BqUZaJ0r8T5QFg5Q2mErSmZB322OO8WL7T94asrFPyA=w816-h544-no" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Patrimônio da Penha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Há outras pequenas cachoeiras em Alegre, mas os próprios moradores nos dissuadiram de visitá-las. Exortaram-nos, como alternativa, a nos dirigirmos ao Patrimônio da Penha, um distrito do município de Divino de São Lourenço nos pés da Serra do Caparaó, não muito distante dali. Dessa forma, regressamos a Celina, subimos novamente sentido Cachoeira da Fumaça e chegamos à pacata Divino de São Lourenço, via asfalto. A partir dela foram mais 10km de estradas de chão e 3km de asfalto. A vilinha, simples e com um ar místico (para aqueles que acreditam nisso, o que não é o meu caso), tem moldes singelos semelhantes aos de Trindade, no Rio de Janeiro, estruturada basicamente em uma única rua principal da qual outras, menores e mais estreitas, se ramificam. Uma dessas sobe a serra, pedregosa e agudamente íngreme, o que nos fez hesitar, por um breve momento, em subi-la sobre as motocicletas. Um lampejo de galhardia chamuscou, talvez inspirado pela guerrilha que aqui ocorreu entre 1966 e 1967 contra o regime militar, e aceleramos Caparaó acima. Apeamos na entrada da trilha para a Cachoeira do Arco-Íris, uma das diversas que se formam serra abaixo no curso do Córrego Forquilha. Curta, a picada entre a mata fechada nos levou primeiramente a duas pequenas quedas, e metros abaixo a uma maior, com talvez 15 metros de queda, de água límpida e gélida. Apesar do nome, arco-íris nenhum se formava ali. Contudo, é de admirável garbo, pois escorre caprichosamente pelo flanco direito de um largo paredão, como que se quisesse se ocultar da vista de quem a observa de um ângulo desfavorável.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-1xWSdiA6UUs/U4jsAsratbI/AAAAAAAAD2c/gOYrNhvu11Y/w363-h544-no/DSC_0664.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-1xWSdiA6UUs/U4jsAsratbI/AAAAAAAAD2c/gOYrNhvu11Y/w363-h544-no/DSC_0664.jpg" height="320" width="213" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-gOX1N4hzSRU/U4jsJhWeQRI/AAAAAAAAD2c/Sb7CXsHp5pY/w363-h544-no/DSC_0668.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-gOX1N4hzSRU/U4jsJhWeQRI/AAAAAAAAD2c/Sb7CXsHp5pY/w363-h544-no/DSC_0668.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Arco-íris</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/qL9Jil3zVrD_WxqId_tVv5lyQbVyEh7_MUdorQFAcDo=w816-h544-no" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/qL9Jil3zVrD_WxqId_tVv5lyQbVyEh7_MUdorQFAcDo=w816-h544-no" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Poço em Pedra Roxa</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">De fato subimos e descemos a serra visitando outras quedas e poços, mas nenhum realmente nos prendeu a atenção. É difícil maravilhar-se com pequenas cachoeiras após conhecer a maior do Estado. Não que não sejam interessantes. São, sim, mas também bastante movimentadas, pois estão no caminho para a comunidade alternativa Portal do Céu, no alto da serra, chamativa de muitos turistas que buscam esse tipo de local. Não fomos até lá e, portanto, não posso dar informações mais concretas a seu respeito, mas sabe-se que é uma vila com poucas pessoas que vivem aparentemente de uma maneira não-ortodoxa. Lá encontra-se inclusive praticantes da Doutrina do Santo Daime, cuja bebida litúrgica, a ayahuasca (ou chá de Santo Daime) é motivo de debate entre médicos e religiosos, visto ser alucinógena. O que testemunhamos e podemos afirmar é que muitos turistas desciam de lá com pinturas faciais coloridas e com roupas de inspiração hippie. De qualquer forma foi algo que não nos apeteceu, tanto que logo partimos dali em busca de uma outra cachoeira, a da Pedra Roxa, no distrito homônimo de Ibitirama. Foram 24km de asfalto e mais aguns de terra pelos contrafortes da Serra do Caparaó até a dita cachoeira, que na verdade não passava de um poço cristalino do rio do Braço Direito Norte, o mesmo que forma a Cachoeira da Fumaça. O ponto alto dessa esticada extra foi o registro do maracanã-verdadeiro, uma espécie de arara ainda relativamente pouco estudada.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/iGfKWB9RsO7voH5Y6jjXkFpqEyZsy0Xjvexzwk_22W0=w725-h544-no" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/iGfKWB9RsO7voH5Y6jjXkFpqEyZsy0Xjvexzwk_22W0=w725-h544-no" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maracanã-verdadeira</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-51VLfwc12Mw/U4jp6eru9hI/AAAAAAAAD2c/NQOMhpYcK7o/w816-h544-no/DSC_0546-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-51VLfwc12Mw/U4jp6eru9hI/AAAAAAAAD2c/NQOMhpYcK7o/w816-h544-no/DSC_0546-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, serras capixabas</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-JHcjYH9EL-g/U4jsgs-X8mI/AAAAAAAAD2c/JODV5irXINc/w816-h544-no/DSC_0694.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-JHcjYH9EL-g/U4jsgs-X8mI/AAAAAAAAD2c/JODV5irXINc/w816-h544-no/DSC_0694.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do rio Furnas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Era chegada a hora de regressar. Para que a volta não fosse muito estafante, aproveitamos as últimas horas de sol para diminuir a distância entre os Estados do Espírito Santo e São Paulo. Conseguimos chegar a Muriaé, Minas Gerais, para pernoitar, e no dia 4, bem cedo, partimos rumo a Juiz de Fora, a partir da qual, pela BR-267, alcançamos Caxambu, passando, inclusive, por uma pequena cachoeira do rio Furnas, à beira da estrada mesmo, um pouco adiante do trevo de Aiuruoca. Algum tempo depois descíamos ao sul pela Fernão Dias. Adentrando a cidade de Pouso Alegre, entrecortamos todo o Circuito das Malhas do sul mineiro, passando por Borda da Mata, Ouro Fino e Jacutinga. Atravessando a ponte sobre o rio Eleutério voltamos a São Paulo. Logo estávamos em Campinas, grande centro urbano do Brasil, e em meio ao tráfego da Dom Pedro II nos despedíamos de Rodrigo, que mora nos arredores. Luana e eu ainda seguimos pela rodovia Anhanguera até nossos lares, em Americana. Foram, no total, 1800km rodados em quatro dias nos quais conhecemos, superficialmente é bem verdade, um pouco mais desse pequeno, negligenciado e lindo Estado do Espírito Santo. Que tenhamos mais oportunidades de a ele voltarmos nossos olhos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Se algo nos é estranho, tratamos logo de conhecê-lo. Logicamente há os que se furtam a novos achados, fechando-se no casulo de suas ditas consciências já “formadas”. Isso é pura e simplesmente uma mutilação prosseguida da cauterização de uma habilidade inerente ao homem: a descoberta.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-PVEdp972slk/U4jsmAQjP1I/AAAAAAAAD2c/bvFoSKFZL5w/w816-h544-no/DSC_0703-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-PVEdp972slk/U4jsmAQjP1I/AAAAAAAAD2c/bvFoSKFZL5w/w816-h544-no/DSC_0703-Editar.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos <a href="https://plus.google.com/photos/111506201642937001855/albums/6019313875755403249" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F6019313875755403249%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, a reedição de um blues composto especialmente às pequenas cidades do interior do Espírito Santo.</span><br />
<br /></div>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/Hmw_37BwjZY" width="540"></iframe></div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-37287120184547120692014-05-19T07:39:00.000-07:002014-05-19T07:46:11.746-07:00Delfim Moreira e Marmelópolis – 15 e 16 de fevereiro de 2014<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-fmZ1afxEqU0/U2epzfHeaKI/AAAAAAAADvo/ydPAwjHbiUI/s640/DSC_0265.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-fmZ1afxEqU0/U2epzfHeaKI/AAAAAAAADvo/ydPAwjHbiUI/s640/DSC_0265.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">O sul de Minas Gerais, desde seu extremo leste, nos píncaros da Mantiqueira, até seu extremo oeste, nos metros finais do grande rio Grande, guarda surpresas e revela paraísos que vêm, ao longo dos tempos, atraindo viajantes de todas as sortes. Essa imensa faixa de relevo acidentado, uma testemunha ocular da transição entre mata atlântica e cerrado, tem demonstrado, além desse poder de atração, uma capacidade de redescoberta muito peculiar, obrigando-me a revisitar locais que destrinchara em outras oportunidades e aos quais cria, ingenuamente, que não careceria retornar em hipótese alguma. Foi por esse motivo que aceitei o convite de Luciano Cogliati, um motociclista recentemente conhecido na cruzada do fim de 2013 pelo Jalapão (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2014/03/jalapao-de-22-de-dezembro-de-2013-03-de.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>). Ambos rumaríamos, então, com nossas digníssimas mulheres, Cíntia e Luana Romero, para Delfim Moreira, uma cidade cujos entornos Levi Vieira e eu já conhecêramos anos atrás (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2011/12/delfim-moreira-rio-de-janeiro-e-parque.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>), de passagem para a Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Luciano garantira que desfrutaríamos de cenários novos e cachoeiras nunca dantes registradas, e essas promessas me motivaram a regressar ao alto da Serra da Mantiqueira, no sudeste mineiro. Que a chuva nos desse uma trégua para que toda essa exuberância pudesse ser devidamente documentada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-JlH0P9HNhaY/U2em9biHSrI/AAAAAAAADvo/JWACwdhvyVI/s640/DSC_0138.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-JlH0P9HNhaY/U2em9biHSrI/AAAAAAAADvo/JWACwdhvyVI/s640/DSC_0138.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Delfim Moreira</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Partimos de Americana, Luana e eu, às 5 da manhã, visto que marcáramos de nos encontrar com Luciano na Marginal Tietê, em São Paulo, às 7. Pela Anhanguera e posteriormente pela expressa Bandeirantes aceleramos até o local combinado. Saímos da capital exatamente às 7:30, deixando a conturbada marginal e ganhando a Ayrton Senna, que depois de certo ponto se transforma na Carvalho Pinto, rodovia bem conhecida pelos frequentadores do litoral norte paulista. Por volta das 9 nos embrenhávamos no intenso fluxo da Dutra, que nos conduzindo pelos perímetros de Taubaté e Aparecida possibilitaram acessarmos uma estrada de mão dupla que, sentido oeste, nos levou até o município de Piquete, ainda pertencente ao Estado de São Paulo, aos pés da Serra da Mantiqueira. Aí foi pura ascendência, saindo dos confortáveis 650 metros de altitude para os brumosos 1200 de Delfim Moreira, primeira cidade após a divisa de Estados. Desfrutávamos já do ar úmido que emana da mata atlântica de Minas Gerais, e como bons aventureiros, pouco antes do centro urbano da cidade pretendida guinamos para uma estrada de terra bem batida, ladeada por eucaliptos e outras árvores de grande porte. Uma espécie de portal, abandonado, com tijolinhos à vista, apresentava-nos a uma trilha sem indicação alguma, mas sabíamos que ali, naquele ponto, deveríamos abandonar as motos e partir a pé, vale abaixo, rumo às aguas do ribeirão do Taboão. Sobre pés fomos, então, cruzando com as ruínas de uma antiga hidrelétrica e calhando nas enormes rochas do leito do curso d'água supracitado. Sobre elas vê-se, caindo com grande força, as já conhecidas quedas da cahoeira do Itagybá, que se contarmos em sua totalidade somam 40 metros. Aproximar-se, devido às chuvas que caíram nos dias subsequentes, seria impossível, e tivemos que nos contentar em contemplar o belo cenário de longe.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Qn7rNuaUVS4/U2emgZnjSZI/AAAAAAAADvo/ly2yNVPzHlA/s512/DSC_0106-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Qn7rNuaUVS4/U2emgZnjSZI/AAAAAAAADvo/ly2yNVPzHlA/s512/DSC_0106-Editar.jpg" height="320" width="213" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-sheVCx-Oc9Q/U2emsGf1tvI/AAAAAAAADvo/FjIFjIW60Kc/s720/DSC_0108.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-sheVCx-Oc9Q/U2emsGf1tvI/AAAAAAAADvo/FjIFjIW60Kc/s720/DSC_0108.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Itagybá</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-7TmE-nFegSs/U2emv4RwC_I/AAAAAAAADvo/3lbLp5fe8dY/s720/DSC_0111-Editar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-7TmE-nFegSs/U2emv4RwC_I/AAAAAAAADvo/3lbLp5fe8dY/s720/DSC_0111-Editar.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estação de Delfim Moreira</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Voltando ao ponto em que se iniciara a trilha, reavemos nossas motos e seguimos pela estrada de chão, que em um determinado ponto passou a ser calçada e, por fim, asfaltada. A esta altura já estávamos envolvidos pelas simples construções do centro urbano de Delfim Moreira, algumas de feições coloniais do alvorecer do século XX. Apeamos novamente apenas aos portões da antiga estação ferroviária, inaugurada em 1927 e zelada com muito esmero. Pessoas nem mercadorias obviamente embarcam mais aqui, como na primeira parte do século passado, mas o prédio ainda é utilizado como espaço cultural e museu, muito embora, pela segunda vez, o tenhamos encontrado fechado. E mais no centro da cidade, palmilhamos as ruas que envolvem a praça central, essa típica, com direito à igreja, coreto e canteiros floridos, bem cuidados, diga-se de passagem, à exemplo da estação. Foi neste local, no coração do município de 8 mil habitantes, que somou-se a nós Daniel Bento e Ariadne, ambos vindos de São José dos Campos e conhecidos de Luciano. Partimos então, agora em três motos, para a mais turística de todas as cachoeiras da cidade, mas que nem por isso poderia ser negligenciada: a Ninho da Águia. Acessá-la foi fácil, visto que se encontra às margens da rodovia MG-350, a mesma pela qual subíramos a serra desde Piquete. Mediante uma paga de R$5 por cabeça trilhamos pela bem sinalizada propriedade que protege não só uma, como imáginávamos, mas várias quedas d'água do barrento rio Santo Antônio. Apesar de não tão altas como a do Itagybá, merecem destaque pelo conjunto da obra e pela tonitruância de suas águas, potencializadas, logicamente, pelas chuvas dos últimos dias.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-pNmt-5qGKBI/U2enPV1bhKI/AAAAAAAADvo/J3VYCiG-6Uw/s720/DSC_0160.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-pNmt-5qGKBI/U2enPV1bhKI/AAAAAAAADvo/J3VYCiG-6Uw/s720/DSC_0160.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-VbcTfXm43DU/U2enfWORZjI/AAAAAAAADvo/PgciTgOL15c/s512/DSC_0165.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-VbcTfXm43DU/U2enfWORZjI/AAAAAAAADvo/PgciTgOL15c/s512/DSC_0165.jpg" height="320" width="213" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-JHbbYVtsLe8/U2ennyD4ilI/AAAAAAAADvo/5bYOaofOmqI/s512/DSC_0174-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-JHbbYVtsLe8/U2ennyD4ilI/AAAAAAAADvo/5bYOaofOmqI/s512/DSC_0174-2.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Quedas da cachoeira Ninho da Águia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-GWKRt1JypT8/U2eoJSBNhVI/AAAAAAAADvo/BMyiLIffPWA/s720/DSC_0218.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-GWKRt1JypT8/U2eoJSBNhVI/AAAAAAAADvo/BMyiLIffPWA/s720/DSC_0218.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Túnel do Barreirinho</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Do asfalto da MG-350 saímos à caça de uma outra cachoeira, a do Túnel, de acesso um pouco mais complicado que a turística Ninho da Águia. Na primeira entrada norte, por estrada de terra, passamos peo bairro rural Água Limpa, e depois pilotamos por mais 4km, ganhando um pouco de altitude, até o bairro Barreirinho. A partir desse último foi necessário mais 1km para avistarmos uma clareira de terra defronte a uma pastagem íngreme, onde obrigatoriamente deixamos nossas motos. A trilha de 200m a partir daí foi toda palmilhada em declive para se chegar ao Túnel do Barreirinho, uma construção da década de 1920 idealizada com dois propósitos: canalizar as águas de uma cachoeira e possibilitar que uma antiga linha férrea a sobrepassasse. Para ver essa cachoeira foi necessário tirar os calçados e caminhar pelos seus 50m de extensão. Do outro lado, a serena queda de águas gélidas se revelou. É um local que, se levássemos em conta somente a cachoeira ou somente o túnel, não pareceria interessante. Contudo, o conjunto, a união da natureza com uma obra humana praticamente centenária contribuem para a construção de uma identidade carismática de mais esse atrativo de Delfim Moreira. Enfim, fomos embora com essa última boa impressão da zona rural da cidade. Tentamos ainda conhecer a cachoeira do Areião, mas a propriedade estava fechada. Contentamo-nos com uma foto longíngua de uma de suas quedas.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-LHM3V1wD7es/U2enuVs8etI/AAAAAAAADvo/Mzi_cS45EQc/s512/DSC_0206.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-LHM3V1wD7es/U2enuVs8etI/AAAAAAAADvo/Mzi_cS45EQc/s512/DSC_0206.jpg" height="320" width="213" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-sR-59qrB7yU/U2en5KqXOpI/AAAAAAAADvo/lM4L0dLTeO4/s512/DSC_0211-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-sR-59qrB7yU/U2en5KqXOpI/AAAAAAAADvo/lM4L0dLTeO4/s512/DSC_0211-Editar.jpg" height="320" width="239" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Túnel</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4_VP_HBBJwI/U2eobeeRR-I/AAAAAAAADvo/moV-BJtVjdI/s800/DSC_0230.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-4_VP_HBBJwI/U2eobeeRR-I/AAAAAAAADvo/moV-BJtVjdI/s800/DSC_0230.jpg" height="195" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Areião</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-60uUKpEgc1g/U2eow3HS-iI/AAAAAAAADvo/ml1Rfe0Rr4Y/s720/DSC_0244.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-60uUKpEgc1g/U2eow3HS-iI/AAAAAAAADvo/ml1Rfe0Rr4Y/s720/DSC_0244.jpg" height="133" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Cubatão</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Amanhecia o dia 26. Chovera a noite toda e nossos planos para subir a nordeste, rumo a Marmelópolis, se esvaiam, levados pelas águas da Mantiqueira. Por sorte nos informaram que boa parte da estrada que liga as duas cidades estava asfaltada, o que nos garantiria uma toada mais rápida e um tempo maior para desbravarmos essa parte da serra que, para mim, era nova, ao contrário de Delfim Moreira. Não obstante, enganamo-nos ao pensar que a empreitada seria tranquila. Ao deixarmos a estrada principal, por exemplo, encaramos aproximadamente 10km de barro através da zona rural até a cachoeira do Cubatão, e ainda uma trilha a pé, com direito a travessia de rio, de pouco mais de 200m, dentro de uma propriedade particular. O proprietário não nos cobrou taxa alguma pela entrada. A queda de 50m parecia toda atarantada devido às chuvas. Rochas arredondadas, empilhadas na continuação das águas do rio Cubatão, pareciam ter sido despejadas ali recentemente, como que trazidas por uma tromba d'água. Porém, sabíamos que não acontecera dessa forma. Trata-se de uma peculiaridade dessa cachoeira. De volta ao banco das motos, derrocamos ainda mais 8km até o centro urbano de Marmelópolis, com 4 mil habitantes, e saímos rapidamente por uma outra estrada de chão, ao norte. Poucos quilômetros depois estávamos na propriedade que alberga a cachoeira dos Padres, que são, na realidade, três quedas distintas, medindo entre 10 e 20 metros, e mais algumas corredeiras. A facilidade da trilha veio bem a calhar depois do perrengue pelas estradas barrentas desde Delfim Moreira, e é nela que se avista comumente a borboleta coruja (foto que abre essa presente postagem), encontrada apenas em território sulamericano.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-3aCkzj1DrRk/U2ep35EJ3SI/AAAAAAAADvo/cY4gKs8mAUg/s720/DSC_0269.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-3aCkzj1DrRk/U2ep35EJ3SI/AAAAAAAADvo/cY4gKs8mAUg/s720/DSC_0269.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-faF8iQ47vMM/U2eqGOjqO4I/AAAAAAAADvo/vdd_fmFQ5k8/s720/DSC_0286-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-faF8iQ47vMM/U2eqGOjqO4I/AAAAAAAADvo/vdd_fmFQ5k8/s720/DSC_0286-Editar.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-XWIhj031hkc/U2eqX4pfbeI/AAAAAAAADvo/j4lbDlSdIn8/s512/DSC_0300.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-XWIhj031hkc/U2eqX4pfbeI/AAAAAAAADvo/j4lbDlSdIn8/s512/DSC_0300.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Quedas da cachoeira dos Padres</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-0C3Ktgzlhoc/U2eq0fsub8I/AAAAAAAADvo/JHrjN6kujBw/s512/DSC_0338.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-0C3Ktgzlhoc/U2eq0fsub8I/AAAAAAAADvo/JHrjN6kujBw/s512/DSC_0338.jpg" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Paredão</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Luciano detinha as coordenadas para uma outra cachoeira, mas essa, digo, era daquelas que, de tão camufladas nas matas da Mantiqueira, tornou-se um deleite para raros. Para começar, partindo da cachoeira dos Padres segue-se por uma estrada bem batida, sem engodos, mas que em uma guinada, nos metros finais, em algum lugar entre o território de Marmelópolis e Passa Quatro, transformou-se em uma ladeira barrenta, a priori, e a posteriori em um sinuosa aclive a um sítio aparentemente abandonado à própria sorte. Foi na porteira desse último que largamos nossas motos e nossas mulheres, que não quiseram nos acompanhar em uma caminhada pelo meio da quiçaça. Aí foram três perdidos procurando uma trilha em uma clareira com o mato pelos cotovelos. Por sorte a localizamos, deixamos a clareira e nos embrenhamos por uma mata bem fechada, e alguns minutos depois encarávamos não uma cachoeira propriamente dita, mas um paredão quase vertical com 100 metros de altura, pelo qual descia, sereno, um feixe d'água de mais de 5 metros de largura. Não sei se há algum nome para esse atrativo, mas o designamos cachoeira do Paredão. Se essa não for sua verdadeira graça, que um dia possam nos corrigir e perdoar pela blasfêmia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">O tempo se esvaia rapidamente velozmente. A chuva, nossa (in)grata companheira nesses dois dias, ameaçava desabar sobre os píncaros da Mantiqueira. Tínhamos, contudo, um grande desafio antes de regressar: chegar a Piquete por uma estrada de terra íngreme, sinuosa e escorregadia. Por fim a tememos bobamente, pois foram meros 7km a partir da cachoeira do Paredão e relativamente fáceis de se trilhar. Após esses quilômetros a descida se intensificou, mas aí já havia calçamento. Passamos pela Vila dos Marins e fomos perdendo altitude à medida que nos aproximávamos de Piquete e, consequentemente, do Estado de São Paulo. Já nos contrafortes da serra, ainda observamos de longe a impressionante cachoeira do ribeirão Mendanha (foto que encerra a presente postagem), escorregando por 150 metros e tendo como “vigilante”, ao fundo, o imponente Pico dos Marins, o maior inteiramente dentro do Estado de São Paulo com 2420 metros de altitude. A cachoeira, por si só, é de vistosa beleza, visto “escorregar” Mantiqueira abaixo por 150 metros. Em Piquete, uma despedida dos companheiros de aventura e um aceno final para a “gota de chuva” (<i>amana tykyra</i>, em tupi). Seguimos pela Dutra e pela Carvalho Pinto, vendo a moto de Daniel Bento sumir para São José dos Campos. No acesso à Dom Pedro foi a minha vez e a de Luana, que rumamos para o inteior paulista enquanto Luciano seguia para a capital. Foram 700km rodados em dois dias, mais algumas cachoeiras no porta-fólio e a certeza de que a Mantiqueira sempre nos reservará surpresas caso tenhamos a gana de redesafiá-la, dia após dia.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-0w3czBlpmlw/U2eq5Xsmd0I/AAAAAAAADvo/cUdDEl9XFxo/s720/DSC_0355.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-0w3czBlpmlw/U2eq5Xsmd0I/AAAAAAAADvo/cUdDEl9XFxo/s720/DSC_0355.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
</div>
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<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/DelfimMoreiraEMarmelopolis15E16DeFevereiroDe2014?noredirect=1" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F6009955112121995297%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, a reedição de um blues feito em 2012 para Delfim Moreira e a Serra dos Órgãos.</span></div>
</div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/UKqz5Nv2v6A" width="540"></iframe>Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-78100217507463214582014-04-29T14:19:00.001-07:002014-04-29T15:04:03.408-07:00Altinópolis – 18 e 19 de janeiro de 2014<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="margin: 0px 50px;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-pFH9vvMy0Pc/UzsWWv5NB_I/AAAAAAAADqo/D4o0IK-ZsVQ/s640/P1290506.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-pFH9vvMy0Pc/UzsWWv5NB_I/AAAAAAAADqo/D4o0IK-ZsVQ/s640/P1290506.jpg" height="300" width="400" /></a></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Certa vez fui interpelado por um aluno quando já encerrara minhas atividades docentes e cruzava o enegrecido pátio da escola a passos largos, augurando montar em minha moto e dar prosseguimento ao estafante dia. O menino de 7 anos, munido de sua inocência sem máculas (isenta de futilidade e ignorância por se tratar de uma criança), questionou-me abruptamente: Professor, o senhor trabalha? Aquela pergunta me atingiu na mandíbula, tonteando-me a ponto de me hirtar-me por alguns segundos, tendo minha expressão (ou a falta dela) acompanhada pelos atentos olhos do infante, que aguardava uma resposta. Após um breve momento de introspecção, obtemperei que sim, que dar aulas é um trabalho tão nobre quanto o de seu pai, possivelmente um operário, como 98% das pessoas daquela comunidade. A curiosidade do menino foi satisfeita, aparentemente, mas devo admitir que não a minha. Tal questão retumbou em minha cabeça pelo resto do dia, obrigando-me a reflexões semelhantes às daqueles tempos de universidade em que os pensamentos rebeldes do marxismo ocupavam minha cabeça. Ocorreu-me que dei uma resposta socialmente aceita e sensata para o pequeno, mas que em nenhum ângulo realmente demonstrava a maneira como vejo a questão do trabalho e da vida, propriamente. Logicamente eu não teria condições de explicar, numa linguagem juvenil, que todos somos engrenagens no motor de um sistema que, ironicamente, parece não funcionar em nosso prol. Mesmo com adultos é uma tarefa quase impossível, especialmente se estão subsistindo por inércia, olvidando-se da História da humanidade. Ocorreu-me que sou um hipócrita, pois não falo e não faço o que penso, mas o que convém dizer sem causar alarde. Em outras palavras, dissemino o conformismo (como se ele já não estivesse assentado em nosso ideário há muito tempo!). Por fim, conclui que, apesar de “dançar conforme a música” no dia a dia, quando viajo sou inteiramente eu, sem máculas, sem hipocrisia, sem medo de encarar e questionar como o menino que me "destroçou" naquele dia. Viajar ainda é um dos últimos exercícios de liberdade, e é por isso que já desisti de muitas coisas, mas continuo viajando.</span>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-j9IfDrhL25M/Uzscx25s6JI/AAAAAAAADqo/3lW6WruV40U/s640/P1290762.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-j9IfDrhL25M/Uzscx25s6JI/AAAAAAAADqo/3lW6WruV40U/s640/P1290762.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rumo ao noroeste paulista</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A ideia de conhecer Altinópolis, no noroeste paulista, é originária da viagem ao Jalapão, que pode ser conferida neste <a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2014/03/jalapao-de-22-de-dezembro-de-2013-03-de.html" target="_blank"><u><b><i>link</i></b></u></a>. Thiago Lucas Santos, Luana e eu cogitamos passar por lá, na regresso, mas optamos por postergar a visita para a desbravarmos com mais calma em uma outra ocasião. Pois bem, esse dia chegara, e sem Thiago Lucas, mas com a companhia de Rodrigo Gil, Luana e eu partimos, na manhã do dia 18 de janeiro, pela fatídica rodovia Anhanguera, sentido interior. Foram 160 enfadonhos quilômetros até os entornos do munícipio de Cravinhos, onde guinamos para o leste pela SP-271, uma estrada de mão dupla, sinuosa, pouco movimentada e que dá acesso a antigas fazendas de feições coloniais. Infelizmente, ao tentar aproximarmo-nos dessas para algumas fotos, deparamo-nos apenas com porteiras trancadas. Rapidamente, então, passamos pela movimentada Serrana, cruzamos o rio Pardo e, após 220km rodados desde Americana, calhamos em Altinópolis, cidade conhecida por suas grutas e cachoeiras e que, apesar do nome, não se encontra a uma altitude muito elevada. São meros 900m, segundo meu altímetro. A designação correta não tem a ver com sua altura em relação ao nível do mar, mas sim com o nome do presidente do Estado de São Paulo à época de sua elevação a município, em 1918, o doutor Altino Arantes. No centro urbano há cerca de 15 mil habitantes e, apesar da típica e convidativa praça central com a igrejinha católica, onde tudo parece acontecer, procurávamos algo mais e, portanto, um amontoado de domicílios, comércios e gente simpática se preparando para uma festa não nos segurou por muito tempo. Corremos para o mato.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-DPkaoeeOzbI/UzsW_DfbdwI/AAAAAAAADqo/oWeXFmvJzvQ/s640/P1290518.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-DPkaoeeOzbI/UzsW_DfbdwI/AAAAAAAADqo/oWeXFmvJzvQ/s640/P1290518.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gruta do Itambé</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Optamos por nos dirigir primeiramente ao atrativo mais próximo do centro urbano: a Gruta do Itambé. De fato, regressamos 8km pelo caminho que nos levara até ali e adentramos uma estrada de chão batido ao sul, bem sinalizada. Permanecemos nela por meros 2km, visualizando o Morro do Seladinho, ao leste, e topamos com o portal de entrada do Parque da Gruta de Itambé, de chancela municipal. Nele fomos obrigados a deixar nossas motos, assinar uns papéis e caminhar mata dentro por uma área muito bem preservada. A vegetação de porte médio, que na verdade se trata da mata ciliar do córrego Água da Prata ou do Itambé, proporciona uma caminhada repleta de surpresas meritórias de menção, como as imensas teias de aracnídeos, que usam galhos de diversas árvores para as ancorarem, dando a impressão de estarem flutuando sobre nossas cabeças; a aparição tímida da ariramba-de-cauda-ruiva, uma ave relativamente pouco vista, assemelhando-se a uma andorinha, mas de porte maior e com cores bem mais vivas; e o cruzamento pela trilha de grandes teiús, primitivos lagartos que elevam seu sangue frio nas clareiras da mata, sobre o chão aquecido da trilha. Apesar de tudo, chegar à gruta foi a maior das gratificações, o que conseguimos após 300m de caminhada. É uma imensa estrutura de arenito, com 28m de altura e uma galeria que se estende por 350m a partir de sua entrada. Um regato de uma mina que nasce ali dentro a entrecorta calmamente, ora iluminado pelos raios solares que conseguem adentrar os primeiros metros ora totalmente obscurecido pela negritude das áreas mais profundas. Seria um cenário perfeito se não fosse pela sempre esmagadora de prazeres mão humana, pois cerca de 20 metros gruta adentro foi edificada uma capelinha em louvor ao Pai João. Não estou aqui reclamando do homem homenageado em si, mas da poluição visual causada por tal obra. Como purista, acredito que a identidade visual original de toda e qualquer obra da natureza tenha que ser compulsoriamente mantida, com o mínimo possível de interferência humana.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-xhGKkzY1Wlk/UzsXInut8oI/AAAAAAAADqo/4kwtv9Fhl7c/s512/P1290541.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-xhGKkzY1Wlk/UzsXInut8oI/AAAAAAAADqo/4kwtv9Fhl7c/s512/P1290541.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mina no interior da gruta</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Ur7k_Qv2b0U/UzsWDhqZWmI/AAAAAAAADqo/2oMAkBe0nCU/s640/P1290502.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Ur7k_Qv2b0U/UzsWDhqZWmI/AAAAAAAADqo/2oMAkBe0nCU/s640/P1290502.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ariramba-de-cauda-ruiva</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-mTWW2hY50Ao/UzsV2fL5RrI/AAAAAAAADqo/Jjpbr08ab-g/s640/P1290490.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-mTWW2hY50Ao/UzsV2fL5RrI/AAAAAAAADqo/Jjpbr08ab-g/s640/P1290490.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aracnídeo "flutuante"</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-fx7QGblBAL0/UzsXZ-Un1bI/AAAAAAAADqo/TtH-uKsTYnk/s640/P1290573.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-fx7QGblBAL0/UzsXZ-Un1bI/AAAAAAAADqo/TtH-uKsTYnk/s640/P1290573.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Libélula-azul</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Da entrada da Gruta do Itambé se ramifica uma outra trilha, bordejante ao córrego Seco, correndo livre pela mata mais densa. E o campo de pouso e decolagem de dezenas de libélulas-azuis. Pequenas quedas d'água pontilham o caminho, um pouco mais complicado que o trecho Portal do Parque – Gruta do Itambé, não chega a ser desafiador, mas é preciso estar atento às raízes sobressalentes, possuidoras da capacidade de derrubar os caminhantes mais displicentes. No fim da trilha, praticamente todo em declive, topa-se com a Cachoeira do Itambé, um imenso paredão de arenito com a mesma coloração da gruta homônima. Dele despenca, de 60 metros de altura, as águas do antigo córrego Água da Prata ou Taimbé, hoje conhecido apenas como Itambé (pico ou monte agudo, em tupi guarani). Na verdade, apenas um filete vertia do alto, e isso se deve a dois fatores: primeiro, o janeiro de 2014 foi totalmente atípico, visto que quase não choveu; e segundo, por haver na parte alta do córrego muitos sítios e, consequentemente, plantações, o que vem assoreando seu leito e diminuindo o fluxo d'água. O poço arredondado, por exemplo, tem mais de 30m de diâmetro, mas é evidente na vegetação adjacente que o nível da água está bem abaixo do normal. Não que isso tenha nos impedido de encarar um banho gelado e nos deliciarmos com a massagem natural proporcionada pela delgada cascata. Como primeira cachoeira da incursão, eu diria que nos demos bem. A segunda prometia mais, e rapidamente, antes que o sol se pusesse para as bandas do oeste, nos dirigimos a ela.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-ERWIbzP2B_c/UzsX2JA5xiI/AAAAAAAADqo/LXuYk-wlQqg/s512/P1290635-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ERWIbzP2B_c/UzsX2JA5xiI/AAAAAAAADqo/LXuYk-wlQqg/s512/P1290635-Editar.jpg" height="320" width="283" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-HbX0t_8qKko/UzsYInoak_I/AAAAAAAADqo/0W33Q0KJhUI/s512/P1290645_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-HbX0t_8qKko/UzsYInoak_I/AAAAAAAADqo/0W33Q0KJhUI/s512/P1290645_stitch.jpg" height="320" width="206" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Itambé</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-_hBeDqNbPcA/UzsYpa5J7KI/AAAAAAAADqo/1IJjd2J8yHM/s640/P1290670.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-_hBeDqNbPcA/UzsYpa5J7KI/AAAAAAAADqo/1IJjd2J8yHM/s640/P1290670.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">PCH do Esmeril</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Localizar a cachoeira do Esmeril não foi uma tarefa fácil. Não detínhamos nenhuma informação mais precisa além da que se situava nas proximidades da vicinal que liga Altinópolis a Patrocínio Paulista, cidade próxima à divisa com o Estado de Minas Gerais. Acontece que essa vicinal é bem extensa. Trinta e seis quilômetros após sairmos do centro de Altinópolis obtivemos uma pista, uma pequena placa empoeirada com os dizeres PCH do Esmeril apontando para uma estrada rural. Aí foram mais 7 ou 8km para o sul até finalmente cruzarmos uma ponte de madeira sobre o rio do Esmeril, um importante afluente do rio Sapucaí. Depois dessa ponte topamos com um canal que desvia parte das águas do Esmeril para alimentar as turbinas da PCH dispostas no fundo do vale. Como o desnível entre o canal e a casa de máquinas é de mais de 100m, dois tubos férreos de grande diâmetro descem entre eles, direcionando a água e potencializando sua torrente para a geração de energia. É pelas laterais acimentadas desses tubos que descemos até a casa de máquinas, que por si só já é uma histórica atração, visto ter sido construída nos idos de 1912, já secular, portanto. De uma de suas passarelas, sobre o rio, vê-se ao fundo os 80m de queda da cachoeira tão almejada. Aí foi só abrir os portões laterais da PCH e embrenhar-nos pela mata ciliar para uma aproximação. Sobre as rochas do leito do Esmeril a vista é espetacular. É uma mesa granítica de onde a água cai com vigor, concentrada num único potente feixo. Posteriormente a esse feixo há um paredão de musgo, negativo, sombrio, esverdeado. Atrevo-me a dizer que é uma das cachoeiras mais espetaculares a que já tive o prazer de direcionar meus olhos. E frias também, diga-se de passagem.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-gDRfvrHU6js/UzsY2tcREOI/AAAAAAAADqo/UX6zizDHiYY/s640/P1290673.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-gDRfvrHU6js/UzsY2tcREOI/AAAAAAAADqo/UX6zizDHiYY/s640/P1290673.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-DAecmZefVds/UzsZXSulQZI/AAAAAAAADqo/SYEnTRuHZJw/s576/P1290695_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-DAecmZefVds/UzsZXSulQZI/AAAAAAAADqo/SYEnTRuHZJw/s576/P1290695_stitch.jpg" height="281" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-XL48abN14m4/UzsZAHYDMTI/AAAAAAAADqo/xHJ_T2z0Tc4/s640/P1290685-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-XL48abN14m4/UzsZAHYDMTI/AAAAAAAADqo/xHJ_T2z0Tc4/s640/P1290685-Editar.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Esmeril</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-W7Ig9AjJKAQ/UzsbD3tsDYI/AAAAAAAADrQ/m1XV6IE-YLE/s512/DSCN8343.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-W7Ig9AjJKAQ/UzsbD3tsDYI/AAAAAAAADrQ/m1XV6IE-YLE/s512/DSCN8343.jpg" height="200" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Altinópolis</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">De volta ao centro urbano de Altinópolis, com a noite já começando a nos envolver, encontramos um local para pernoitar e demos uma volta pela Praça da Matriz, onde uma festa típica de mais de quatro décadas de história acontecia. Era a Folia de Reis, ou Festa de Santos Reis, de cunho religioso, voltado para os Três Reis Magos (Melchior, Baltasar e Gaspar) com mesclas de folclore. Há uma presença marcante da viola caipira nessa que é a primeira festividade do gênero no Estado de São Paulo. É mais comum em Minas Gerais que, de fato, não está a uma distância absurda de Altinópolis, compartilhando com a cidade inclusive a vocação para o cultivo do café. Abriu-se algum espaço para novos talentos musicais da cidade, e também para canções que enaltecem a família Frighetto, cujo falecido Tonico Frighetto foi o fundador da festa na década de 1970. Além de todo esse bombardeio cultural, é uma ótima oportunidade para interagir com os munícipes e com moradores de cidades circunvizinhas que vêm prestigiar o evento. Foi dessa maneira que obtivemos informações sobre outras cachoeiras que pretendíamos conhecer no dia seguinte, como a dos Macacos e a de Fortaleza. Um casal de Ribeirão Preto nos informou, infelizmente, que tais cachoeiras só poderiam ser visitadas mediante a contratação de um guia, um gasto a mais que não estava contabilizado em nosso orçamento.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-BxAyVEZPaYg/UzsbMNVNfMI/AAAAAAAADqo/lJKgjy97JjU/s512/DSCN8357.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-BxAyVEZPaYg/UzsbMNVNfMI/AAAAAAAADqo/lJKgjy97JjU/s512/DSCN8357.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Hqf3hFYGMxw/UzsbjuVMVJI/AAAAAAAADqo/SZU4HMXPcAs/s640/DSCN8369.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Hqf3hFYGMxw/UzsbjuVMVJI/AAAAAAAADqo/SZU4HMXPcAs/s640/DSCN8369.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-NjbD_xbxs7U/UzsbcUni6-I/AAAAAAAADqo/SzEg5y3dVaQ/s640/DSCN8366.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-NjbD_xbxs7U/UzsbcUni6-I/AAAAAAAADqo/SzEg5y3dVaQ/s640/DSCN8366.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Festa de Santos Reis</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-03WH97972jg/UzscMGeS9AI/AAAAAAAADqo/LSpD3DuQuSw/s640/P1290753.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-03WH97972jg/UzscMGeS9AI/AAAAAAAADqo/LSpD3DuQuSw/s640/P1290753.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Vazante</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Amanheceu o dia 19 de janeiro e com ele nosso ímpeto em desbravar o que fosse possível, visto que necessitávamos voltar para Americana no período da tarde. Sem delongas saímos pela cidade entrevistando moradores, comerciantes e frentistas de posto na esperança de encontrar algum guia que nos levasse às supracitadas cachoeiras. Chegamos até a Fazenda Vale das Grutas, onde acontece o famoso Forró da Lua Cheia, na esperança de que nos dessem uma luz, mas inúmeras ligações dos recepcionistas tiveram apenas o silêncio como resposta. Sem guias, que devem trabalhar somente em feriados, não nos deixariam adentrar as propriedades onde se encontram as cachoeiras. Restou-nos, ainda antes do meio dia, dar as costas a Altinópolis e principiar o regresso, primeiramente pela rodovia Altino Arantes, sentido oeste, e depois pela SP-338, sentido sul. Dessa última, olhando-se para o leste, discerne-se a Serra da Vazante. Nossa atenção, contudo, canalizou-se para o oeste, onde uma estrada de chão se entranhava pelas fazendas e sítios. Aí foram 24km de terra, pedra e areia, passando por eucaliptais, milharais, porteiras fechadas e um pequeno lago ladeado por goiabeiras nas quais o coleirinho, empoleirado, cantarola maviosamente. Por fim saímos na SP-333, na qual seguimos para o oeste, passando pelo perímetro de Santa Cruz da Esperança e chegando ao município de Serra Azul, que conta com 12 mil habitantes. Tem uma estação ferroviária antiga, construída em 1905. Os trilhos já se foram há muito tempo, mas seus contornos mantêm o passadismo de uma época em que pessoas e sacas de café embarcavam aqui rumo a São Paulo e Minas Gerais.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-uNFE5_eBXBY/UzscWHEatTI/AAAAAAAADqo/KmjSTIqFIUk/s640/P1290757.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-uNFE5_eBXBY/UzscWHEatTI/AAAAAAAADqo/KmjSTIqFIUk/s640/P1290757.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pelas estradas rurais entre Altinópolis e Serra Azul</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-yrc9fqQaVSo/UzsckydaFhI/AAAAAAAADqo/N42LCuh9Qqo/s640/P1290760.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-yrc9fqQaVSo/UzsckydaFhI/AAAAAAAADqo/N42LCuh9Qqo/s640/P1290760.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lago entre eucaliptais</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-9jFPCqlQAuA/UzsdQTD8ALI/AAAAAAAADqo/UMzxTMx0pI8/s512/P1290781-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-9jFPCqlQAuA/UzsdQTD8ALI/AAAAAAAADqo/UMzxTMx0pI8/s512/P1290781-Editar.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estação Ferroviária de Serra Azul, de 1905</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-F2dV8Gs49-s/UzseHjHf6WI/AAAAAAAADqo/b0oTw2xM65g/s640/DSCN8434.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-F2dV8Gs49-s/UzseHjHf6WI/AAAAAAAADqo/b0oTw2xM65g/s640/DSCN8434.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pipira-da-taoca</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Não havia mais nada que pudéssemos fazer na região de Altinópolis. Da centenária estação de Serra Azul partimos rumo a Anhanguera, que enfadonhamente nos carregaria de volta para casa. Como ainda tínhamos um tempo antes do pôr do sol, resolvemos parar rapidamente às margens da rodovia no famoso Parque Estadual de Vassununga, onde o Patriarca da Floresta, um enorme jequitibá-rosa, sobrevive ao passar das centúrias (confira mais informações sobre Vassununga neste <a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/06/vassununga-31-de-maio-de-2013.html" target="_blank"><b><i><u>link</u></i></b></a>). Na única trilha observamos a presença da pipira-da-taoca, uma ave relativamente rara de ser vista, além de inúmeros espécimes de lepdópteros, muitos camuflados nas cores da floresta semidecidual. Caminhar pela trilha curta, mas repleta de estimulos sensoriais, foi a nossa derradeira “missão” nesse 19 de janeiro de um ano ainda neonato, mas que promete extensas aventuras pelo nordeste e pelo norte do Brasil. Em uma época conturbada, em que um campeonato mundial de futebol e em seguida as eleições presidenciais darão um novo rumo ao nosso modo de vida, o motociclista desbravador tem que estar consciente das mudanças pois sabe que, quando viaja, pode ser a última vez que tenha visto cada local em sua forma atual. Quando voltar, tudo pode estar mudado. Tudo pode estar perdido. Ou tudo pode ter melhorado. É uma concisa conclusão tecida nos meros 550km dessa aventura.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Existe uma linha na vida de cada um dividindo a vontade de permanecer e a gana de partir. O que a difere de um indivíduo para outro é a tenuidade, a polegada dessa linha. Enquanto em uns o comodismo, as obrigações profissionais e familiares e a pusilanimidade vão a tornando mais sólida, em outros esses mesmos itens são utilizados como fresas para desbastá-la. É aquele velho papo de quem vê o copo meio cheio ou meio vazio, e embora possa parecer uma questão muito filosófica, é, na verdade, uma conclusão bem simples, mas que, se não explica totalmente a conduta do ser humano, em sua singeleza demonstra o quanto pesamos o que nos é imposto na vida em sociedade.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-RiWksQtnxKg/UzsaFDJ6A7I/AAAAAAAADqo/L0j2j3nT3mM/s640/P1290734-Editar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-RiWksQtnxKg/UzsaFDJ6A7I/AAAAAAAADqo/L0j2j3nT3mM/s640/P1290734-Editar.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://plus.google.com/photos/111506201642937001855/albums/5997410252156176929?authkey=CKT7xs-lwdmhAQ" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>. </span></div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
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<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues composto especialmente para Altinópolis. </span></div>
</div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/11t7Hm5GAEc" width="540"></iframe>Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-6911127522670952712014-03-18T08:32:00.001-07:002014-07-16T12:28:51.959-07:00Jalapão – de 22 de dezembro de 2013 a 03 de janeiro de 2014<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-DV5fyksQIWE/UtinD65QM2I/AAAAAAAADi0/FE2PDo6dgQA/s640/P1290175.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-DV5fyksQIWE/UtinD65QM2I/AAAAAAAADi0/FE2PDo6dgQA/s640/P1290175.JPG" height="300" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">É matéria infrutífera tentar mensurar o quanto grandes viagens modificam nossa existência. Em sua finita perdurância nos apresentam a desafios, que por sua vez nos defrontam com o medo, a angústia, o receio de fracassar e outros tantos sentimentos oriundos da incerteza e da desolação. O que sucede esses momentos de turbulência é o que dirá se a faina foi ou não meritória de tamanho esforço canalizado para uma determinada tomada de atitude. Acredito que essa seja a avassaladora diferença entre quem viaja sobre uma motocicleta e o dito turista: enquanto o primeiro avança progressivamente, enfrentando dificuldades e “metabolizando” tudo ao seu redor, o segundo se debruça no comodismo de se locomover somente até os pontos que lhe convém, esses preestabelecidos por alguém que digeriu previamente o local por ele, geralmente uma empresa que comercializa pacotes turísticos. Não que eu esteja intentando desmerecer o trabalho de profissionais dessa área, mas é que no meu modo de ver as coisas a liberdade é integrante fundamental na realização de uma viagem de grande porte. Não faz sentido vencer longas distâncias e estar sujeito a pré-conceitos e não ao libertário poder de você mesmo criar seus próprios conceitos. A incursão que será relatada a seguir é, portanto, mais do que um simples aglomerado de fotos e palavras de um turista, mas sim uma prova de que não se desbrava o Jalapão somente visitando seus pontos mais turísticos, e sim se atentando a sua fauna e flora exuberantes, serras imponentes, estradas precárias e vida difícil de um povo que, de tão simples, pode parecer a personificação inequívoca da timidez.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-asqQXgfqpYQ/UtihTPWzFII/AAAAAAAADi0/WbWI3DqKyX0/s640/P1280727.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-asqQXgfqpYQ/UtihTPWzFII/AAAAAAAADi0/WbWI3DqKyX0/s640/P1280727.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rumo ao Jalapão</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Rumar ao Jalapão requer muito preparo, tempo e planejamento, motivos pelos quais vinha contendo há meses meu ímpeto em conhecê-lo. Luana, minha sempre entusiasmada companheira, iria comigo. Porém, em um local pelo qual rodaríamos mais de 500km por estradas de chão, pedra e areia judiadas pelas mazelas do cerrado, eu carecia de uma outra companhia, de forma que um eventual problema mecânico na moto não me deixasse à mercê do acaso. Como não encontramos esse outro motociclista interessado em desbravar o vulgo “deserto brasileiro”, acostumamo-nos à ideia de irmos sós, correndo o risco supracitado. Felizmente, dois dias antes de partirmos o companheiro de outras aventuras Thiago Lucas se prontificou, dando-me um pouco mais de tranquilidade na concretização de meus intentos. Com a rota devidamente traçada, e que não necessariamente abrangia somente o Jalapão, no Tocantins, mas também um bom pedaço de Goiás e da Bahia, partiríamos para uma jornada por cinco Estados e um Distrito Federal, passando por três regiões distintas do Brasil (sudeste, centro-oeste e norte).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wGs-mLGyz-I/UtieNUfBboI/AAAAAAAADi0/mvMlLee8AlY/s512/P1280401_stitch.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-wGs-mLGyz-I/UtieNUfBboI/AAAAAAAADi0/mvMlLee8AlY/s512/P1280401_stitch.jpg" height="200" width="155" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Paranaíba</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Deixamos Americana no dia 22 de dezembro logo pela manhã. O caminho que enfrentaríamos até Brasília, nosso primeiro destino, seria o mesmo feito na viagem para a Chapada dos Veadeiros, ainda no começo do ano (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/05/chapada-dos-veadeiros-de-25-de-abril-04.html" target="_blank"><i><b>link</b></i></a>), e portanto não vou pormenorizá-lo. Mencionarei apenas a passagem pelo rio Grande, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, uma breve cruzada pelo Triângulo Mineiro e o esverdeado rio Paranaíba, que além de ser um natural divisor entre Minas Gerais e Goiás, demarca nossa passagem do sudeste para o centro-oeste. Sempre sentido norte fomos avançando pela BR-050 até o município de Cristalina, onde acessamos a BR-040. Para o leitor não achar que esse percurso foi tão rápido quanto minhas palavras, devo dizer que chegamos a Valparaíso de Goiás somente às 18h, sob forte chuva e enfrentando congestionamentos imensos na sempre conturbada rodovia de acesso à capital brasileira. Ali pernoitamos, após 850km rodados, chegando a Brasília apenas no dia seguinte, 23, por volta do meio-dia, já que a moto de Thiago apresentou vazamentos no retentor de bengala, obrigando-nos a uma parada no mecânico para a troca do mesmo. O Jalapão ainda estava longe, o tempo sisudo não cooperava e nossas motocicletas já davam indícios de que a empreitada não seria fácil. Por fim, adentramos a capital federativa para uma breve revisita ao Congresso Nacional e a Praça dos Três Poderes. Pela primeira vez eu via Brasília úmida, com o céu pesado (contrastando com a leveza da mão de alguns que ali trabalham), atípica portanto, relembrando-me que o ar seco e o calor acachapante são suas características mais marcantes.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-D8dBQ8Af_yU/UtieXOC0gDI/AAAAAAAADi0/myto1OzKcnM/s640/P1280434.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-D8dBQ8Af_yU/UtieXOC0gDI/AAAAAAAADi0/myto1OzKcnM/s640/P1280434.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Congresso Nacional</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-6HyCSBflftw/Utiei32jcdI/AAAAAAAADi0/v8R155E-Yzw/s640/P1280450.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-6HyCSBflftw/Utiei32jcdI/AAAAAAAADi0/v8R155E-Yzw/s640/P1280450.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estátua "A Justiça", com uma venda nos olhos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-9M7S664TFcY/UtiemL2kJ1I/AAAAAAAADi0/4s0ZRz_PWjg/s640/P1280453.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-9M7S664TFcY/UtiemL2kJ1I/AAAAAAAADi0/4s0ZRz_PWjg/s640/P1280453.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Protesto em frente ao Supremo Tribunal Federal</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-LPLvc0MJdTU/UtiesQVxEsI/AAAAAAAADi0/8Y8aJD3aMmo/s512/P1280456.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-LPLvc0MJdTU/UtiesQVxEsI/AAAAAAAADi0/8Y8aJD3aMmo/s512/P1280456.JPG" height="200" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Salto do Itiquira</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Deixamos Brasília pela asa norte, contornando os limites de Sobradinho e Planaltina. Pela BR-020 deixamos o Distrito Federal e retornamos ao Estado de Goiás, mais precisamente ao município de Formosa. Ali pretendíamos visitar pelo menos três atrativos: o Salto do Itiquira, o Poço Azul e o Buraco das Araras. Se a chuva nos permitisse, logicamente. Como o primeiro poderia ser facilmente alcançado via asfalto, numa bela estrada que entrecorta, rumo ao norte, as serras do Capimpuba e da Laranjeira, optamos por conhecê-lo nesse resto de segundo dia de viagem. Após cerca de 20km a estradinha simples dá uma guinada para o oeste e nos apresenta ao portal amadeirado do Parque Municipal do Itiquira, albergante da maior queda d'água de Goiás: o Salto do Itiquira. Ali é preciso deixar as motos e seguir a pé por uma trilha bem demarcada em meio à mata de galeria adjacente ao rio Itiquira. Ouve-se o tempo todo o cantar mavioso do tico-tico-de-bico-amarelo e o marulhar das águas nas pequenas corredeiras de pedras acinzentadas do leito do curso d'água. Após 400m de caminhada já vislumbrávamos os 168m do Salto do Itiquira despencando dos montes rochosos do extremo sudeste da Serra Geral do Paranã. Ao nos aproximarmos vamos nos encharcando cada vez mais devido à dispersão das gotículas ocasionada pelo contato da cachoeira com o fundo do vale e pela ação do vento. Para o nosso fortúnio o tempo se abriu momentaneamente, permitindo-nos fotografá-la sem pressa. Na volta para o centro urbano de Formosa, onde pernoitaríamos, até mesmo um semi arco-íris se exibiu defronte a pequena Serra da Melancia.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-duuFp9zd5Bg/Utie2kOs-dI/AAAAAAAADi0/ECjp8w2KAfI/s576/P1280474_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-duuFp9zd5Bg/Utie2kOs-dI/AAAAAAAADi0/ECjp8w2KAfI/s576/P1280474_stitch.jpg" height="284" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Salto do Itiquira</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-7_m0iUNBfjk/Utie9gyIzlI/AAAAAAAADi0/73Uhd5pBZJs/s640/P1280488.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-7_m0iUNBfjk/Utie9gyIzlI/AAAAAAAADi0/73Uhd5pBZJs/s640/P1280488.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tico-tico-de-bico-amarelo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-qOQ4OqvRryI/UtifAjiOFRI/AAAAAAAADi0/z-17EDwvYkc/s912/P1280496_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-qOQ4OqvRryI/UtifAjiOFRI/AAAAAAAADi0/z-17EDwvYkc/s912/P1280496_stitch.jpg" height="127" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Melancia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-dHznfJt8k8Y/UtifdsbelxI/AAAAAAAADi0/upAozdCqyDA/s640/P1280564.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-dHznfJt8k8Y/UtifdsbelxI/AAAAAAAADi0/upAozdCqyDA/s640/P1280564.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada para o Poço Azul</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Chovera a noite toda. No dia seguinte, 24, as nuvens negras teimavam em ocupar boa parte do firmamento goiano, mas pelo menos não chovia. Arriscamos, então, arrostar uma estrada de chão (leia-se barro) de mais de 35km, a partir do distrito formosense de Bezerra, para conhecermos o Poço Azul (ou Lago Azul), um afloramento do lençol freático de um azul cristalino incrustado nas fazendas da zona rural de Formosa. Atravessamos extensas e profundas valetas com água pelas canelas, o que rendeu a Thiago o primeiro tombo da incursão. Felizmente nada sofreu de mais grave, mas ainda assim foi um lembrete para seguirmos nos utilizando de boas doses de cautela. Após exaustiva 1 hora de pilotagem chegamos a um capão e localizamos uma trilha que se esgueirava mata adentro. Mais uma vez, daqui pra frente somente a pé. Uma caminhada de menos de 200 metros e pronto. O poço em forma de pião, com um imenso caule dividindo-o ao meio, ostentava seu azul perfeito que, em sintonia com o verde da mata ciliar de galeria, dava-lhe um aspecto único, diferente de todos os outros Poços ou Lagoas Azuis que eu conhecera até então. As fotos realmente não me deixam mentir: não é Azul porque “lembra” a cor azul. O azul é muito azul, marcante em demasia. Diz-se que esse fato se deve ao seu fundo de calcário. A verdade é que esse fundo, em alguns pontos, chega a ter 8 metros de profundidade. Mas não é somente isso que impressiona. A água é morna, daquelas que não chocam ao contato com o corpo. Os lambaris, às centenas, promovem uma massagem natural ao mordiscarem insistentemente caso permaneçamos imersos e hirtos por alguns segundos. Enfim, é um pequeno e singular ambiente, de talvez 15 por 10 metros, mas que demonstra grandeza mesmo não tendo dimensões amazônicas.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-CffBvx9gZEw/UtifFHyNIWI/AAAAAAAADi0/4fXzuYRmb4k/s640/P1280526.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-CffBvx9gZEw/UtifFHyNIWI/AAAAAAAADi0/4fXzuYRmb4k/s640/P1280526.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Uk9uicdDae8/UtifJMUGzTI/AAAAAAAADi0/XsPRdUHgbLA/s640/P1280529.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Uk9uicdDae8/UtifJMUGzTI/AAAAAAAADi0/XsPRdUHgbLA/s640/P1280529.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-huRgvlCPhWw/UtifSgl2aTI/AAAAAAAADi0/ODCf7Qws8bY/s512/P1280550_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-huRgvlCPhWw/UtifSgl2aTI/AAAAAAAADi0/ODCf7Qws8bY/s512/P1280550_stitch.jpg" height="320" width="253" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Poço Azul</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-YYF9ANWDm2I/UtigRgco7CI/AAAAAAAADi0/g4OH994j0oE/s640/P1280639.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-YYF9ANWDm2I/UtigRgco7CI/AAAAAAAADi0/g4OH994j0oE/s640/P1280639.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Buraco das Araras</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Voltamos pelos 35km de terra até Bezerra, almoçando algumas mangas pelo caminho e desviando de boiadas e sertanistas, e rumamos para o norte pela BR020. Seis quilômetros depois deixávamos a “segurança” do asfalto para adentrarmos uma estradinha pedregosa e poeirenta a oeste. Aí foram mais 9km cortando pastagens e cerrado e topamos com uma porteira fechada, mas destrancada. Uma plaqueta rústica nos informava que tratava-se de uma propriedade particular e que, portanto, deveríamos pagar uma taxa para visitá-la. Havia uma cabana de madeira, é verdade, mas ninguém para receber a paga. Luana abriu a porteira e entramos incautos, pilotando pelos últimos metros até o Buraco das Araras, o derradeiro atrativo de Formosa no nosso roteiro. É, em suma, uma caverna vertical com 120m de profundidade por 100m de diâmetro. Para utilizarmos o termo mais correto, é uma furna, formada pelo desabamento de um teto quartzítico. Para os mais leigos, é um buraco gigantesco no meio do cerrado. Diferente do Poço Azul, onde o adjetivo “azul” vem bem a calhar, aqui o termo “araras” não é condizente com a realidade da avifauna local. Não há arara alguma, mas sim bandos e mais bandos de maritacas que se agrupam nas rochas verticais que emparedam a dolina. Outros espécimes que vivem por ali: o gibão-de-couro, a saíra-amarela, a guaracava, a patativa e incontáveis e inclassificáveis membros da subespécie Elaenia. A trilha para descê-la é perigosa, razão pelo qual muitos preferem o rapel para esse fim. Escorando nos pontos negativos, onde não existia apoio para os pés, chegamos ao fundo e, entre samambaias selvagens enormes, obtivemos, olhando para cima, aquela vista de “portal para o céu”. Cada passo é ecoado por essa imensa caixa acústica da natureza. Rochas calcárias amontoadas nos lados norte e sul nos lembram que esse buraco está em constante metamorfose. E cheio de morcegos, diga-se de passagem. Como eu não trouxera minha lanterna (esquecera-a na moto), não pudemos explorar as galerias mais profundamente onde, dizem, há um lago de mais de 30m de extensão. Nele se pratica mergulho.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-He2-VqfhRGY/UtifpmAF2ZI/AAAAAAAADis/GLxziOkWqAc/s640/P1280590.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-He2-VqfhRGY/UtifpmAF2ZI/AAAAAAAADis/GLxziOkWqAc/s640/P1280590.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dentro do Buraco das Araras</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-s9HU238Dbp4/UtigHrwfg6I/AAAAAAAADi0/STTHc7XdIHc/s640/P1280622.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-s9HU238Dbp4/UtigHrwfg6I/AAAAAAAADi0/STTHc7XdIHc/s640/P1280622.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Saíra-amarela</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-C4Ujf6Dtr0I/UtigN21L2bI/AAAAAAAADi0/Q8mCGUe_zHA/s640/P1280631.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-C4Ujf6Dtr0I/UtigN21L2bI/AAAAAAAADi0/Q8mCGUe_zHA/s640/P1280631.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Elaenia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-aHNvpKWLKWg/UtigbAjJ_nI/AAAAAAAADi0/b9fXJtZPg9A/s640/P1280661.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-aHNvpKWLKWg/UtigbAjJ_nI/AAAAAAAADi0/b9fXJtZPg9A/s640/P1280661.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lago Getúlio Vargas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Subir de volta para a superfície foi duas vezes mais difícil do que o fora descer. Todo o esforço físico foi recompensado, obviamente, pela placidez do local, pois, assim como no Poço Azul, tiramos a sorte grande, já que nenhum outro visitante se encontrava por ali. Nossa estadia em território formosense, contudo, se encerrava naquele instante. Voltamos os 9km de terra até a BR-020 e aceleramos sentido norte, derrocando, cansados, os perímetros urbanos de Alvorada do Norte e Simolândia, cidades irmãs apartadas das apenas pelo rio Corrente. O grande trunfo dessa via asfaltada é que durante quase todo o seu percurso, daí pra frente, é acompanhado, a leste, pela imponente Serra Geral de Goiás, que divide naturalmente os Estados de Goiás e Bahia. Já eram passadas 17h e, como não sabíamos o que encontrar pela frente, optamos por pernoitar na pequena cidade de Posse. Passamos por lá o Natal, uma data que, por não ser cristão, não significa coisa alguma para mim, mas que indubitavelmente freia meu ânimo por se tratar de um evento festivo. Não me vejo correndo contra o tempo e me esforçando em demasia enquanto todos os outros estão se preparando para sentar e aproveitar o momento. Meu espírito se reanimou apenas no amanhecer de 25 de dezembro, quando continuamos nossa peleja pela BR-020 e adentramos o Estado da Bahia. Pela primeira vez na História os pneus de minha moto se atritavam com o solo baiano. Estávamos agora no Chapadão Ocidental da Bahia ou do São Francisco, onde a altitude se mantinha na casa dos 850 metros e as plantações de soja ocupavam tudo ao nosso redor. Apeamos, para as primeiras fotos nordestinas de nossa incursão, às margens do lago Getúlio Vargas, um oásis do rio Galheirão convidativo para um banho no meio dos campos cultivados. É o território do caboclinho e de incontáveis espécies de borboletas. Uma água cristalina, emparedada por escarpas de arenito, coqueiros e buritis. Enfim, a Bahia e o nordeste nos mostravam seu cartão de visitas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-TIvDhPGaLQA/Utigf4XZ-kI/AAAAAAAADi0/vCl-bqWf-JQ/s640/P1280668.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-TIvDhPGaLQA/Utigf4XZ-kI/AAAAAAAADi0/vCl-bqWf-JQ/s640/P1280668.JPG" height="241" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caboclinho</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-CE2McNAb3bo/UtigmY0oaZI/AAAAAAAADi0/8RsEOsZalhI/s640/P1280671.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-CE2McNAb3bo/UtigmY0oaZI/AAAAAAAADi0/8RsEOsZalhI/s640/P1280671.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tiziu</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-0tTXjHA06Y8/UtigsSPlrcI/AAAAAAAADi0/3ofl24JK9VU/s640/P1280687.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-0tTXjHA06Y8/UtigsSPlrcI/AAAAAAAADi0/3ofl24JK9VU/s640/P1280687.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Galheirão</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-nmk5vuS_gcM/Utig5prNY_I/AAAAAAAADi0/lvN1kT9Pmm0/s512/P1280691_stitch.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-nmk5vuS_gcM/Utig5prNY_I/AAAAAAAADi0/lvN1kT9Pmm0/s512/P1280691_stitch.jpg" height="200" width="185" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Acaba Vida</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Sempre pela BR-020 continuamos sentido norte, aprofundando-nos no estado baiano. Muitos hão de questionar nossa rota, que certamente não é a mais curta para o Jalapão, mas a questão é que pretendíamos conhecer uma cachoeira muito famosa do sul da Bahia e que não estava muito distante dali. Passamos pelo distrito de Roda Velha, pertencente a São Desidério, pela cidade de Luiz Eduardo Magalhães e, pendendo para o leste na BA-242, seguimos até o chamado Anel da Soja, onde novamente subimos para o norte, mas agora pela BA-459. Passamos uma ponte sobre o rio de Janeiro e entramos para o leste logo na primeira oportunidade. O asfalto desapareceu e uma estrada de chão, pobre em areia, nos levou para o sul, onde novamente atravessamos o rio supracitado por uma ponte rústica de madeira. Menos de 1km depois apeávamos à entrada da cachoeira do Acaba Vida, que apesar de extremamente vistosa é de livre e gratuita visita. Descemos o vale do rio de Janeiro por uma trilha íngreme, mas tranquila, e dos mirantes em clareiras da mata ciliar fotografamos essa estupenda cachoeira, na verdade mais parecida com cataratas, pois não cai uniformemente, mas sim em várias canaletas distintas que se reagrupam somente no fundo do vale. Sua altura não é muito intimidadora, visto serem apenas 36 metros de queda, mas com uma virulência digna de cascatas de maiores dimensões. Chovera muito nos dias anteriores e com certeza a caudalosidade do rio de Janeiro se potencializara, aumentando o poderio da cachoeira. Aproximar-se era impossível devido à força da água. E por falar em força, decidimos estender a estadia na Bahia para conhecer uma outra cachoeira, no mesmo rio, dezesseis quilômetros à frente e que, diziam, era ainda mais forte que a do Acaba Vida. Achamos que seria por estradas de chão batido, mas na verdade era um areião digno de Rally dos Sertões. Foi aí que Luana e eu sofremos nosso primeiro tombo, amortecido pela areia fofa do vão entre a Chapada São Vicente e a Serra da Bandeira. Ao chegar a Cachoeira do Redondo, como é conhecida, constatamos ser bem menor (por volta de 15 metros), e tão truculenta (mais uma vez por causa da chuva) que não arriscamos um banho. Vale frisar que essas duas cachoeiras pertencem ao município de Barreiras, apesar de nunca termos chegado ao seu centro urbano.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-AUYHVCdaSrY/Utig_d2IW2I/AAAAAAAADi0/BoC8BlyUUDU/s720/P1280705_stitch2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-AUYHVCdaSrY/Utig_d2IW2I/AAAAAAAADi0/BoC8BlyUUDU/s720/P1280705_stitch2.jpg" height="258" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Acaba Vida</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wdfPxQq7-yA/UtihC-RFwjI/AAAAAAAADi0/WbgyRgmDLJM/s912/DSCN7616_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-wdfPxQq7-yA/UtihC-RFwjI/AAAAAAAADi0/WbgyRgmDLJM/s912/DSCN7616_stitch.jpg" height="171" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arco-íris sobre o rio de Janeiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-rA6G1CV5gjU/Uyg10Y7GtuI/AAAAAAAADkI/SkSyyg3M9sk/s640/P1280714.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-rA6G1CV5gjU/Uyg10Y7GtuI/AAAAAAAADkI/SkSyyg3M9sk/s640/P1280714.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Redondo</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-hPoAAcUA3ZQ/UtihMLDvtdI/AAAAAAAADi0/1tMc2mrqmKw/s640/P1280720.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-hPoAAcUA3ZQ/UtihMLDvtdI/AAAAAAAADi0/1tMc2mrqmKw/s640/P1280720.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro da Testa Branca</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Voltamos pela estrada de areia até a BA-459 e, ao ganharmos o asfalto, eis que nossa companheira úmida, a chuva, retornara. E assim continuamos, assolados por ela, enquanto pilotávamos pelos últimos quilômetros da Bahia. Seguindo para o oeste pela BA-262 e depois para o noroeste pela BA-460, adentramos o Tocantins e a região norte do país, uma terra outrora propriedade de Goiás, mas que ganhou sua independência em 1989. É, portanto, o Estado mais jovem do Brasil. Lembro-me que, ao mencionar que iria para o Tocantins (bico de tucano, em tupi), muitos me questionaram: onde fica essa cidade? Pois bem, não é uma cidade. É o Estado-coração do país. Bem hipertrofiado, diga-se de passagem. São quase 280 mil km², maior até mesmo que muitas nações sul-americanas, como o Equador. Nossa entrada nesse caçula tupiniquim se deu por uma das mais belas serras já vislumbradas em todos esses meus anos motociclísticos: a Serra Riacho de Areia, uma subdivisão da Serra Geral de Goiás. O Morro da Testa Branca e o Morro Ilha do Pequizeiro são presenças notáveis no cenário que, a esta altura, já sentia a ausência da luz do sol, que se debandava a oeste. Some-se a isso a chuva, que começava a apertar, e o asfalto sofrível dessa região. Tivemos que debandar rapidamente, pois a pilotagem noturna seria uma loteria na qual não estávamos dispostos a apostar. É uma pena que não pudemos apreciar a paisagem com mais esmero (e mais luz). Numa toada lenta, continuamos nos embrenhando Tocantins adentro, passando pela minúscula cidade de Novo Jardim e por um de seus distritos, Amaralina, até chegarmos em Dianópolis, onde pernoitamos. Foi aí que nos disseram que poderíamos atrasar nossos relógios em uma hora. No Tocantins não há horário de verão.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-0MoTjeVY0xM/UtihFn3kGbI/AAAAAAAADi0/YfVFOzOK6po/s912/P1280715_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-0MoTjeVY0xM/UtihFn3kGbI/AAAAAAAADi0/YfVFOzOK6po/s912/P1280715_stitch.jpg" height="138" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra Geral de Goiás, no Tocantins</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-IFeaYe90wtE/UtihpYhcSJI/AAAAAAAADi0/-buVgfaHeaw/s512/P1280753%2520Panorama.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-IFeaYe90wtE/UtihpYhcSJI/AAAAAAAADi0/-buVgfaHeaw/s512/P1280753%2520Panorama.jpg" height="200" width="152" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Fumaça</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 26 de dezembro de 2013. Após um breve percurso pela TO-476 chegávamos à minúscula Rio da Conceição. Enfim estávamos nas entranhas do Jalapão, mais precisamente em sua “porta” sul. Friso aqui que muitos pensam que o Jalapão se trata de uma cidade, mas é, na verdade, uma microrregião do Estado do Tocantins e que, por gozar de características singulares, abrange também pequenas porções da Bahia, Piauí e Maranhão. Explicando em números, são 53 mil km² de área total, sendo que 34 mil estão no Tocantins. Engloba 15 municípios, e Rio da Conceição, que não dispõe sequer de um posto de combustíveis (pagamos R$8 ao dono de um bar por uma garrafa pet com 2 litros de gasolina), não é um deles, mas é a partir daqui que se ramifica uma estrada de chão que adentra o sul do Jalapão. E por ela pilotamos tranquilamente, já que seu estado não era nada calamitoso. Trechos de pedra, poucos e ralos bancos de areia e muito cerrado adjacente. Retas a perder de vista, avifauna ululante e um céu que se abria, fechava e se abria novamente em questão de minutos. Araras-canindés víamos aos pares, mas foi impossível registrá-las. O urubu-de-cabeça-amarela (que apesar do nome é cindido com uma face multicolorida), espécie relativamente difícil de ser encontrada, não nos escapou, contudo. Quarenta quilômetros após Rio da Conceição entramos em definitivo no Jalapão através de uma área preservada (existem diversas por aqui), a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, com 716 mil hectares. É de acesso livre, tanto que a estrada a entrecorta, e seu primeiro atrativo, acessível por uma trilha a pé beiradeante ao rio das Balsas, é a famosa cachoeira da Fumaça, assim nomeada por ter uma queda potente e uma dispersão de gotículas poderosa apesar da altura de apenas 18m. É em seu vale que é facilmente visto o udu-de-coroa-azul.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-XgD3DScMQ3Y/Utihu0gnA5I/AAAAAAAADi0/CImH3fX20hg/s912/P1280765_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-XgD3DScMQ3Y/Utihu0gnA5I/AAAAAAAADi0/CImH3fX20hg/s912/P1280765_stitch.jpg" height="216" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio das Balsas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_JOZi3l5uKY/UtihYZRQFyI/AAAAAAAADi0/YTjzLfFc-nc/s640/P1280733.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-_JOZi3l5uKY/UtihYZRQFyI/AAAAAAAADi0/YTjzLfFc-nc/s640/P1280733.JPG" height="241" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Urubu-de-cabeça-amarela</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-qydJeYI2278/UtlxelxSDqI/AAAAAAAADjo/C0c6hgQ-x5M/s512/P1280758.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-qydJeYI2278/UtlxelxSDqI/AAAAAAAADjo/C0c6hgQ-x5M/s512/P1280758.JPG" height="320" width="239" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Udu-de-coroa-azul</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-i95qPpzP7ls/Utih2OQmpnI/AAAAAAAADi0/q1mbzLYxQUI/s640/P1280777.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-i95qPpzP7ls/Utih2OQmpnI/AAAAAAAADi0/q1mbzLYxQUI/s640/P1280777.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ribeirão Traíras</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Mais terra a noroeste. A estrada seguia perfeita, batida, e 22km depois chegávamos ao rio Soninho. Há uma cachoeira por ali, mas não fomos capazes de encontrar a trilha de acesso. Esse é o problema quando não há vilas, habitantes solitários ou qualquer outro transeunte pelas redondezas. Não víramos sequer uma alma desde Rio da Conceição, e tal dado pode parecer uma vantagem, mas em alguns momentos faz uma falta desgraçada, uma vez que cartas topográficas e dados de <i>gps</i> nem sempre são exatos e confiáveis. Prosseguindo, cruzamos o leito rochoso do ribeirão Traíras, a essa altura sob uma forte chuva. Veio avassaladora, nos encharcou por completo e logo foi embora. Quando o tempo se abriu chegamos a um conjunto de morros, dentre os quais podemos destacar o Morro da Cruz. Todos são facilmente acessados por escalaminhada, tomando-se o devido cuidado com a sensibilidade das rochas que os compõem (arenito), pois desfazem-se ao mínimo de força dispendida ao apoiar-se para a ascensão. Do cume de todos esses morros é visível o cartão-postal mais emblemático do Jalapão: a Pedra Furada. Chegar aos seus pés, entretanto, não é tão fácil quanto discerni-la no horizonte. Há uma estrada de areia em linha reta de cerca de 2km, mais fofa que areia de mar. Por sorte chovera minutos antes e estava encharcada, compacta, mais dura que o usual. Envolta pelo cerrado e por plantações de soja estava ela, a Pedra Furada, um maciço arenítico gigantesco, vazada por uma “porta”, a leste, e algumas “janelas”, a oeste, através das quais se pode vagar de um lado para o outro do monumento natural, sempre acompanhado pelo barulho incessante de morcegos e vespas que fazem moradia na escuridão das frestas mais profundas. Por falar em fauna, uma cobra se aquecia sobre a rocha avermelhada: a corre-campo. Em alguns pontos, como na “porta” supracitada”, vê-se listras de um vermelho mais intenso contrastando com áreas de um vermelho mais esbranquiçado; em outros há um degradê rubro. Enfim, é uma peça única de mais de 100m de comprimento e talvez 30 de altura (suposições a olho nu).</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-bmpc-UtiHas/Utih99HKJRI/AAAAAAAADi0/qTIps_2SWyo/s912/P1280804_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-bmpc-UtiHas/Utih99HKJRI/AAAAAAAADi0/qTIps_2SWyo/s912/P1280804_stitch.jpg" height="152" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morros do Jalapão</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-krsOOUX_57Y/Utiiapquf-I/AAAAAAAADi0/zflbDQOD5XI/s912/P1280840_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-krsOOUX_57Y/Utiiapquf-I/AAAAAAAADi0/zflbDQOD5XI/s912/P1280840_stitch.jpg" height="183" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra Furada</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-9gm-PgFAeIU/UtiiPmmNU7I/AAAAAAAADi0/AfaMt3KaWKc/s512/P1280833.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-9gm-PgFAeIU/UtiiPmmNU7I/AAAAAAAADi0/AfaMt3KaWKc/s512/P1280833.JPG" height="320" width="239" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cobra corre-campo</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-kGRSIQtRYA8/UtiixqNDb_I/AAAAAAAADi0/1P8jXOJBOZY/s640/P1280875.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-kGRSIQtRYA8/UtiixqNDb_I/AAAAAAAADi0/1P8jXOJBOZY/s640/P1280875.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte Alta do Tocantins</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Saindo da Pedra Furada e seguindo para o oeste calhamos no asfalto da TO-130. Rumamos para o norte e rapidamente chegamos à primeira cidade do Jalapão por essa rota: Ponte Alta do Tocantins. A nomeia o rio que a entrecorta e a abastece: o Ponte Alta. Foi às suas margens que escutamos o estardalhaço dos periquitos e maracanãs no fim da tarde, e que pernoitamos, ao barulho dos veículos que, um por um, cruzavam de oeste a leste da cidade por uma antiga e perigosa ponte de tábuas com 60 metros de “extenção”, segundo uma placa de bronze. Ver esse erro de português me causou um riso. Vez ou outra debochamos da ingenuidade e da falta de tato de certas pessoas, mesmo nos sentindo mal em fazê-lo, e o mundo sempre devolve nossa falta de humildade com a mesma moeda. No outro dia senti a reação na alma. Minha moto acordara no chão, deitada, com o retrovisor esquerdo quebrado e o tanque ralado. Chovera a noite toda e o descanso lateral afundou no solo arenoso do Tocantins. Se eu fosse tão esperto quanto o fui ao tirar sarro de um leviano erro de português, teria sido cuidadoso e colocado um calço para evitar o acidente. Prejuízos à parte, despedimo-nos de três motociclistas paulistanos que conhecêramos na noite anterior e entramos, com chuva mesmo, na rodovia TO-255. Engana-se quem imagina que, por ser uma rodovia, é asfaltada e tem boas condições de tráfego. É pura terra, pedra e areia, que somadas ao ingrediente chuva se transformam em lama, tão escorregadia quanto o dinheiro do proletariado brasileiro. O bom é que, a partir dela, vários atrativos do Jalapão podem ser acessados. O primeiro, quinze quilômetros após Ponte Alta do Tocantins, é o Cânion do rio Sussuapara. É pequeno, com talvez oito metros de altura, mas vem serpenteando, seguindo os contorno do rio do norte para o sul. O rio nasce, de fato, a poucos metros dali, e suas águas são frias, pois a luz solar não é capaz de penetrar pelo estreito cânion.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-DNf0GmDGbIg/Utii3ZsAFlI/AAAAAAAADi0/MGimTHOCAWM/s512/P1280890.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-DNf0GmDGbIg/Utii3ZsAFlI/AAAAAAAADi0/MGimTHOCAWM/s512/P1280890.JPG" height="320" width="240" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-hZEOu2MBhYo/Utii7crhYLI/AAAAAAAADi0/PjHFxAxDESY/s512/P1280895.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-hZEOu2MBhYo/Utii7crhYLI/AAAAAAAADi0/PjHFxAxDESY/s512/P1280895.JPG" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cânion do rio Sussuapara</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-MRPBq7A1N64/UtijbdjlOvI/AAAAAAAADi0/Bq-ifGtDa7U/s640/P1280978.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-MRPBq7A1N64/UtijbdjlOvI/AAAAAAAADi0/Bq-ifGtDa7U/s640/P1280978.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Palmas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Do Sussuapara àdiante a chuva apertou, a estrada piorou e, para estragar ainda mais o cenário, a pastilha do freio traseiro de minha moto simplesmente perdeu a cerâmica. Por sorte eu tinha uma reserva, meia vida, e fizemos a substituição. Caía tanta água que sequer consegui tirar minha câmera para registrar o cerrado dos arredores, envolvido por uma atmosfera cinzenta. A 40km de Ponte Alta do Tocantins, 25km após o Sussuapara, o que parecia inevitável se viabilizou: a segunda pastilha também se degradou. A lama do Jalapão vitimava mais um. Encharcados e com minha moto sem freio traseiro, optamos por voltar a Ponte Alta para consertar os danos. Reencontramos os três motociclistas paulistanos nas proximidades do Sussuapara. Também enfrentavam o Jalapão sob a chuva. Luciano me emprestou um pedaço de arame para isolar o pedal do freio e não danificar o pistão, despedimo-nos novamente e chegamos a Ponte Alta, onde não encontramos pastilhas compatíveis, como era de se esperar. Nossa incursão pelo Jalapão se complicava. Restou-nos seguir, por asfalto, para Porto Nacional, uma das cinco maiores cidades do Tocantins. Pilotamos por 130km, passando pela pequena Monte do Carmo, e nada. Lá também não encontrei a peça necessária. Nossa última opção foi subir com alguma esperança para Palmas, a 60km dali. A capital tocantinense é a mais nova dentre todas as capitais do Brasil. Sua construção se iniciou em 1990 e até hoje, rodando pelas amplas avenidas, vê-se muitos terrenos ociosos. É uma cidade que aparenta abrigar menos de 240 mil habitantes, número informado pelo censo. O comércio, contudo, come solto como em todas as grandes cidades, e felizmente isso nos foi um ponto favorável. Encontramos a pastilha. Todavia, já era tarde. Pernoitamos no distrito de Taquaralto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-NMcpu57w8XE/UtijF8IaNpI/AAAAAAAADi0/0yqdeRg7ig4/s640/P1280902.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-NMcpu57w8XE/UtijF8IaNpI/AAAAAAAADi0/0yqdeRg7ig4/s640/P1280902.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Estadual do Lageado</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Surge o dia 28 e com ele a dúvida: adentrar ou não adentrar para o Jalapão com chuva? Thiago demonstrara interesse em voltar para Americana antes da virada do ano. O pouco tempo era, portanto, um empecilho. Aproveitamos o dia para conhecer um pouco melhor os arredores de Palmas, em especial a imponente Serra do Lageado, na parte leste da cidade. Primeiramente a vislumbramos pela TO-020, estrada que segue o contorno de seus contrafortes de oeste a leste e garante a subida pelo leste. Já no alto, seguimos as indicações para o Parque Estadual do Lageado, o que nos levou a uma estrada de chão nos píncaros da serra. Dois quilômetros depois surge o portal do parque, mas o mesmo estava fechado. Prosseguindo, passamos por alguns mirantes naturais, os quais alguns servem como rampa de voo de parapente. Parar em um desses pontos é se deliciar com um cerrado bem preservado, lar de pássaros de canto mavioso, como o bico-de-pimenta e o pássaro-preto. Uma parte da chapada é de responsabilidade da RPPN Boa Vista, e nela visualizamos o pica-pau-de-banda-branca e o joão-bobo, bem como o mamífero tatu-galinha. É de dentro dessa reserva que se vê também a cidade de Palmas e o rio Tocantins, de águas represadas. É o Lago do Lageado, para o qual nos dirigimos após descer a serra por um perigoso trecho de pedra. O sol deu as caras, banhamo-nos na Praia do Prata, uma praia artificial no lago, e observamos o trânsito lento de uma iguana pelo local. Enfim, sem perspectivas, encerrava-se mais um dia na vida daqueles que vieram de longe para conhecer o Jalapão, mas que viam esse plano diluir-se nas águas do verão tocantinense.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-rjiihgwvmqs/Utiks0JYkWI/AAAAAAAADi0/D37h2Ur7gjA/s640/DSCN7818.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-rjiihgwvmqs/Utiks0JYkWI/AAAAAAAADi0/D37h2Ur7gjA/s640/DSCN7818.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tatu-galinha</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-8DCO1nJzDTI/Utij6ctO0nI/AAAAAAAADi0/oz3GNaRLSbA/s640/P12900061.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-8DCO1nJzDTI/Utij6ctO0nI/AAAAAAAADi0/oz3GNaRLSbA/s640/P12900061.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Iguana</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-9ij8vaXJ2yI/Utijv5GvInI/AAAAAAAADi0/2JO1rYEM0eg/s640/P1280998.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-9ij8vaXJ2yI/Utijv5GvInI/AAAAAAAADi0/2JO1rYEM0eg/s640/P1280998.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia do Prata, no rio Tocantins</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/--gOu5MfdqcA/UtikKiHfN3I/AAAAAAAADi0/j75bDkvvCH4/s640/P1290024.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/--gOu5MfdqcA/UtikKiHfN3I/AAAAAAAADi0/j75bDkvvCH4/s640/P1290024.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Emas em Novo Acordo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O dia 29 trouxe alguma esperança. Durante o desjejum observamos longamente os céus e a predominância do azul nos deu algum alento. As esparsas nuvens e o forte calor eram convidativos à entrada em definitivo nos caminhos do Jalapão. E lá fomos nós, partindo já tarde de Palmas, às 10h, rumo a sua entrada noroeste via TO-020. Passamos pela pequena Aparecida do Rio Negro e por vastas plantações de soja, onde bandos de emas podem ser vistos ciscando placidamente. Cento e vinte quilômetros depois apeávamos em Novo Acordo, portal noroeste do Jalapão. Com menos de 4 mil habitantes, a cidade foi nosso último contato com o asfalto, pois nos próximos 3 dias a terra batida e a areia seriam nosso “pavimento”. E como não poderia ser diferente, a total falta de trânsito seria uma outra característica. Como não estávamos solitários, por assim dizer, não nos amedrontamos e seguimos numa lenta toada por uma região que, por ser arenosa e de cerrado ralo, já numa fase de transição para a caatinga, é por muitos taxado de deserto, muito embora não apresente as características para ser oficialmente considerado um. A altitude se mantinha na casa dos 200m e por horas a fio vimos apenas uma vegetação baixa e retorcida e veredas, onde palmeiras e buritis emprestavam suas sombras para nossos descansos esporádicos. Vivenciamos uma leve mudança de altitude na chamada Serra do Gorgulho, também conhecida como Morro Vermelho devido a suas arredondadas formações rochosas de cor avermelhada por ser composta basicamente de arenito. Foi o primeiro grande atrativo desde Novo Acordo, o que rendeu também o primeiro susto: ao subirmos uma rampa entre dois morros, tive que desacelerar para não colidir com a traseira da moto de Thiago, que ia na frente. Resultado: a moto foi deslizando para trás e Luana e eu caímos. Eis o segundo tombo da incursão. Felizmente não nos contundimos.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-vb0J3hUUoGc/Utikd4PDjvI/AAAAAAAADi0/weoWEQ7oMxk/s640/P1290040.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-vb0J3hUUoGc/Utikd4PDjvI/AAAAAAAADi0/weoWEQ7oMxk/s640/P1290040.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-kU_T9BmZmQ8/UtikkG98l4I/AAAAAAAADi0/M5JMGUhc42E/s640/P1290048.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-kU_T9BmZmQ8/UtikkG98l4I/AAAAAAAADi0/M5JMGUhc42E/s640/P1290048.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-THkQzmqas-c/UtiknDbmRgI/AAAAAAAADi0/Clh2ZHCaV1c/s912/P1290056_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-THkQzmqas-c/UtiknDbmRgI/AAAAAAAADi0/Clh2ZHCaV1c/s912/P1290056_stitch.jpg" height="138" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro Vermelho, ou Serra do Gorgulho</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-aLDydsd0NEQ/Utikz9AVjdI/AAAAAAAADi0/r3rwnjFfFXY/s640/P1290073.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-aLDydsd0NEQ/Utikz9AVjdI/AAAAAAAADi0/r3rwnjFfFXY/s640/P1290073.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Novo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Prosseguindo, já na tarde jalapoense, passamos pela divisa entre Novo Acordo e São Félix do Tocantins, demarcada naturalmente pelo rio Novo. Esse rio é proclamado como um dos últimos no mundo cuja água é potável. Nesse ponto não chegava a ser cristalina. Puxava mais para tons de marrom. Em suas barrancas ao leste vê-se dunas de areia em potencial, e digo em potencial porque alguns arbustos ainda tentam resistir com suas raízes fincadas no solo arenoso. Mais adiante, já na reta final para São Félix do Tocantins, passamos ainda pela famosa Serra da Catedral, uma chapada com uma ponta triangular sobressalente em sua face sul. Pela cor da serra eu acredito que seja composta por arenito e quatzito. É, na verdade, uma grande “caixa” na planície do Jalapão, que após a Serra do Gorgulho já apresentava altitudes na casa dos 400m. Cento e quarenta e seis quilômetros de terra após Nova Acordo e aportávamos na pequena São Félix do Tocantins. São apenas 1500 habitantes distribuídos por uma dezena de ruas. Há aqui apenas uma bomba de combustível, antiga, analógica, ao relento. A R$4,40 o litro abastecemos para, no próximo dia, seguir viagem rumo a Mateiros. Por ora nos contentamos em visitar a Praia do Alecrim, às margens do rio Soninho, um lugar onde pernilongos (aqui chamados de muriçocas) e borrachudos são os proprietários do espaço aéreo, picando vorazmente os incautos que se aproximam da água. Ao procurarmos um local para pernoite, reencontramos os amigos de São Paulo, que vinham de Mateiros, no sentido contrário ao nosso, e também pernoitariam em São Félix. Em seis, então, passamos o resto da noite na companhia do simples povo tocantinense, que sorve forrós (geralmente versões de famosas músicas brasileiras) em volume máximo e que, de tão acanhado, desconhece o estoque de seus próprios comércios. Era comum, por exemplo, pedirmos algo para comer e recebermos a resposta “tem nada, não”, mesmo vendo pacotes de biscoito no balcão.</span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-KjTZXbI2YBs/Utik6aYu3JI/AAAAAAAADi0/vPKtF0C2sX0/s640/P1290074.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-KjTZXbI2YBs/Utik6aYu3JI/AAAAAAAADi0/vPKtF0C2sX0/s640/P1290074.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Rodovia" jalapoense</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-5k_npgpZJ2M/UtilE9lzrjI/AAAAAAAADi0/6RWMJ3ctPFU/s640/P1290084.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-5k_npgpZJ2M/UtilE9lzrjI/AAAAAAAADi0/6RWMJ3ctPFU/s640/P1290084.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Catedral</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-v3Kfuv0_x8A/UtilXoxcs4I/AAAAAAAADi0/AggGqaT7mbY/s640/P1290098.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-v3Kfuv0_x8A/UtilXoxcs4I/AAAAAAAADi0/AggGqaT7mbY/s640/P1290098.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia do Alecrim, em São Félix do Tocantins</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-KfDYmS2Vbng/UtileBqqE7I/AAAAAAAADi0/4P8573tYWIY/s640/P1290101.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-KfDYmS2Vbng/UtileBqqE7I/AAAAAAAADi0/4P8573tYWIY/s640/P1290101.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cinco motos no Jalapão</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 30. Logo pela manhã nos dirigimos, os seis, para o chamado Fervedouro do Alecrim, distante 1,5km do “centro” de São Félix do Tocantins. Paga-se uma taxa de R$5 na entrada, uma simples palhoça, e palmilha-se uma trilha de aproximadamente duzentos metros entre altas bananeiras. Surge um poço de 10 metros de diâmetro, perfeitamente circular, de águas verde-esmeralda e borbulhante no centro. É uma nascente. O líquido verte do lençol freático, passando pela superfície arenosa e formando borbulhas. Por isso o chamam de fervedouro, pois, à primeira vista, a água parece ferver. Muitos acreditam que, por ter essa designação, a água seja quente, mas não passa de uma temperatura morna, agradável. No seu centro, o ponto máximo de borbulhamento, nada afunda, nem mesmo um inabilidoso nadador. É a força do aquifero vencendo a areia e jogando tudo para cima, formando um perfeito círculo negro de resíduos com dois metros de raio a partir do ponto de maior afloração. É uma bela forma de se refrescar na manhã de mais de 30º C, e a boa notícia é que viriam outros fervedouros pelos caminhos escaldantes do cerrado jalapoense. No afã de também visitá-los, despedimo-nos de nossos amigos paulistanos e enfrentamos mais terra rumo a Mateiros. Na saída de São Félix, um adeus amargo ao município: uma jiboia, a segunda maior cobra constritora do mundo (menor apenas que a sucuri), morta a pedradas no meio da estrada. Mesmo não sendo peçonhenta, o espécime de 1,5m de comprimento teve sua vida ceifada pelo preconceito e pela desinformação. Uns matam por matar, como o fazem com qualquer coisa que se movimente; outros matam porque creem ser peçonhenta. Ambos estão equivocados, e isso muito me entristece. Quem paga a conta é o belo animal, que poderia crescer ainda muito mais em tamanho e garbo.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-EHe2XNm4BVg/UtilkOPxM5I/AAAAAAAADi0/JMQLsU5OJQE/s640/P1290105.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-EHe2XNm4BVg/UtilkOPxM5I/AAAAAAAADi0/JMQLsU5OJQE/s640/P1290105.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Palhoça</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-6VVAxol5J0Y/UtiloHXZ0cI/AAAAAAAADi0/O0c5_cXOwH8/s640/P1290106.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-6VVAxol5J0Y/UtiloHXZ0cI/AAAAAAAADi0/O0c5_cXOwH8/s640/P1290106.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-An1xMKqVpJc/Util4ucMtOI/AAAAAAAADi0/dA1pI2yW40Q/s512/P1290110_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-An1xMKqVpJc/Util4ucMtOI/AAAAAAAADi0/dA1pI2yW40Q/s512/P1290110_stitch.jpg" height="320" width="267" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fervedouro do Alecrim</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-bILjjlTp3VE/UyhR_Hz-SYI/AAAAAAAADkY/FPike0jDU2A/s640/DSCN8013.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-bILjjlTp3VE/UyhR_Hz-SYI/AAAAAAAADkY/FPike0jDU2A/s640/DSCN8013.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Curicaca</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Rodamos, após a saída de São Félix, pela TO-110, uma rodovia estadual que logicamente não é asfaltada, como todas as vias do Jalapão. Tratores recentemente aplanaram-na, acelerando nossa toada, embora a mistura de terra batida e pedra não nos permitisse muita empolgação. O cerrado se consolidava ainda mais como uma grata companhia, mas nesse trecho já víamos algumas pequenas propriedades rurais e sua agricultura de subsistência, o que explica em parte a grande concentração de curicacas, aves que usufruem dos insetos e pequenos répteis que se proliferam nas plantações mais rasteiras. Aqui uma ressalva: muito se fala sobre os pontos cênicos do Jalapão, mas pouco sobre sua fauna. Por esse motivo Luana e eu não perdíamos a chance de registrar todo ser que se movia diante de nossos olhos. Não despontaram muitos, é bem verdade, mas toda essa observação fez com que os 50km entre São Féliz e o Fervedouro do Buritizinho passassem muito velozmente. Era o nosso segundo fervedouro, facilmente acessível por uma trilha de 200 metros bordejante a um regato de um metro de largura. De dimensões menores que o predecessor, ganhava-nos pelos olhos pela cor de suas mornas águas: um azul turquesa incrível, totalmente translúcido. As bananeiras, a exemplo do Fervedouro do Alecrim, derredoream o do Buritizinho, completando um cenário que vale certamente muito mais que os R$5 que um simples senhor cobra na palhoça de entrada. As águas do Jalapão, acredito, são os maiores trunfos dessa região, uma mostra de que um baixo índice demográfico é responsável direto pela manutenção da qualidade de nossos biomas. Como diriam muitas das pessoas que encontrei em minhas andanças, o ser humano é o único câncer do Planeta Terra.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-FVOgkl1jqDA/Util_WcrWhI/AAAAAAAADi0/QWaj7Cv0qYM/s640/P1290116.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-FVOgkl1jqDA/Util_WcrWhI/AAAAAAAADi0/QWaj7Cv0qYM/s640/P1290116.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-R6mnyEHi0Mw/UtimNxNoGhI/AAAAAAAADi0/heoXBRUU8AQ/s512/P1290123.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-R6mnyEHi0Mw/UtimNxNoGhI/AAAAAAAADi0/heoXBRUU8AQ/s512/P1290123.JPG" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fervedouro do Buritizinho</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-HW9Ufp1ZjRc/UtimcNgSJ6I/AAAAAAAADi0/iZ7jHK0w_OA/s640/P1290137.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-HW9Ufp1ZjRc/UtimcNgSJ6I/AAAAAAAADi0/iZ7jHK0w_OA/s640/P1290137.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Formiga</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">De volta na TO-110, descemos 2,5km, sentido sul, e localizamos o trevo de acesso à cachoeira do Formiga (DO mesmo, e não DA, por ser alusiva ao rio Formiga). Dentre todos os pontos turísticos do Jalapão, esse foi o que, de antemão, mais me cativou. As fotos que vi retratando esse lugar eram extraordinariamente belas. Esqueceram, entretanto, de relatar que a estrada de 5km para se chegar a ela é traiçoeira. Para começar, são vários atalhos abertos por jipeiros, caminhos que se entrelaçam e nos obrigam a passar por terrenos perigosos. Em um deles, num banco de areia, Luana e eu novamente fomos ao chão. Foi o terceiro tombo, e pela terceira vez não nos contudimos. Por fim, chegamos à palhoça de entrada, pagamos uma taxa e caminhamos pela pequena trilha que termina na cachoeira mais esverdeada a que já tive o prazer de descansar meus olhos. Não é alta, é verdade. Muitos a classificariam como uma simples corredeira. Contudo, o poço esmeralda é talvez unanimidade entre todos que o visitam. A incidência da luz solar desperta sua iridescência; a mata de galeria adjacente a protege o suficiente para que essa luz não seja ofuscante; pássaros, em especial a pipira-vermelha, saltam de galho em galho, alimentando-se das frutinhas do cerrado jalapoense; aracnídeos tecem suas teias entre as folhas dos baixos vegetais das margens, uma arapuca certeira para os insetos que procuram a água do rio Formiga. Enfim, todo o ambiente é propício para o deleite, bem como toda água, no calor do Jalapão, é convidativa a um banho. Não me recordo de ter me banhado tanto como aqui nessa região praticamente intocada do Estado do Tocantins.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-e1S4QVUL92g/Utim2ztVMGI/AAAAAAAADi0/WzixIdRM8k4/s912/P1290159_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-e1S4QVUL92g/Utim2ztVMGI/AAAAAAAADi0/WzixIdRM8k4/s912/P1290159_stitch.jpg" height="162" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Yuw2TgO5k14/UtimUhStpsI/AAAAAAAADi0/p7lHl1IhCM4/s640/P1290134.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Yuw2TgO5k14/UtimUhStpsI/AAAAAAAADi0/p7lHl1IhCM4/s640/P1290134.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-obXn6IjcKMk/UtimilkBiYI/AAAAAAAADi0/rylssc_JgMU/s640/P1290147.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-obXn6IjcKMk/UtimilkBiYI/AAAAAAAADi0/rylssc_JgMU/s640/P1290147.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A iridescência do rio Formiga</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-vbFT7ktplOE/UtinAJyoy8I/AAAAAAAADi0/EasPVT-KeBI/s640/P1290172.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-vbFT7ktplOE/UtinAJyoy8I/AAAAAAAADi0/EasPVT-KeBI/s640/P1290172.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capim-dourado</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Desculpem-me a redundância, mas devo dizer que, depois de uma visita e um banho na Cachoeira do Formiga, voltamos ao traçado retilíneo TO-110. Mesmo que auguremos, não há outras opções por aqui. Descemos, sentido sul, por 2,7km, e pendemos para o oeste na chamada Estrada da Mumbuca, estradinha de pedra, precária mas ainda assim trafegável. Passamos pelo estacionamento do Fervedouro, o qual adentraríamos na volta. Aceleramos, primeiramente, rumo ao Mumbuca, um povoado com pouco mais de 200 pessoas e duas dezenas de casebres, alguns de adobe, e que por anos vem se sustentando através do trabalho artesanal com o capim dourado, uma espécie de sempre-viva endêmica do Jalapão. A venda de brincos, colares, pulseiras e bolsas colabora com o sustento desse povo humilde e alegre, e que tempos atrás vivia do que plantava e da farinha que produzia. A recepção das crianças mumbuquenses foi no mínimo revitalizante, um incentivo para continuarmos firmes em nosso intento de atravessar uma das regiões mais inóspitas do Brasil, e que nem por isso deixa de esboçar um sorriso para os que se atrevem a desbravá-la. Apesar de ser contra o consumismo desenfreado, devo admitir que aqui é uma questão de sobrevivência. O capim-dourado é tudo o que esse povo tem. Que os abastados paulistanos, com seus enormes veículos traçados, continuem fomentando esse comércio. E para fechar em definitivo nossa curta e filosófica estadia na região de Mumbuca, voltamos pela mesma estrada e apeamos no supracitado “estacionamento” do Fervedouro. Ali deixamos nossas motos e seguimos a pé, vale abaixo, rumo a uma mata de galeria onde um senhor em uma rede, espantando muriçocas, nos cobra R$10 para um banho no maior e mais famoso Fervedouro do Jalapão, e que por isso não recebe outro nome a não ser pura e simplesmente Fervedouro, como se todos os outros fossem genéricos. Neste nada afunda, as bolhas que brotam do lençol freático são mais poderosas, formando pequenos chafarizes de areia subaquáticas. Mais um merecido banho seguramente abrigado pelas bananeiras do solo jalapoense.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-tKB4u-yLl9U/Utim8Mk2RmI/AAAAAAAADi0/bsVhxhK2RjE/s512/P1290171.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-tKB4u-yLl9U/Utim8Mk2RmI/AAAAAAAADi0/bsVhxhK2RjE/s512/P1290171.JPG" height="320" width="239" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Crianças do povoado Mumbuca</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-fAm-lK1a8CY/UtinSHzABcI/AAAAAAAADi0/gfe2WNTgWi4/s512/P1290183_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-fAm-lK1a8CY/UtinSHzABcI/AAAAAAAADi0/gfe2WNTgWi4/s512/P1290183_stitch.jpg" height="320" width="285" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fervedouro</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-FbJVZD6bF1Q/UtinXz6aFXI/AAAAAAAADi0/Ei1Ny9eRUw8/s512/P1290188.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-FbJVZD6bF1Q/UtinXz6aFXI/AAAAAAAADi0/Ei1Ny9eRUw8/s512/P1290188.JPG" height="200" width="149" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Hortêncio</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Muitos chamariam isso de dia e encerrariam suas atividades. Nós, no afã de conhecer tudo o que fosse possível nos dias em que estivemos no Jalapão, ainda queríamos mais. Valemo-nos, então, de uma dica de Luciano, um dos motociclistas paulistanos que encontráramos por esses confins. Chegamos à cidade de Mateiros, no coração dessa região, e logo encontramos um pouso para a noite. Livramo-nos do excesso de bagagem e partimos para uma estrada (de terra e areia, mas a essa altura o leitor já deveria ter subentendido) rumo a Bahia, sentido leste. Logicamente não chegamos a esse Estado. Pilotamos por 8,5km até o “acesso”, ao sul, de uma estrada de areia quase tomada pelo cerrado devido ao pouco trânsito de veículos. Não há placas ou qualquer outra indicação. Intentávamos procurar por ali a cachoeira do Hortêncio. Pois bem, em alguns momentos pensamos em desistir, primeiro devido à precariedade da estrada, que quando sumia nos obrigava a roçar o cerrado com nossas motos; segundo por causa sol, que já não nos dava a segurança de sua luz, visto que se punha a oeste; e terceiro porque minha moto começou a esquentar demais, reticendo aquela incômoda luz vermelha no painel. Com muito esforço, e andando um bom trecho a pé sobre um extenso campo de capim-estrela, localizamos a pequena cachoeira, de talvez sete metros de queda. Não é a mais bela do Jalapão, nem mesmo a mais alta, mas o desafio de encontrá-la foi um feito equiparável ao dos mais bravios guerreiros sobre duas rodas. E na volta, já sem a luz natural do sol, um tombo na areia, para nos mantermos em alerta. Meu pé direito ficou preso na moto tombada, e um momento de força de Luana foi oportuno para que ela a erguesse por alguns milímetros de modo que eu me livrasse. Agora sim chamamos isso de dia e voltamos para Mateiros, cidade com 2 mil habitantes onde a gasolina é artigo de luxo, custando mais de R$4 o litro. Penamos para nos alimentarmos após um dia inteiro passado com as calorias de um café da manhã magro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-lJXk27H5LEg/Utin4ArSOxI/AAAAAAAADi0/Fv1ORQjE5pI/s640/P1290226.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-lJXk27H5LEg/Utin4ArSOxI/AAAAAAAADi0/Fv1ORQjE5pI/s640/P1290226.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Espírito Santo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Manhã do dia 31, a última do ano de 2013. Contrariando toda a letargia que eiva essa data caímos logo às 7 da manhã na estrada. O trecho entre Mateiros e Ponte Alta do Tocantins, feito pela TO-255, foi o mais caótico de toda a incursão pelo Jalapão, mas cenicamente foi o mais prazeroso. Vinte e cinco quilômetros após Mateiros, por exemplo, passa-se pelos contrafortes sulistas da Serra do Espírito Santo. São imponentes chapadas de quartzo, umas mais elongadas, feito mesas, e outras mais curtas e pontiagudas, lembrando vulcões. Essas formações que dão origem ao próximo atrativo. São 8km de puro êxtase beiradeando esses paredões para se chegar ao acesso às Dunas do Jalapão, na parte oeste da serra. O problema é que a partir daí são mais 5km de pura e fofa areia, a coqueluche dos motociclistas. Cair é quase uma certeza, mas acredito que os tombos de Luana e eu nos capacitaram a derrocar sem maiores sustos a arenosa via, muito embora isso tenha levado cerca de 20 minutos. A recompensa veio primeiramente com a vista de um lago, cercado por capim-estrela e buritis e com a Serra do Espírito Santo como pano-de-fundo, e depois com as dunas em si, uma paisagem que só pode ser desfrutada a pé. São mais de 30 metros de altura de areia dourada, mais escura que as vistas no litoral, visto ser areia de quatzo, a mesma da serra adjacente. As chuvas erodem a Serra do Espírito Santo, formando bancos dessa areia que, a partir de então, são moldados constantemente pelos ventos. Não tem, portanto, sempre a mesma forma, uma volatilidade que cria lagos intermitentes enquanto assoreia outros. É o que acontece com o riacho que passa pelo seu perímetro, um afluente do rio Novo. Dizem que já foi muito mais caudaloso no passado, e hoje pode ser facilmente atravessado a pé, com águas pelas canelas. Tenho o prazer de mencionar que aqui não é o ser humano quem abrevia a vida de uma obra da natureza, e sim a própria natureza, a mãe ainda soberana do Jalapão.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-eMB0hI0TNOA/Utin_BAVnII/AAAAAAAADi0/GMmIVPxvwz8/s640/P1290231.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-eMB0hI0TNOA/Utin_BAVnII/AAAAAAAADi0/GMmIVPxvwz8/s640/P1290231.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lago próximo às dunas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-QFpFnHKhSAc/UtioXc0ZOyI/AAAAAAAADi0/NUGOG97TPNM/s912/P1290251_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-QFpFnHKhSAc/UtioXc0ZOyI/AAAAAAAADi0/NUGOG97TPNM/s912/P1290251_stitch.jpg" height="220" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Riacho afluente do rio Novo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/--SFkNvrmdNg/UtiobHSE8lI/AAAAAAAADi0/OQFuLmubZbA/s640/P1290282.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/--SFkNvrmdNg/UtiobHSE8lI/AAAAAAAADi0/OQFuLmubZbA/s640/P1290282.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dunas do Jalapão</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-oESsRsOqo0E/UtipOYiAlKI/AAAAAAAADi0/2uywH3-7HzE/s640/P1290368.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-oESsRsOqo0E/UtipOYiAlKI/AAAAAAAADi0/2uywH3-7HzE/s640/P1290368.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Velha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Voltamos os 5km de areia e retomamos nossa cruzada pela TO-255. Já era passado meio dia e nossa debilidade era visível. Como agravante, estávamos seguindo sentido Ponte Alta do Tocantins, para o oeste, onde não há nada mais que um cerrado infinito nos rodeando. Viajar para o Jalapão é aprender a lidar com a falta de postos de combustíveis, mercearias ou qualquer outro comércio que venda uma garrafa plástica de água gelada. Por falar em água, o único grande rio desse trecho é o Novo, novamente, que sobrepassamos pouco após deixarmos o acesso às Dunas. Sem delongas e sem paradas, já à base de muita galhardia, vencemos em pouco mais de duas horas os 60km até o acesso à cachoeira da Velha. Com esses dados dá pra se ter uma noção da velocidade média e das condições da estrada. No acesso subimos para o norte pela melhor via de todo o Jalapão. Pelo menos é a que tinha mais cascalho e menos areia, nos permitindo uma rápida toada. Vinte quilômetros depois passávamos por uma espécie de centro de informações do Parque Estadual do Jalapão, albergado nas instalações de um antigo hotel cuja obra foi embargada após a delimitação do parque. Vale frisar que sua área total é de aproximadamente 160 mil hectares, abrangendo, dentre outros atrativos, a cachoeira da Velha e as Dunas. É para o primeiro que íamos agora, vencendo com facilidade os últimos 10km até uma passarela suspensa às margens do rio Novo. Dela se avista a maior cachoeira de todo o Jalapão, a da Velha, despejando as águas turbilhantes do rio Novo a 20 metros de altura. O mais embasbacante, contudo, é a largura, superior a 100 metros, e o volume gigantesco, causador de uma tonitruância ímpar. O formato de ferradura é outra de suas características. Foi, juntamente com a prainha que se forma 1km abaixo do curso do rio Novo, nosso último ponto registrado no Jalapão. Pilotaríamos ainda por mais 100km de terra e areia até a cidade de Ponte Alta do Tocantins, de onde a incursão deveria ter começado, e não terminado, se não fossem os problemas com a minha moto e com as intempéries.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-2NK-u1Dg7Co/UtipBfYO7kI/AAAAAAAADi0/TG29U49hOf4/s912/P1290351_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-2NK-u1Dg7Co/UtipBfYO7kI/AAAAAAAADi0/TG29U49hOf4/s912/P1290351_stitch.jpg" height="176" width="400" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-GZRr2IRHPrg/Utio9EOfv5I/AAAAAAAADi0/p05KnxM046U/s912/P1290334_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-GZRr2IRHPrg/Utio9EOfv5I/AAAAAAAADi0/p05KnxM046U/s912/P1290334_stitch.jpg" height="190" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Velha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-dSn-zv94Z2k/UtipUUeSpGI/AAAAAAAADi0/oOlnkZR1Vx0/s640/P1290371.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-dSn-zv94Z2k/UtipUUeSpGI/AAAAAAAADi0/oOlnkZR1Vx0/s640/P1290371.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Prainha do rio Novo</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-KEbNf5TcGZo/UtipzTrJ08I/AAAAAAAADi0/BicBdoWBBZA/s640/P1290403.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-KEbNf5TcGZo/UtipzTrJ08I/AAAAAAAADi0/BicBdoWBBZA/s640/P1290403.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Natividade</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">A virada de ano foi passada em companhia dos tocantinenses que, se compadecendo de nossos sujos andrajos, uma situação lamentável, nos convidaram para uma ceia com muita fartura. Tal gesto é um banho de água fria em personalidades como a minha, que creem que apenas lugares são dignos de encômios, e não pessoas. Deixo aqui, portanto, registrada minha gratidão para com todo o povo de Ponte Alta do Tocantins. Isso nos motivou a enfrentar ainda mais 60km de estradas de terra, no dia 1º de 2014, de Pindorama do Tocantins a Chapada da Natividade, já no caminho de volta para casa. Volvíamos nossas costas ao Jalapão, mas não ao Estado do Tocantins, visto que passamos, mesmo que rapidamente, pela histórica cidade de Natividade, cujas origens remontam ao ano de 1734, o que pode ser notado em seu casario colonial muito bem preservado. É o primeiro conglomerado urbano do Estado se levarmos em consideração a emancipação de Goiás. Destaca-se as ruínas da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, inacabada desde o século XVIII e que supostamente serviria ao culto de escravos. A Matriz, também construída no século XVIII, está concluída, e da serra imediatamente atrás da mesma, a Serra da Natividade, se extraía o ouro que trouxe o progresso efêmero ao povoado que, à época, era denominado Arraial de São Luiz. Mais de 40 mil escravos trabalharam nessas paragens.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="margin: 0px 50px;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-eqcYxIqt9Ns/UtiplwOlOhI/AAAAAAAADi0/u1Srg0M5pDE/s640/P1290389.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-eqcYxIqt9Ns/UtiplwOlOhI/AAAAAAAADi0/u1Srg0M5pDE/s640/P1290389.JPG" height="240" width="320" /></a></span></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-5iUjl-xysqY/Utipts1Eo0I/AAAAAAAADi0/At_Jp8OB930/s512/P1290397.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-5iUjl-xysqY/Utipts1Eo0I/AAAAAAAADi0/At_Jp8OB930/s512/P1290397.JPG" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Ruínas da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, do século XVIII</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-TtJd_KbGHUo/Utid7puAP9I/AAAAAAAADi0/MawAzP5ToTI/s640/P1290407.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-TtJd_KbGHUo/Utid7puAP9I/AAAAAAAADi0/MawAzP5ToTI/s640/P1290407.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arraias</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Para terminar nossa estadia no Estado do Tocantins, o caçula brasileiro, passamos ainda por Arraias, cidade que também tem sua História ligada à extração aurífera e cujo território ainda detém resquícios de vilas quilombolas. Atravessamos a divisa entre Tocantins e Goiás, adiantamos nossos relógios em uma hora, passamos por Campos Belos e Monte Alegre de Goiás e pelo esplêndido e pedregoso leito do rio Paranã, com a Serra Geral do Paranã guarnecendo-o a leste. Por fim alcançamos Teresina de Goiás, já na região conhecida como Chapada dos Veadeiros. Eu e Thiago já estivemos aqui em uma outra oportunidade (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/05/chapada-dos-veadeiros-de-25-de-abril-04.html" target="_blank"><i><b>link</b></i></a>) como dito no começo dessa postagem. Contudo, por ser uma vasta região, deixamos, à época, de conhecer alguns atrativos, e dois deles teríamos a oportunidade de visitar em nosso caminho de volta: a cachoeira Poço Encantado, às margens da GO-118, e as cataratas do rio Couros, distante 32km de terra da mesma rodovia após Alto Paraíso de Goiás, pequena cidade no coração da chapada. São cachoeiras peculiares, a primeira com um enorme e cristalino poço, infiltrando-se por rochas de aspecto ferrugíneo, e a segunda com meros 12 metros de altura, mas com mais de 100 metros de largura e com um grande volume d'água. É sempre bom voltar a essa região, onde o céu é o mais azul de todo o Brasil. Por fim, caímos para o sul, dando adeus às estradas rurais e seguindo definitivamente pelo entediante asfalto do Planalto Central. Calhamos na BR-040, em Cristalina, e logo na sequência na 050, chegando ao anoitecer em Catalão, onde pernoitamos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-g2yBCESqz80/UtiqW9SW19I/AAAAAAAADi0/OBLO0jJDDo0/s640/P1290434.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-g2yBCESqz80/UtiqW9SW19I/AAAAAAAADi0/OBLO0jJDDo0/s640/P1290434.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira Poço Encantado</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mDFG6OZXO-8/UtiqjSd6ZWI/AAAAAAAADi0/8Eq41gIskho/s640/P1290459.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-mDFG6OZXO-8/UtiqjSd6ZWI/AAAAAAAADi0/8Eq41gIskho/s640/P1290459.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cataratas do rio Couros</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-YHLfhUtFCC0/UtilKUOczEI/AAAAAAAADi0/2utkO31MZxM/s640/P1290088.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-YHLfhUtFCC0/UtilKUOczEI/AAAAAAAADi0/2utkO31MZxM/s640/P1290088.JPG" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O regresso</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Na manhã seguinte, mais tardiamente que o habitual, ganhamos a estrada para vencer os últimos 600km da incursão. Já não nos preocupávamos em acelerar. Fomos vagarosamente avançando, adentrando o triângulo mineiro e parando inúmeras vezes no Estado mais querido de todos os motociclistas do Brasil. Por fim estávamos de volta a São Paulo, vagando pela infinita Anhanguera e deixando-nos entristecer pela realidade do regresso. Foram tantos os engodos enfrentados que essa aventura nos fortificou, nos tornou mais íntimos com nossa própria força de vontade. Afinal, não é qualquer um que se propõe a rodar 5100 km em 12 dias, sendo que desses mais de 600 por estradas não pavimentadas, mistas de terra, pedra e areia. Mais do que uma jornada por um Estado ainda desconhecido, essa se tratou de uma aventura em que nuances sociais eram esperadas, mas que mesmo assim me afetaram de uma forma da qual nunca me olvidarei. Em uma terra de antagonismos, onde o silêncio da pobreza de seus habitantes é quebrado pelo barulho dos motores da riqueza dos forasteiros, os únicos que lá conseguem chegar devido a suas máquinas, me pergunto: somos realmente os aventureiros nessa equação? A resposta me vem com um laivo de consternação. Nós, os forasteiros, não somos os aventureiros. Eles, os nativos, é que os são, pois insistem em sobreviver onde não há estradas decentes, apoio substancial do governo ou qualquer ajuda rápida quando necessitam. Lá, onde a gasolina está entre as mais caras do mundo, o progresso não chega. Na verdade, chega, mas desfila seus “cavalos” e retorna para a segurança e o conforto de seus abastados lares ao fim de alguns dias.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Geralmente finalizo minhas postagens com uma reflexão pessoal, mas hoje o farei diferente. Sei que o blog não tem muita abrangência, mas ainda assim neste espaço, que gosto de crer que ainda é meu, deixo registrado meu profundo desgosto para com o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e com as cidades abastecidas pela SP-304, incluindo Americana. Thiago Lucas, meu companheiro dessa e de tantas outras aventuras, acidentou-se (quando eu estava em vias de terminar essa postagem) ao tentar desviar de uma tora de eucalipto atravessada no meio da via. Resultado: um braço quebrado em quatro lugares, uma cirurgia e pelo menos dois meses fora de combate, isso sem contar os prejuízos com a moto. Não é de hoje que a rodovia em questão está jogada às traças, com mato alto nos canteiros e câmeras de segurança sucateadas, carcomidas pela ferrugem, isso sem contar o excesso de resíduos deixados pelos caminhões canavieiros e eucalipteiros. Não é a primeira vez que vejo um acidente dessas proporções. Não é sequer a primeira vez com um amigo. Enfim, esperamos, criticando, que medidas possam ser tomadas para evitar problemas como esse, que podem ser fatais.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-rRauX-2CCk0/UtineueKbFI/AAAAAAAADi0/bYR1l11bMxQ/s640/P1290208.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-rRauX-2CCk0/UtineueKbFI/AAAAAAAADi0/bYR1l11bMxQ/s640/P1290208.JPG" height="300" width="400" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/JalapaoDe22DeDezembroDe2013A03DeJaneiroDe2014?noredirect=1#" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5969694842218716593%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues composto especialmente para o Jalapão.</span><br />
<br /></div>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/WviVEiOPzFw" width="540"></iframe>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-46870023382854941702013-12-19T17:05:00.000-08:002014-06-03T16:55:55.092-07:00Morro do Saboó – 5 de outubro de 2011<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-eEuCaxzpI7k/UqXkKV_fr2I/AAAAAAAADLM/kmpimVLOxHM/s640/P1280023.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-eEuCaxzpI7k/UqXkKV_fr2I/AAAAAAAADLM/kmpimVLOxHM/s400/P1280023.JPG" height="300" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">É engraçado – para não dizer preocupante – como a evolução tecnológica nos deixa à mercê de suas passadas. Temos que, a cada dia, consumir mais e mais para não sermos dragados para o subsolo da exclusão digital. Como diria meu grande pai, hoje em dia é mais fácil encontrar alguém portando dois celulares do que um pobre infeliz sem nenhum. Não que isso seja ruim ou desumanizante. Pelo contrário, a evolução deve acontecer, isso se agir em prol da perpetuação da espécie, como prerroga o darwinismo em relação ao todos os seres vivos. Contudo, estamos nos habituando ao comodismo, ao “ter tudo às mãos” com o simples deslizar de dedos pelo <i>touchscreen</i>, e temos nos olvidado que, para um completo desenvolvimento, precisamos nos utilizar de nossos músculos e articulações, de movimento, esse que nos fará passar por dificuldades, desequilíbrios, momentos que nos colocarão à prova, obrigando-nos a agir, aprender e, consequentemente, evoluir. Por isso, embora eu ainda desfrute de momentos totalmente informatizados, ainda prefiro me valer daquela velha dupla pregada como emancipadora e benfeitora da alma e dos olhos pelo diligente amigo Fernando Santarrossa: uma moto e uma câmera fotográfica. Uma me provê o tão estimado e supracitado movimento; a outra, o congelamento e a imortalização desse movimento, pois se eu parar, um dia, essas imagens, embora estáticas, me mostrarão que outrora estive evoluindo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3754/11327892394_f38d1f216e_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3754/11327892394_f38d1f216e_o.jpg" height="149" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Companheiros de aventura</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O Morro do Saboó, em São Roque, é uma elevação montanhosa facilmente identificável pelos frequentadores da região de São Roque, nas proximidades da chamada Grande São Paulo, visto ser esse o ponto culminante do município. O grupo que fez esta pequena incursão (inclusive eu), entretanto, o viu pela primeira vez do alto do Morro do Voturuna (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/01/morro-do-voturuna-20-de-janeiro-de-2013.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>), entre Santana do Parnaíba e Araçariguama. Apesar de ser ligeiramente mais baixo que o morro citado, não deixa de ter sua dominância no relevo irregular da região. O que mais nos motivou a subi-lo, não obstante, foi a total falta de informação sobre as vias de possível acesso ao seu topo. Os relatos são escassos e simplesmente não tínhamos ideia de como abordá-lo, se seria possível subi-lo de moto ou somente a pé a partir de certo ponto. Poderíamos tentá-lo à maneira do parceiro Kássio Massa, como publicado em seu excelente blog Rota Massa Ecoturismo (<a href="http://rotamassa.blogspot.com.br/2012/01/morro-do-saboo-pelo-vale-do-ribeirao.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a> para esse roteiro em questão), mas isso nos tomaria muito tempo e energia, o que vai na contramão de uma viagem motociclística de apenas um dia. Enfim, Levi Vieira, Rodrigo Costa Gil, Thiago Lucas, Luiz Paulo Blanes, Luana Romero e eu nos deixaríamos levar pelas estradas da zona rural da Estância Climática de São Roque na esperança de atingir nosso objetivo. Seriam cinco motos, seis almas e um naco de possibilidades de dar tudo muito certo. Ou tudo muito errado, para os mais pessimistas (meu caso).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3791/11327039934_388c519a6f_c.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3791/11327039934_388c519a6f_c.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São Roque</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Luana e eu partimos de Americana, das imediações do vale do córrego do Sítio Anhanguera, por volta das 7:30 da manhã. Seguimos pela rodovia Anhanguera até o pedágio de Nova Odessa, onde nos encontramos com Levi, Thiago e Luiz, que já nos aguardavam. O séquito só se completou quando deixamos a Anhanguera, acessamos a Bandeirantes e, na sequência, a Santos Dummont, onde Rodrigo se juntou a nós. Daí foi só continuar rumando para o sul em um caminho enfadonho, sonolento. Uma guinada para o leste, pouco antes da grande Sorocaba, e pela Castello Branco fomos rapidamente avançando. Só descemos para o sul novamente ao avistarmos a primeira (e única) indicação para São Roque. Já na estrada municipal Lívio Tagliassachi, derrocamos os 10 últimos dos 135km desde Americana. Dela se avistava, a oeste, o altivo Morro do Saboó. Localizamos, inclusive, a Estrada do Saboó, uma vicinal que com certeza nos carregaria para bem próximo dele. Como ainda era cedo, aproveitamos o tempo para conhecer melhor o centro urbano de São Roque. Devo dizer que não nos arrependemos. A chamada “Cidade do Vinho”, com seus 80 mil habitantes, preencheu a lacuna histórica da viagem. Afinal, é uma cidade fundada no século XVII, com mais de 350 anos de bagagem. A Igreja de São Benedito, por exemplo, foi erigida por escravos em 1855. Tanto sua estrutura (à base de taipa de pilão) quanto seus adornos interiores são simples, rústicos, e sua localização, entre prédios comerciais e uma agência bancária, a camufla entre os traços duros da arquitetura moderna do século XXI, feita mais para ser prática do que vistosa. Na mesma rua, um pouco mais para baixo, uma outra, na praça central da cidade. Tratava-se da Matriz de São Roque, de meados do século XX, que se não pode ser celebrada pela sua idade, pode sê-la pelas suas dimensões. É simplesmente a maior do Brasil dedicada ao santo de origem francesa.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm8.staticflickr.com/7299/11326999395_0fe776325a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7299/11326999395_0fe776325a.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de São Benedito, construída por escravos em 1855</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm8.staticflickr.com/7367/11327036465_8750a2bd54.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7367/11327036465_8750a2bd54.jpg" height="320" width="305" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Interior simples</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm3.staticflickr.com/2825/11327085215_6dcf468981.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm3.staticflickr.com/2825/11327085215_6dcf468981.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Torre da Igreja de São Roque</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm3.staticflickr.com/2889/11327395106_b82b826ac8.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm3.staticflickr.com/2889/11327395106_b82b826ac8.jpg" height="200" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro do Saboó</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Com o hiato histórico saciado, condição indispensável em algum ponto de toda e qualquer viagem, saímos à caça de alguma trilha, de motocicleta ou a pé, que nos desse acesso ao cume do Morro do Saboó. Retornamos pela estrada municipal Lívio Tagliassachi e adentramos a Estrada do Saboó, sentido oeste. Fomos ganhando altitude pela Serra do Ribeirão enquanto o asfalto nos levava para o norte, rumo ao bairro do Saboó. Aos 800m o morro já era uma presença marcante no cenário, exibindo suas formas arredondadas, inciando-se pequeno, a sudoeste, e findando com seu ponto culminante a nordeste, como que crescendo progressivamente. Dizem se assemelhar ao dorso de um dinossauro. Em um certo momento o asfalto despareceu. Nunca perdendo o morro de vista, contornamos sua face noroeste, por terra, e calhamos em um lago. Enviesando-nos, a partir dele, para o leste, entrecortamos um bairro de chácaras e, mediante coleta de informações de moradores locais, subimos um trecho menos íngreme do Morro do Saboó, ainda sobre nossas motos, pelo lado leste. Em um determinado ponto, um carrinho de comes e bebes demarcava o fim da estrada. Uma placa com os dizeres “essa é uma propriedade particular, mas de acesso livre ao público” não nos deixava dúvidas: era esse o princípio da trilha a pé. Víamos lá no alto o topo do Saboó e nossas pernas se encarregariam de alcançá-lo. Não havia nada mais que nossas motos pudessem fazer.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm3.staticflickr.com/2882/11327261716_358aaec511_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm3.staticflickr.com/2882/11327261716_358aaec511_c.jpg" height="226" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da Estrada do Saboó</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm6.staticflickr.com/5492/11327421345_1b21b886f8_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm6.staticflickr.com/5492/11327421345_1b21b886f8_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Início da trilha a pé. Ao fundo, a Serra da Guaxatuba</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm8.staticflickr.com/7451/11327679853_dd3574dc2f_c.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7451/11327679853_dd3574dc2f_c.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Face triangular e rochas de quartzito</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Subir o Morro do Saboó, ou Morro Pelado, como os indígenas Saboós o costumavam chamar (de fato, Saboó, em indígena, significa “vegetação rala), não foi das tarefas mais árduas. A trilha, em meio a rochas de quartzito totalmente soltas ou ligeiramente presas pela vegetação rasteira (daí provém o adjetivo “pelado”) pode ser perigosa para quem confia em demasia no chão onde pisa, mas em nenhum momento nos vimos na iminência de um acidente mais grave. A subida é incontestavelmente íngreme, mas o próprio traçado da trilha, sinuoso, foi feito de maneira a suavizar a ascensão de 100 metros de altitude em pouco menos de 1km de percurso. E enquanto se sobe se avista, além do bairro que entrecortamos para chegar ao sopé do morro, a Serra da Guaxatuba, lá pelos lados de Cabreúva, ao norte, e um outro laivo do morro que, da Estrada do Saboó, não estava aparente. É uma porção mais baixa, triangular, pontuda feito uma pirâmide. De longe ele me pareceu tão arredondado que, ao me deparar com essas linhas mais firmes, acreditei estar defronte a outro morro. Mas as cartas topográficas não mentiam: era ainda o Saboó, mas mostrando sua outra faceta. Numa última esticada, vencendo pedras empilhadas (aqui se faz alguns rituais religiosos e, à noite, madeiras são queimadas nessas “churrasqueiras” improvisadas) e revoadas de andorinhões destrambelhados, chegamos aos quase 1000m de altitude, no ápice do Morro Pelado. Havia mais gente ali. Religiosos, principalmente. Homens prostravam-se de joelhos, com paisagens como o Morro do Voturuna, a nordeste, e a cidade de São Roque, a sudeste.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm6.staticflickr.com/5533/11327612606_c715fd1751_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm6.staticflickr.com/5533/11327612606_c715fd1751_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São Roque vista do Saboó</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3729/11327807303_9672719080_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3729/11327807303_9672719080_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro do Voturuna</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3746/11327668526_c839617786_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3746/11327668526_c839617786_c.jpg" height="320" width="305" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mais um dos topos do mundo</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm8.staticflickr.com/7309/11328118993_5b2fe53ff3_c.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7309/11328118993_5b2fe53ff3_c.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Descendo o Morro do Saboó</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Há aqueles que são religiosos, devotos, e há aqueles que são extremistas, doentes, fanáticos. Esse extremismo foi o que nos fez deixar o cume do Saboó poucos minutos após nossa chegada. Dois homens, por motivos que eu não saberia apontar, discutiam acaloradamente sobre Deus e a bíblia, tanto a ponto de um afrontar o outro com o dedo em riste. É difícil ter paz e aproveitar o torpor do vento morno em um dos vários topos do mundo (como costumo chamar nossas montanhas) com dois seres digladiando a poucos metros de você. O que me alegrou, por um momento, foi voltar meus olhos para o oeste e discernir no horizonte, mesmo que tímida, a Serra de São Francisco. Um dedo de prosa com os meus companheiros e não foi difícil convencê-los a nos dirigirmos para lá, visto que também começavam a se incomodar com a querela dos “detentores da verdade”. Como “para baixo todo santo ajuda” (especialmente aqui, recorrer a homens beatificados pode soar uma ironia ou uma demonstração de religiosidade, meu caso sendo o primeiro), rapidamente descemos o cerrado do Saboó e reavemos nossas motos, partindo incontinenti para o sul, visando encontrar, em algum momento, a rodovia Raposo Tavares. Por continuarmos em estradas de terra, algumas surpresas ainda nos acometeram. Passamos, por exemplo, pelos prédios antigos do bairro rural Moreiras e por um túnel desativado da FEPASA. Não há mais trilhos, mas a estrutura ainda subsiste. Do outro lado a trilha continua, passando por perigosas áreas em desmoronamento. Quinze quilômetros depois encontrávamos o asfalto da Raposo Tavares no trevo de entrada da cidade de Mairinque.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm8.staticflickr.com/7317/11328068114_1e7469f162_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7317/11328068114_1e7469f162_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bairro Moreiras</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm3.staticflickr.com/2886/11328277833_14dd62b617_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm3.staticflickr.com/2886/11328277833_14dd62b617_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3736/11328120025_8bec18b932_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3736/11328120025_8bec18b932_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Túnel desativado da FEPASA</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3701/11328296423_f24bc9582b_c.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3701/11328296423_f24bc9582b_c.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">No alto da Serra de Inhaíba</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A Raposo Tavares foi nos conduzindo para o oeste em velocidade de cruzeiro. Passamos pela entrada da cidade de Alumínio e 15km depois deixávamos a rodovia para adentrar as ruas do distrito sorocabano de Brigadeiro Tobias, nome dado em homenagem ao patrono da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, nascido em Sorocaba no ano de 1795. Apesar de ser parte integrante de Sorocaba, o distrito conta com mais de 15 mil habitantes, número superior ao de muitos outros municípios do interior paulista. Apesar desses números e História impressionantes, não era ali nosso escopo. Utilizamo-nos dele apenas como atalho para acessar as zonas rurais de Sorocaba e Votorantim, ao sul. Por estradas de chão fomos avançando pela Serra de Inhaíba entre chácaras, sítios, plantações de milho, cana e mata fechada. Por falar em canaviais, perdida em meio a um, recentemente cortado, jazia em reforma a Capela de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, lugar de devoção dos moradores do bairro rural sorocabano de Inhayba. Prosseguindo, em uma estrada ladeada por eucaliptos julgamos ter escutado uma queda d'água. Apeamos das motos e descemos por uma curta trilha em direção a um raso vale. Por fim encontramos a pequena queda que, pelos mapa do IBGE, se encontra nos domínios da Fazenda Vila Nova. É a água que brota no topo da Serra de São Francisco escorrendo para saciar a sede dos seres que habitam as altitudes mais baixas, como o grupo de quatis que passou tão rapidamente por nós que sequer nos deu a chance de fotografá-los.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3674/11328698024_c79409d6a9_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3674/11328698024_c79409d6a9_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela de Nossa Senhora da Imaculada Conceição</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3715/11328667386_26d2ca6181_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3715/11328667386_26d2ca6181_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Fazenda Vila Nova</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm3.staticflickr.com/2848/11328729034_65c4d5e9b0_c.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm3.staticflickr.com/2848/11328729034_65c4d5e9b0_c.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela da Penha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Sem nos darmos conta fomos ganhando altitude suavemente enquanto passávamos pelo bairro de Inhayba, às margens dos trilhos de uma ferrovia, e por áreas úmidas de mata fechada e terreno pedregoso. Na cachoeira o altímetro marcara 700m, e no chapadão onde se encontra a tricentenária Capela da Penha incríveis 1015m. Chegáramos a Serra de São Francisco e nem nos apercebêramos disso. Não é seu ponto culminante, mas está próximo dele. A capela, por si só, é um marco, visto que a partir dela surgiram os primeiros povoamentos na serra. Foi erigida em 1724 por Timóteo Oliveira, uma obra que, à época, custou 200 mil réis. Tem traços barrocos. Foi construída nas proximidades de um poço de água, o que possibilitava molhar a terra e socá-la com pilão, dando forma a sua única nave. Hoje ainda são realizadas romarias que partem de Votorantim em direção a ela. Que lugar pacífico! Até mesmo os cachorros e cavalos que perambulam pelos seus entornos parecem não produzir um ruído. O silêncio foi apenas destronado pelo ranger das portas de madeira quando Luis resolveu adentrá-la, revelando um interior simples, com poucos bancos de madeira e pequenas imagens, umas talhadas também em madeira e outras em argila. Se eu acreditava que a visita à igreja de São Benedito, em São Roque, havia preenchido a lacuna histórica da viagem, agora essa mesma lacuna se elastecera para acomodar a Capela da Penha e sua bagagem de três centúrias.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://farm8.staticflickr.com/7428/11328752714_e3bf9e644b_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7428/11328752714_e3bf9e644b_c.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3788/11328674085_50d826c185_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3788/11328674085_50d826c185_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mais imagens da obra barroca de 1724</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3739/11328743466_8882d60d59_c.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3739/11328743466_8882d60d59_c.jpg" height="200" width="172" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Escadaria</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Por estradas de chão continuamos acelerando na crista da Serra de São Francisco. Quatro quilômetros depois pendíamos para o norte por uma estrada rural que entrecortava um eucaliptal. Meus mapas apontavam que ali havia mais uma cachoeira. Numa descida perigosa encontramos o lago da Represa de Cubatão. Cruzamos o mesmo ribeirão que a alimenta, o Cubatão, por dentro dele mesmo, visto que atravessava a estrada, que nesse ponto já não passava de uma trilha. Por sorte era estreito e raso. Prosseguimos por essa trilha, ainda de moto, até o começo de uma outra que descia para um vale. A mata se fechara totalmente. Abandonamos as motos momentaneamente e descemos, a pé, até nos depararmos com o mesmo rio Cubatão. Daí foi só acompanhá-lo e chegar à primeira queda da Cachoeira da Escadaria, pequena, escorrendo morosamente pelo granito da serra por 15 metros, sombreada por uma densa mata de galeria. Descendo ainda mais pela margem esquerda do ribeirão de Cubatão, localizamos o segundo “degrau”, onde as águas caíam em dois canais separados, embora dividissem o mesmo paredão. O da esquerda mais vigoroso, com maior volume; o da direita mais tímido, procurando caminho entre os vincos do granito. Essa escada de apenas dois degraus foi o último atrativo visitado no alto da Serra de São Francisco. Nem mesmo arriscamos um banho, visto estar já anoitecendo e a temperatura, que se manteve amena durante todo o dia, começar a baixar.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://farm8.staticflickr.com/7298/11328682245_29d5010b0b_c.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7298/11328682245_29d5010b0b_c.jpg" height="310" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm4.staticflickr.com/3728/11328837093_3f78b05109_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm4.staticflickr.com/3728/11328837093_3f78b05109_c.jpg" height="320" width="230" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Escadaria: segunda queda</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
</tbody></table>
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm8.staticflickr.com/7422/11328812084_4c393f1d54_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7422/11328812084_4c393f1d54_c.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Atravessando o ribeirão de Cubatão</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm8.staticflickr.com/7361/11329014205_d16e4c7bf1_c.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7361/11329014205_d16e4c7bf1_c.jpg" height="150" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Barragem de Itupararanga</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Chamamos isso de dia e resolvemos ir embora. Não havia mais nada que pudéssemos fazer na região. Voltamos para a estrada de chão da Capela da Penha mas, ao invés de seguirmos para o leste, aceleramos para o oeste, perdendo altitude e encontrando o asfalto da estrada municipal Votorantim-Piratuba 5km depois. Por estarmos próximos a Represa de Itupararanga, passamos por lá para rever a barragem, inspirada no Coliseu romano, do maior reservatório de água doce da região de Sorocaba, com um lago principal com mais de 930km² de área. Satisfeitos, voltamos pela mesma estrada, sentido noroeste, e chegamos ao centro urbano de Votorantim. Acompanhando o rio Sorocaba, o mesmo que alimenta Itupararanga, cruzamos uma boa parte de Sorocaba até localizarmos a SP-075, a que pegáramos no começo do dia. Ela foi nos conduzindo pelas imediações de Itu, Salto e Indaiatuba até Campinas, onde nos despedimos de Rodrigo. Continuamos pela Bandeirantes até Americana. Rodamos, ao todo, cerca de 400km, uma viagem curta mas que, se não agraciou com muitas belezas cênicas, nos deu a dimensão de que, se a natureza é complexa e complicada, o ser erroneamente chamado humano o é em dobro. Enfim, acredito que os homens que arguem no “alto do morro” são aqueles que abrem a boca em prol de uma bandeira, uma causa, e fecham os olhos para o que realmente é magnífico e digno de ser observado, poetizado. É isso o que tento fazer: transformar visões, muitas vezes nem tão belas, em palavras, em imagens. Em português plano: auguro modificar a realidade dura e problemática para algo que a mente possa facilmente assimilar e, no futuro, recordar com saudades.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Na falta de inspiração para uma conclusão digna, termino essa postagem com a frase do viajante Amyr Klink: “Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. Aguarde-me, Tocantins.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://farm6.staticflickr.com/5512/11327139093_65ee814f1c_c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://farm6.staticflickr.com/5512/11327139093_65ee814f1c_c.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="http://www.flickr.com/photos/64596671@N08/sets/72157638584607844/" target="_blank"><u><b><i>aqui</i></b></u></a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5955416178568383025%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues composto especialmente para o Morro do Saboó e para a Serra de São Francisco.</span></div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/4cKik1shADs" width="540"></iframe>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-11811988983034422752013-11-30T13:37:00.000-08:002013-12-05T09:56:11.682-08:00Cuesta de Botucatu - de 23 a 25 de agosto de 2013<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-9v8s1mXAXO8/UpjvagpVA3I/AAAAAAAADB4/5couUZPT7N0/s640/P1270455.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-9v8s1mXAXO8/UpjvagpVA3I/AAAAAAAADB4/5couUZPT7N0/s400/P1270455.JPG" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">É inegável que, em torno de nós, se adense cada vez mais uma área cujo componente de maior concentração é a mesmice. A rotina fatiga, os rostos outrora de feição elegante perdem o garbo diante das constantes trocas de olhares propiciadas pelo convívio forçado, a alma se acomoda ao tique dos relógios e à ortodoxia do calendário. Felizmente há aqueles que, numa oportunidade ou outra, ousam afastar-se do raio letárgico que compõe o imediatismo de suas mesquinhas vidas. São os que voltam suas espaldas para o óbvio e lançam-se em aventuras curtas e fisicamente não tão desgastantes, detentoras daquele poder único de descansar os olhos e a massa encefálica, esses sempre judiados pelo cinza e negro das grandes cidades. Se eu pudesse classificar o ato de sair e voltar em um mesmo dia eu diria, indubitavelmente, que é antagônico àquele em que o ser, por pusilanimidade ou por puro esgotamento físico e mental, se encarcera em um quarto quente e pouco arejado em um fim de semana deixando-se alienar pela televisão ou por outros aparelhos eletrônicos. É o outro lado da moeda. É o não ver a vida passar, e sim passar com ela.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-PfbRmPxJrwA/Upjs0wpmtRI/AAAAAAAAC7w/0cFz3lxNL4M/s640/P1270029.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-PfbRmPxJrwA/Upjs0wpmtRI/AAAAAAAAC7w/0cFz3lxNL4M/s200/P1270029.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rumo ao "vento bom"</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">É impossível não se embasbacar com os contornos da cuesta. Em uma viagem para Torre de Pedra (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/07/torre-de-pedra-1-de-julho-de-2012.html" target="_blank"><u><b><i>link</i></b></u></a>) e em diversas outras ocasiões em que despretensiosamente vaguei pela rodovia Castello Branco, rumo ao meu querido Estado materno do Paraná, fui me permitindo sentir as mudanças tênues de altitude e as quase imperceptíveis alterações da linha do horizonte, e quando me dei conta já estava pesquisando cartas topográficas de toda a região na esperança de traçar uma rota essencialmente rural pela região e que abrangesse peremptoriamente seu atrativo mais famoso: o Pico das Três Pedras. Para a minha surpresa, foi criada recentemente uma espécie de roteiro turístico abrangendo as 11 cidades do interior paulista que têm, em seus territórios, elevações da chamada Cuesta de Botucatu. Cuesta é uma palavra de origem mexicana que, numa tradução imediata e não muito meticulosa, significa degrau. Isso se deve ao fato de as elevações montanhosas serem aqui peculiares, não semelhantes ao formato usual das serras encontradas em Minas Gerais, por exemplo. São compostas, na verdade, por altitudes não muito altas, mas sim por suaves e extensos chapadões planos, pedregosos e recobertos por rasteira vegetação. Alguns morros podem passar facilmente despercebidos caso o ser não se utilize de um olhar mais analítico de todas as paisagens que circundam os municípios de Anhembi, Areiópolis, Avaré, Bofete, Botucatu, Conchas, Itatinga, Paranapanema, Pardinho, Pratânia e São Manuel. Não obstante, Luana e eu não augurávamos deixar nada passar.</span> </div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-PMypAe2Jrrw/Upjr-xUceBI/AAAAAAAAC6Y/2QjYhSJMQog/s640/P1260946.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-PMypAe2Jrrw/Upjr-xUceBI/AAAAAAAAC6Y/2QjYhSJMQog/s200/P1260946.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Campos de Holambra</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Partimos de Americana na manhã morna de 23 de agosto. Em velocidade de cruzeiro fomos avançando pelo canaviais da região de Piracicaba, primeiro pela SP-304 e depois pela Rodovia do Açúcar. A curta estrada do CEASA nos possibilitou contornar a conturbada Piracicaba pelo sudeste e acessar a SP-127, que retilínea em direção ao sul nos carregou rapidamente por Saltinho, Tietê, Cerquilho e Tatuí, região irrigada pelos afluentes do curso médio do rio Tietê. Sobrepassamos, de fato, o próprio, na divisa de municípios entre os supracitados municípios de Tietê e Cerquilho. Em Itapetininga, terra natal dos compositores Teddy Vieira e Luizinho, famosos por terem escrito a popular Menino da Porteira, acompanhamos a rodovia Raposo Tavares em direção ao oeste paulista, passando primeiramente por um ainda tímido rio Paranapanema e, posteriormente, já chegando no ponto de partida de nossa rota, pelo primeiro braço da represa de Jurumirim, o primogênito reservatório do curso de mais de 900km do rio mais limpo do Estado. Às suas margens pescadores exibem peixes de grande porte na tentativa de atrair motoristas que transitam pela rodovia. Luana e eu avançamos, sem paradas, e momentos depois deixávamos a Raposo para adentrar um dos distritos da cidade de Paranapanema: Campos de Holambra. Apesar de também ser um reduto de imigrantes holandeses, não confundam-na com o município de Holambra, na região de Campinas. Há aqui moinhos tipicamente holandeses, não funcionais, é verdade, mas perfeitos no papel de serem alusivos às origens do local, que datam de 1960. Estávamos, aqui, no início do nosso roteiro pela Cuesta de Botucatu, ou Polo Cuesta, se preferirem. Era chegada a hora de adentrar a zona rural e buscar os atrativos dentre o relevo que ela exibe.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-5NhTvA6NsGM/UpjsMiJyQoI/AAAAAAAAC64/dYkRbm57N7M/s640/P1260991.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-5NhTvA6NsGM/UpjsMiJyQoI/AAAAAAAAC64/dYkRbm57N7M/s320/P1260991.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rurícolas em Campos de Holambra</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-JKaQ1Nvg_Ts/Upjsfx1aVeI/AAAAAAAAC7I/Ru3NA58ImOw/s640/P1270014.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-JKaQ1Nvg_Ts/Upjsfx1aVeI/AAAAAAAAC7I/Ru3NA58ImOw/s320/P1270014.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zona rural de Paranapanema</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-yekPsos0Eag/UpjsF1LkE1I/AAAAAAAAC6o/Ya-B2fYdCTA/s640/P1260988.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-yekPsos0Eag/UpjsF1LkE1I/AAAAAAAAC6o/Ya-B2fYdCTA/s200/P1260988.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gaviões-caboclos acasalando</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Voltando um trecho na Raposo Tavares, pendemos para o sul na primeira estrada rural que encontramos. A princípio apenas algumas chácaras, cercas vivas, pastagens imensas e trigo. Muito trigo. Luana acreditou ter visto um gavião no alto de uma das grandes árvores espalhadas por um pasto onde atentos nelores observavam nossa passagem. Atravessamos a cerca, temerosos, e fomos nos aproximando, com um olho no gavião e outro no gado. Chegamos perto o suficiente para discernir um gavião-caboclo, que logo alçou voo e incrivelmente pousou sobre outro, uma fêmea, que o aguardava imóvel empoleirado em um caule seco. Foi uma acoplagem perfeita para uma ação de pouco mais de cinco segundos. Era o acasalamento de uma ave de rapina, que só não nos despertou maior volúpia por estarmos na iminência de confronto com três nelores que sorrateiramente se aproximavam. Por sorte conseguimos atravessar a cerca de volta para a estrada sem um susto maior. Essa descarga de adrenalina deve ter nos deixado mais atentos, pois logo à frente, nas proximidades de uma área alagada, fotografamos pequenos espécimes, como o garibaldi, o tico-tico-rei, o bico-chato-de-orelha-preta e o ferreirinho-relógio, bem como a coruja de população mais numerosa do Brasil, a buraqueira. O tesourinha-do-brejo, também relativamente comum, foi um espetáculo à parte, permitindo-nos uma boa aproximação e agraciando-nos com voos errantes, desengonçados devido ao fardo que a evolução o obriga a carregar: sua longa cauda, maior que o comprimento do próprio corpo, sempre separada como as lâminas de uma tesoura semiaberta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/--BSR-zoyHFk/Upjs-gvmAII/AAAAAAAAC8A/66OT6d85xcU/s640/P1270050.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/--BSR-zoyHFk/Upjs-gvmAII/AAAAAAAAC8A/66OT6d85xcU/s320/P1270050.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O tesourinha-do-brejo e o trigo</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-GuhyOn-5EIA/UpjsUBkv1oI/AAAAAAAAC7A/3Zsin19vhpI/s640/P1270002.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-GuhyOn-5EIA/UpjsUBkv1oI/AAAAAAAAC7A/3Zsin19vhpI/s320/P1270002.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Campo de trigo</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-w0wI-dS0il0/Upjs3cURcnI/AAAAAAAAC74/GnSWOCKbSmI/s512/DSCN5022.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-w0wI-dS0il0/Upjs3cURcnI/AAAAAAAAC74/GnSWOCKbSmI/s320/DSCN5022.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Coruja-buraqueira</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-DWj-Scorc0M/UpjtUwpVRBI/AAAAAAAAC9A/2JtlT4ZVVv8/s512/DSCN5052.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-DWj-Scorc0M/UpjtUwpVRBI/AAAAAAAAC9A/2JtlT4ZVVv8/s200/DSCN5052.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Carcará</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Sempre com o trigo, ora esverdeado ora ressecado, e com estufas e sítios despontando vez ou outra, calhamos no bairro Serrinha da Prata, também pertencente a Paranapanema. Por incrível que pareça retornávamos à rodovia Raposo Tavares, e para sair do bairro supracitado fomos obrigados a acessá-la rumo ao leste. Quatrocentos metros depois pendíamos para o norte por uma outra estrada rural, essa em meio a um canavial. Caminhões canavieiros vinham esporadicamente no sentido contrário e levantam a poeira que, feito piche, incrustava-se em nossas vestimentas. Quando a puaca se assentava, avistávamos o sabiá-do-campo e o citadino gavião quiriquiri, o menor da classe dos falconídeos. Em uma das pequenas represas das propriedade rurais locais registramos a maria-faceira, talvez uma das mais belas espécies de garça do nosso país, mesclando as cores amarela e azul em seu corpo e finalizando, como que retocado por um exímio artista, com os arredores dos olhos em azul-celeste e parte do bico em roxo. No alto das palmeiras, empoleirado se via os truculentos carcarás, ave símbolo de nossas andanças. A viuvinha, de rabo tão comprido quando o tesourinha-do-brejo, também se fazia presente. E assim fomos, fotografando pássaros enquanto o traçado da estrada de chão nos levava naturalmente para o leste. Os primeiros bancos de areia, comuns entre canaviais, começaram a me incomodar um pouco. Pilotar motocicletas em tal solo não é das tarefas mais agradáveis. Fui tentando me acostumar com esse fato (afinal teríamos ainda muitos quilômetros porvindouros nesse estilo) enquanto chegávamos a Paranapanema, cidade de 18 mil habitantes às margens do Reservatório de Jurumirim, preenchido com as águas represadas do já citado rio Paranapanema. Rodáramos, até então, 30km desde Campos de Holambra.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mG-178vA17w/UpjtRlH-9NI/AAAAAAAAC84/F5fjNyxzzEM/s640/DSCN5046.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-mG-178vA17w/UpjtRlH-9NI/AAAAAAAAC84/F5fjNyxzzEM/s320/DSCN5046.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maria-faceira</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ZwCTGAT8BDE/UpjtNz1RuTI/AAAAAAAAC8w/OUpKTVV8dz8/s640/DSCN5045.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-ZwCTGAT8BDE/UpjtNz1RuTI/AAAAAAAAC8w/OUpKTVV8dz8/s320/DSCN5045.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Viuvinha</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/--HaW5r9nIW0/UpjtL2G3oyI/AAAAAAAAC8o/68D4y0NQs-8/s640/P1270086.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/--HaW5r9nIW0/UpjtL2G3oyI/AAAAAAAAC8o/68D4y0NQs-8/s320/P1270086.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paranapanema</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-CRD0EuTpE0k/Upjthka6wpI/AAAAAAAAC9o/o0YbzXVJQ2I/s640/P1270138.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-CRD0EuTpE0k/Upjthka6wpI/AAAAAAAAC9o/o0YbzXVJQ2I/s200/P1270138.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Balsa sobre Jurumirim</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Deixando por asfalto os 600m de altitude de Paranapanema, desgostosos por ainda não termos visto as famosas elevações da cuesta, calhamos na margem sul da Represa de Jurumirim, um local aberto, sombreado por algumas poucas grandes árvores, essas, por sua vez, salpicadas por risadinhas, sanhaços-cinzentos e pintassilgos. Um barco aparentemente abandonado, daqueles que puxam balsas para a travessia da represa, servia de pouso às andorinhas, garças e biguás. Por falar em balsa, aguardamos por cerca de 20 minutos seu retorno, visto que estava embarcando veículos e passageiros na margem norte, pertencente ao município de Itatinga. Sem problemas. Ao embarcamos com moto e tudo no <i>ferry-boat</i> Santa Cecília, dispusemo-nos a admirar uma parte da imensidão de 450km² do manto d'água dos mais cristalinos no Brasil. A travessia dura 15 minutos. Vale frisar que não há pontes por aqui. Esse é, portanto, o único meio de derrocar o reservatório e acessar a asfaltada estrada municipal Doutor Ene Sab, do outro lado, essa ladeada por imensos eucaliptais. Logicamente não nos permitimos permanecer nela por um longo tempo, pois toda a viagem foi planejada com a intenção de ser o máximo possível fora de estradas convencionais. Tão logo localizamos a primeira entrada a oeste, tratamos de adentrá-la. Estávamos, agora, na zona rural de Itatinga, e todo o seu garbo, adornado pelos casais de pica-paus-do-campo nas galhadas secas, pelos silvos de amedrontados gaviões-carijós e pela correria atarantada de seriemas, nos rendeu primeiramente boas experiências oculares, mas depois nos cobrou um alto preço por isso. Em uma subida íngreme, a abre-alas da Serra de Botucatu, havia tanta pedra solta que nossa moto tombou duas vezes em um trecho de menos de 50m. Por sorte caímos sobre as gramíneas nas laterais da estreita estrada rural rusticamente aberta e não arcamos com sérias contusões. Se queríamos morros, aí estava o primeiro, e a recepção não fora das melhores. Enfim, chegamos a um platô de 850m de altitude, e lá encontramos o asfalto da rodovia Coronel Eduardo Lopes de Oliveira. Estávamos no alto da Serra de Botucatu.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-nt3B0Jq0iss/Upjtqpodr3I/AAAAAAAAC94/hIIWR6WvofA/s640/P1270174.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-nt3B0Jq0iss/Upjtqpodr3I/AAAAAAAAC94/hIIWR6WvofA/s320/P1270174.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zona rural de Itatinga</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-pXeoOsMybC0/UpjtlCNKcKI/AAAAAAAAC9w/SeXRRi8pV5c/s640/P1270171.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-pXeoOsMybC0/UpjtlCNKcKI/AAAAAAAAC9w/SeXRRi8pV5c/s320/P1270171.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada arenosa</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-RuaeZqygRsg/Upjt5TqCcFI/AAAAAAAAC-Q/zOxkjtrxF0U/s640/P12702012.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-RuaeZqygRsg/Upjt5TqCcFI/AAAAAAAAC-Q/zOxkjtrxF0U/s320/P12702012.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Engenheiro Serra</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-wuWRHd27rDM/Upjt_MK3bHI/AAAAAAAAC-Y/_A_4TMcfiKA/s640/P1270217.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-wuWRHd27rDM/Upjt_MK3bHI/AAAAAAAAC-Y/_A_4TMcfiKA/s200/P1270217.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Periquitão-maracanã</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Asfalto deve ser um dos sinônimos de tédio, principalmente quando é plano e muito bem capeado como o da rodovia em questão. Por sorte nossos mapas nos mandaram para o norte por uma estrada municipal, de chão. Nela, passando por mata-burros, aqueles duplos, separados por um vão e que facilmente fazem a vez de uma arapuca caso o motociclista não esteja atento e vacile por ali com a roda dianteira. A areia, sempre nossa <i>non grata</i> companhia, continuava esparsada por alguns curtos metros, revesando-se com o solo pedregoso. Derrocando todos esses engodos fomos avançando pelo alto da serra até o bairro rural Engenheiro Serra, pertencente a Itatinga. Aqui já houve algum progresso, trazido pela construção de uma estação de trem em 1953. Demolida, restam ali apenas alguns trilhos, poucos e simples casebres, um bar, a capela de São Benedito, os ipês floridos e os barulhentos periquitões-maracanãs que se exibem entre as flores amarelas. Toda essa placidez deveria se perpetuar na estrada até Itatinga, mas infelizmente um perrengue infernal se instaurou na sequência. Areia. Muita areia. Para completar, a noite (ou segundo a física, a ausência do dia) já dava as caras. Quase nem nos atentamos ao alaranjado pôr-do-sol sobre os milharais e aos gatunos tucanos, que sozinhos ou em trios saltitavam sobre as árvores semiapodrecidas dos capões de cerrado da cuesta. Por volta das 16h calhávamos na cidade de Itatinga, termo tupi que significa “pedra branca”. Naquele município de 17 mil habitantes, o segundo de nossa aventura pela Polo Cuesta, a 840m de altitude, pernoitaríamos após 101km rodados nesse primeiro dia. Foram 66km desde Paranapanema, incluindo uma travessia de balsa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-FidxlMJWa-4/UpjuKYDecxI/AAAAAAAAC-w/xk4BuuBwxT0/s640/P1270232.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-FidxlMJWa-4/UpjuKYDecxI/AAAAAAAAC-w/xk4BuuBwxT0/s320/P1270232.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pôr-do-sol sobre os milharais da cuesta</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-y4IjEbL_tmo/UpjuH5mv8jI/AAAAAAAAC-o/tQMVENbpxc8/s640/P1270222.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="241" src="http://2.bp.blogspot.com/-y4IjEbL_tmo/UpjuH5mv8jI/AAAAAAAAC-o/tQMVENbpxc8/s320/P1270222.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tucanuçus</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-VioV4UDaAx0/UpjuRaf4VoI/AAAAAAAAC_A/joVNyjQIxNA/s640/P1270241.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-VioV4UDaAx0/UpjuRaf4VoI/AAAAAAAAC_A/joVNyjQIxNA/s320/P1270241.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Itatinga</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-KFheLgVqcW0/UpjuhS3GywI/AAAAAAAAC_g/-Y5qOb8UON4/s512/P1270289.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-KFheLgVqcW0/UpjuhS3GywI/AAAAAAAAC_g/-Y5qOb8UON4/s200/P1270289.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Abadia Cisterciense</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Amadureceu o dia 24 e, com ele, nossa vontade de partir. Restava-nos ainda o território de mais nove municípios e o tempo era escasso. Incontinenti, então, registramos a igreja de São João Batista, de 1889, e partimos para o leste, deixando a zona urbana para ganhar novamente as estradas de chão da zona rural de Itatinga. Pouco mais de 1km depois adentrávamos, ao norte, o portal da Abadia de Nossa Senhora da Assunção de Hardehausen-Itatinga. Não vou me atrever a contar em pormenores a história da vinda dos cistercienses, de origem alemã, ao Brasil, pois seria um ato profano de minha parte. Afinal, são quase 900 anos de longevidade, uma saga que começou na Alemanha, em 1140, e que na época mais obscura da humanidade, sob o jugo da eloquência de Hitler, foi obrigada a migrar das terras germânicas para outros países, entre eles o nosso. A abadia, ou mosteiro, então, foi fundado em 1951, seis anos após o término da Segunda Guerra Mundial. Prefiro me ater ao que Luana e eu vimos: uma construção de linhas duras, quadradas, remetendo talvez ao neogótico francês, a exemplo do Santuário do Caraça, em Minas Gerais (link). Um amplo espaço totalmente arborizado, defronte as escadarias de acesso ao templo principal, abrigam pássaros de todas as sortes, desde suiriris a gaviões, como o gavião-miúdo. Deles provêm as únicas “vozes” que cortam o silêncio e a sensação de paz do local. Queria eu passar um tempo maior ali, fotografando aves e os pequenos mamíferos que certamente se escondem ou perambulam entre os pinheiros. Contudo, ainda tínhamos um longo caminho pela frente, e o dia estava apenas começando. Como última informação, vimos um irmão cisterciense passando pelo jardim nos fundos da abadia. Logo flagramos: é um santuário estritamente masculino.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-UDja6ekZV-k/UpjuZeuZwxI/AAAAAAAAC_Q/HHh2-shNPiw/s512/P1270278_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-UDja6ekZV-k/UpjuZeuZwxI/AAAAAAAAC_Q/HHh2-shNPiw/s320/P1270278_stitch.jpg" width="298" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-hQgNav0YIZU/UpjulPs12fI/AAAAAAAAC_o/PLh5ipdPtWo/s640/P1270297.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-hQgNav0YIZU/UpjulPs12fI/AAAAAAAAC_o/PLh5ipdPtWo/s320/P1270297.JPG" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-zEeaAfMUTw4/Upjupk6uheI/AAAAAAAAC_w/jMJ1tmFrMKc/s640/P1270308.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-zEeaAfMUTw4/Upjupk6uheI/AAAAAAAAC_w/jMJ1tmFrMKc/s320/P1270308.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário de Nossa Senhora da Assunção de Hardehausen-Itatinga</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-C5Dkrb-R5B8/UpjutmBvYUI/AAAAAAAAC_4/fzbL4xclajA/s640/P1270315.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-C5Dkrb-R5B8/UpjutmBvYUI/AAAAAAAAC_4/fzbL4xclajA/s200/P1270315.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caminho para Pardinho</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">De volta à estrada de chão, rumamos para o leste, contornando propriedades rurais quase sempre de terrenos arrendados para grandes plantações de eucalipto. Em um certo ponto encontramos uma vicinal asfaltada que, por curvas serpenteantes, foi nos levando pelo flanco sul da Serra de Botucatu até um grande morro triangular de aproximadamente 900m de altitude. Abandonando temporariamente a moto no começo de sua trilha de acesso, subimos a pé, com a ajuda de cordas e corrimões rústicos de madeira, augurando obter uma visão privilegiada dos beirais da cuesta. Infelizmente isso não foi possível, visto ser o cume do monte um local apenas parcialmente “pelado”. O excesso de vegetação, predominantemente mata atlântica, inviabiliza a formação de clareiras. Encontrar um mirante aqui é impossível. Descemos, reavemos nossa moto e seguimos até que o asfalto cessasse e a terra fosse novamente nosso solo. Demos uma guinada para o norte, arrostando a areia fofa entre canaviais e o chão duro de eucaliptais, e chegamos à rodovia Castello Branco. Nela pendemos para o leste, mais uma vez, mas apenas por 2,5km, quando subimos para o norte por uma outra estrada de chão, agora território de Pardinho. Ascendemos, sem grandes paisagens, por entre as serras da Boa Vista e de São Fernando, calhando na Fazenda Santa Cruz e na Capela de Nossa Senhora de Aparecida, em ruínas. A altitude ali beirava os 950m. Nossa única companhia eram as barulhentas gralhas cancans.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Ov0nghWFtNc/Upjux9-peBI/AAAAAAAADAA/ktGHM46Wn28/s720/P1270332_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="http://1.bp.blogspot.com/-Ov0nghWFtNc/Upjux9-peBI/AAAAAAAADAA/ktGHM46Wn28/s400/P1270332_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pequena elevação da cuesta</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_gJn65G9AmY/Upju2-2l9tI/AAAAAAAADAQ/1L7_1jTiWcA/s640/P1270342.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-_gJn65G9AmY/Upju2-2l9tI/AAAAAAAADAQ/1L7_1jTiWcA/s320/P1270342.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela de Nossa Senhora de Aparecida, em ruínas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/--cfowCM8deE/UpjvAIfTxHI/AAAAAAAADAg/0lm_lJqRKbU/s640/P1270358.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/--cfowCM8deE/UpjvAIfTxHI/AAAAAAAADAg/0lm_lJqRKbU/s320/P1270358.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fazenda Santa Cruz</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-H5efDLT1Qjk/UpzV32oaBzI/AAAAAAAADIA/CryjdqWTsDU/s640/P1270410.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-H5efDLT1Qjk/UpzV32oaBzI/AAAAAAAADIA/CryjdqWTsDU/s200/P1270410.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Campo de trigo mourisco</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Com altitudes ainda elevadas, girando em torno de 930m, fomos avançando pelos imensos campos floridos de trigo mourisco e por pequenas propriedades rurais visando chegar rapidamente a Pardinho, terceiro município da Cuesta de Botucatu. A avifauna ululante novamente nos impedia de seguir sem paradas, obrigando-nos a registrá-la. As gralhas continuavam rondando. Os joões-de-barro e os sabiás-do-campo também. Em um grande mourão, de longe ouvíamos as bicadas do resistente pica-pau-do-campo trabalhando em sua nova moradia. E quando todo esse naturalmente equilibrado cenário desapareceu, dando lugar a uma horrenda pastagem seca pontilhada por cupinzeiros milimetricamente equidistantes, a atenção, que já se desviava de volta para a estrada de chão, ganhou sobrevida. Nesse mesmo pasto, espalhados por duzentos metros quadrados, inúmeros carcarás descansavam ao sol, ingerindo nos intervalos as larvas e os adultos de cupins que vertiam dos cupinzeiros estourados. Nunca vi tantos coabitando o mesmo ambiente. Deve ser por esse motivo que um quiriquiri solitário, de longe, apenas observava, não ousando se aproximar. Nesses deleites ornitológicos terminamos nossa cruzada pela zona rural de Pardinho, pensáramos. Fotografamos ademais, em um açude, para agora sim finalizar, o frango-d'água, a marreca pé-vermelho, a biguatinga e a maria-faceira. Quarenta e sete quilômetros após Itatinga atracávamos em Pardinho, município com 6 mil habitantes no alto de 900m da cuesta. Rumaríamos agora, partindo da Matriz do Divino Espírito Santo, para Bofete, quarta cidade na rota que traçáramos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-uTDCmXLJu48/UpjvC9NuB5I/AAAAAAAADAo/zyBMOlvlj70/s640/P1270387.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-uTDCmXLJu48/UpjvC9NuB5I/AAAAAAAADAo/zyBMOlvlj70/s320/P1270387.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pica-pau-do-campo</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-cKG8P73mwLU/UpjvJIrsInI/AAAAAAAADA4/eOy-Fr0fXBk/s640/P1270396.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-cKG8P73mwLU/UpjvJIrsInI/AAAAAAAADA4/eOy-Fr0fXBk/s320/P1270396.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pasto de carcarás</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-m2hi-2FgrLs/UpjvSXQbweI/AAAAAAAADBY/YKovPrg7yao/s640/P1270424.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-m2hi-2FgrLs/UpjvSXQbweI/AAAAAAAADBY/YKovPrg7yao/s320/P1270424.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pardinho</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mG303us73T4/Upjv8Gus-eI/AAAAAAAADDo/3U_rzKRHFyo/s512/DSCN5246.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-mG303us73T4/Upjv8Gus-eI/AAAAAAAADDo/3U_rzKRHFyo/s200/DSCN5246.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Seriema</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">De Pardinho subimos para o norte por uma serpenteante estrada municipal asfaltada na crista da Serra Comprida. Seis quilômetros depois acessávamos uma via de terra a leste e fomos perdendo altitude, caindo para a casa dos 700m. Essa súbita queda não foi motivo para perdermos o interesse pela paisagem. É que aqui, desde os primeiros metros no solo arenoso e incerto, avistávamos, ao longe, o cartão postal mais emblemático da Cuesta de Botucatu: o Morro das Três Pedras. Enquanto nos aproximávamos para uma vista mais detalhada, a partir de um mirante na Fazenda Três Pedras, registramos as seriemas que, em casais, ora ou outra atravessam as estradas rurais e somem em meio aos eucaliptos. Já no mirante, separados do monumento natural apenas pelo vale do rio do Peixe, admirávamos em minúcias um morro de pedra, largo, preso em meio a dois morros também de pedra, mas estreitos. É o Morro das Três Pedras, com pontos culminantes na centena dos 700m. Que lugar magnífico! Tanto que fomos acompanhando-o no horizonte enquanto trilhávamos, sentido sudeste, pelas zonas rurais de Pardinho e Bofete. As vistas que se revelavam, à medida que nos aproximávamos de Bofete, quarta cidade de nossa rota, eram muitas vezes divergentes da testemunhada no mirante. A natureza, assim como personalidade dos humanos, tem muitas faces. Passamos ainda pelos contrafortes de alguns outros morros de menor apelo estético, como o Grande e o dos Órgãos. Já na zona rural de Bofete, cercados por búfalos e vigiados do alto por gaviões-caboclos em uma estrada praticamente plana, a 600m de altitude, vencíamos os últimos metros dos 35km trilhados desde Pardinho e atracávamos defronte a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, no núcleo de um município de 10 mil habitantes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-GnGl-uP87aY/UpjvYf4xw2I/AAAAAAAADBw/eHD_nbMf1-U/s800/P1270448.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="225" src="http://4.bp.blogspot.com/-GnGl-uP87aY/UpjvYf4xw2I/AAAAAAAADBw/eHD_nbMf1-U/s400/P1270448.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro das Três Pedras</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-oVdqZpPhJTY/UpjvioGSy0I/AAAAAAAADCQ/YaBjOQoH2_U/s640/P1270492.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-oVdqZpPhJTY/UpjvioGSy0I/AAAAAAAADCQ/YaBjOQoH2_U/s320/P1270492.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista sul</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-SsijcGKf41U/UpjvsXjw2KI/AAAAAAAADC0/vcjbeUXalzs/s640/P1270507.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-SsijcGKf41U/UpjvsXjw2KI/AAAAAAAADC0/vcjbeUXalzs/s320/P1270507.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bofete</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_gWLarWTf48/Upjv1jPxxdI/AAAAAAAADDQ/PIRcOFsGk-8/s512/P1270526.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-_gWLarWTf48/Upjv1jPxxdI/AAAAAAAADDQ/PIRcOFsGk-8/s200/P1270526.JPG" width="149" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casimiros</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Como nosso escopo não era esmiuçar os centros urbanos da cuesta, logo deixamos a zona urbana de Bofete. Avançamos primeiramente para o norte, por uma via asfaltada. Seis quilômetros depois pendíamos para o leste, passando pelos bairros rurais de São Roque Novo e São João. Aí o asfalto desapareceu e, novamente para o norte, fomos por terra, ganhando uma estrada bem batida até um local conhecido como Casimiros, uma comunidade rural de simples casas de madeira. No céu límpido, sobre nossas cabeças, o gavião-de-rabo-branco espreitava. A freirinha, notadamente encalorada, o que era perceptível pelo seu bico que permanecia aberto, empoleirava-se nos mourões. O beija-for-rabo-de-tesoura, a exemplo do tesourinha-do-brejo no dia anterior, dava um espetáculo à parte, sugando o néctar de uma lantana que crescia destrambelhadamente entre a cerca e a estrada. Anus-pretos, em bandos, obedeciam ao grito do “sentinela” e debandavam mediante nossa aproximação. Reencontramos o asfalto, continuamos rumo ao leste por dois quilômetros e descemos ao sul por uma estrada de chão até o bairro de Binos, já pertencente ao município de Conchas, quinta cidade de nossa rota. Ali registramos, nos charcos, jaçanãs e seus bem-humorados filhotes se refrescando. Curiosas crianças encarapitavam-se nas janelas e portões de madeira, curiosos com o barulho do motor de nossa motocicleta que, por ora, disturbava a calmaria local. No término desse bairro nos deparamos com uma porteira fechada. Abrindo-a, começamos a subir o chamado Alto da Padilha por uma estrada aparentemente há muito não utilizada. Ao longe víamos Conchas e seu conglomerado urbano de 18 mil habitantes. Quarenta e seis quilômetros depois de Bofete apeávamos defronte a Paróquia do Senhor Bom Jesus.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-nxKVAxCtiOs/UpjvvghzepI/AAAAAAAADDA/DudAqZ8quWc/s512/P1270518.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-nxKVAxCtiOs/UpjvvghzepI/AAAAAAAADDA/DudAqZ8quWc/s320/P1270518.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Freirinha</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-i9PpuFJLfPg/Upjv5RoIBoI/AAAAAAAADDg/DDml3wMESd4/s640/P1270553.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-i9PpuFJLfPg/Upjv5RoIBoI/AAAAAAAADDg/DDml3wMESd4/s320/P1270553.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Beija-flor-rabo-de-tesoura</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2JoZWmfMbZA/UpjwH7JDobI/AAAAAAAADEQ/97hRaaYrLw8/s640/P1270577.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="241" src="http://1.bp.blogspot.com/-2JoZWmfMbZA/UpjwH7JDobI/AAAAAAAADEQ/97hRaaYrLw8/s320/P1270577.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Meninos no bairro de Binos</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-bUlC3DCF_MU/UpjwJTdjO2I/AAAAAAAADEY/zLWLFeVR-uc/s640/P1270580.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-bUlC3DCF_MU/UpjwJTdjO2I/AAAAAAAADEY/zLWLFeVR-uc/s200/P1270580.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Conchas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Se existiu nessa viagem um momento que definiu a palavra AVENTURA com certeza essa momento foi a peleja que arrostamos no trecho entre Conchas e Anhembi. Já eram passadas 16h e gozaríamos de apenas mais uma hora e meia de luz solar para derrocar os 50km de estradas de chão entre essas duas cidades. Pouco, eu diria. Optamos por arriscar, saindo do centro urbano de Conchas pelo oeste, e 4km depois nos deparamos com uma porteira fechada, dentro de uma propriedade particular. Fomos informados pela proprietária que, depois da porteira, nada mais havia. Apenas mato, um rio e nenhuma estrada. Meus mapas se equivocaram. Retornamos um bocado, subimos para noroeste, contornamos a igreja rural de São Roque e encontramos mais cercas fechadas de propriedade particulares. Abrimo-las, mas todas nos levaram a outras cercas ou eucaliptais intransponíveis. Restou-nos volver à igreja e seguir para o norte. A situação se agravou. Estávamos literalmente pilotando sobre o pasto, visto que não havia mais estradas. O sol se pôs, a noite nos abraçou e, incapazes de localizar alguma via para Anhembi, optamos por retornar a Conchas para a pernoite desse segundo dia. Mais surpresas, contudo, ocorreram. Pela primeira vez em mais de quatro anos que venho viajando sobre duas rodas um pneu furou. Luana e eu já planejávamos dormir no mato. Por sorte eu trazia na mala traseira da moto um daqueles gases para reparo de câmaras. Se o furo fosse pequeno, talvez ele desse uma sobrevida ao pneu, de forma que pudéssemos trilhar os 6km que nos apartavam de Conchas, onde talvez localizássemos um borracheiro. O spray de gás funcionou, felizmente. Em Conchas, entretanto, nenhum borracheiro aceitava reparar a câmara. Geralmente não gostam de mexer em pneus de moto. O pior é que nem um local para dormir encontramos. Restou-nos torcer para que o gás aguentasse o baque por mais 55km, que é a distância de Conchas a Anhembi por asfalto, via Marechal Rondon e Samuel Castro Neves. Augurávamos ir por terra, mas não foi possível, então que fosse por vias tradicionais. Pernoitamos no entorno da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, no coração de uma cidade com 6 mil habitantes, a sexta de nossa rota. O gás surpreendentemente aguentara.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-9UVmieZdpAg/UpjwLtR1VeI/AAAAAAAADEg/dZCnUjtgcYk/s640/P1270582.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-9UVmieZdpAg/UpjwLtR1VeI/AAAAAAAADEg/dZCnUjtgcYk/s320/P1270582.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Garibaldi-fêmea</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-5PH8RhZgdtM/UpjwP4Yf1TI/AAAAAAAADEw/_jn3v4ugEtI/s640/P1270585.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-5PH8RhZgdtM/UpjwP4Yf1TI/AAAAAAAADEw/_jn3v4ugEtI/s320/P1270585.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja rural de São Roque</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-IzwftmEixyc/UpjwRCxK8HI/AAAAAAAADE4/xR6xJT9ZoII/s800/P1270589.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-IzwftmEixyc/UpjwRCxK8HI/AAAAAAAADE4/xR6xJT9ZoII/s320/P1270589.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pôr-do-sol sobre as pastagens de Conchas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ZcW_GEhuzAs/UpjwTKfrl4I/AAAAAAAADFA/5AjoIpOnUso/s640/P1270591.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-ZcW_GEhuzAs/UpjwTKfrl4I/AAAAAAAADFA/5AjoIpOnUso/s200/P1270591.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Anhembi</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Amanheceu o dia 25 e com ele minha preocupação em consertar o pneu dianteiro da moto. O gás do spray mantivera a câmera cheia por toda a noite, mas eu não queria surpresas no meio do caminho e, portanto, tratei logo de procurar um borracheiro. Porém, algumas coisas só são possíveis em cidades minúsculas como Anhembi. Os únicos dois borracheiros da cidade, acreditem, eram parentes. Até aí, tudo bem, se não fosse pelo fato de um membro da família dos mesmos ter morrido no dia anterior. Resultado: os dois foram ao enterro. Luana, eu e nossa avariada moto tivemos que seguir caminho contando com a sorte e confiando no spray. Adentramos uma estrada de terra a oeste da cidade e fomos seguindo sentido Botucatu, avistando aves como o canário-da-terra, a andorinha-serradora e o tucanuçu. Passando sobre a ponte do ribeirão Bom Retiro, afluente do Tietê, flagramos um bando de gralhas-picaças, uma das aves mais belas da nossa avifauna, amarelas e pretas, com uma crista arredondada e olhos azuis. Havia visto esse espécime nos arredores das Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, e pela primeira vez os visualizei em São Paulo. Prosseguindo, passamos, já na zona rural de Botucatu, pelo bairro de Piapara e sua Capela de São Domingos. Numa última esticada, ora por entre altos eucaliptais ora por terras onde o corte fora recente, avistamos, atravessando o rio Bocaina, que corta a estrada, o Morro do Peru, com 795m de altitude. Vale frisar que vínhamos na casa dos 600m desde Anhembi. Subimos novamente a Serra de Botucatu e entramos na maior cidade da Polo Cuesta, a grande Botucatu, com quase 130 mil habitantes. Foram 45km desde Anhembi.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-u-pRgIyQTVw/UpjwcFfmWdI/AAAAAAAADFg/B9Ug-LVlrWo/s640/P1270611.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-u-pRgIyQTVw/UpjwcFfmWdI/AAAAAAAADFg/B9Ug-LVlrWo/s320/P1270611.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bairro Piapara</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-dYDxw3N6B58/Upjwjnk2jgI/AAAAAAAADF4/EhtTBY8Tmos/s640/DSCN5377.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-dYDxw3N6B58/Upjwjnk2jgI/AAAAAAAADF4/EhtTBY8Tmos/s320/DSCN5377.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gralha-picaça</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-63SMfrrEe20/UpjwhnEjOrI/AAAAAAAADFw/NigGTsw7KeI/s640/P1270620.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-63SMfrrEe20/UpjwhnEjOrI/AAAAAAAADFw/NigGTsw7KeI/s320/P1270620.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chegando a Botucatu</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-7Lmfd2uj9Sg/Upjwel3fk_I/AAAAAAAADFo/xpO0RzGQZwk/s640/P1270617.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-7Lmfd2uj9Sg/Upjwel3fk_I/AAAAAAAADFo/xpO0RzGQZwk/s200/P1270617.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro do Peru</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A palavra Botucatu se origina do termo<i> ybytucatu</i>, ou “vento bom”, em tupi. Era uma região praticamente desocupada pelo homem branco até os idos de 1830, visto estar em uma parte elevada da cuesta, com altitudes superiores a 800m. Ali residiam os índios Caiouás. Por falar em indígenas, há indícios de que por aqui passavam os Incas em seu trajeto entre o Atlântico e o altiplano andino peruano. Era o denominado Caminho do Peabiru, trilhada, à época pré-descobrimento, a pé, se estendendo por mais de 3 mil quilômetros cortando o território de 4 países (Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil), terminando na Capitania de São Vicente, hoje Estado de São Paulo, passando em seus derradeiros quilômetros pelo Planalto de Piratininga, onde está edificada atualmente a megalópole capital São Paulo. Se fatos históricos não podíamos atestar, o mesmo não pode se dizer da imponência e opulência presente na gótica Catedral Metropolitana de Santana, ali a nossa frente, uma obra de 1943 que impressiona pelo cinza enegrecido de suas paredes. Terminado nosso registro, saímos à caça de um borracheiro que aceitasse mexer no pneu dianteiro da moto. Após 3 respostas negativas, encontramos uma alma caridosa já na saída para São Manuel, nosso próximo destino na cuesta. Enquanto o pneu era extraído, minha pobre moto amargava seu terceiro tombo da viagem. Sem danos e agora com o pneu pronto para mais terra, saímos pelos canaviais visando vencer rapidamente os 30km até São Manuel.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-PUa1SjxTuPI/UpzglRA0HcI/AAAAAAAADIs/KWTMlVj20GE/s512/P1270626_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="387" src="http://3.bp.blogspot.com/-PUa1SjxTuPI/UpzglRA0HcI/AAAAAAAADIs/KWTMlVj20GE/s400/P1270626_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Catedral Metropolitana de Santana</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-vyERlhadFuE/Upjwl801kbI/AAAAAAAADGA/KcLsnRSs-zU/s640/P1270633.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-vyERlhadFuE/Upjwl801kbI/AAAAAAAADGA/KcLsnRSs-zU/s320/P1270633.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Consertando o pneu furado</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-AfIW1_4z_qU/UpjwnqUP1BI/AAAAAAAADGI/doXjKrPf-SM/s800/DSCN5384.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-AfIW1_4z_qU/UpjwnqUP1BI/AAAAAAAADGI/doXjKrPf-SM/s320/DSCN5384.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, "vento bom"</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Vz0hfcHOSUM/UpjwqM7Jp4I/AAAAAAAADGQ/nSHWU4LRt_E/s640/P1270652.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-Vz0hfcHOSUM/UpjwqM7Jp4I/AAAAAAAADGQ/nSHWU4LRt_E/s200/P1270652.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São Manuel</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Gostaria eu de dizer que a paisagem entre Botucatu e São Manuel é exuberante, mas simplesmente não posso. O caminho é praticamente todo formado por estreitas vias arenosas e barrentas entrecortando canaviais altos e baixos. É um daqueles locais pelo qual se quer passar logo, sem ao menos se dar ao prazer de uma parada para fotografias. Por isso apeamos apenas defronte a Igreja de São Manuel, neogótica como a de Botucatu, mas consideravelmente menor e de torre única ao invés de dupla. Obras estavam sendo levadas a cabo em seu interior, e os homens que ali trabalhavam gentilmente nos permitiram a entrada. Simples, sem muitos vitrais ou adereços, e pacienciosa como a cidade que a cerca, com seus pouco mais de 40 mil habitantes. Para não sermos eivados por esse espírito letárgico, continuamos na toada para o sul rumo à penúltima cidade da cuesta: Pratânia. E lá vamos nós, cruzando a rodovia Marechal Rondon e enfrentado mais terra. Foram mais 15 entendiantes quilômetros até o pacato bairro Pratinha, já em território de Pratânia, com casas simples de madeira, uma praça central e uma igrejinha, a de Nossa Senhora da Candelária. Foi um presságio para Pratânia, a terra da consagrada dupla caipira Tonico e Tinoco (embora tenham nascido em São Manuel e Botucatu, respectivamente). Há até um museu por lá homenageando-os. Com 5 mil habitantes espalhados em volta da Igreja do São Bom Jesus, teve seu nome originado de tropeiros que, quando aqui chegaram, no século XIX, acreditaram ter encontrado prata nas margens do rio Jacu. Era, na verdade, um composto de sulfeto de chumbo. Se nas minas mineiras existia o ouro de tolo, aqui foi a pseudo-prata que vitimou os desavisados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Opl0kLUbEVU/Upjwr2uzSWI/AAAAAAAADGY/EhLYQoRYAos/s512/P1270658.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-Opl0kLUbEVU/Upjwr2uzSWI/AAAAAAAADGY/EhLYQoRYAos/s320/P1270658.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Interior da Igreja de São Manuel</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-qe6vGJBhPUk/UpjwuTzTPiI/AAAAAAAADGg/y61ir5XMalk/s640/P1270663.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-qe6vGJBhPUk/UpjwuTzTPiI/AAAAAAAADGg/y61ir5XMalk/s320/P1270663.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bairro Pratinha, em Pratânia</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-OfuOLGc4b_w/Upjwxe15xvI/AAAAAAAADGo/aENtPRYSA7I/s640/P1270666.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-OfuOLGc4b_w/Upjwxe15xvI/AAAAAAAADGo/aENtPRYSA7I/s320/P1270666.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pratânia</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-nZTNfe2waeU/Upjw7SFjxmI/AAAAAAAADHQ/tnmIkF4PeTw/s640/DSCN5410.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-nZTNfe2waeU/Upjw7SFjxmI/AAAAAAAADHQ/tnmIkF4PeTw/s200/DSCN5410.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Suiriri-pequeno</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Saímos de Pratânia em uma toada moderada. Afinal, apenas 25km nos apartavam de Areiópolis, a derradeira cidade da Cuesta de Botucatu na rota que debuxáramos. A avifauna premia a morosidade, e fomos agraciados, logo nos primeiros metros de uma estrada rural a oeste de Pratânia, com a aparição do suiriri-pequeno, de padrão de cores ligeiramente discrepante do suiriri, aquele comum nos grandes centros urbanos. A cana, a exemplo do trecho Botucatu-São Manuel, continuou sendo a tônica da paisagem, numa altitude que se esgueirava pouco acima ou pouco abaixo dos 700m. Um lago de águas tranquilas foi o único local que realmente mereceu alguma atenção. A terra se findou no asfalto da Estrada Municipal Lencóis Paulista-Pratânia. Como Lençóis não estava em nossos planos, pendemos para o leste tão logo avistamos a Capela de Santa Cruz solitária em uma rotatória. Aí foi só enfrentar mais areia, cana e esporadicamente alguns chopins-do-brejo alçando voo, assustados com nossa passagem, cruzar a Marechal Rondon e infiltrar-se por Areiópolis, município com pouco mais de 10 mil habitantes. Finalizamos ali, em frente a igrejinha da Santa Cruz, nossa incursão pela cuesta, após 474km rodados em 3 dias, sendo mais de noventa por cento do caminho todo trilhado em estradas rurais precárias. O calor de Areiópolis e o desgaste físico nos incitaram a logo partir dali e voltar para as bandas de Americana, uma cidade onde, infelizmente, serras não existem para descansar nossos olhos da mesmice urbana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-LLVe0dJo8Mc/Upjw3rDRzII/AAAAAAAADHA/rQscqZW6oU4/s640/P1270689.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-LLVe0dJo8Mc/Upjw3rDRzII/AAAAAAAADHA/rQscqZW6oU4/s320/P1270689.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lago na zona rural de Pratânia</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-GZVsGENeVEA/Upjw5J-2mZI/AAAAAAAADHI/lX6s-NtXFeo/s640/P1270694.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-GZVsGENeVEA/Upjw5J-2mZI/AAAAAAAADHI/lX6s-NtXFeo/s320/P1270694.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Flor do aguapé</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-x6tgTAaj7D8/Upjw85_sjNI/AAAAAAAADHY/Ky1RcBBMwtE/s512/P1270704.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-x6tgTAaj7D8/Upjw85_sjNI/AAAAAAAADHY/Ky1RcBBMwtE/s320/P1270704.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Areiópolis</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-bxDep2I7amI/UpjtGw5WN5I/AAAAAAAAC8Y/bO1t2Y2Jsc8/s640/P1270056.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-bxDep2I7amI/UpjtGw5WN5I/AAAAAAAAC8Y/bO1t2Y2Jsc8/s200/P1270056.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O regresso</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A volta foi tão rápida quanto as sucessivas entradas e saídas de Eike Batista da lista dos mais ricos do mundo da Forbes. Descemos pela Marechal Rondon, passando pelos entornos de São Manuel, e subimos para o norte até Santa Maria da Serra pela SP-191, que passa sobre um dos braços da Represa de Barra Bonita, do rio Tietê. Chegamos a São Pedro, no alto de uma das mais belas serras paulistas, a de São Pedro, e descemos para Águas de São Pedro, cidade onde o comércio é ululante. Daí foi só vagar até Piracicaba e acessar a SP-304, passando por Santa Bárbara até finalmente apearmos em Americana. Rodamos, no total, 760km, mas nossos andrajos empoeirados com a puaca da Cuesta de Botucatu davam a entender que nos submetêramos a uma faina de maior magnitude. Enfim, estávamos a salvo da areia e de outros perigos da serra do “vento bom”, mas também distantes de suas maravilhas que ainda resistem ao avanço da monocultura canavieira, notadamente em sua porção oeste.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Que, como todos os andejos que nada tem a perder, sejamos livres, tanto a ponto de querermos sempre andar, mesmo não sabendo para onde ir. E que, mesmo sabendo para onde ir, nunca tenhamos um lugar como destino final, mas sempre como metade do caminho para um outro local que, felizmente, nunca sabemos qual será.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-0dcgMMq3YBc/UpjwYj4jfAI/AAAAAAAADFQ/woIKEcYFn4A/s640/P1270599.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-0dcgMMq3YBc/UpjwYj4jfAI/AAAAAAAADFQ/woIKEcYFn4A/s400/P1270599.JPG" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/CuestaDeBotucatuDe23A25DeAgostoDe201302?noredirect=1#" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span> </div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5951766140850616529%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues composto especialmente para a Cuesta de Botucatu.</span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
</div>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/COVtRaGZhtw" width="540"></iframe>Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-36006234815826482482013-10-09T14:22:00.000-07:002013-10-14T20:29:48.301-07:00Caminho da Fé – de 26 a 29 de julho de 2013<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-yDFEOGDDiuA/UiX2eS1n6uI/AAAAAAAACvg/SpgKpbVh9Bk/s640/P1260185_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="292" src="http://3.bp.blogspot.com/-yDFEOGDDiuA/UiX2eS1n6uI/AAAAAAAACvg/SpgKpbVh9Bk/s400/P1260185_stitch.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="margin: 0px 50px;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Dizem que fé é a crença no imaterial, no inanimado, no que não pode ser palpado ou mensurado. Eu, um ex-estudioso acerca de religiões e que não necessariamente se deixou alienar por elas, do imo do meu ateísmo evoco amiúde um resquício de fé, embora essa não seja aquela que se relegue a Deus, a deuses ou a uma outra divindade qualquer. Tenho esperanças, por exemplo, na restauração da harmonia entre os ser humano e os outros seres vivos desse planeta, algo que muitos considerariam mais uma utopia do que propriamente algo conquistável. É uma fé propriamente dita. Fé, portanto, também é isso: debruçar-se sobre impossibilidades, ou sobre algo possível que talvez nunca se concretize, uma vez que exige um esforço extenuante, além das limitações do comodismo humano. No fim, termos se confundem, a fé passa por provações, o ser pensante sofre mutações ideológicas. Ao término de tudo, restam os caminhos trilhados e aspirações para um futuro incerto, duvidoso. Resta a fé de que tudo, um dia, melhore. Se nem ela restar, a depressão se torna uma realidade, e a passividade, de braços cruzados, aguarda a morte.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wFSYsdd-Vug/UlQyDWOlOaI/AAAAAAAAK8c/avgXVuIPurM/s1600/P1260148.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-wFSYsdd-Vug/UlQyDWOlOaI/AAAAAAAAK8c/avgXVuIPurM/s200/P1260148.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rumo ao Caminho da Fé</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A ideia de percorrer todo o Caminho da Fé, partindo de Tambaú até Aparecida e cruzando boa parte do sul mineiro, surgiu de minhas antigas passagens pela região de Águas da Prata, isso quando a motocicleta ainda não me era um instrumento para a transcendência do óbvio, mas sim um meio de locomoção barato e, portanto, tangível para um assalariado como eu. Sempre me deparava, naquelas ocasiões, com portais, setas amarelas e outras informações físicas acerca dessa “travessia” criada em 2004 com inspiração nos caminhos de Santiago de Compostela, na Espanha, esse há muito frequentado por peregrinos do mundo todo. Guardadas as proporções, o Caminho da Fé é hoje uma dentre as várias opções disponíveis aos peregrinos tupiniquins que porventura desejam pôr em cheque a própria fé ao caminhar por seu longo comprimento, desafiando limites físicos e testando seu poder de automotivação. Obviamente por ser um caminho quase que inteiramente composto por estradas de terra, ciclistas e motociclistas também o trilham, logicamente com um esforço menos intenso. Porém, em uma viagem de moto o que se busca não é a prova de nada. De fato, Thiago Lucas, meu parceiro de empreitada, é um cristão católico, embora não praticante. Eu, por minha vez, sou um ateu por ora convicto, e portanto o aspecto religioso não era o meu escopo nessa incursão. Augurávamos não colocar nossa fé ou corpo à prova, mas sobretudo vencer uma rota que prometia revelar cenários interessantes, uns ainda preservados e outros totalmente ruralizados, e que, juntos, contribuem para a construção de uma identidade peculiar do sul mineiro e do norte paulista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Não me aterei à descrição pormenorizada do caminho entre Americana e Tambaú, visto ser esse composto por 130 asfaltados e fastidiosos quilômetros quase em sua totalidade ladeados por plantações de cana-de-açúcar, excetuando-se uma breve e vistosa passagem pela ponte do rio Mogi-Guaçu, em Cachoeira de Emas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-vFYU9XdyToI/UiX0WH6c0wI/AAAAAAAACsI/VmPNbxCagmU/s640/P1260069.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-vFYU9XdyToI/UiX0WH6c0wI/AAAAAAAACsI/VmPNbxCagmU/s200/P1260069.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Basílica de Tambaú</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Saímos de Americana no dia 26 de julho em um horário atípico, às 11:30h. Chegamos a Tambaú, cidade com 23 mil habitantes, no princípio da tarde, por volta das 13h. Aqui, na cidade afamada pelos supostas curas miraculosas do Padre Donizetti Tavares de Lima (pároco que não nasceu, mas morreu em Tambaú na década de 1950), daríamos início à nossa “peregrinação” pelo Caminho da Fé (coloco o termo entre aspas porque, segundo alguns caminhantes que encontramos alhures, motociclista não sofre tanto quanto um pedestre e, portanto, não pode ser considerado peregrino). Ressalto que existem vários caminhos que levam a Tambaú, os chamados ramais, que também são integrantes do Caminho da Fé. Partem de São Carlos, Franca e Sertãozinho. Entretanto, estes têm apenas o intuito de facilitar a chegada ao Santuário (Basílica) de Nossa Senhora de Aparecida, um templo católico com o formato de uma grande caixa e de quatro entradas de teto triangular, ponto de partida oficial para os peregrinos e a partir de onde setas amarelas, gravadas rusticamente em postes de energia e mourões, começam a desempenhar seu papel direcional. É em Tambaú também que andejos que almejam formalizar suas caminhadas adquirem as credenciais que, ao longo do trajeto, nas pousadas credenciadas, vão recebendo carimbos, como <i>checkpoints</i>. No fim, em Aparecida, podem trocá-las por um certificado. Logicamente tais credenciais seriam inúteis para nós. Augurávamos, nesse primeiro momento, inteirar-nos da aura religiosa que permearia toda a travessia, adentrando o santuário para observar devotos que, em silêncio, acendiam velas ecológicas e cerravam os olhos numa prece pacienciosa, algo que meu ateísmo nunca compreenderá. Sob os imensos lustres e no interior daquele imenso salão iluminado pela luz solar filtrada pelos coloridos vitrais, nós, os pseudo peregrinos, principiaríamos a faina.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-BGT58WkhIr8/UiX0aFUS7lI/AAAAAAAACsQ/dXU2PcD4k-A/s512/P1260077.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-BGT58WkhIr8/UiX0aFUS7lI/AAAAAAAACsQ/dXU2PcD4k-A/s320/P1260077.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Interior do Santuário de Nossa Senhora de Aparecida</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Y2OWL_VXQaY/UiX0ffgMwmI/AAAAAAAACsY/y8L6z3VJlms/s512/P1260081.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-Y2OWL_VXQaY/UiX0ffgMwmI/AAAAAAAACsY/y8L6z3VJlms/s320/P1260081.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vitral homenageando o Padre Donizetti</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-zjf8OGep8So/UiX0k-cz5rI/AAAAAAAACsg/pVz9rSMjxmI/s640/P1260090.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-zjf8OGep8So/UiX0k-cz5rI/AAAAAAAACsg/pVz9rSMjxmI/s200/P1260090.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa de sítio abandonada</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Aponto aqui a altitude de Tambaú: 707m em frente à Basílica. A altimetria é um dado relevante no Caminho da Fé, visto que muitas serras terão que ser obrigatoriamente derrocadas nas zonas rurais das cidades que o compõem. Em direção ao segundo centro urbano, Casa Branca, não houve mudanças bruscas, sendo um trajeto composto basicamente por leves aclives e declives. Na primeira parte, na zona rural de Tambaú, as setas amarelas nos guiaram para o meio de canaviais, por trilhas estreitas (que de carro ou qualquer outro veículo mais largo seria impossível atravessar) e para uma outra estrada mais ampla, de terra batida, ladeada por uma cerca viva benfeitora por nos privar do calor do sol por um momento. Repentinamente a terra deu lugar ao asfalto da vicinal Tambaú-Casa Branca, e em suas curvas, sempre em meio a canaviais, observamos um fenômeno corriqueiro nos sítios paulistas: construções abandonadas. Isso se deve ao êxodo rural, principalmente, mas também ao arrendamento de terra por grandes empresas canavieiras, que obrigam os rurícolas a deixar seus domicílios; e, por último, mas esse um caso bem menos comum de acontecer, ao abandono de uma residência para a construção de outra em um local distinto no mesmo sítio. Afinal, como dizem, é mais barato e cômodo construir uma outra casa do que reformar uma que já está comprometida. Impressões à parte, depois de 6 ou 7km deixamos o asfalto e adentramos uma estrada de chão mais truncada, passando por uma cerâmica desativada e por uma capelinha envolta pela cana-de-açúcar. Mais à frente uma outra, essa minúscula, abrigando apenas uma imagem e alguns ornamentos floridos. A partir dela a soja passa a ser a cultura dominante até Casa Branca, cidade com 33 mil habitantes a uma altitude média de 720 metros. Foram rodados exatamente 30km desde Tambaú.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-n4k9_D0sdSo/UiX06ICNpPI/AAAAAAAACtI/ygdUvMBHxd0/s640/P1260102.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-n4k9_D0sdSo/UiX06ICNpPI/AAAAAAAACtI/ygdUvMBHxd0/s320/P1260102.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Trecho entre Tambaú e Casa Branca</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_onApyafOGw/UiX1Ahtx1MI/AAAAAAAACtQ/ylm8XWfHriw/s576/P1260106_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="http://4.bp.blogspot.com/-_onApyafOGw/UiX1Ahtx1MI/AAAAAAAACtQ/ylm8XWfHriw/s320/P1260106_stitch.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela em meio a um canavial</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/--TLAUSPgXIc/UiX0xYyA1kI/AAAAAAAACtA/VGEUDugDHBw/s640/P1260103.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/--TLAUSPgXIc/UiX0xYyA1kI/AAAAAAAACtA/VGEUDugDHBw/s320/P1260103.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rurícolas no Caminho da Fé</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ffJyBvOtSAg/UiX1OW7AAMI/AAAAAAAACtg/8yX7s1aWmqY/s640/P1260122.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-ffJyBvOtSAg/UiX1OW7AAMI/AAAAAAAACtg/8yX7s1aWmqY/s320/P1260122.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Irrigação da soja</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="margin: 0px 50px;"></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-21iJeyDh8hE/UiX1c4oWtwI/AAAAAAAACuA/6wwE22Z3zAU/s640/P1260138.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-21iJeyDh8hE/UiX1c4oWtwI/AAAAAAAACuA/6wwE22Z3zAU/s200/P1260138.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Casa Branca</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Em Casa Branca apeamos na Igreja de Nossa Senhora do Desterro, mais singela quando comparada à Matriz de Nossa Senhora das Dores, que veio logo em seguida. Continuando no rastro das setas amarelas, entrecortamos o Bosque Municipal, deixamos o perímetro urbano e, vencendo imensas poças d'água, lamaçais e trilhas estreitas, sempre acompanhados de perto pelos pica-paus-brancos e chopins-do-brejo, deparamo-nos com uma porteira elétrica fechada. Um morador da fazenda a abriu e continuamos, mas agora na asfaltada BR-267. Mal nos habituávamos ao liso pavimento e já nos víamos tentados a abandoná-lo. Em um pedágio desativado as setas ouviram nossas súplicas, mas mais tarde cobraram o seu quinhão, ao avançarmos inadvertidamente por um brejo, após abrirmos a segunda porteira do dia. Atolei minha moto de uma tal maneira que, em dois, demoramos cerca de 20 minutos para colocá-la em condições de movimentar-se. Para piorar a situação, tivemos que transpor, metros depois, um lago por uma ponte parcialmente apodrecida pelo tempo e pela umidade. Tivemos que, primeiro, nos certificar de que a mesma aguentaria o peso do nosso próprio corpo para, depois, arriscar atravessá-la com as motos. Com estalidos secos amedrontando-nos, vencemos mais esse obstáculo e prosseguimos pelas irregulares estradas de chão rumo a Vargem Grande do Sul, com a cana e a soja dividindo nossa atenção. Após 35km de muito esforço e sacolejos constantes chegamos à Igreja Matriz de Santana. No feriado de sua padroeira, Vargem Grande do Sul, mesmo abrigando 40 mil habitantes encontrava-se letárgica, praticamente vazia. Aproveitamos esse clima moroso para uma parada e um novo registro da altitude: 734m. O trecho serrano se principiaria ali e, portanto, ansiávamos por mais variações de paisagens.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-RuiU0GA0yN4/UiX1SBPeBpI/AAAAAAAACto/qwU2aAyo4IA/s512/P1260127.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-RuiU0GA0yN4/UiX1SBPeBpI/AAAAAAAACto/qwU2aAyo4IA/s320/P1260127.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Desterro</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-b8PXBwatMhk/UiX13dEj-rI/AAAAAAAACug/kmZMuUzco28/s640/P1260149.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-b8PXBwatMhk/UiX13dEj-rI/AAAAAAAACug/kmZMuUzco28/s320/P1260149.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Atoleiro entre Casa Branca e Vargem Grande do Sul</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-N9MTf0e-dW8/UiX2EspuxoI/AAAAAAAACuw/Y8tu3CVjXDg/s640/P1260162.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-N9MTf0e-dW8/UiX2EspuxoI/AAAAAAAACuw/Y8tu3CVjXDg/s320/P1260162.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte apodrecida</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-NsOk2rGRpeE/UiX2POKGHaI/AAAAAAAACvA/0Y_XZpShBPE/s640/P1260168.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="239" src="http://2.bp.blogspot.com/-NsOk2rGRpeE/UiX2POKGHaI/AAAAAAAACvA/0Y_XZpShBPE/s320/P1260168.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Vargem Grande do Sul</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-sFZlD1hlqQY/UiX2SeHXdGI/AAAAAAAACvI/cOBA4tClfX4/s640/P1260176.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-sFZlD1hlqQY/UiX2SeHXdGI/AAAAAAAACvI/cOBA4tClfX4/s200/P1260176.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tucanuçu</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Saindo do território urbano de Vargem Grande do Sul, rumamos para o leste, ascendendo por uma pedregosa estrada que manteve a constância em sua rural e católica essência: antigos casarões de sítios e uma amarelecida capela a esmo, a de Nossa Senhora de Aparecida, como que perdida à margem dos caminhos que levam ao alto da Serra da Fartura. Os tucanuçus, em voos errantes, nos acompanhavam aos bandos, deixando-se fotografar destemidamente. O sol, arredio, ameaçava debandar, e subindo em altitude o víamos cada vez mais alaranjado, escondendo-se por detrás das araucárias e das minúsculas outras capelinhas que, devido à falta de luz, não pudemos registrar com a devida sensibilidade. O certo é que, por volta das 18h, cruzávamos o pequeno vilarejo de São Roque da Fartura. Segundo dados dos próprios munícipes, coabitam aqui 600 pessoas. É, na verdade, um distrito do também minúsculo município de Águas da Prata, cidade que viria posteriormente. No entanto, achamos por bem terminar nesse momento nosso primeiro dia de aventuras pelo Caminho da Fé. Na Pousada Paina, dentro do Sítio Sobradinho, onde peregrinos, recebidos pelo casal Dona Clair e “Seo” Felão, tem um tratamento especial e pagam bem barato por isso (não faço propaganda dos lugares em que durmo, mas no Caminho da Fé os pontos de pernoite fazem parte do roteiro e, portanto, alguns merecem ser citados), adormecemos no alto dos 1330m de altitude da Serra da Fartura, um local que nos aproxima do esplendor das estrelas e, ao mesmo tempo, nos envolve com aquele frio serrano que, nessa noite, veio anestesiar a musculatura fatigada de corpos que, mesmo não sofrendo com as andanças de um peregrino, passaram por duras provações ao desatolar as pesadas motos dos brejos do norte paulista. Foram rodados 27km desde Vargem Grande do Sul e aproximadamente 90km desde Tambaú.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-BTgCPofnRsw/UiX2YXwHcaI/AAAAAAAACvQ/H5boZ6EF0RA/s640/P1260177.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-BTgCPofnRsw/UiX2YXwHcaI/AAAAAAAACvQ/H5boZ6EF0RA/s320/P1260177.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Fartura</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-IHMIxbwoGDI/UiX2cthUQvI/AAAAAAAACvc/uWfUulzi7AY/s640/P1260181.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-IHMIxbwoGDI/UiX2cthUQvI/AAAAAAAACvc/uWfUulzi7AY/s320/P1260181.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela nos contrafortes da Serra da Fartura</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-lcwOkdYSA-o/UiX2q9bvWeI/AAAAAAAACvw/2MlkHbNziAY/s640/P1260199.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="239" src="http://4.bp.blogspot.com/-lcwOkdYSA-o/UiX2q9bvWeI/AAAAAAAACvw/2MlkHbNziAY/s320/P1260199.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sítio Sobradinho, em São Roque da Fartura</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-34ztopsxuPU/UiX2jd0JrtI/AAAAAAAACvo/0xLIMT8kROc/s640/P1260191.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-34ztopsxuPU/UiX2jd0JrtI/AAAAAAAACvo/0xLIMT8kROc/s320/P1260191.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fim do primeiro dia</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-BTrQqtZhcGQ/UiX5BjPUtEI/AAAAAAAACwc/oQUPoKxwrjc/s640/P1260225.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-BTrQqtZhcGQ/UiX5BjPUtEI/AAAAAAAACwc/oQUPoKxwrjc/s200/P1260225.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja da Fartura</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Na manhã do dia 27 o frio da noite anterior permanecia incidindo sobre nós. Descansados, despedimo-nos do casal que nos considerou verdadeiros peregrinos, ao contrário de outros, e como último registro da pacata São Roque da Fartura, fotografamos a Igreja da Fartura, bem como os canários-da-terra e os sabiás que cantarolavam sobre os mourões nos limites do distrito. A partir daí desceríamos e subiríamos por outras serras, como a do Mirante e a do Deus Me Livre, de onde se obtém uma vista distante de cidades como São João da Boa Vista e Aguaí, além de mais próximas como a do Sítio Conquista e de Águas da Prata. Gaviões-de-rabo-branco sobrevoavam as imensas pastagens e nós, atravessando regatos e vencendo pedreiras, deparamo-nos com um imenso cafezal e uma porteira intransponível. De moto seria impossível passarmos. Somente a pé, e isso muito nos desanimou. Por ora fomos aconselhados a voltar um trecho da estrada de chão e partir por uma outra via, também de terra, que nos levou à asfaltada SP342. Nela permanecemos por mais alguns quilômetros, sendo desembocados em Águas da Prata, minha antiga conhecida. Foram 18km trilhados desde São Roque da Fartura, e defronte a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes intentaríamos dar prosseguimento à segunda parte do Caminho da Fé, agora em solo mineiro. Logicamente não poderíamos deixar de visitar uma das inúmeras cachoeiras que descem das serras que emparedam a cidade. Sem nem mesmo sairmos do caminho, conhecemos a cachoeira do Caldeirão da Bruxa, com 10m de queda e que é assim denominada pelo simples fato de ter, nas pedras adjacentes, uma perfuração natural, como uma panela, ou caldeirão. Uma moça que trabalha no local, que é de propriedade privada, ainda nos mostrou outra, de mesmo tamanho: a do Gavião Vermelho. Enfim, foi uma curta, mas proveitosa estadia em Águas da Prata, tudo testemunhado pela viuvinha que, da copa de espécimes vegetais da mata atlântica, nos via seguir em direção ao sul mineiro.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-HqxnILvewOY/UiX59edRFII/AAAAAAAACws/xZd5huUTF4A/s640/P1260249.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-HqxnILvewOY/UiX59edRFII/AAAAAAAACws/xZd5huUTF4A/s320/P1260249.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sítio Conquista</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-m47WSGuq1o0/UiX6O17Bu9I/AAAAAAAACxE/dtV6g0MRGZ0/s640/P1260268.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-m47WSGuq1o0/UiX6O17Bu9I/AAAAAAAACxE/dtV6g0MRGZ0/s320/P1260268.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, em Águas da Prata</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-k-817Ep_qkg/UiX6SguMrmI/AAAAAAAACxM/ws-GqrrRthw/s640/P1260287.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-k-817Ep_qkg/UiX6SguMrmI/AAAAAAAACxM/ws-GqrrRthw/s320/P1260287.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Caldeirão</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-UY22km3gtsE/UiX6c-MMKsI/AAAAAAAACxc/doyY90uiNM4/s640/P1260303.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-UY22km3gtsE/UiX6c-MMKsI/AAAAAAAACxc/doyY90uiNM4/s320/P1260303.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Gavião Vermelho</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-bdICFulYsdw/UiX6vFIyx4I/AAAAAAAACx8/34tA5TNy6XU/s640/P1260327.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-bdICFulYsdw/UiX6vFIyx4I/AAAAAAAACx8/34tA5TNy6XU/s200/P1260327.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Riacho da Ponte de Pedra</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">O trecho compreendido entre Águas da Prata e Andradas, essa última já em solo mineiro, foi indubitavelmente o mais tranquilo da viagem. Apesar de ser todo em estrada de terra, essa se encontra bem “batida” e pudemos avançar incautos. As surpresas ficaram por conta de uma antiga capelinha, pelo marco de passagem de um Estado para o outro, pelo pequeno riacho que corre sob uma ponte acimentada e pelo acesso a uma outra íngreme estrada para o Pico do Gavião, no ponto culminante Serra do Caracol. É um ponto geográfico não abrangido pelo Caminho da Fé, mas não nos custou muito tempo desviar um naco da rota para visitá-lo. Foram apenas 3km de subida, o pagamento de uma taxa de R$5 por cabeça e uma força extra dos motores para culminarmos nos 1644m de uma das rampas de voo de parapente mais famosas do Brasil. De fato, nesse dia uma competição internacional da modalidade em questão estava sendo levada a cabo, o que atrapalhou um pouco a serenidade que augurávamos obter do local. Nem por isso a vista se mostrou menos bela, seja do lado paulista, com seus pastos, plantações, açudes e conglomerados urbanos, como Espírito Santo do Pinhal e Mogi-Guaçu, seja do lado mineiro, com Andradas despontando nos contrafortes da mesma serra e da Serra do Ronca. Foi para essa cidade que nos dirigimos depois, atravessando mais regatos, pedras e outras sortes de empecilhos. E o gavião-de-rabo-branco, espécime carimbado da avifauna local, continuava lá, sobrevoando Minas Gerais, atento a nossa progressão que, descido o Pico do Gavião, voltou a ser baseada na segurança das indicações das setas amarelas do Caminho da Fé.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-PfS_Xisa7iM/UiX6lVotTSI/AAAAAAAACxs/uHZ_4nP7XP8/s640/P1260311.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-PfS_Xisa7iM/UiX6lVotTSI/AAAAAAAACxs/uHZ_4nP7XP8/s320/P1260311.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela entre Águas da Prata e Andradas</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-XT63GqB-maI/UiX7A5BD1lI/AAAAAAAACyc/TYUlWUo8NhE/s640/P1260362.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-XT63GqB-maI/UiX7A5BD1lI/AAAAAAAACyc/TYUlWUo8NhE/s320/P1260362.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pico do Gavião</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-2Q-G95qY1mc/UiX6xrcfinI/AAAAAAAACyE/70l_psbKl0M/s640/P1260330.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-2Q-G95qY1mc/UiX6xrcfinI/AAAAAAAACyE/70l_psbKl0M/s320/P1260330.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parapente</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-YgFQQB7G1oQ/UiX66YPJuCI/AAAAAAAACyU/e2q4xiVhdkw/s912/P1260349_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="216" src="http://3.bp.blogspot.com/-YgFQQB7G1oQ/UiX66YPJuCI/AAAAAAAACyU/e2q4xiVhdkw/s400/P1260349_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista do alto de 1644m</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-j7f-1utdD1I/UiX7PAlCoJI/AAAAAAAACy0/S-HYTpzCA4A/s512/P1260369_stitch.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-j7f-1utdD1I/UiX7PAlCoJI/AAAAAAAACy0/S-HYTpzCA4A/s200/P1260369_stitch.jpg" width="181" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Andradas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">A pequena Andradas, com seus 40 mil habitantes aglomerados a 900m de altitude, nos aguardava sem muita cerimônia. Até mesmo a Igreja Matriz de São Benedito se escondia por detrás dos imensos galhos das árvores da praça imediatamente defronte a ela. Com um registro parcial de sua fachada saímos, prosseguimos sentido Serra dos Limas, primeiro por uma truncada e poeirenta estrada de terra, e depois por um trecho, na porção mais íngreme do aclive, asfaltada. No caminho há uma pequena gruta, a de Nossa Senhora de Lourdes, onde um casal de ciclistas repunha a água de seus cantis enquanto brigavam por um atraso na rota. Não que eu tenha me esforçado para escutar a conversa, mas querelavam num tom de voz desmedido, tanto que Thiago e eu nos quedamos atônitos, pois agiam como se não estivéssemos presentes. Enfim, no alto de 1215m encontramos o pacato bairro rural de Serra dos Lima (assim mesmo, sem o S), pertencente a Andradas, e seguimos pelos píncaros das montanhas até Barra e sua Capela de São Pedro, um outro bairro rural, mas esse propriedade de Jacutinga. Aliás, entrecorta esse último o Ribeirão São Paulo, que a poucos metros do Caminho da Fé exibe uma cachoeira que, se não impressiona pela altura de sua queda não superior a 7m, surpreende, por outro lado, pela violência da água, a mesma que a faz ser audível de longe, da estrada, mesmo com os motores ligados e os capacetes atados às nossa cabeças. É preciso ter cuidado para descer o pequeno vale do ribeirão. Não há trilhas e a vegetação fechada esconde espécimes espinhosos. Há de se tomar um cuidado especial com olhos e mãos. Apoiar-se no caule errado pode ser uma experiência bem dolorosa.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-arVhyw-SMvA/UiX7cseIuOI/AAAAAAAACzE/xu3-oFLd9Mw/s640/P1260377.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-arVhyw-SMvA/UiX7cseIuOI/AAAAAAAACzE/xu3-oFLd9Mw/s320/P1260377.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra dos Lima</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-CHZTEGTzhBw/UiX7fGhmVmI/AAAAAAAACzM/JWjJSudwZJc/s512/P1260381.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-CHZTEGTzhBw/UiX7fGhmVmI/AAAAAAAACzM/JWjJSudwZJc/s320/P1260381.JPG" width="239" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gavião-de-rabo-branco jovem</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Te2NaZu0C60/UiX7oHmaydI/AAAAAAAACzc/YgqQBm8yOgE/s640/P1260387.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="241" src="http://3.bp.blogspot.com/-Te2NaZu0C60/UiX7oHmaydI/AAAAAAAACzc/YgqQBm8yOgE/s320/P1260387.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela de São Pedro, em Barra</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-2MxiHw3dHmA/UiX7uQ6PfsI/AAAAAAAACzk/W8CT6JW3gTQ/s720/P1260392_stitch2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="208" src="http://2.bp.blogspot.com/-2MxiHw3dHmA/UiX7uQ6PfsI/AAAAAAAACzk/W8CT6JW3gTQ/s320/P1260392_stitch2.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Cachoeira do Ribeirão São Paulo</span></td></tr>
</tbody></table>
</span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-TZXIIvm8cIM/UiX7y5APPPI/AAAAAAAACzs/4VxAis0kLWw/s800/P1260417.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="125" src="http://3.bp.blogspot.com/-TZXIIvm8cIM/UiX7y5APPPI/AAAAAAAACzs/4VxAis0kLWw/s200/P1260417.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São José do Mato Dentro</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">No encalço da famosa Ouro Fino e de seu menino da porteira, subimos a Serra do Campestrinho e, desviando de mordidas nos calcâneos pelos canídeos dos rurícolas, vimos lá embaixo, ao sul, o distrito de São José do Mato Dentro e a Capela de São José. Entrecortamos sorrateiramente o distrito de Capuão, também de Ouro Fino, e sua singela Capela de Santa Edwiges. O subir e descer de morros já nos fatigava, ao meio dia, quando chegamos a Crisólia, que à primeira vista nos parecia um município, mas uma rápida entrevista com os locais nos esclareceu se tratar de mais um distrito de Ouro Fino. São tantos! As bandeirinhas multicoloridas das festanças de julho em frente a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, a 920m de altitude, nos instigaram a vencer os 7km restantes, entre eucaliptais e pastagens, até Ouro Fino, onde o Menino da Porteira de mais de 10 metros de altura, apoiado sobre a cerca no portal da cidade, nos recebia com um dos cotovelos apoiados e a outra mão em um aceno carismático. É uma personalidade icônica e fictícia composta pelos itapetininguenses Teddy Vieira e Luizinho e cantada por intérpretes ilustres, como nosso grande Sérgio Reis. As setas amarelas, após ele, continuaram nos carregando por boa parte da área urbana do município de 32 mil habitantes, deparando-nos com uma das igrejas mais imponentes de todo o Caminho da Fé até então, o Santuário São Francisco de Paula e Nossa Senhora de Fátima, localizada defronte a praça Monsenhor Teófilo, um lugar sereno onde os munícipes mais idosos sorvem a fumaça de artesanais cigarros de palha. Enfim, a placidez das cidades e vilarejos visitados contrastam, nessa rota em especial, com o perrengue das estradas de chão entre elas. Adeus, novecentos metros de altitude. Que venham mais serras.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ixFdr_ROwL0/UiX76lEmMII/AAAAAAAACz8/ftmUzuCUzyE/s640/P1260425.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-ixFdr_ROwL0/UiX76lEmMII/AAAAAAAACz8/ftmUzuCUzyE/s320/P1260425.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Crisólia</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-kbr3q6TnQhU/UiX7-E9f_ZI/AAAAAAAAC0E/VRJheUhs86Q/s512/P1260428.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-kbr3q6TnQhU/UiX7-E9f_ZI/AAAAAAAAC0E/VRJheUhs86Q/s320/P1260428.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Menino da Porteira, em Ouro Fino</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-i3a7YDD8vJ4/UiX8CsaN_xI/AAAAAAAAC0M/g8rlXAGPCuc/s512/P1260444_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-i3a7YDD8vJ4/UiX8CsaN_xI/AAAAAAAAC0M/g8rlXAGPCuc/s320/P1260444_stitch.jpg" width="288" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário de São Francisco de Paula e Nossa Senhora de Fátima</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-jKs8qqpC5oM/UiX8GRBhYZI/AAAAAAAAC0U/-5Obb0TjLek/s512/P1260457.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-jKs8qqpC5oM/UiX8GRBhYZI/AAAAAAAAC0U/-5Obb0TjLek/s200/P1260457.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Inconfidentes</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">O bom de estar na região de Ouro Fino é estar no vale do rio Mogi-Guaçu (ou Moji-Guaçu, segundo a escrita indígena) e passar pelas pequenas cidades que estão próximas a sua nascente. É o caso de Inconfidentes, que atravessamos 9km depois, após cruzarmos uma ponte sobre “o grande rio que serpenteia”. Na cidade de 7 mil habitantes não nos demoramos muito, já que suas principais ruas estavam interditadas devido a uma festa julina que seria levada a cabo naquela noite. Contudo, é importante salientar um pedaço de sua história. Teve terras aqui Inácio José de Alvarenga Peixoto, poeta e advogado que participou ativamente da Inconfidência Mineira, junto com Tiradentes, no fim do século XVIII, tendo sido condenado à reclusão no país de Angola, onde feneceu. Dizem que foi ele o autor da frase <i>libertas quae sera tamen</i> (liberdade mesmo que tardia), latina, na bandeira da inconfidência que, posteriormente, seria transformada em bandeira do Estado de Minas Gerais. Contabilizando mais essa informação, seguimos por um trecho da asfaltada MG-290 e embrenhamo-nos pela estrada mais lamacenta e deslizante de toda a incursão. Em alguns pontos a vegetação atlântica era tão alta e cerrada que impedia a luz do sol de se infiltrar e secar o solo, tornando nossa pilotagem escorregadia, cautelosa. Vinte e um quilômetros depois adentrávamos o perímetro urbano de Borda da Mata, uma outra cidade do Vale do Moji de dimensões reduzidas, dispondo de 17 mil habitantes. Sua basílica, a de Nossa Senhora do Carmo, acinzentada, é de arquitetura parecida à de Ouro Fino.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-wxjoCTvF1Cw/UiX8KmqNo-I/AAAAAAAAC0c/tHRT_MuSNGE/s512/P1260462.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-wxjoCTvF1Cw/UiX8KmqNo-I/AAAAAAAAC0c/tHRT_MuSNGE/s320/P1260462.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em Borda da Mata</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-GjEspljRrXE/UiX8MFb322I/AAAAAAAAC0k/lIp9Z8z8T_U/s640/P1260464.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-GjEspljRrXE/UiX8MFb322I/AAAAAAAAC0k/lIp9Z8z8T_U/s320/P1260464.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Café Velho, entre Borda da Mata e Tocos do Moji</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-IW6ukNUWf04/UiX8QtrpggI/AAAAAAAAC0s/5If9okImJDQ/s640/P1260465.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="149" src="http://4.bp.blogspot.com/-IW6ukNUWf04/UiX8QtrpggI/AAAAAAAAC0s/5If9okImJDQ/s200/P1260465.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bairro Capinzal</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Nesse ponto do caminho tivemos que tomar uma decisão: ou vencíamos, praticamente desamparados pela luz solar, os 17km entre Borda da Mata e Tocos do Moji, ou simplesmente pernoitávamos em Borda da Mata, o que me parecia uma atitude mais sensata. Deliberamos e optamos por seguir, acreditando que os quilômetros restantes seriam fáceis de serem transpostos. Ledo engano. Demoramos cerca de uma hora para derrocar os aclives pedregosos da Serra do Café Velho, um tipo de estrada dominante a partir daqui, visto estarmos nos aproximando dos contrafortes da Serra da Mantiqueira. Encontramos ciclistas carregando suas bicicletas ladeira acima, exaustos aos extremos. A única parte realmente plana desse trecho foram alguns metros que cortam o bairro Capinzal, onde a amarela e avermelhada igreja de São Francisco de Assis está erigida, envolta por palmeiras jovens, de estatura mediana. Chegamos a Tocos do Moji, minúscula cidade com 3 mil habitantes, no princípio da noite. Mais problemas decorreram de nossa chegada. Primeiro, fomos impedidos de pernoitar em duas pousadas por estarmos de moto e, portanto, não sermos considerados peregrinos; segundo, uma festa julina seria realizada mais à noite e, devido a isso, outros pontos de pernoite, os não credenciados no Caminho da Fé, poderiam se encontrar abarrotados. Felizmente conseguimos uma vaga em uma das pousadas peregrinas onde não nos julgaram pelo veículo que nos trouxera até ali, mas pela nossa expressão visivelmente cansada e pela situação deprimente de nossas vestimentas, a essa altura recobertas pela puaca de aproximadamente 200km de estradas de chão que trilháramos até então.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-u8xo2szGXVM/UiX8TXUDYRI/AAAAAAAAC00/pS3NYawIkQM/s640/P1260468.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-u8xo2szGXVM/UiX8TXUDYRI/AAAAAAAAC00/pS3NYawIkQM/s320/P1260468.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Festa Julina em Tocos do Moji</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-37POS9A4f4M/UiX8WVk7DuI/AAAAAAAAC08/aElT_dhPCvI/s512/P1260471.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-37POS9A4f4M/UiX8WVk7DuI/AAAAAAAAC08/aElT_dhPCvI/s320/P1260471.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora de Aparecida, em Tocos do Moji</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-TlcJK768FT4/UiX8dqS__2I/AAAAAAAAC1M/h6IAIbTtLe8/s640/P1260476.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-TlcJK768FT4/UiX8dqS__2I/AAAAAAAAC1M/h6IAIbTtLe8/s200/P1260476.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela no povoado Fazenda Velha</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Na fria manhã de 28 de julho deixamos as imediações da Igreja de Nossa Senhora de Aparecida, em Tocos do Moji, e derrocando as estradas truncadas dos contrafortes da Serra dos Casquilhos, cujos píncaros enevoados mistificavam a paisagem desmatada, essencialmente rural, calhamos no povoado Fazenda Velha, pertencente ao município de Estiva. É um lugar pacato, onde o silêncio é apenas quebrado vez o outra pela gritaria de bandos de periquitão-maracanã, muitos deles alojados nos vãos do forro da Capela de Santo Antônio. Mais um pouco à frente, já nos aproximando de Estiva, cruzamos outro povoado, o de São Benedito, com uma capelinha igualmente simples logo em sua entrada. Nos quilômetros finais ainda vencemos a Serra da Olaria, na qual apenas os cumes das montanhas mais altas se exibiam devido à neblina que recobria suas bases e a totalidade dos montes mais baixos, observando, ao longe, a Serra da Carapuça. Ambas emolduram o oeste da cidade de Estiva, que alcançamos 21km após a saída de Tocos do Moji. Com seus 11 mil habitantes vivendo nos derredores das igrejas de Nossa Senhora de Aparecida e da rósea Santa Terezinha, construída na década de 1940 e hoje tombada como patrimônio histórico do município, para mim ficou marcada como a cidade dos tucanuçus. Em apenas uma árvore desfolhada vimos três, num estardalhaço que, imaginamos, se devia a uma tentativa de afugentar possíveis saqueadores de suas ninhadas. Eles, que estão sempre pilhando ninhos alheios, instintivamente protegem sua prole de eventuais invasores com pretensões semelhantes as suas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-mRSZeKed6o4/UiX8axGsXdI/AAAAAAAAC1E/ieGHzDoeSKw/s640/P1260475.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-mRSZeKed6o4/UiX8axGsXdI/AAAAAAAAC1E/ieGHzDoeSKw/s320/P1260475.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A neblina da manhã na zona rural de Tocos do Moji</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-zXu77M8jSXY/UiX8pWnXiXI/AAAAAAAAC1k/HX72qipsAnM/s640/P1260503.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-zXu77M8jSXY/UiX8pWnXiXI/AAAAAAAAC1k/HX72qipsAnM/s320/P1260503.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Carapuça</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-uT44Zd3Tx_c/UiX8ue5G2eI/AAAAAAAAC1s/oQZqNBT5a4k/s640/P1260506.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-uT44Zd3Tx_c/UiX8ue5G2eI/AAAAAAAAC1s/oQZqNBT5a4k/s320/P1260506.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora de Aparecida, em Estiva</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-xrAzzkr0BkQ/UiX80dsPe3I/AAAAAAAAC10/MA6FKk9DYuI/s512/P1260511.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-xrAzzkr0BkQ/UiX80dsPe3I/AAAAAAAAC10/MA6FKk9DYuI/s320/P1260511.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Santa Terezinha, construída na década de 1940</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-v8kzcRC9RHU/UiX9FPJeuSI/AAAAAAAAC2U/DxrLB3pGIpc/s640/P1260527.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-v8kzcRC9RHU/UiX9FPJeuSI/AAAAAAAAC2U/DxrLB3pGIpc/s200/P1260527.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bairro Caçador</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Mantendo suas prerrogativas, o Caminho da Fé entre Estiva e Consolação permaneceu árduo, variando em altitude (entre 500 e 1200m) e dificuldade de progressão (chão batido e trechos entremeados com pedras esparsas soltas). Passamos rapidamente pelo distrito de Boa Vista, estivense, e seguimos vagarosamente para o alto da Serra do Caçador. Nos intermináveis aclives, vistas estonteantes do relevo do sul mineiro e de conglomerados urbanos da região, como a própria Estiva e outros pequenos povoados. Aí vieram o bairro Caçador, às margens de um córrego homônimo, já em território de Consolação, e um último declive pela elevada Serra do Sertãozinho. Calhamos, após 20km, defronte a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Consolação, uma paróquia que atende a um município de apenas 2 mil habitantes. Estava em processo restaurativo, e portanto rapidamente deixamos suas imediações para acessar a MG-295. Nessa rodovia asfaltada permanecemos por 3km, ganhamos novamente a zona rural do sul mineiro e, abrindo porteira, cruzamos uma ponte sobre um curso d'água que, segundo meus mapas, se tratava do rio Capivari, cujos meandros aqui bordejam a Serra dos Cochos. Um pouco mais de paisagens rurais, um contorno suave do vistoso Morro da Pedra Branca e, num último arranque, vinte e um quilômetros adiante de Consolação, chegávamos à movimentada Paraisópolis, a 960m de altitude e com 20 mil habitantes, próxima ao vale do rio Sapucaí-Mirim. Para não perder o costume, e também por estarmos no Caminho da Fé, registramos sua igreja matriz, construída em 1910, cuja praça de acesso a sua entrada é pontilhada por esculturas de madeira homenageando os apóstolos bíblicos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Ktl-N-E4vMo/UiX9NS20QfI/AAAAAAAAC2c/Cd1Kc-RVFSE/s640/P1260532.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-Ktl-N-E4vMo/UiX9NS20QfI/AAAAAAAAC2c/Cd1Kc-RVFSE/s320/P1260532.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Consolação</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-NIXxUq7qe4E/UiX9SWsixzI/AAAAAAAAC2k/VCGITtsNAoI/s800/P1260542_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="241" src="http://2.bp.blogspot.com/-NIXxUq7qe4E/UiX9SWsixzI/AAAAAAAAC2k/VCGITtsNAoI/s400/P1260542_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte sobre o rio Capivari</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-u8j6ZoAo6rU/UiX9ecPIj5I/AAAAAAAAC20/yAooZX7B3qI/s640/P1260550-001.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-u8j6ZoAo6rU/UiX9ecPIj5I/AAAAAAAAC20/yAooZX7B3qI/s320/P1260550-001.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra dos Cochos</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-sv2zJDbJ36U/UiX9Vk39eiI/AAAAAAAAC2s/P4a44PE5Pek/s512/P1260557.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-sv2zJDbJ36U/UiX9Vk39eiI/AAAAAAAAC2s/P4a44PE5Pek/s320/P1260557.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Paraisópolis</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ZBBBOMEU7Hc/UiX9l2die5I/AAAAAAAAC3E/MVlVt-aFBvA/s640/P1260568.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-ZBBBOMEU7Hc/UiX9l2die5I/AAAAAAAAC3E/MVlVt-aFBvA/s200/P1260568.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Luminosa</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">De Paraisópolis saímos novamente pela MG-295, mas por poucos metros. As setas amarelas, nossas sempre gratas cicerones, nos emborcaram em uma estrada de chão batido que, sobre altas altitudes, nas escarpas das serras do Daniel e dos Pereiras, nos trouxeram de volta ao Estado de São Paulo. Mal passáramos o marco divisório, contudo, e já voltávamos a Minas Gerais, visto ser o Estado paulista um bico estreito neste ponto, tendo não mais do que 6km de oeste (sentido que vínhamos) a leste. No regresso rápido a Minas, descemos serpenteando a Serra da Candelária até o pequeno povoado de Luminosa, distrito de Brazópolis, terra onde o povo ainda é simples, pacato e te cumprimenta com um “oba” e um aceno. Acho que, na verdade, o mesmo compadeceu-se de nossa aventura. Afinal, o trecho seguinte seria o mais contundente de toda a incursão. A estrada de terra que, saindo de lá, se mostrava despretensiosa, foi se elevando, estreitando e, num ponto chamado de Serra da Coimbra (que na verdade é a Mantiqueira, mas a ela dão essa designação por aqui), havia tantas pedras que as motos praticamente saltavam de uma para outra. Some-se a isso os desfiladeiros à direita que, profundos a perder de vista, ameaçavam dragar-nos caso nos desequilibrássemos. Lembrei-me de quando nos disseram que motociclista não é peregrino. Nesse ponto, acredito, um motociclista certamente pena mais que um pedestre. Questiúnculas à parte, abrimos uma porteira e chegamos ao topo da serra, de novo na divisa entre Minas Gerais e São Paulo. Saíamos de Minas agora para não mais voltar. Iniciar-se-ia ali, às 13h, a parte conclusiva de nossa incursão rumo a Aparecida. Ainda tínhamos, porém, uma carta na manga, ou uma carta fora da rota, como costumo dizer. Gratificantemente o tempo (a sobra dele) estava ao nosso lado.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-YAqMFJQkIXA/UiX9hpRoydI/AAAAAAAAC28/Hx8cAl657Xk/s640/P1260571.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-YAqMFJQkIXA/UiX9hpRoydI/AAAAAAAAC28/Hx8cAl657Xk/s320/P1260571.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, cidadãos mineiros</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-zoyCOtq7964/UiX9s0LwFJI/AAAAAAAAC3M/4pOfrQkUDOM/s640/P1260576.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-zoyCOtq7964/UiX9s0LwFJI/AAAAAAAAC3M/4pOfrQkUDOM/s320/P1260576.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Subindo a Serra da Coimbra</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-b38NUivqJO4/UiX-J0xOn8I/AAAAAAAAC38/iRLa1NH11Ug/s512/P1260673.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-b38NUivqJO4/UiX-J0xOn8I/AAAAAAAAC38/iRLa1NH11Ug/s200/P1260673.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Toldi</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Thiago e eu há muito tempo, em conversas sobre futuras pequenas viagens, sempre colocávamos a Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, como uma de nossas profícuas opções. Quando estudamos o Caminho da Fé, semanas antes de estarmos materialmente nele, notamos que a Serra do Baú, onde a pedra homônimo é ponto culminante, seria facilmente acessível a partir dele, obrigando-nos a um desvio de apenas 9km, descendo a asfaltada Estrada Municipal Paiol Grande-Campista. Não sabíamos, entretanto, se disporíamos de tempo hábil para tal, já que os 80% de inexoráveis estradas de chão do Caminho da Fé tomam boa parte do nosso tempo. Como a aventura teria que ser terminada impreterivelmente no dia seguinte, arriscamos esse desvio para desfrutar da vista dos 1950m de altitude da Pedra do Baú, cujo tupo é acessível por duas faces, uma leste e uma oeste, verticalizadas. Escadas de ferro cravadas no granito úmido da montanha em forma de caixa auxiliam a subida, mas não há qualquer tipo de segurança além disso. Um deslize pode ser fatal. Volta e meia há notícias de algum cidadão desafortunado que morre no local. Os mais precavidos sobem com a ajuda de cadeiras de alpinismo ou rapel e mosquetões. Lá de cima vê-se o relevo intrincado e ruralizado do sul mineiro e do norte paulista, a cidade de Campos do Jordão, Pindamonhangaba e São Bento do Sapucaí, bem como um morro um pouco mais baixo, praticamente grudado ao do Baú. Trata-se do Bauzinho. Descendo, pela face oeste, outro ainda menor: a Pedra da Ana Chata, pontiaguda feito uma pirâmide. Levamos cerca de uma hora para subir e pouco mais de trinta minutos para descer. Fim do momento bônus. Hora de regressar ao Caminho da Fé.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ET54u5AOZVQ/UiX9wsZQ14I/AAAAAAAAC3U/DW2Hp2PK-EQ/s912/P1260670_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="161" src="http://2.bp.blogspot.com/-ET54u5AOZVQ/UiX9wsZQ14I/AAAAAAAAC3U/DW2Hp2PK-EQ/s400/P1260670_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedras do Baú e Bauzinho</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-jLUp8WA0x8A/UiX95OHZBbI/AAAAAAAAC3k/_Z-dUQJ53E8/s640/P1260634.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="241" src="http://2.bp.blogspot.com/-jLUp8WA0x8A/UiX95OHZBbI/AAAAAAAAC3k/_Z-dUQJ53E8/s320/P1260634.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista do alto da Pedra do Baú</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-lt9DxScPaV4/UiX992qjccI/AAAAAAAAC3s/1D0r2KO3OpU/s640/P1260653.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-lt9DxScPaV4/UiX992qjccI/AAAAAAAAC3s/1D0r2KO3OpU/s320/P1260653.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra da Ana Chata</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-bsMJeqxDxRk/UiX-NUyWslI/AAAAAAAAC4E/mcQJy8xJLvU/s640/P1260675.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-bsMJeqxDxRk/UiX-NUyWslI/AAAAAAAAC4E/mcQJy8xJLvU/s200/P1260675.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Campos do Jordão</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Subindo de volta pela sinuosa Estrada Municipal Paiol Grande-Campista, rumamos para o leste, sentido Campista. Existe uma cachoeira visível dessa via, a do Toldi, parecendo cair do meio de pinheiros montanha abaixo, atritando-se com a encosta rochosa da Mantiqueira. Daqui para frente são 9km de asfalto, o que nos fez olvidar momentaneamente o perrengue da subida pela Serra da Coimbra. No bairro Campista, pertencente a Campos do Jordão, as setas amarelas nos jogaram para uma estrada barrenta, lisa e úmida por cortar um naco de mata atlântica. Quinze quilômetros depois éramos assolados pelos 6º C do começo de noite de um dos locais mais turísticos (e portanto caros) do Brasil: Campos do Jordão. Ainda tivemos tempo de registrar a Igreja de Santana antes de rodarmos praticamente a cidade toda à caça de um local para pernoitar. Infelizmente não parecia haver ninguém na única pousada credenciada ao Caminho da Fé e, para o nosso desespero, fomos obrigados a desembolsar uma quantia que não estamos habituados. Não há pouso barato por aqui, ou nada barato, por assim dizer. É o preço que se paga por ser tupiniquim em uma cidade de padrões europeus. Meu ódio só não me maximizou devido ao efeito analgésico do frio dos 1600m de altitude. Dormir na praça não era uma opção. Nem bem deixáramos Minas Gerais e já sentíamos saudades. Também, um Estado onde o povo é receptivo e R$20,00 fazem a festa, não poderia avivar outros sentimentos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-V_yICKHlYPs/UiX-e-Rc57I/AAAAAAAAC4k/oBlOFoSgRpk/s640/P1260678.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-V_yICKHlYPs/UiX-e-Rc57I/AAAAAAAAC4k/oBlOFoSgRpk/s320/P1260678.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="gphoto-photocaption" id="lhid_caption">
<div class="gphoto-photocaption">
<span class="gphoto-photocaption-caption">Pedra do Baú vista do Mirante do Pau Arcado</span></div>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-gB5rcqC0Z8g/UiX-z62zGxI/AAAAAAAAC5E/i9GqsC7P0mE/s640/P1260702.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-gB5rcqC0Z8g/UiX-z62zGxI/AAAAAAAAC5E/i9GqsC7P0mE/s320/P1260702.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caminho de Aparecida entre Campos do Jordão e Guaratinguetá</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-jUDCkfD0o6I/UiX-6_1L-4I/AAAAAAAAC5U/W3V-u0aQrow/s640/P1260720.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-jUDCkfD0o6I/UiX-6_1L-4I/AAAAAAAAC5U/W3V-u0aQrow/s200/P1260720.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sanhaçu-de-fogo na Mantiqueira</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Eis o dia 29. Com as motos carregadas e abastecidas, deixamos a onerosa Campos do Jordão pela Avenida Paulo Paiva. Aqui faço uma ressalva: o traçado original do Caminho da Fé, a partir desse ponto, segue todo por asfalto, passando por Piracuama e Pindamonhangaba. Acompanha, em um trecho, os trilhos de uma ferrovia. Somente a pé, portanto, é possível prosseguir. Fizemos o que grande parte dos ciclistas faz. Acessamos uma estrada de terra, no fim da avenida supracitada, que é parte integrante do Caminho de Aparecida, outra rota religiosa proveniente da região do Lago de Furnas, em Minas, com término em Aparecida. Além dessa via alternativa ser exuberante e fiel a nossa proposta de evitar o asfalto, deu-nos uma ideia para uma outra incursão futura. Passando por chapadões e mirantes magníficos, como o do Pau Arcado, com vista para a Serra do Baú, entrecortamos o Parque Estadual de Campos do Jordão, uma área remanescente de mata atlântica. Na porção leste da Serra do Gomeral, a quase 2000m de altitude, via-se na planície, lá embaixo, um mar branco que camuflava toda a região entre as serras da Mantiqueira e da Bocaina. Estávamos literalmente sobre as nuvens. E como tudo o que está no alto um dia tem que descer, assim o fizemos pela famigerada Estrada das Pedrinhas. Mais traiçoeiras que as curvas em formato de cotovelo era o pedregulho solto, a exemplo da subida Luminosa-Campos do Jordão no dia anterior. Na planície, terminada a descida, reencontramos o asfalto e rapidamente chegamos a Pedrinhas, bairro de Guaratinguetá, fotografando a última igreja de pequeno porte do Caminho da Fé (Caminho de Aparecida, na verdade), a de Nossa Senhora da Piedade. A próxima seria uma megalômana da arquitetura brasileira. De novo pelo asfalto, a partir de Pedrinhas, beiradeamos o rio Paraíba do Sul, observando o Santuário de Nossa Senhora de Aparecida entre a neblina. Aí veio a última cidade antes de Aparecida: Potim. Cruzamos o rio por uma ponte e rapidamente estacionávamos no santuário mediante uma taxa de R$10. São os últimos reais investidos para quem trilha o Caminho da Fé sobre duas rodas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-EpW9-MlRSps/UiX-tDZtbSI/AAAAAAAAC48/Q1eglcXTIyQ/s640/P1260697.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-EpW9-MlRSps/UiX-tDZtbSI/AAAAAAAAC48/Q1eglcXTIyQ/s320/P1260697.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">No alto da Serra do Gomeral</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-qdYO-mPWUJc/UiX_CObSKcI/AAAAAAAAC5c/c8M4B5KBXKk/s512/P1260726.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-qdYO-mPWUJc/UiX_CObSKcI/AAAAAAAAC5c/c8M4B5KBXKk/s320/P1260726.JPG" width="239" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedrinhas</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-WDFXgZWJosg/UiX_F4maYyI/AAAAAAAAC5k/f2-rM1_EjeI/s640/P1260732.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-WDFXgZWJosg/UiX_F4maYyI/AAAAAAAAC5k/f2-rM1_EjeI/s320/P1260732.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário de Nossa Senhora de Aparecida visto de Potim</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-1XoigM31o9I/UiX-QOkBMxI/AAAAAAAAC4M/n8X-FkpQi7Y/s640/P1260733.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-1XoigM31o9I/UiX-QOkBMxI/AAAAAAAAC4M/n8X-FkpQi7Y/s200/P1260733.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Basílica Nova de Aparecida</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Para me manter fiel ao que vem sendo relatado no decorrer do texto, informo aqui a altitude de Aparecida: 600m. Cem metros a menos, portanto, que Tambaú, local de início de nossa “peregrinação”. Vale reiterar que principalmente no sul mineiro e na Serra da Mantiqueira atingimos altitudes entre 1000m e 2000m, um dado a ser relevado por quem pretende, sem a ajuda de algum motor, vencer o Caminho da Fé. Malgrado toda essa faina, apeamos ilesos no maior santuário do mundo dedicado a Nossa Senhora de Aparecida, e também o segundo maior templo católico de todo o planeta, com 23 mil metros de área construída. É uma basílica em forma de cruz grega tão grande quanto a fé dos 10 milhões de romeiros que anualmente a visitam. Muitos chamam a pequena cidade que o alberga de Aparecida do Norte, isso devido a uma estação ferroviária construída por aqui na sétima década do século XIX por nome de Estrada de Ferro do Norte. Tonico e Tinoco, já no século XX, imortalizaram esse nome popular em uma de suas canções. O certo é que não há como não se impressionar, mesmo sendo ateu, com uma obra tão grandiosa como essa. As fotos não dão a dimensão exata da altura de sua torre, por exemplo. São 18 andares distribuídos por 100 metros de altura, sombreando um templo capaz de abrigar 70 mil pessoas de uma só vez. Enfim, está explicado porque o Caminho da Fé aqui se encerra. É, comprovadamente, a obra católica nacional de maior expressão, e que nos últimos dias havia ganhado um maior destaque devido à visita do papa Francisco. Para nós, não muito ligados a esses dados, foi o desfecho dos 427km desde Tambaú, sendo mais de 80% do trecho em estradas de terra, trilhas estreitas, pedra, lama, charcos e pontes deterioradas. Nossa fé amorfa vencera o Caminho da Fé. Era hora de regressar.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-slxLgjPwpRc/UiX-VKrliDI/AAAAAAAAC4U/X0nZI8kRTB4/s640/P1260745.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-slxLgjPwpRc/UiX-VKrliDI/AAAAAAAAC4U/X0nZI8kRTB4/s320/P1260745.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-6RgRz18GhFA/UiX-ZsKIWQI/AAAAAAAAC4c/wGIVbfH_5Tg/s512/P1260753.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-6RgRz18GhFA/UiX-ZsKIWQI/AAAAAAAAC4c/wGIVbfH_5Tg/s320/P1260753.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Detalhes da arquitetura da Basílica Nova</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A volta se deu pela rodovia Dutra até a altura de Taubaté, onde acessamos a Carvalho Pinto. Essa larga e expressa via nos levou até a Dom Pedro II, de características semelhantes, mas conhecida por “pilhar” condutores de veículos com seus extorsivos pedágios. Enquanto retornava eu me lembrava dos incontáveis apuros no sul mineiro, que no momento nos geraram demasiada tensão e que, hoje, recordamos com um sorriso. Recordei-me também do motivo pelo qual permaneço viajando sobre duas rodas por todos esses anos, mesmo vendo amigos morrendo, se acidentando gravemente ou amorfinizando seu veio motociclístico em prol de uma vida mais familiar, ortodoxa e aparentemente mais feliz e menos cansativa. Permaneço assim por simples e pura relutância ao comodismo, pois somente assim posso fazer algo realmente discrepante do senso comum, como chegar onde poucos chegaram. Ver o que poucos viram. Permaneço assim pela fé.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-opCJ2WnBh5o/UiX8_nytNII/AAAAAAAAC2M/XwDOBwuMdbM/s640/P1260520.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-opCJ2WnBh5o/UiX8_nytNII/AAAAAAAAC2M/XwDOBwuMdbM/s400/P1260520.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/CaminhoDaFeDe26A29DeJulhoDe2013?noredirect=1" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues composto exclusivamente para o Caminho da Fé e inspirado por uma de suas frases inspiradoras. “Não há caminho. Faz-se caminho ao caminhar”.</span></div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/o09AWUcSkXA" width="540"></iframe>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-81982032247633960972013-08-29T07:50:00.002-07:002015-11-16T07:51:14.355-08:00Santuário do Caraça e Caminho dos Diamantes – de 07 a 14 de julho de 2013<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="margin: 0px 50px;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-S1YGtTuQGFo/Uh1eXUXeBnI/AAAAAAAAKtM/Thub9OPgR1I/s1600/P1250894.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-S1YGtTuQGFo/Uh1eXUXeBnI/AAAAAAAAKtM/Thub9OPgR1I/s400/P1250894.JPG" width="400" /></a></span></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Quantas dúvidas emanam da dificuldade do caminho? Muitas, e se levarmos em consideração o peso de sua totalidade é quase certo que a desistência se agiganta como uma sensata opção. Não obstante, prostrar-se diante de empecilhos e desistir da faina é demonstrar fraqueza, incapacidade de contornar adversidades e, o que é mais grave, abster-se de conhecer algo totalmente novo que pode desvelar-se metros à frente. Enfim, revelações surgem àqueles que estão dispostos a dar um ou dois passos avante ao invés de volver as costas ao desconhecido. Friso que essas frases não são diretrizes para a vida, que amiúde pode ser tratada com indiferença e esporádicas desistências, mas sim uma abordagem para quem viaja sobre duas rodas pelas vias tortuosas do nosso Brasil. As estradas do cerrado nem sempre são tão receptivas, retilíneas ou permitivas a uma suave progressão, mas certamente essa savana é a que proporciona a visão mais gratificante de nossas serras, fauna e flora. Acredito que os bandeirantes, desde os idos da centúria de XVII, se aventuravam por Minas Gerais não apenas para o apresamento de índios ou pela busca de ouro e diamantes. Eram atraídos também pela periculosidade de seus contornos, pelo desafio de arrostar a irregularidade de rochas acinzentadas, as mesmas que, quando empilhadas ou dispostas em gigantescos maciços, formam uma cadeia intrincada de montanhas onde tudo o que floresce é uma vegetação baixa e retorcida. Embora hoje os motivos sejam dessemelhantes aos dos andejos paulistas de nossa época colonial, Minas Gerais continua digladiando com aventureiros de todas as sortes. Continua me impelindo a desbravá-la.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-1g3AkbHoaUw/Uh1gFLf3tdI/AAAAAAAAKtY/j34gAJw7rSQ/s1600/P1250629.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-1g3AkbHoaUw/Uh1gFLf3tdI/AAAAAAAAKtY/j34gAJw7rSQ/s200/P1250629.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pelas estradas mineiras</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Alguns destinos históricos da região central de Minas Gerais e outros, mais ao norte, no Vale do Jequitinhonha, foram negligenciados em uma viagem que Ari Fernando Borsetti Jr, Luana Romero e eu levamos a cabo em outubro de 2012 (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/12/circuito-do-ouro-de-15-20-de-novembro.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>). Não dispúnhamos de muito tempo e fomos obrigados a optar por visitas às regiões de São João del Rei e Ouro Preto. Contudo, como sempre digo, não é de todo mal deixar um motivo para voltar, e desta vez Luana e eu capricharíamos na concretização da empreitada. Ambicionávamos não só explorar as cidades erigidas com a força do ouro, mas também as cunhadas pela extração de uma outra pedra preciosa: o diamante. Para tal, escolhemos a rota mais traiçoeira, perigosa e amiúde evitada, e portanto a mais intocada, auspiciosa, selvagem e bela, que liga as cidade de Diamantina, a que mais se desenvolveu mediante a extração do diamante, e Ouro Preto, antiga Vila Rica, de onde se arrebatava ouro em abundância nos primórdios do século XVIII. Conhecido como Caminho dos Diamantes, foi aberto pela Coroa Portuguesa e muito utilizado a partir de 1729 para escoar essas riquezas minerais até o Caminho Novo, que ligava Vila Rica ao Rio de Janeiro, de onde a riqueza partia, pelo mar, rumo a nossa colonizadora lusitana. Hoje toda a malha está preservada e recebe o nome de Estrada Real, e quando digo preservada não quero dizer necessariamente tranquilamente transitável. Os caminhos existem, mas trilhá-los nem sempre é condizente com a morosidade peculiar do simples modo de vida do Estado. O pedregoso cerrado mineiro exibe suas belezas, mas a um custo árduo.</span><br />
<span style="margin: 0px 50px;">A despeito de toda essa nossa contumácia em arrostar perigos, ainda tínhamos um longo caminho até lá. Almejávamos, ainda, visualizar, alhures, um ilustre membro do nosso cerrado: o lobo-guará. Outras surpresas, portanto, nos acometeriam nesse ínterim.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-egaQLAdLRss/Uh1hMbWDCjI/AAAAAAAAKtk/FyNsFtu8a_c/s1600/P1240712.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-egaQLAdLRss/Uh1hMbWDCjI/AAAAAAAAKtk/FyNsFtu8a_c/s200/P1240712.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sabará</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Partimos de Americana às 8 da manhã do dia 7 de julho, um domingo de temperatura amena e céu límpido. O caminho até a região central de Minas, nos arredores do antigo Curral del Rey e onde hoje está edificada Belo Horizonte, foi tão enfadonho quanto qualquer viagem de moto por grandes rodovias, essas sempre repletas de caminhões. Primeiro vieram a Anhanguera e a Dom Pedro I, e na sequência a conturbada Fernão Dias, na qual adentramos definitivamente o Estado Mineiro. Por volta das 15h contornávamos a capital pelo anel viário e apeávamos em Sabará, uma das cidades negligenciadas na ocasião que citei anteriormente. Com seu Centro Histórico salpicado por igrejas tricentenárias e casario colonial muito bem preservado, proporcionou-nos uma volta a um passado em que a dinâmica da vida era ditada pelo ritmo da extração aurífera. Conhecemos, primeiramente, a Igreja de São Francisco de Assis, de fachada em pedra-sabão, cujo início da construção se deu pelos idos de 1780. Em seguida veio o Largo do Rosário, onde a Igreja do Rosário, de 1713 mas até hoje inacabada e com ares de um castelo medieval, é mantida como uma memória de tempos onde a ambição de construir obras grandiosas muitas vezes se vergava à escassez de recursos. Perpendicular a ela se encontra o Chafariz do Rosário, talhado em 1746 e cuidado com muito esmero. Alcançar a Igreja de Nossa Senhora das Mercês, de 1781, no alto de uma ladeira, foi uma tarefa mais penosa, mas a recompensa pelo esforço foi visualizar, a partir de suas escadarias, no morro da Cruz, do outro lado do vale do rio Sabará, uma outra capelinha, também secular, por nome de Senhor do Bom Jesus. Por fim vieram as igrejas de Nossa Senhora do Carmo, a mais imponente, datada de 1763 e detentora de várias obras de Aleijadinho; a de Nossa Senhora da Conceição, de 1710; e a de Nossa Senhora do Ó, a que mais se destaca pela forma de sua fachada, discrepantes das antecessoras. Finalizávamos, defronte àquela obra peculiar de 1717, nossa tarde em Sabará. Seguimos, por serpenteante estrada de asfalto, rumo a Caeté, onde pernoitaríamos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-DSBBXRPrVqM/Uh1iLGKbTiI/AAAAAAAAKts/Vhq2zJx4GNE/s1600/P1240716.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-DSBBXRPrVqM/Uh1iLGKbTiI/AAAAAAAAKts/Vhq2zJx4GNE/s320/P1240716.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A inacabada Igreja do Rosário, de 1713</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-iJTFbU-ub4Y/Uh1iK4FjU5I/AAAAAAAAKto/5LMORamiFgY/s1600/P1240738.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-iJTFbU-ub4Y/Uh1iK4FjU5I/AAAAAAAAKto/5LMORamiFgY/s320/P1240738.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Igreja de Nossa Senhora das Mercês, de 1781</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Yvill2KutcY/Uh1iLblyDDI/AAAAAAAAKt4/Ns3g98Rbkp0/s1600/P1240761.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-Yvill2KutcY/Uh1iLblyDDI/AAAAAAAAKt4/Ns3g98Rbkp0/s320/P1240761.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Igreja de Nossa Senhora do Carmo, de 1763</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-0qjP9fYy6Qs/Uh1iLgiekeI/AAAAAAAAKt8/bZeoTkuGPjg/s1600/P1240778.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-0qjP9fYy6Qs/Uh1iLgiekeI/AAAAAAAAKt8/bZeoTkuGPjg/s320/P1240778.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Igreja de Nossa Senhora do Ó, de 1717</span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_iEZrxBXrFA/Uh1kdnt1-fI/AAAAAAAAKuM/mn_pmwNr8oU/s1600/P1240807.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-_iEZrxBXrFA/Uh1kdnt1-fI/AAAAAAAAKuM/mn_pmwNr8oU/s200/P1240807.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caeté</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Vinte e cinco quilômetros separam Sabará de Caeté. Embora o caminho seja curto e a estrada asfaltada, o excesso de curvas e a possibilidade de animais deixarem o cerrado e atravessarem a pista tornaram a tocada lenta. Chegamos a Caeté, cidade com 40 mil habitantes, com a noite nos envolvendo, e tudo o que pudemos fazer, neste fim de dia, foi perambular, a pé, pelas imediações da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, imponente e de importante apelo histórico, primeiro por ter sido erigida em 1757; segundo por ser considerada a primeira em alvenaria de Minas Gerais; e terceiro por ser um projeto do pai de Aleijadinho, Manuel Francisco Lisboa. No dia 08, entretanto, conseguimos conhecer todos os seus pontos históricos com mais calma. O povo mineiro da antiga Villa Nova da Rainha nos mostrou toda a sua receptividade. Josué, por exemplo, um engenheiro estagiário nas obras de reforma da igreja de São Francisco de Assis, do começo do século XVIII, nos permitiu a entrada no templo construído em adobe, mostrando-nos o altar e o teto desbotado em tons de vermelho e preto, prestes a ser restaurado. Chama a atenção o alicerce em madeira maciça e o acabamento impecável dos contornos do altar e dos batentes. Subir à torre única, onde há um sino em pleno funcionamento, escancarou-nos uma visão ímpar da cidade, uma sensação que não foi nem de perto sobrepujada pelo bodum do excesso de fezes dos pombos que se aninham no forro totalmente aberto e aconchegante às oportunistas aves. Uma rápida repassada pela Matriz, pelo seu chafariz, construído por escravos em 1800, e pelo pelourinho, de 1722, e apeávamos na Igreja do Rosário, rodeada por um cemitério. Um jardineiro nos permitiu novamente a grátis entrada (vale lembrar que na grande maioria das igrejas históricas de Minas Gerais é cobrado um ingresso). Nesta o interior é bem mais rebuscado, com adornos em dourado. A visão da cidade de Caeté a partir de sua torre, por sua vez, é consideravelmente mais ampla. Data de meados da centúria de XVIII.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-wycl2RFQXfo/Uh1lcXOWMcI/AAAAAAAAKuU/0e-a0RAYz2Y/s1600/P1240791.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-wycl2RFQXfo/Uh1lcXOWMcI/AAAAAAAAKuU/0e-a0RAYz2Y/s320/P1240791.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Igreja de São Francisco de Assis, do começo do século XVIII</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-RrP44OJ1DQw/Uh1lckVfKGI/AAAAAAAAKuY/0LrVenBU01k/s1600/P1240834.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-RrP44OJ1DQw/Uh1lckVfKGI/AAAAAAAAKuY/0LrVenBU01k/s320/P1240834.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, de 1757</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-iF7jw0O4yoc/Uh1lc8HxPoI/AAAAAAAAKug/SD0PKSVb5Bw/s1600/P1240863.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-iF7jw0O4yoc/Uh1lc8HxPoI/AAAAAAAAKug/SD0PKSVb5Bw/s320/P1240863.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da torre da Igreja do Rosário</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-g37HEK1KRIg/Uh1nhZOsBZI/AAAAAAAAKuw/Bqf72LzuMuA/s1600/P1240925.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-g37HEK1KRIg/Uh1nhZOsBZI/AAAAAAAAKuw/Bqf72LzuMuA/s200/P1240925.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário de Nossa Senhora da Piedade</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Do centro de Caeté vê-se, no topo de uma montanha, um templo católico numa posição assaz privilegiada. Planejávamos chegar ao Santuário do Caraça, nesse segundo dia de viagem, por volta das 12h, e como ainda eram 10h optamos por subir a mística Serra da Piedade pela asfaltada e sinuosa MG-435. Dezesseis quilômetros depois pagávamos, na portaria do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, uma taxa de R$5,00 e apeávamos em uma das partes mais altas da região, onde uma igreja católica do fim do século XVIII foi erigida em uma altitude de 1746m, mais do que o dobro da cidade de Caeté. Além da ermida, há, lá no alto, muitos instrumentos de medição meteorológica, antenas e observatórios estelares, bem como a Gruta do Eremita, para onde, diz-se, o Frei Rosário, reitor do santuário até o fim do século XX, se retirava para meditar. O mais impressionante, na verdade, é a visão estarrecedora de toda a região metropolitana de Belo Horizonte, nela inclusa a cidade em que estivéramos no dia anterior, Sabará, que lembrava uma enxurrada de casas escorrendo pelas encostas dos morros. A própria Caeté, em alguns pontos sombreada pelas esparsas nuvens e em outros tão brilhante pela ação do sol das 11h, parecia isolada num típico planalto mineiro, irregular como o comprimento dos dedos da mão humana. Como quem é mateiro presta mais atenção ao que é natural, não pudemos deixar de notar a presença do sabiá-poca, da saíra-amarela, da maria-preta-de-penacho e do destemido tico-tico, que se aproximava tanto que parecia não se incomodar com a nossa presença. Não nos esquecendo de que essa é, também, uma jornada histórica, vale frisar que a Serra da Piedade e o templo construído sobre ela tinham, em tempos passados, a função de auxiliar os andejos que vagavam pela região (ponto de referência), motivo pelo qual é também chamada de ermida.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Eiv18LVU300/Uh1oA339koI/AAAAAAAAKvQ/tSpZlZO_b1M/s1600/P1240917.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-Eiv18LVU300/Uh1oA339koI/AAAAAAAAKvQ/tSpZlZO_b1M/s320/P1240917.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ermida</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-O9OKxq2czEs/Uh1oABdP8dI/AAAAAAAAKu4/I7HoQzsVyw8/s1600/P1240879.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-O9OKxq2czEs/Uh1oABdP8dI/AAAAAAAAKu4/I7HoQzsVyw8/s320/P1240879.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caeté vista do alto da Serra da Piedade</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-1PImfwmKd-A/Uh1oACq0ahI/AAAAAAAAKu8/Wa2hhiAqgYU/s1600/P1240887.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-1PImfwmKd-A/Uh1oACq0ahI/AAAAAAAAKu8/Wa2hhiAqgYU/s320/P1240887.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sabiá-poca</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Po5w57VF0tE/Uh1oAZNr-nI/AAAAAAAAKvA/UTEafwXpYmw/s1600/P1240904.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-Po5w57VF0tE/Uh1oAZNr-nI/AAAAAAAAKvA/UTEafwXpYmw/s320/P1240904.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Belo Horizonte</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-2Di__AqY4DI/Uh1pO2ZFlKI/AAAAAAAAKvc/QYFqiuyC2tA/s1600/P1250131.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-2Di__AqY4DI/Uh1pO2ZFlKI/AAAAAAAAKvc/QYFqiuyC2tA/s200/P1250131.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário do Caraça</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Por volta das 11:30h começamos a descer a Serra da Piedade. Com vistas a dar uma emoção a mais à ainda estritamente pavimentada e confortável viagem, optamos por nos dirigir ao Santuário do Caraça, entre os municípios de Santa Bárbara e Catas Altas, por estradas de terra. Foi um alternativa de extremo azar, já que uma mineradora local abre e fecha vias a seu bel prazer, dificultando a leitura dos mapas que detínhamos. Segundo alguns munícipes caeteenses, vinte quilômetros nos separariam de Barão de Cocais, município limítrofe com Caeté e a partir de onde se acessa uma rodovia asfaltada que dá acesso ao Caraça, nosso último ponto a ser visitado antes de adentrar em definitivo a Estrada Real e o Caminho dos Diamantes. Contudo, o labirinto foi se mostrando cada vez mais complexo. Chegamos a atravessar, com muito temor, uma carvoaria em plena atividade. Gostaria de parar e registrar o local, mas os carvoeiros nem sempre são tão afáveis com desconhecidos. Acham que estão ali para investigar ou denunciar a mísera situação a que estão submetidos. Enquanto alguns veem certos trabalhos como desumanos, outros os veem como ganha pão, ou a única razão pelo qual ainda mantêm suas famílias. Mais uma vez o discurso da classe dominada é dessemelhante ao da classe dominante, e entre elas flutua, com opiniões prolixas, a classe média. Questões políticas à parte, passamos pelo bairro Rancho Novo, ainda pertencente ao município de Caeté, e calhamos em Barão de Cocais, que por um motivo óbvio não registramos nesse momento. Passaríamos por ela depois, já no Caminho dos Diamantes. Às 14:30h apeávamos no portal do Santuário do Caraça. Venceríamos ainda mais 9km até o templo de inspiração neogótica francesa, construído em 1883 no sopé da Serra do Caraça, em substituição a uma antiga ermida do século XVIII. Ali jazia nossa chance de topar com um lobo-guará, um daqueles mamíferos que se deve ver antes de morrer.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-JukLn4Vj9Ng/Uh1pfnWCG-I/AAAAAAAAKvs/X_GQdlyGUTM/s1600/P1240936.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-JukLn4Vj9Ng/Uh1pfnWCG-I/AAAAAAAAKvs/X_GQdlyGUTM/s320/P1240936.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vitrais no Santuário do Caraça</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-pia-CESUFPs/Uh1pfeVM5fI/AAAAAAAAKvk/0usQzs9Ig3w/s1600/P1240944.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-pia-CESUFPs/Uh1pfeVM5fI/AAAAAAAAKvk/0usQzs9Ig3w/s320/P1240944.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Inspiração neogótica francesa</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-7l4Pp9NsENA/Uh1pgdeLkoI/AAAAAAAAKv0/W0sZ3e5J14s/s1600/P1240946_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-7l4Pp9NsENA/Uh1pgdeLkoI/AAAAAAAAKv0/W0sZ3e5J14s/s320/P1240946_stitch.jpg" width="273" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/--7ii5tTq_lE/Uh4Iw0w1LRI/AAAAAAAAKwE/9euH7r4YSks/s1600/P1240965.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/--7ii5tTq_lE/Uh4Iw0w1LRI/AAAAAAAAKwE/9euH7r4YSks/s200/P1240965.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caxinguelê</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Desfrutar do restante do dia 08 dentro dos domínios do Santuário do Caraça foi uma incumbência relativamente fácil. Muitas trilhas partem das escadarias do Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens (nome oficial da igreja) para os píncaros ou para os contrafortes da Serra do Caraça. Nesse fim de tarde optamos por subir ao cruzeiro, um mirante no alto de uma colina com uma vista privilegiada para o santuário e para as montanhas acinzentadas que a emolduram. A trilha de 1,5km é leve, passando ora por matas de galeria ora por cerrado, habitat perfeito para os jacuaçus e caxinguelês, que despontam aos montes em meio à vegetação. Esses atrativos naturais são outro ponto forte desse local multifacetado, e disputam ombro a ombro com o casario histórico a atenção dos visitantes. Goza, alem de um patrimônio arquitetônico tombado, do título de RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Nacional), visto que detém uma área preservada superior a 10 mil hectares. De fato, muitas das trilhas são de difícil acesso e só podem ser palmilhadas mediante a contratação de guias. Como Luana e eu pernoitaríamos ali apenas por um dia, poupamos nosso escasso dinheiro para o Caminho dos Diamantes, percorrendo trilhas mais fáceis para registrar espécimes da avifauna local, nosso maior passatempo. Foi assim que vencemos vagarosamente o quilômetro que separa a igreja do chamado Tanque Grande, uma espécie de represa que, de tão límpida, reflete com uma perfeição cristalina o desenho das nuvens e da serra adjacente. Ficamos por ali e voltamos ao anoitecer, quando, triunfal, surgiu pelas escadarias, no adro da igreja, o famoso lobo-guará, para fartar-se da carne e dos frutos ofertados em uma bandeja. É uma tradição longeva. Os circunspectos, atônitos, fitavam e fotografavam loucamente o esguio canídeo que, ressabiado, deu algumas abocanhadas no fácil alimento e debandou para o cerrado. Esse é o momento mais esperado de quem pernoita no Caraça. Esse era o momento mais esperado por nós, os únicos que, naquela fria noite, não se inebriavam com o vinho caro como os hóspedes mais abastados, mas sim com a visão não menos entorpecente de um belo espécime das matas brasileiras.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-13w9LRE9Zio/Uh4Ixgnn4xI/AAAAAAAAKwY/lgQhzSSmJIA/s1600/P1250010.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-13w9LRE9Zio/Uh4Ixgnn4xI/AAAAAAAAKwY/lgQhzSSmJIA/s320/P1250010.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista do Santuário e da Serra do Caraça do alto do Morro do Cruzeiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6WM0Z81ouv8/Uh4Iw9rZw2I/AAAAAAAAKwQ/js9E9Fgqr80/s1600/P1250071.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-6WM0Z81ouv8/Uh4Iw9rZw2I/AAAAAAAAKwQ/js9E9Fgqr80/s320/P1250071.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tanque Grande</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-NwnIbwqYJ7g/Uh4Ix2qpyeI/AAAAAAAAKwg/7DpJdEeEBho/s1600/P1250104.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-NwnIbwqYJ7g/Uh4Ix2qpyeI/AAAAAAAAKwg/7DpJdEeEBho/s320/P1250104.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lobo-guará</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Qo23ZEBqevE/Uh4Ljs-xuxI/AAAAAAAAKxA/4VlEsVNsbXM/s1600/P1250295.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-Qo23ZEBqevE/Uh4Ljs-xuxI/AAAAAAAAKxA/4VlEsVNsbXM/s200/P1250295.JPG" width="149" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela do Sagrado Coração</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 09, logo de manhã, abandonamos nossos aposentos na ala do claustro, ao lado da igreja, e fizemos um reconhecimento pelos arredores do antigo Colégio do Caraça, fundado em 1820 com a “intenção de instruir meninos com uma educação humanista, seguindo os princípios europeus e vicentinos” (palavras do próprio folhetim distribuído no Santuário). Acontece que, em 1968, um incêndio atingiu o prédio e suas atividades foram encerradas. Hoje as ruínas albergam um museu, com objetos antigos de uso dos padres (desde a fundação do Caraça, em 1774), e fotos de toda a RPPN, além de uma biblioteca que, para o nosso infortúnio, encontrava-se fechada devido à falta não justificada da bibliotecária. Foi nesse momento que decidimos mesclar História e Biologia na mesma manhã. Beiradeamos um lago a nordeste do Centro de Visitantes e palmilhamos uma trilha de 2km, obtendo vistas claras, apesar de cada vez mais distantes a medida que ascendíamos pela serra a alturas como 1400m, do coração do Santuário e de toda a mata que o circunda. Chegamos a uma capela de porte médio, antiga, chamada de Capela do Sagrado Coração. É a mesma que víramos, no dia anterior, no caminho para o Tanque Grande. Essa com certeza é barroca, divergindo da neogótica supracitada. Mais 1km depois, em um vale acidentado, onde cada passo pode gerar uma torção de tornozelo, alcançávamos a Gruta de Lourdes, uma pequena fenda de não mais de 5 metros de altura no sopé de um dos montes da Serra do Caraça, pouco abaixo do chamado Pico da Carapuça. Não há nada de embasbacante no local, a não ser para os religiosos mais ferrenhos, já que uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes jazia ali, como que a “vigiar” o ermo. Para nós que, como dito, estávamos em busca de surpresas naturais, veio bem a calhar a presença de aves como o sabiá-laranjeira, a maria-preta-de-penacho, o jacuaçu, o bico-virado-carijó, o alma-de-gato, o saí-azul, o trinca-ferro, o arapaçu-escamado, o canário-da-terra-verdadeiro, a viuvinha, a choquinha-preta-barrada, o pica-pau-anão, o pica-pau-de-banda-branca, o bem-te-vi-pequeno e diversas espécies de beija-flores. Contamos, no trecho final da trilha, com a companhia de um passarinheiro colaborador do WikiAves, o carioca Mário Martins, que muito nos auxiliou na identificação de alguns espécimes ainda desconhecidos por nós.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-rvSUJFPgHhU/Uh4MBDlC2oI/AAAAAAAAKxY/Mo0ras_MSVo/s1600/DSCN3921.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-rvSUJFPgHhU/Uh4MBDlC2oI/AAAAAAAAKxY/Mo0ras_MSVo/s320/DSCN3921.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pica-pau-anão</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-tDsEiyHnuRE/Uh4MFcYatjI/AAAAAAAAKxk/8CnQcNH_DeA/s1600/P1250307.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-tDsEiyHnuRE/Uh4MFcYatjI/AAAAAAAAKxk/8CnQcNH_DeA/s320/P1250307.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arapaçu-escamado</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-VX5b5tHBai4/Uh4MFFTHFII/AAAAAAAAKxg/2kh1cxl78Ps/s1600/P1250255.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-VX5b5tHBai4/Uh4MFFTHFII/AAAAAAAAKxg/2kh1cxl78Ps/s320/P1250255.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alma-de-gato</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-NfualAx_TZw/Uh4M59SO8xI/AAAAAAAAKx4/4RxFOKWwF_E/s1600/P1250286.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-NfualAx_TZw/Uh4M59SO8xI/AAAAAAAAKx4/4RxFOKWwF_E/s200/P1250286.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Saí-azul</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_532596073"></span><span id="goog_532596074"></span>Eram ainda 13h quando regressamos às imediações da igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Com tempo de sobra, partimos, a pé novamente, para uma outra trilha, a do Campo de Fora, que o folhetim interno nos mostrava estar 6km distante. Andamos por muito tempo e nada. Nem mesmo o bater de asas de um tiranídeo se fazia ouvir. Mudamos os planos e adentramos outra, a do Banho do Belchior, uma pequena cachoeira procedida por um poço para banho que encontramos 2km depois, após passarmos meia dúzia de altas e envergadas araucárias. A temperatura da água do Caraça não pode, em hipótese alguma, ser desconsiderada. É gélida aos extremos, tanto a ponto de me dissuadir de um mergulho. Eu, conhecedor de uma infinidade de rios e cachoeiras desse nosso Brasil, mas que raramente tem curiosidade para testar a profundidade dos corpos d'água que registro, dessa vez tinha uma outra boa desculpa para não banhar-me além de não ser um exímio nadador. E todo esse gelo acabou por resfriar o nosso ímpeto em desbravar o Caraça e partir para a segunda parte de nossa missão. Já víramos o lobo-guará e outras espécies de aves. Nada mais nos restava a fazer ali. Logicamente muitas trilhas seriam deixadas para trás, mas como não estávamos dispostos a gastar o nosso já escasso dinheiro contratando guias, e muito menos pernoitando no interior do santuário, decidimos deixar a RPPN e principiar a faina no Caminho dos Diamantes. Despedimo-nos de Mário Martins, um passarinheiro que certamente encontraremos fotografando pássaros em outras estradas da vida, e demos adeus ao Caraça, mais uma maravilha dentre as diversas presentes no Estado de Minas Gerais. Como já eram passadas 17h e o astro rei ameaçava partir para o oriente, repousamos na cidade de Santa Bárbara, disposta já no Caminho dos Diamantes e a pouco mais de 20km dali.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-6ZHW1rVIL0E/Uh4M5iq5YbI/AAAAAAAAKx0/LMjq1MQBo3M/s1600/DSCN4043.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-6ZHW1rVIL0E/Uh4M5iq5YbI/AAAAAAAAKx0/LMjq1MQBo3M/s320/DSCN4043.JPG" width="238" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bico-virado-carijó</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Pm3g2UfIphI/Uh4M7FxnW7I/AAAAAAAAKyI/rnVpnAYTazc/s1600/P1250301.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-Pm3g2UfIphI/Uh4M7FxnW7I/AAAAAAAAKyI/rnVpnAYTazc/s320/P1250301.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Banho do Belchior</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ruTnJveiML4/Uh4M7JwDr-I/AAAAAAAAKyE/6EOhR0BfYDU/s1600/P1250190.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-ruTnJveiML4/Uh4M7JwDr-I/AAAAAAAAKyE/6EOhR0BfYDU/s320/P1250190.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Caraça</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Sm791Qt8n_U/Uh4Ob6EjSxI/AAAAAAAAKyc/O8H7x7WozCo/s1600/P1250333.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-Sm791Qt8n_U/Uh4Ob6EjSxI/AAAAAAAAKyc/O8H7x7WozCo/s200/P1250333.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santa Bárbara</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dormir em Santa Bárbara foi fundamental para nos habituarmos ao clima colonial que mistifica todo o Caminho dos Diamantes. Há partes periféricas mais modernas, mas o Centro Histórico continua lá desde o século XVIII, às margens do ribeirão homônimo, numa época em que o ouro era extraído em um ritmo tão alucinante que, já em meados dos mesmo século, rareou, instando os ainda poucos moradores a mudar a fonte de renda. Passaram a abastecer com víveres ou montarias os grupos que, sobre o lombo de muares ou a pé, subiam ou desciam para o Tejuco ou Vila Rica. Há indícios de que partiam, daqui, seiscentas tropas de mulas por dia. Nós, no presente angustiante em que vivemos, logicamente não podemos atestar ou testemunhar tudo o que se passava naqueles idos. Tudo o que fizemos foi registrar, no alvorecer do dia 10, o que materialmente restou daquela época. Primeiramente uma construção mais recente, mas também histórica: a casa do século XIX onde viveu Affonso Penna, um ex-aluno do recém visitado Colégio do Caraça que foi, além de ministro da Guerra, da Agricultura e da Justiça, presidente da Província de Minas Gerais e presidente do Brasil, entre 1906 e 1909, quando faleceu. Dentre suas realizações mais importantes destaca-se a lei de mudança da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, em 1892. Em segundo veio a Matriz de Santo Antônio, de 1724, barroca, toda rodeada por um casario colonial muito bem preservado. Seu alto crucifixo é pouso para o vigilante cauré, de expressão amarrada. Na mesma rua, um leve aclive nos direciona a Igreja do Rosário, cujo começo da construção data de 1756, sendo erigida exclusivamente para o culto dos escravos negros. Tem a mesma arquitetura da Igreja de Nossa Senhora do Ó, em Sabará, mas é ligeiramente maior.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ARVnpBrouB4/Uh4ObwM4FUI/AAAAAAAAKyY/P-Rt3Y1u5Ko/s1600/P1250313.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-ARVnpBrouB4/Uh4ObwM4FUI/AAAAAAAAKyY/P-Rt3Y1u5Ko/s320/P1250313.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa de Affonso Penna</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-17uhAiyZx6k/Uh4OcF9hTHI/AAAAAAAAKyo/fvkwMix2VSM/s1600/P1250346.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-17uhAiyZx6k/Uh4OcF9hTHI/AAAAAAAAKyo/fvkwMix2VSM/s320/P1250346.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Matriz de Santo Antônio, de 1724</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-8--xhGgExpI/Uh4Oc-E1a0I/AAAAAAAAKyw/IiQycN1JagQ/s1600/P1250355.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-8--xhGgExpI/Uh4Oc-E1a0I/AAAAAAAAKyw/IiQycN1JagQ/s320/P1250355.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Igreja do Rosário, de 1756</span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-AjNVOsn40I0/Uh4PXCRuugI/AAAAAAAAKy4/cCZKKg95PAw/s1600/DSCN4103.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="149" src="http://2.bp.blogspot.com/-AjNVOsn40I0/Uh4PXCRuugI/AAAAAAAAKy4/cCZKKg95PAw/s200/DSCN4103.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cauré</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Deixamos Santa Bárbara ainda na manhã do dia 10. Mesmo estando ela no Caminhos dos Diamantes, augurávamos fazer o trabalho por completo. Portanto, desceríamos até Mariana e principiaríamos a subida até Diamantina, passando novamente por Santa Bárbara, no caminho. Se por acaso deixássemos algo para trás, certamente teríamos uma outra oportunidade para corrigir esse lapso (para mapas detalhados da Estrada Real acesse esse <a href="http://www.estradareal.tur.br/caminho-diamantes" target="_blank"><u><b><i>link</i></b></u></a>). Foi assim que seguimos pela conturbada MG129, em obras, nela permanecendo até nossa conhecida cidade de Mariana. Nela, defronte as igrejas de Nossa Senhora do Carmo, de 1783, e de São Francisco de Assis, de 1762, que há trezentos anos “duelam” sem necessariamente uma encarar a outra, começaríamos nossa peleja em direção ao antigo Arraial do Tejuco, ou atual Diamantina. Devo dizer que negligenciamos ao trecho Ouro Preto-Mariana, de aproximadamente 20km, porque já o trilhamos em uma outra ocasião. Por ser asfaltado, não nos trouxe grandes surpresas e, devido a isso, optamos por deixá-lo de lado. As fotos deste pedaço, que passa ao sul da Serra do Itacolomi, podem ser vistos na postagem sobre o Circuito do Ouro, cujo <i>link</i> disponibilizei logo no começo desta. Em Mariana, um último ajuste na bagagem, sucessivas esquivas de vendedoras de pedras (que dizem preciosas, mas duvido muito) e deixávamos a movimentada primeira capital de Minas Gerais rumo ao primeiro laivo em terra da Estrada Real, segmento Caminho dos Diamantes, que se ramifica a partir da própria MG129, ao norte da cidade.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Tejxqqkwauc/Uh4PYJXbgFI/AAAAAAAAKzE/2_pJ8iWEqJ4/s1600/DSCN4142.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-Tejxqqkwauc/Uh4PYJXbgFI/AAAAAAAAKzE/2_pJ8iWEqJ4/s320/DSCN4142.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mariana</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-RldEe7nof04/Uh4PYkTS6uI/AAAAAAAAKzQ/qZ_sK40e27A/s1600/P1250378.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-RldEe7nof04/Uh4PYkTS6uI/AAAAAAAAKzQ/qZ_sK40e27A/s320/P1250378.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Primeiros quilômetros em estrada de chão do Caminho dos Diamantes</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-g4gZqnXy5x0/Uh4PXqAxJFI/AAAAAAAAKzA/l5L4uEycAW4/s1600/P1250369.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-g4gZqnXy5x0/Uh4PXqAxJFI/AAAAAAAAKzA/l5L4uEycAW4/s320/P1250369.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Carcará</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-NZQkysckQic/Uh4QR0KN_vI/AAAAAAAAKzg/d9y9yOahTgk/s1600/P1250386.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-NZQkysckQic/Uh4QR0KN_vI/AAAAAAAAKzg/d9y9yOahTgk/s200/P1250386.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Camargos</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Por estradas de chão relativamente bem conservadas, Luana, minha moto e eu fomos vagarosamente rumando para o norte, ora com gramíneas ora com mata fechada ladeando a Estrada Real. Gaviões, falcões e o sempre presente carcará alçavam voo ao ronco de baixa rotação do motor. A poeira foi uma ingrata companheira por todo o trecho de 19km até Camargos, vila fundada em 1711 e pertencente ainda ao município de Mariana. Seria redundância minha dizer que o motivo de sua fundação foi o ouro encontrado em algum ribeirão próximo. Algumas simples construções coloniais ainda resistem ao tempo, bem como uma igreja no alto de um pequeno morro, acessada por duas curtas escadarias espaçadas por uma rampa. Sete quilômetros à frente, um outro povoado, o de Bento Rodrigues, consideravelmente maior e também um apêndice de Mariana. Possui uma igreja simples, em reforma, a de Nossa Senhora do Rosário, construída também no século XVIII, na falta de um ano mais preciso. Vale frisar que a Estrada Real possui marcos em toda a sua extensão, postes de concreto pintados em marrom com informações sobre a estrada e as cidades e povoados porvindouros. São extremamente úteis, pois sabemos que, se não os vemos regularmente, estamos no caminho errado. Seguindo-os, após onze quilômetros alcançávamos Santa Rita Durão, mais um distrito de Mariana, fundado em 1702 e com duas construções que merecem destaque: a Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, erigida pelos e para os escravos e cujo ano preciso no século XVIII é desconhecido; e a de Nossa Senhora de Nazaré, de 1766, para os homens brancos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-MM3S5qOpF-U/Uh4QQyG3GoI/AAAAAAAAKzY/sZdLsDJZbrA/s1600/P1250417.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-MM3S5qOpF-U/Uh4QQyG3GoI/AAAAAAAAKzY/sZdLsDJZbrA/s320/P1250417.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de São Bento, em Bento Rodrigues</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-gcqrTfJn1oY/Uh4QSSLDqZI/AAAAAAAAKzs/o_Ovwtpk0Lk/s1600/P1250444.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-gcqrTfJn1oY/Uh4QSSLDqZI/AAAAAAAAKzs/o_Ovwtpk0Lk/s320/P1250444.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, de 1766, em Santa Rita Durão</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-pEDn42sjNT0/Uh4QSG6JnOI/AAAAAAAAKzo/9_5fV1EFF60/s1600/P1250422.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-pEDn42sjNT0/Uh4QSG6JnOI/AAAAAAAAKzo/9_5fV1EFF60/s320/P1250422.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos</span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-jVLXNMCJrk4/Uh4VrDUutKI/AAAAAAAAK0Q/FNjdWW210gs/s1600/P1250454.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-jVLXNMCJrk4/Uh4VrDUutKI/AAAAAAAAK0Q/FNjdWW210gs/s200/P1250454.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro da Água Quente</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A terra continuava a ser o nosso chão, e letargicamente, com um sol voraz ressecando o cerrado, encontramos o asfalto da MG129. Por um curto trecho o colonial Caminho dos Diamantes se confundia com a modernidade do século XXI. Em uma guinada para o oeste acessamos uma rua calçada em meio ao distrito de Morro da Água Quente, pertencente a Catas Altas. Nesse antigo arraial existiam poços de águas termais, mas todos foram assoreados pelo inexorável trabalho de extração aurífera. O que ainda resiste daquela época é a Igreja do Senhor do Bonfim, sem muitos adereços, singela como o povo mineiro, o mesmo que vê a face leste da Serra do Caraça, dia após dia, sucumbir à ação constante de um maquinário pesado que extrai o ferro de seu corpo. É a famosa e discutida Vale agindo indiscriminadamente, mas com um aval que deixa tudo dentro da lei (não é assim que as coisas funcionam no Brasil?), na porção sul da Cordilheira do Espinhaço. Críticas à parte, seguimos pela Estrada Real, e os 7km que nos acompanharam até Catas Altas, cidade fundada em 1703, foram novamente de poeirenta estrada de chão. Aqui, há mais de trezentos anos, bandeirantes perambulavam à caça de ouro e pedras preciosas. Como legado permaneceu o casario colonial e as igrejas praticamente tricentenárias, com destaque para a do Rosário, do fim do século XVIII, e a de Nossa Senhora da Conceição, a matriz, de 1739. Vale ressaltar que Catas Altas, com quase 5 mil habitantes, está situada na porção leste da Serra do Caraça. Do outro lado, no oeste, se encontra o Santuário do Caraça, onde estivéramos nos segundo e terceiro dias.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-rM2ndktRWyc/Uh4VqrLfKBI/AAAAAAAAK0E/9Lu3wa3mYwo/s1600/P1250463.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-rM2ndktRWyc/Uh4VqrLfKBI/AAAAAAAAK0E/9Lu3wa3mYwo/s320/P1250463.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de 1739, em Catas Altas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-wv--ccy-pRE/Uh4VqRgneRI/AAAAAAAAK0A/C9ZdpraXd08/s1600/P1250469.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-wv--ccy-pRE/Uh4VqRgneRI/AAAAAAAAK0A/C9ZdpraXd08/s320/P1250469.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Catas Altas e a Serra do Caraça</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-OhCEwMIfDzE/Uh4VrmO3nmI/AAAAAAAAK0Y/xDXplx2K-7k/s1600/P1250475.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-OhCEwMIfDzE/Uh4VrmO3nmI/AAAAAAAAK0Y/xDXplx2K-7k/s320/P1250475.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja do Rosário</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-7OC6N2RVOQY/Uh4XOGagG9I/AAAAAAAAK0s/yYEAEXxAaPA/s1600/P1250479.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-7OC6N2RVOQY/Uh4XOGagG9I/AAAAAAAAK0s/yYEAEXxAaPA/s200/P1250479.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Canal do Bicame de Pedra</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O segmento do Caminhos dos Diamantes compreendido entre Catas Altas e Santa Bárbara foi o único que exigiu uma certa paciência no que se refere à navegação. Vínhamos tranquilamente pela terra, por uma estrada aberta, e de repente essa passou a acompanhar os trilhos de uma ferrovia. Até aí tudo bem, pois estávamos nas coordenadas corretas. Porém, após 1 ou 2km a estrada deu um guinada para o leste e saímos da rota. Os marcos da Estrada Real sumiram, e quando nos demos conta estávamos de volta ao asfalto da MG129. Por sorte algumas placas turísticas com indicações para o Bicame de Pedra, um dos atrativos mais famosos da Estrada Real, nos repuseram no caminho ao direcionar-nos para uma outra estrada de terra, sentido oeste. Por fim calhamos no Bicame de Pedra, um aqueduto de pedras empilhadas construído por mãos escravas em 1792. Não há nenhuma espécie de rejunte ou argamassa que o mantenha em pé, sendo portanto uma obra de meticulosa engenharia. E engana-se quem acha que a estrutura é modesta: são 4 metros de altura e arcos enormes a cada vinte ou trinta metros. Logicamente essa é apenas uma parte do que restou de uma época em que a água era canalizada do alto da Serra do Caraça, que altivamente se agiganta no horizonte, para a lavagem de minérios e cascalhos, como parte da extração aurífera das centúrias de XVIII e XIX. Foram investidos 15 quilos de ouro para construí-lo. Nessa paisagem pitoresca encerraríamos esse dia, chegando a Santa Bárbara após mais alguns quilômetros de terra e asfalto, desviando-nos de um trecho do Caminho dos Diamantes de 3km que só pode ser vencido a pé. Pela segunda vez consecutiva na viagem pernoitaríamos na cidade de Affonso Penna.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-lyFdfXRF7yg/Uh4XOPFGJaI/AAAAAAAAK0k/7A2OHBzCzbQ/s1600/P1250483.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="250" src="http://2.bp.blogspot.com/-lyFdfXRF7yg/Uh4XOPFGJaI/AAAAAAAAK0k/7A2OHBzCzbQ/s400/P1250483.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bicame de Pedra</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6syMdc5PPxM/Uh4XPS2d1bI/AAAAAAAAK08/hymnniPNtY0/s1600/P1250502.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="250" src="http://3.bp.blogspot.com/-6syMdc5PPxM/Uh4XPS2d1bI/AAAAAAAAK08/hymnniPNtY0/s400/P1250502.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Quatro metros de altura</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-fPjfQkygmHE/Uh4XOa5sezI/AAAAAAAAK0o/5dugXzCIOtE/s1600/P1250501.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-fPjfQkygmHE/Uh4XOa5sezI/AAAAAAAAK0o/5dugXzCIOtE/s320/P1250501.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Caraça</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-M-S32efBH94/Uh4YYhINJyI/AAAAAAAAK1Y/rxU1X4aiE-I/s1600/DSCN4334.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-M-S32efBH94/Uh4YYhINJyI/AAAAAAAAK1Y/rxU1X4aiE-I/s200/DSCN4334.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tangarazinho</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O dia 11 amanheceu aberto, e logo cedo, sem perder tempo nem mesmo para fotografar Santa Bárbara, o que fizéramos na manhã do dia anterior, saímos por uma estrada de terra ao norte da cidade rumo a Barão de Cocais, a próxima na rota. Beiradeamos o Lago de Peti, alimentado por rios e córregos da bacia do rio Doce, como o Santa Bárbara, e atravessando-o por uma ponte de concreto fomos envoltos por uma mata na qual a avifauna fazia cada galho tremelicar. Eram pousos e alçadas de voo constantes de membros como o gavião-carijó, o tangarazinho, o chorozinho-de-chapéu-preto, o vite-vite-de-olho-cinza, o tachuri-campainha e a saíra-ferrugem. No mais, sempre o mesmo. Após 14km reencontramos o asfalto em Barão de Cocais, e incontinenti nos dirigimos a uma das mais belas igrejas de todo o trajeto, a de São João Batista, de 1785, tão opulenta quanto as de Ouro Preto. Surpreendemo-nos com o tamanho da cidade e seu vai-e-vem frenético de carros e transeuntes. Mesmo não possuindo mais do que 20 mil habitantes, há de se notar que toda a zona urbana é bem concentrada na depressão da Serra Dois Irmãos, quase não havendo divisões entre bairros, centro e centro histórico. Isso pôde ser comprovado ao subirmos a um ponto elevado da cidade, no morro da Capela de Nossa Senhora da Aparecida. Por falar na Serra Dois Irmãos, foi ela que subimos, ou melhor, “escalamos”, na sequencia. O caminho entre uma floresta de eucaliptos é tão íngreme que em alguns momentos o pneu dianteiro da moto perdia contato com o calçamento. O ambiente era tenebroso, já que as altas árvores impediam noventa por cento da entrada da luz solar, trazendo a noite para um dia que prometia ainda muitas surpresas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-UaTFntrf-pg/Uh4YY9WNk_I/AAAAAAAAK1I/eSE-OCFI7Sw/s1600/P1250544.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-UaTFntrf-pg/Uh4YY9WNk_I/AAAAAAAAK1I/eSE-OCFI7Sw/s320/P1250544.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Igreja de São João Batista, de 1785, em Barão de Cocais</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-6eUDGt28YcA/Uh4YY6EOi-I/AAAAAAAAK1M/TtdGrQYhG2E/s1600/P1250554.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-6eUDGt28YcA/Uh4YY6EOi-I/AAAAAAAAK1M/TtdGrQYhG2E/s320/P1250554.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Barão de Cocais vista do morro da Capela de Nossa Senhora da Aparecida</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-s0ob_1tEELM/Uh4YaV2x_hI/AAAAAAAAK1g/7v2aN-GTB-w/s1600/P1250555.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-s0ob_1tEELM/Uh4YaV2x_hI/AAAAAAAAK1g/7v2aN-GTB-w/s320/P1250555.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caminho dos Diamantes entre Barão de Cocais e Cocais</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-0YXW53w5rtQ/Uh4Zg0_CHDI/AAAAAAAAK10/q8v39pQ9qag/s1600/P1250558.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-0YXW53w5rtQ/Uh4Zg0_CHDI/AAAAAAAAK10/q8v39pQ9qag/s200/P1250558.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cocais</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_532596145"></span><span id="goog_532596146"></span>No alto da serra o cerrado ressurgiu, topamos com um veado-campeiro que infelizmente não nos deu a chance de fotografá-lo devidamente e chegamos ao distrito de Cocais, pertencente a Barão de Cocais. Logo na entrada do vilarejo, fundado no ano de 1703 por bandeirantes no rastro do ouro, registramos a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída nos idos de 1855 para o culto de escravos negros que não podiam frequentar a Igreja de Sant' Ana. Hoje todos, independentemente do tom da pele, podem usufruir de suas atividades religiosas. A de Sant' Ana, por sua vez, que naquela época servia exclusivamente aos homens brancos, hoje parece abandonada, trancada a cadeados. É de 1769 e, portanto, a mais antiga do povoado. Ao conversarmos com um morador local sobre nossas ambições no Caminho dos Diamantes, o mesmo nos exortou a regressar 3 dos 14km que trilháramos desde Barão de Cocais para visitar o Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, que detém em seus domínios uma encosta de montanha repleta de pinturas rupestres. Assentimos e voltamos esse bocado, localizando, a poucos metros da Estrada Real, a entrada do sítio. Mediante um pagamento de R$5 cada fomos guiados pelo proprietário, que simpaticamente nos mostrou as gravuras em cor de sangue. São homens com lanças, veados-campeiros, canídeos e veados com galhadas (que hoje já não encontrados mais aqui), uma arte rústica de 6 mil anos antes de Cristo. Havia visto algo parecido apenas em Urubici, Santa Catarina, nas imediações da cachoeira do Avencal. Minas, como alguns podem imaginar, não nos presenteia apenas com a História recente, mas também com a antiga.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-olcV0JB15Tc/Uh4Zf5Q2JEI/AAAAAAAAK1o/H_gcwMIa1MM/s1600/P1250572.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-olcV0JB15Tc/Uh4Zf5Q2JEI/AAAAAAAAK1o/H_gcwMIa1MM/s320/P1250572.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Sant' Ana, de 1769</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-bXlckbS027w/Uh4Zg_V1emI/AAAAAAAAK1w/3wUONzTy-VM/s1600/P1250575.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-bXlckbS027w/Uh4Zg_V1emI/AAAAAAAAK1w/3wUONzTy-VM/s320/P1250575.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pinturas rupestres no Sítio Arqueológico da Pedra Pintada</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Bo2p6GJx8RE/Uh4ZrzfSWeI/AAAAAAAAK2A/slV-QFOWSYk/s1600/P1250573.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-Bo2p6GJx8RE/Uh4ZrzfSWeI/AAAAAAAAK2A/slV-QFOWSYk/s320/P1250573.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Datam de 6 mil anos antes de Cristo</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-h2TQnKXkvPY/Uh4bCt0zqxI/AAAAAAAAK2M/-eh0m6vblw0/s1600/P1250589.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-h2TQnKXkvPY/Uh4bCt0zqxI/AAAAAAAAK2M/-eh0m6vblw0/s200/P1250589.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bom Jesus do Amparo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">De volta a Cocais, saímos pelo norte e, ainda por terra, fomos avançando pelos cafezais e eucaliptais. Cruzamos o asfalto da BR381, seguimos por terra novamente e calhamos em uma vicinal asfaltada que nos desembocou no minúsculo município de Bom Jesus do Amparo. Foram 25km tranquilos e cenicamente não tão belos, tanto que apeamos apenas nos entornos da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus do Amparo, de 1841 e detentora da única estátua de Jesus Cristo criança do Brasil. Como não estava aberta, não pudemos registrá-la. Incontinenti, então, partimos pelo trecho Bom Jesus do Amparo-Ipoema, todo pavimentado em seus 13km de extensão, mas repleto de curvas fechadas que exigem um pouco de atenção. Já em Ipoema, pequeno distrito de Itabira, passamos batidos pelo Museu do Tropeiro, que enaltece o veio deste local que já foi passagem de carregamentos e suprimentos que abasteciam a região, e paramos defronte a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, cuja data de construção ninguém soube nos informar. Um imenso casarão ao lado dela, contudo, parece bem antigo, talvez do século XVIII, e nele hoje funciona um comércio para ébrios. Prosseguindo, mais 15km depois estávamos em Senhora do Carmo, outro distrito de Itabira fundado no século XIX, com fazendas notadamente da era do café. Daí pra frente há uma mescla de asfalto e terra por mais 15km de extensas pastagens e brejos, lar para o chopim-do-brejo e o tesourinha-do-brejo. O sol já se punha quando atracávamos em Itambé do Mato Dentro, município com 2500 habitantes. Ali, às sombras do Pico do Itacolomi, pernoitaríamos após sucessivos sacolejos pelas estradas esburacadas do Caminhos dos Diamantes.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-64O7m8dPLa8/Uh4bC0IZ9FI/AAAAAAAAK2Q/FrVGUo10bVw/s1600/P1250595.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-64O7m8dPLa8/Uh4bC0IZ9FI/AAAAAAAAK2Q/FrVGUo10bVw/s320/P1250595.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ipoema</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-W6avYQw01Aw/Uh4bD_f9uWI/AAAAAAAAK2c/JsqSWIHihpA/s1600/P1250601.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="253" src="http://1.bp.blogspot.com/-W6avYQw01Aw/Uh4bD_f9uWI/AAAAAAAAK2c/JsqSWIHihpA/s400/P1250601.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Senhora do Carmo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-lWQo-j1n4iw/Uh4bEGYOXXI/AAAAAAAAK2g/pHoHV6vAO5Y/s1600/P1250631.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-lWQo-j1n4iw/Uh4bEGYOXXI/AAAAAAAAK2g/pHoHV6vAO5Y/s320/P1250631.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Itambé do Mato Dentro e o Pico do Itacolomi</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-boUkTQZP1Ps/Uh4cCL97DcI/AAAAAAAAK2s/zo5nmb9ZEwY/s1600/P1250645.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-boUkTQZP1Ps/Uh4cCL97DcI/AAAAAAAAK2s/zo5nmb9ZEwY/s200/P1250645.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Conceição do Mato Dentro</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 12, bem cedo, despedimo-nos de Itambé do Mato Dentro e fomos avançando para o norte, sempre por terra, beiradeando a Serra do Cipó, até que, trinta e cinco quilômetros depois, chegamos a Morro do Pilar. Nada ali nos chamou a atenção, e com vistas a ganhar tempo seguimos freneticamente por mais 27km até Conceição do Mato Dentro, fundada em 1702. Nela, no alto de um morro, conhecemos a Capela de Sant'Anna, de 1744. No vale do centro urbano uma outra, a matriz de Nossa Senhora da Conceição, em reformas, de 1722. Apesar de todo o apelo histórico, um atrativo natural por si só vale todo o esforço de se chegar a esses confins: a cachoeira do Tabuleiro. Embora não esteja na Estrada Real, não poderíamos deixar de conhecer uma das maiores quedas d'água do país, com 273 metros. Desviamos de nossa rota, trilhamos 20km de terra e chegamos ao bairro de Tabuleiro, essencialmente rural. Dali são mais 2km por uma estrada mista de terra e pedras, em aclive medonho, até o estacionamento do Parque Municipal Ribeirão do Campo. Até a cachoeira são mais 2,5km a pé, descendo trilhas bifurcadas pelo vale do córrego homônimo ao parque. Nos últimos metros a caminhada é feita sobre as pedras do leito do próprio córrego. Desde a portaria do parque já é possível ver a queda, e novos ângulos vão se revelando à medida que nos aproximamos de seu poço. É a maior cachoeira de Minas Gerais, e mesmo toda essa imponência não é suficiente para vencer uma força que, ali, sopra com propriedade. É o vento, correndo pelo vale e esvoaçando gotículas por todos os lados. Em alguns momentos distorce o desenho verticalizado da água caindo, desfigurando-o totalmente. O que permanece hirto é o paredão, a chapada de arenito em sua porção alta. Essa é a “hierarquia” dos seres inanimados. Tudo se desgasta. Tudo ganha novas formas. Tudo causa deleite.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-hegp6HNNSDw/Uh4cDMOrUmI/AAAAAAAAK3E/n09EodzEqGE/s1600/P1250752.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-hegp6HNNSDw/Uh4cDMOrUmI/AAAAAAAAK3E/n09EodzEqGE/s320/P1250752.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Distrito de Tabuleiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-AmdMVDImPSk/Uh4cCX2qAeI/AAAAAAAAK2w/8JAqE65-FPA/s1600/P1250704.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-AmdMVDImPSk/Uh4cCX2qAeI/AAAAAAAAK2w/8JAqE65-FPA/s320/P1250704.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Tabuleiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ZMmYincWZEs/Uh4cCkc4F2I/AAAAAAAAK28/GCAPwgcvjPk/s1600/P1250670.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-ZMmYincWZEs/Uh4cCkc4F2I/AAAAAAAAK28/GCAPwgcvjPk/s320/P1250670.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Queda de 273m vista da trilha</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-zVGUCfEGnCA/Uh4dUO2b0mI/AAAAAAAAK3g/79sOhdDxsMo/s1600/P1250755.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-zVGUCfEGnCA/Uh4dUO2b0mI/AAAAAAAAK3g/79sOhdDxsMo/s200/P1250755.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Córregos</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A trilha de volta da Cachoeira do Tabuleiro nos tomou mais tempo do que prevíramos. Já eram passadas 16h e, acelerando forte, vencemos os 20km de terra até a MG-010, de volta ao traçado da Estrada Real. Daí foram mais 10km de asfalto até uma outra estrada de chão, truncada, que depois de 14km nos desembocou no distrito de Córregos, ainda no território de Conceição do Mato Dentro. Pernoitaríamos ali, naquele vilarejo praticamente todo colonial fundado por bandeirantes em 1702, cujo cerne é inteiramente dedicado a Igreja Matriz Nossa Senhora de Aparecida, de 1735, e que mantém até hoje características comuns à época, como tocos de árvores para amarrar as montarias de quem frequenta as liturgias católicas. E nossa estadia nos limites de Conceição do Mato Dentro não terminaria ali, naquele lugar de arquitetura tombada pelo patrimônio público de extrema calma. No dia seguinte, treze de julho, encararíamos ainda mais 12km sob uma fina garoa, espantando com o ronco do motor casacos-de-couro-da-lama, marrecos e saís-azuis até Santo Antônio do Norte, mais popularmente conhecido como povoado do Tapera, ínfimo e transbordante de História em construções como a Igreja de Santo Antônio e a Capela de Sant' Ana, ambas edificadas no século XVIII. Estávamos em uma corrida frenética contra o tempo. Chegar a Diamantina até o começo da noite era um objetivo que tinha que ser granjeado a qualquer custo, pois no próximo dia teríamos que regressar para casa.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-8GCbopKicCA/Uh4dUDcOyiI/AAAAAAAAK3U/oK0nGiWdiew/s1600/P1250783.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-8GCbopKicCA/Uh4dUDcOyiI/AAAAAAAAK3U/oK0nGiWdiew/s320/P1250783.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tapera, ou Santo Antônio do Norte</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-OZuR-Svq6CM/Uh4dT-r25FI/AAAAAAAAK3Q/x2Y2HnW7jA0/s1600/P1250779.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-OZuR-Svq6CM/Uh4dT-r25FI/AAAAAAAAK3Q/x2Y2HnW7jA0/s320/P1250779.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casaco-de-couro-da-lama</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-LwHLQjIp_NI/Uh9YRe8-OYI/AAAAAAAAK34/yW6s-F0FfKU/s1600/P1250792.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-LwHLQjIp_NI/Uh9YRe8-OYI/AAAAAAAAK34/yW6s-F0FfKU/s320/P1250792.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Saí-azul fêmea</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-nf2kcrTdQfM/Uh9YcFZZO8I/AAAAAAAAK4A/rVLmnVDRnDo/s1600/P1250807.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-nf2kcrTdQfM/Uh9YcFZZO8I/AAAAAAAAK4A/rVLmnVDRnDo/s200/P1250807.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Itapanhoacanga</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">De Tapera fomos acelerando pelos aclives intermináveis e lamacentos até Itapanhoacanga, povoado com 1700 habitantes pertencente à cidade de Alvorada de Minas. Surgiu da extração aurífera no começo do século XVIII, mas isso o leitor já devia desconfiar a este ponto. É engraçado estar no Caminho dos Diamantes e passar por vilarejos surgidos a partir do ouro. Estávamos perto das que realmente galgaram nos diamantes seu apogeu, e por isso rapidamente fotografamos a amarelecida e sombria Igreja do Rosário, ao melhor estilo rococó, e aceleramos para Alvorada de Minas, distante 15km dali. A estrada, nesse trecho, não é ruim, mas a poeira continua lá, cobrindo-nos com camadas e mais camadas da terra mineira. Em Alvorada de Minas, cidade diminuta, registramos, em uma parte alta, a Igreja Matriz de Santo Antônio, que segundo consta guarda importantes obras sacras, o que não pôde ser atestado na prática, visto estar fechada à visitação. Existe um outro templo católico, uma espécie de “guarita” para o cemitério municipal, acessada por uma escadaria curva. Por mais que eu tenha pesquisado, não encontrei seu nome ou data de construção. Dali pra frente o que mandaria (ou o que mandou em algum momento, no passado) são o diamante e outras pedras preciosas, e não única e exclusivamente o ouro. Nossas terras já foram economicamente muito ricas, e hoje o que nos resta de riqueza é a História, arquitetônica e intelectualmente falando.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-aYWJp9rkaO4/Uh9YzSjY_RI/AAAAAAAAK4U/W_0Vxz0MdOs/s1600/P1250815.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-aYWJp9rkaO4/Uh9YzSjY_RI/AAAAAAAAK4U/W_0Vxz0MdOs/s320/P1250815.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Santo Antônio, em Alvorada Nova de Minas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-n0gr_fQtgTk/Uh9YzNKxiOI/AAAAAAAAK4Q/kp4jbmMuemo/s1600/P1250814.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-n0gr_fQtgTk/Uh9YzNKxiOI/AAAAAAAAK4Q/kp4jbmMuemo/s320/P1250814.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela, também em Alvorada Nova de Minas</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_MdppdeYgSY/Uh9ZYFW_--I/AAAAAAAAK4c/gLk9exnHu8k/s1600/P1250841.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-_MdppdeYgSY/Uh9ZYFW_--I/AAAAAAAAK4c/gLk9exnHu8k/s200/P1250841.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serro</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">De Alvorada de Minas a Serro foram 18km pela MG900, inteiramente asfaltada. Serro é um daqueles locais opulentos, desorganizadamente organizado, um emaranhado de construções coloniais com mais de três séculos de existência. Foi fundada em 1701 e nela se obteve primeiramente muito ouro, e uma década mais tarde diamantes. Desse montante, uma parte era contabilizada pela coroa portuguesa, que cobrava o quinto, e outra era contrabandeada. No começo do século XIX as reservas foram escasseando, momento em que a cidade contava com 3 mil habitantes. Hoje, mais voltada à pecuária, à agricultura e ao turismo histórico e gastronômico, conta com aproximadamente 22 mil. Restaram, daqueles tempos promissores, o casario colonial e as igrejas de Nossa Senhora do Carmo, de 1781, a de Nossa Senhora da Conceição, do fim do século XVIII, a de Nossa Senhora do Rosário, de 1758, a do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, de 1785, e a de Santa Rita, de 1745, a partir de onde se desfruta de uma bela vista das linhas curvas das ruas calçadas do centro histórico. É em Serro também que nasce um dos mais importantes rios do país, o Jequitinhonha, marcando o início de seu vale que, no nordeste do Estado, já foi considerada a região mais pobre do país.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-B2ojZWAK6Bo/Uh9Z7V7OqYI/AAAAAAAAK4g/fZ_PtzpXNhI/s1600/P1250826.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-B2ojZWAK6Bo/Uh9Z7V7OqYI/AAAAAAAAK4g/fZ_PtzpXNhI/s320/P1250826.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Rosário, de 1758</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-KB89l8UThJI/Uh9Z7pSyuGI/AAAAAAAAK4k/ao_mpzQWB2k/s1600/P1250827.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-KB89l8UThJI/Uh9Z7pSyuGI/AAAAAAAAK4k/ao_mpzQWB2k/s320/P1250827.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora da Conceição, do fim do século XVIII</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-pWddwOlPAoo/Uh9Z70JtnPI/AAAAAAAAK4w/kGU2Zr8BROM/s1600/P1250840.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-pWddwOlPAoo/Uh9Z70JtnPI/AAAAAAAAK4w/kGU2Zr8BROM/s320/P1250840.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Santa Rita, de 1745</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-bqIoVI3L9Q4/Uh9bZVNgfBI/AAAAAAAAK48/Q1v7kOjW3lw/s1600/P1250859.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-bqIoVI3L9Q4/Uh9bZVNgfBI/AAAAAAAAK48/Q1v7kOjW3lw/s200/P1250859.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São Gonçalo do Rio das Pedras</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Saindo de Serro pouco antes do meio-dia, cruzamos o ainda tímido rio Jequitinhonha e passamos pelo povoado de Três Barras e sua igrejinha azulada. Aqui a estrada era asfaltada, e assim permaneceu até Milho Verde, um outro povoado de Serro onde a extração de diamantes foi abundante no século XVIII. É realmente uma pena que não dispúnhamos de tempo para usufruir mais desse pedaço da Serra do Espinhaço, formado por montanhas acinzentadas de aparência ressequida e rodeada por um cerrado digno de uma Serra da Canastra. Tapetes naturais extensos de capim-estrela forram os chapadões a mais de 1000m de altitude enquanto os vales se desenham a leste e a oeste, proporcionando contrastes hipnotizantes com o céu do nordeste mineiro. Essas paisagens são ainda mais belas após uma outra ponte sobre o Jequitinhonha, construída no século XVIII, após São Gonçalo do Rio das Pedras, também distrito de Serro, povoado fundado no mesmo século pelos que trabalhavam na extração de ouro e diamantes (desta região em diante o diamante passa a ser redundante). Preserva, além do casario, a Igreja Matriz e a Capela do Rosário. Daí pra frente são 32km de muita terra, areia, belos e pitorescos cenários, como as casas de pau-a-pique abandonadas no alto da serra, búfalos, fazendas e pequenos povoados, como Vau e Biribiri. Nos metros finais de estrada de chão adentramos Diamantina, observando suas construções periféricas modernas, ainda não coloniais. À medida que nos aproximávamos do centro histórico, mais precisamente da Catedral Metropolitana de Santo Antônio, revelava toda a ambição arquitetônica que o diamante podia comprar em tempos em que sua extração era farta.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-qmtgjMnYV68/Uh9b2cyWpfI/AAAAAAAAK5I/x62c2fjJmWA/s1600/P1250861.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-qmtgjMnYV68/Uh9b2cyWpfI/AAAAAAAAK5I/x62c2fjJmWA/s320/P1250861.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte do século XVIII sobre o rio Jequitinhonha</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-8c6FUjO1geg/Uh9b2yOfhaI/AAAAAAAAK5U/3zDhqUco-Co/s1600/P1250864.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="223" src="http://2.bp.blogspot.com/-8c6FUjO1geg/Uh9b2yOfhaI/AAAAAAAAK5U/3zDhqUco-Co/s400/P1250864.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Espinhaço</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ArFBjraKmCQ/Uh9b2JFaRyI/AAAAAAAAK5E/IDE7n7f1R-c/s1600/P1250878.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-ArFBjraKmCQ/Uh9b2JFaRyI/AAAAAAAAK5E/IDE7n7f1R-c/s320/P1250878.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa de pau-a-pique abandonada</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-QSd1V_N4DkA/Uh9cc0TyB4I/AAAAAAAAK5c/9f5fH37zIJQ/s1600/P1250916.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-QSd1V_N4DkA/Uh9cc0TyB4I/AAAAAAAAK5c/9f5fH37zIJQ/s200/P1250916.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Diamantina</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O Caminho dos Diamantes se encerrava aqui. Para os que o fazem no sentido inverso, aqui ele se inicia. No antigo Arraial do Tejuco, ou Tijuco, fundado em 1713 e que teve uma forte ascensão econômica a partir de 1729 com a descoberta dos diamantes, findávamos uma peleja de mais de 300km por estradas periclitantes, incertas e ladeadas por cenários que meu pífio português não pode traduzir. A moto, após a árdua peleja, teve seu merecido descanso, mas Luana e eu ainda tínhamos uma outra tarefa: registrar os becos e casarões da terra natal de Juscelino Kubitschek. Nada melhor do que começar a empreitada fotografando uma igreja em frente a uma estátua do ex-presidente: a de São Francisco de Assis, de 1772. Na sequência vieram outras como a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, de 1728, a de Nosso Senhor do Bonfim, de 1771, a de Nossa Senhora do Carmo, de 1784, a de Nossa Senhora das Mercês, de 1820, e a Capela Imperial do Amparo, de 1776, e o famoso Mercado dos Tropeiros, de 1835, local para o qual os escravos traziam mercadorias de seus senhores para serem vendidas ou trocadas. Hoje tudo o que resta é para ser admirado. Cada beco, cada casarão, cada sobrado de sacadas bem trabalhadas que sustentam os músicos das serenatas e vesperatas noturnas. Enfim, é um lugar luzidio feito os diamantes que esculpiram seu nome na História de Minas Gerais e do Brasil, e que nesse dia fechou com chave de ouro, ou melhor, de diamante, nossa aventura pelo Caminho dos Diamantes.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-lx7VV50bCC4/Uh9dHPmEuzI/AAAAAAAAK5k/YvIThNhH2U0/s1600/P1250943_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="163" src="http://2.bp.blogspot.com/-lx7VV50bCC4/Uh9dHPmEuzI/AAAAAAAAK5k/YvIThNhH2U0/s400/P1250943_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Catedral Metropolitana de Santo Antônio</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-C1X_HHSrMxg/Uh9dHUDFIMI/AAAAAAAAK5s/AtGuA2y84nM/s1600/P1250972.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-C1X_HHSrMxg/Uh9dHUDFIMI/AAAAAAAAK5s/AtGuA2y84nM/s320/P1250972.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mercado dos Tropeiros, de 1835</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-JvE5jK8VsEk/Uh9dHjbdn5I/AAAAAAAAK54/qZmN9vaj0XM/s1600/P1250974.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-JvE5jK8VsEk/Uh9dHjbdn5I/AAAAAAAAK54/qZmN9vaj0XM/s320/P1250974.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Torre da Capela Imperial do Amparo, de 1776</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Wjn7GoyPB-A/Uh9dHqIe4tI/AAAAAAAAK5w/5UvtkQf2vSo/s1600/P1260004.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-Wjn7GoyPB-A/Uh9dHqIe4tI/AAAAAAAAK5w/5UvtkQf2vSo/s320/P1260004.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Típica rua de Diamantina</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-sYRGhPa8OA8/Uh9eOzRTV_I/AAAAAAAAK6I/P94BEwxrANY/s1600/P1250636.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-sYRGhPa8OA8/Uh9eOzRTV_I/AAAAAAAAK6I/P94BEwxrANY/s200/P1250636.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O regresso</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Acordamos cedo para principiar o regresso para Americana confiando na palavra de um mineiro que, dizia, estávamos a 180km de Belo Horizonte. Perto, pensei eu. Ledo engano, a primeira placa me causou um imenso desconforto: eram 280km. O homem errara por 100km apenas. Aceleramos forte, então, passando por Gouveia e Curvelo até acessarmos a pista sul da BR040. Por volta do meio-dia chegávamos à capital Belo Horizonte, lembrando-nos de Affonso Penna, político que ordenou a mudança da sede política mineira para cá. De BH para frente sempre mais do mesmo, pela BR381, ou Fernão Dias. Tudo transcorreu bem até a divisa Minas Gerais/São Paulo. Já em nosso Estado natal, os problemas começaram. Congestionamentos, tráfego lento. Demoramos uma hora para vencer um trecho de 13km. Queria eu voltar para a Estrada Real, talvez o Caminho Velho ou o de Sabarabaçu, onde, apesar da dureza do terreno, as emoções são mais fortes do que o cheiro da fumaça de escapamentos ou a buzina dos motoristas estressados. Na rodovia Dom Pedro, nos últimos quilômetros de nossa incursão, fomos abraçados pela noite e extorquidos pela claridade dos postos de pedágio. Na Anhanguera, após 2300km rodados, terminávamos a faina que, se não é equiparável a dos bandeirantes, que encontravam ouro ou diamantes, é no mínimo digna de um aventureiro que, em grande parte do seu tempo, está à caça não de pedras preciosas, mas sim de locais onde possa exercer o seu fascínio por tudo o que não é humano. E por tudo o que já foi humano, mas não é moderno.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Siga nesse seu intento de dificultar meus passos, que eu seguirei abrindo caminho, mesmo que a falta de forças me obrigue a pequenas pausas para repouso. Não sou tão fraco quanto pensas, e mesmo que o passar dos anos extraia camadas de meu vigor, ainda estarei apto, num ritmo mais lento, é bem verdade, a explorá-lo em toda a sua glória. Enquanto estiveres aí, nobre mundo, estarei aqui, estudando uma maneira de entendê-lo, augurando, um dia, entender os motivos pelos quais se fazes tão atrativo. Tão impelidor.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-qCSpx7xCN8o/Uh9eiT4exxI/AAAAAAAAK6Q/GOWPphXuL-E/s1600/P1250183.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-qCSpx7xCN8o/Uh9eiT4exxI/AAAAAAAAK6Q/GOWPphXuL-E/s400/P1250183.JPG" width="400" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/SantuarioDoCaracaECaminhoDosDiamantesDe07A14DeJulhoDe2013?noredirect=1#" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5904186094771924433%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues composto para o Santuário do Caraça, para o Caminho dos Diamantes e para um membro ilustre de nosso cerrado, o lobo-guará.</span></div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/3KYntrP6O5M" width="540"></iframe>Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-66167477219969199602013-07-06T11:08:00.000-07:002013-08-16T18:11:56.722-07:00Iguape e Cananéia – de 20 a 24 de junho de 2013<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-sRh9NAPjW9U/UdhMHVIy9eI/AAAAAAAAKmI/5x4D3i5TAwo/s1600/P1240494.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-sRh9NAPjW9U/UdhMHVIy9eI/AAAAAAAAKmI/5x4D3i5TAwo/s400/P1240494.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;"><i>In memoriam</i>: Marx (2008-2013)</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Dialogava eu com um senhor e, quando ambos decidimos tomar nossos rumos para lados opostos, consultei meu relógio de vidro de lente desgastada pelos esbarrões esporádicos em muradas ásperas e paredes coloniais do meu Brasil. Passaram-se duas horas desde que ele, numa tentativa de iniciar um debate produtivo, confidenciara-me algumas informações que até o presente momento ainda não fui capaz de digerir. Mal sabia o experiente homem que eu não lhe dava a atenção que minha expressão transparecia. Meu pensamento voejava para o continente, para o alto da serra, onde eu deveria estar naquele momento, em vias de concretizar meu plano original. Repentinamente o vetusto aponta para o mar, fazendo-me desviar a atenção e acompanhar a linha imaginária que se estendia a partir do seu dedo indicador esquerdo. “É ali que flutuo, com a ajuda do meu barco, e a partir de onde admiro toda essa confusão de ilhas, serras e águas, que não se sabe doces, salgadas ou salobras”. Foi nesse momento que eu percebi que não estava ali simplesmente porque meus planos foram enfraquecidos pelos empecilhos e engodos do caminho e das intempéries. Estava ali porque algo precisava ser visto. Eu só carecia de mudar meu foco de observação para enxergá-lo e, ulteriormente, registrá-lo com convicção.</span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-dOxk0a3xC5M/UdhNSJwGfuI/AAAAAAAAKmc/ORn-9q_JiTQ/s1600/P1240087.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-dOxk0a3xC5M/UdhNSJwGfuI/AAAAAAAAKmc/ORn-9q_JiTQ/s200/P1240087.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A solitária partida</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Minha ideia inicial era explorar todos os caminhos que bordejam o rio Ribeira de Iguape, desde sua foz, em Iguape, no litoral sul de São Paulo, até o alto da Serra de Paranapiacaba, em Cerro Azul, Paraná, onde é concebido na confluência dos rios Ribeirinha e Açungui. Tempos atrás tive uma experiência semelhante, com o rio Itabapoana, entre os Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/05/rio-itabapoana-de-29-de-abril-1-de-maio.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>), mas a tarefa, na região chamada de Vale do Ribeira, seria mais complexa, visto ser o rio Ribeira aproximadamente quatro vezes mais extenso, muito embora seja um curso d'água doce com pouco mais de 400km, não tão elongado quando comparado a outros rios importantes, como o Paranapanema e o Tietê, ambos beirando os 1000km. O que me encanta nele, contudo, não é a sua caudalosidade ou abrangência, e sim duas outras características que, na atual fase de minha vida, tem um peso profícuo na confecção das rotas: a situação dos seres vivos em sua bacia (incluindo humanos) e a total ausência de barragens de hidrelétricas ao longo de sua existência. É um rio que ainda flui livremente, mesmo sendo diretamente afetado pelo desmatamento de suas matas ciliares, pela poluição e por projetos que, uma hora ou outra, o desvirginarão, extraindo do turbilhão de suas águas a energia elétrica que, por ironia, dificilmente abastecerá o próprio Vale do Ribeira, considerada a região economicamente mais pobre do Estado de São Paulo. Sua força suprirá a demanda de algumas indústrias ou, num cenário mais animador, algumas cidades maiores da região, negligenciando outras.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mas por que estou mencionando o rio Ribeira de Iguape? Simplesmente não fui capaz de levar cabo nada do que planejara. Sigo, então, relatando o plano B, exortado pela chuva incessante do Vale do Ribeira.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-VLGVd2U3M_k/UdhOXCBhHiI/AAAAAAAAKmk/H2gP_HL_F-k/s1600/P1240061.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-VLGVd2U3M_k/UdhOXCBhHiI/AAAAAAAAKmk/H2gP_HL_F-k/s200/P1240061.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedro Barros, em Miracatu</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Parti de Sumaré às 10:30h de uma quinta-feira essencialmente nublada, mas que demorou a derrubar sobre mim suas águas geladas de fim de outono. Ganhei a rodovia Anhanguera, sentido capital, e nela permaneci por fastidiosos quilômetros, tendo a monotonia quebrada apenas pela sempre imponente presença da Serra do Japi, em Jundiaí. Acessei o Rodoanel, passando pelos perímetros de Osasco e Carapicuíba, e enviesei-me pela BR-116, nesse trecho chamada de Régis Bittencourt. Tudo transcorria dentro dos conformes, mas a minha relutância, na véspera, em consultar o sempre auxiliador INPE começava a me preocupar. A atmosfera se adensava, o tom cinza predominava e o trânsito sempre lento na Serra do Cafezal mordiam nacos e mais nacos do meu tempo. Com muito atraso cheguei ao pequeno bairro de Pedro Barros, pertencente ao município de Miracatu, onde apeei pela primeira vez, descansando à sombra de uma pequena capela pintada em verde-claro, de torre única e envolta por uma mureta baixa e desnivelada. O ar daquela tarde era tão sombrio que ninguém circulava pelos becos. Eu ouvia apenas o chacoalhar das folhas ao vento, o canto mavioso dos pássaros e o som distante de alguns aparelhos televisivos. Pouco antes de adentrar novamente a BR-116 para prosseguir, recebi um aceno de um senhor conduzindo uma carriola com bananas, o fruto mais produzido no Vale do Ribeira. A chuva principiara, torrencial, e nem pude parar para fotografar o simpático homem de meia-idade. Pouco tempo depois eu largava a conturbada rodovia e caía para o leste, pela SP-222, para vencer os 55km que ainda me separavam do meu primeiro destino e onde se encontra a foz do rio Ribeira: Iguape.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-KtGctBisNs0/UdhOztImvHI/AAAAAAAAKm4/78VDU-MI_Cw/s1600/P1240118.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-KtGctBisNs0/UdhOztImvHI/AAAAAAAAKm4/78VDU-MI_Cw/s320/P1240118.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Iguape</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-MoNkZkc1YO4/UdhPrmrUhVI/AAAAAAAAKnE/4u52z2v6ekA/s1600/P1240088.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="225" src="http://1.bp.blogspot.com/-MoNkZkc1YO4/UdhPrmrUhVI/AAAAAAAAKnE/4u52z2v6ekA/s400/P1240088.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casario colonial</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-AOfr3_7Gw5U/UdhOzpJA-yI/AAAAAAAAKm0/_OPOAq5YK1M/s1600/P1240111.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-AOfr3_7Gw5U/UdhOzpJA-yI/AAAAAAAAKm0/_OPOAq5YK1M/s200/P1240111.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mar Pequeno</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Cheguei à pequena Iguape, na planície litorânea, sob forte tempestade. Pela segunda vez em minha vida eu beiradeava o Valo Grande, mas pela primeira vez eu realmente notava as construções antigas enquanto me aproximava do centro histórico. O Valo Grande, talvez o erro de cálculo mais crasso de todos os tempos da engenharia brasileira, é um canal artificial aberto por escravos, a mando da coroa portuguesa, em meados do século XIX, para encurtar o caminho do rio Ribeira ao Mar Pequeno, um braço de água salobra entre Iguape e a Ilha Comprida, onde antigamente funcionava o porto que escoava o arroz produzido na zona rural, o melhor do Brasil, quiçá do mundo. Havia arroz e havia arroz de Iguape, dada a qualidade da produção no terreno irrigado pelo rio Ribeira. Sem esse canal, o arroz da zona rural, que vinha pelo rio até um porto fluvial, descia, no lombo de muares e carroças, por cerca de 2km até o porto marítimo, ou Porto Grande, no Mar Pequeno. Toda essa dinâmica de transporte terrestre demandava muito tempo e dinheiro. Com a abertura do Valo Grande, o tempo e o capital empregados seriam diminuídos consideravelmente, visto que tudo seria feito via barco. No projeto original, o canal teria apenas 4 metros de largura, o suficiente para o trânsito de pequenas embarcações. Acontece que o rio Ribeira e sua força, em conjunto com a arenosidade do solo, foram, com o tempo, alargando essa distância entre as margens, dividindo cada vez mais a cidade em duas e comprometendo todo um processo natural de marés que influenciavam o rio. No fim das contas, as terras adjacentes já não eram mais propícias ao plantio do arroz, o rio Ribeira ganhava mais uma foz, o Mar Pequeno se assoreava, não suportando embarcações de grande porte, e a cidade de Iguape, famosa e rica, era jogada às traças da miséria. Hoje o Valo Grande, mesmo com muitas obras de contenção, possui aproximadamente 100 metros de largura. Se o rio ainda se safa de barragens, por outro lado paga por um erro de cálculo que o desfigurou irreversivelmente em seu trecho final.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-XwPb81xvLIg/UdhQV0odczI/AAAAAAAAKnM/cy6a0tyDYzo/s1600/P1240123.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="241" src="http://1.bp.blogspot.com/-XwPb81xvLIg/UdhQV0odczI/AAAAAAAAKnM/cy6a0tyDYzo/s320/P1240123.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Antigo engenho de arroz</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-q6MgzBk3lOA/UdhQV1F15nI/AAAAAAAAKnQ/_S_j1Diy_AA/s1600/P1240136.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-q6MgzBk3lOA/UdhQV1F15nI/AAAAAAAAKnQ/_S_j1Diy_AA/s320/P1240136.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Garças no Valo Grande</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-LQn_FQ6BrAc/UdhRT4pQ1_I/AAAAAAAAKnk/--W3uRBDgjE/s1600/P1240067.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-LQn_FQ6BrAc/UdhRT4pQ1_I/AAAAAAAAKnk/--W3uRBDgjE/s200/P1240067.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Interior da Basílica de Iguape</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Não consegui fotografar o Valo Grande logo na chegada. A chuva me extraía essa possibilidade. Devido a isso, encontrei guarida às margens do Mar Pequeno, dei um merecido descanso à moto e saí, a pé, pelo centro histórico de Iguape, cidade com 29 mil habitantes, tentando tirar uma foto ou outra do casario colonial circundante ao Largo da Basílica. Era tarefa impossível, infelizmente, e para não desperdiçar o resto do dia fotografei a Basílica do Bom Jesus de Iguape, obra feita em pedra, argamassa e óleo de baleia por escravos a partir da segunda metade do século XVIII. Somente sua parte interna, devo dizer. Toda barroca, de teto em cores vivas, detalhes do altar em dourado e azulejos trabalhados em um efeito parecido com sépia, foi uma das gratas surpresas da viagem. Como sempre, mostrei-me um ateu surpreso pela criatividade inspirada pela fé catolicista. Lembra, e muito, as adornadíssimas igrejas do Circuito do Ouro Mineiro, as quais pude, juntamente com outros convivas, visitar em 2012 (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/12/circuito-do-ouro-de-15-20-de-novembro.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>). Vale dizer que Iguape foi fundada oficialmente em 1538, muito antes do sertão mineiro ter todas as suas reservas de ouro exploradas, a partir do fim da centúria XVIII. De fato, daqui também se extraiu algum ouro, o de aluvião, mas quando as reservas se esgotaram foi a vez do arroz encontrar seu apogeu. Nessa época, foi tão rica que dispunha de vários jornais e teatros, e esses últimos exibiam atrações nacionais e internacionais, rivalizando com grandes cidades como a capital Rio de Janeiro, à época. O Valo Grande, como supracitado, suprimiu esse quinhão, fadando o município a atualmente amargar os menores índices de desenvolvimento humano do Estado de São Paulo. Para os mais interessados na história desse desastre, aconselho a leitura do Rioblog, de Eduardo Rey (<a href="http://the-rioblog.blogspot.com.br/2012/01/valo-grande-historia-de-um-desastre.html" target="_blank"><u><i><b>link</b></i></u></a>).</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-gamGwtftuJQ/UdhRUWIB66I/AAAAAAAAKn4/KvKM5uPmwbI/s1600/P1240082.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-gamGwtftuJQ/UdhRUWIB66I/AAAAAAAAKn4/KvKM5uPmwbI/s320/P1240082.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Detalhe do altar</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ZqNYB4cPnO8/UdhRUJr_0KI/AAAAAAAAKnw/di-e1edRMQs/s1600/P1240084.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-ZqNYB4cPnO8/UdhRUJr_0KI/AAAAAAAAKnw/di-e1edRMQs/s320/P1240084.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Basílica do Bom Jesus de Iguape</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-fN3MC9abwME/UdhR6f5SKtI/AAAAAAAAKoA/3Ysn6lL3kow/s1600/P1240108.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-fN3MC9abwME/UdhR6f5SKtI/AAAAAAAAKoA/3Ysn6lL3kow/s320/P1240108.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-6PPX1MBDzI4/UdhTGiow4lI/AAAAAAAAKoY/-exFkNl_gVE/s1600/P1240141.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-6PPX1MBDzI4/UdhTGiow4lI/AAAAAAAAKoY/-exFkNl_gVE/s200/P1240141.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Passarela do Rocio</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 21, logo cedo, tive que tomar uma decisão. Uma breve olhada para o alto deixou claro que o tempo não estava em comum acordo. Considerando que uma boa parte do meu trajeto margeando o rio acima seria por estradas de terra, que em tempos favoráveis já não são simples de derrocar, optei por abandonar o plano original. Não seria interessante estar lado a lado com o Ribeira, observando-o, sem poder registrá-lo. No dia anterior eu tivera um breve contato visual com a Estrada da Peropava. Estava parcialmente alagada. Chovera a madrugada inteira e sua situação deveria estar ainda mais calamitosa. Entre 9h e 10h da manhã a chuva deu uma breve trégua, e pude fotografar o Largo da Basílica e os prédios históricos, bem como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, também do século XVIII e que era frequentada pelos escravos. Andar pelas ruas de Iguape é como voltar no tempo, uma sensação sobrepujada apenas pela decepção de ter que abortar uma missão que há muito tempo programara. Não conseguiria, sob o jugo das intempéries, nem mesmo alcançar a foz do rio. Foi aí que optei por continuar no litoral do Vale do Ribeira, mas não necessariamente nas proximidades do curso d'água. Minha intuição me mandou ir ao sul, para a Ilha de Cananéia, onde se situa a cidade de Cananéia, considerada a mais antiga do Estado de São Paulo. Foi aí que me reuni a minha moto, decidido a partir sem mais tardar dali. Ainda me demorei nas imediações da Passarela do Rocio, que liga uma parte da cidade à outra, separadas, como supracitado, pelo Valo Grande. É às sombras desse grande arco sobre as águas, atravessável a pé e de bicicleta, que pescadores partem todos os dias em direção ao mar pequeno ou ao alto mar, para garantir o sustento de suas famílias, voltando no fim do dia para atracar seus pequenos barcos, que parados servem de pouso às garças. Lá de cima se vê também as ruínas de um antigo engenho de arroz. Infelizmente, quem passa por Iguape não se atenta ao fato de que é uma cidade histórica, tão atrativa quanto a turística Ilha Comprida, imediatamente disposta a sua frente, local muito visitado por suas praias extensas. É uma pena que muitos vejam Iguape como um amontoado de casarões antigos pela qual se passa apenas para acessar a ponte pedagiada, sobre o Mar Pequeno, com destino a sua vizinha praiana.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ShZkMWtKriU/UdhTGuxAFeI/AAAAAAAAKoc/eSti_uAt978/s1600/P1240142.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-ShZkMWtKriU/UdhTGuxAFeI/AAAAAAAAKoc/eSti_uAt978/s320/P1240142.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pescadores iguapenses, no Valo Grande</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Y-la-uxHKnY/UdhR6KHwIeI/AAAAAAAAKoE/dUwD68hLAR0/s1600/P1240098.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="215" src="http://2.bp.blogspot.com/-Y-la-uxHKnY/UdhR6KHwIeI/AAAAAAAAKoE/dUwD68hLAR0/s400/P1240098.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Iguape</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-pkrD6ITe8SY/UdhUncrNiuI/AAAAAAAAKpE/idaWAJmk5ok/s1600/P1240145.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-pkrD6ITe8SY/UdhUncrNiuI/AAAAAAAAKpE/idaWAJmk5ok/s200/P1240145.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cananéia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_859399051"></span><span id="goog_859399052"></span>De volta a SP-222, com o talante de partir de Iguape, atravessei a ponte rodoviária sobre o Valo Grande, cruzei a parte oeste da cidade e, ainda assolado pela forte chuva, fui vencendo os quilômetros até o perímetro de Pariquera-Açu, onde pendi para o sul numa reta escorregadia e sem fim até o trevo de acesso a Cananéia. Aqui existem duas opções: a balsa e a rodovia municipal com ponte. Cananéia é uma ilha, como a de São Vicente, onde está Santos. Preferi seguir pelo asfalto e cruzar a ponte sobre o Mar de Cubatão, que infelizmente não pude fotografar devido ao mau tempo. Tirar a câmera da bolsa seria sacrificar uma grande companheira de viagem, e quando se está sozinho na estrada qualquer companhia, mesmo que inanimada, auxilia na manutenção da calma e da sanidade. Noventa quilômetros depois eu chegava a que, dizem, mesmo controversamente, ser a primeira cidade do Estado de São Paulo e primeira do Brasil, dividindo o título com São Vicente, também em São Paulo. Ambas datam de 1532. Como era de se esperar, o município com 12 mil habitantes guardava belezas arquitetônicas coloniais muito bem preservadas, e que pude fotografar após o meio-dia, quando a chuva deu uma trégua. Caminhar pela avenida Beira-Mar, com o casario antigo de um lado e o Mar de Cananéia (ou Mar de Fora) do outro, é uma espécie de volta no tempo, como em Iguape, principalmente quando se passa o local de embarque da balsa que parte para a Ilha Comprida, cuja parte sul está disposta a poucos metros dali, e se defronta com a Igreja de São João Batista, uma das mais antigas do país, erigida no século XVI. Não é tão opulenta quanto as do século XVIII, que tinham a seu favor todo o luxo que o ouro podia comprar, mas a sua contribuição para a história do Brasil é inestimável. Só se descobre estar no século XXI quando se ouve o barulho dos potentes motores dos barcos pesqueiros e das embarcações que levam turistas para a Ilha do Cardoso. De fato, conversei com o pessoal da base do Parque Estadual da Ilha do Cardoso e me disseram que, no outro dia, eu poderia alugar um barco e ir para lá, isso se o tempo melhorasse. Restou-me, lado a lado com martins-pescadores e pescadores noturnos, esperar o anoitecer e repousar, na esperança de amanhecer com o sol aparente.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-eAOBSVkPvLA/UdhUncGZk5I/AAAAAAAAKpQ/Xu8s9xKTvVQ/s1600/P1240170.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-eAOBSVkPvLA/UdhUncGZk5I/AAAAAAAAKpQ/Xu8s9xKTvVQ/s320/P1240170.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de São João Batista, do século XVI</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-9SiSAtjDMIA/UdhUnuMezeI/AAAAAAAAKpM/CVj2YQ7c64U/s1600/P1240211.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-9SiSAtjDMIA/UdhUnuMezeI/AAAAAAAAKpM/CVj2YQ7c64U/s320/P1240211.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Avenida Beira-Mar, à noite</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-TgeHgFLkYqM/UdhUiE1JokI/AAAAAAAAKo4/MGJAZ9yrFtY/s1600/P1240194.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="241" src="http://2.bp.blogspot.com/-TgeHgFLkYqM/UdhUiE1JokI/AAAAAAAAKo4/MGJAZ9yrFtY/s320/P1240194.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pescadores noturnos</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-M9bj71UADPg/UdhV5DIKJhI/AAAAAAAAKpc/w7QbESMzMj0/s1600/P1240222.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-M9bj71UADPg/UdhV5DIKJhI/AAAAAAAAKpc/w7QbESMzMj0/s200/P1240222.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Amanhece sobre o braço de mar</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O dia 22 amanheceu aberto, e pela primeira vez na viagem eu olhava embevecidamente o azul celeste. Os problemas, contudo, continuavam. Por ser um fim de semana comum, sem feriados, não conseguia turistas interessados em dividirem comigo as despesas de um barco para a Ilha do Cardoso. Poderia ir sozinho, desde que arcasse com a taxa equivalente a de quatro pessoas. Os barqueiros me instaram a dar uma volta pela cidade e voltar mais tarde, e foi o que fiz. Palmilhei o cais e o mercado municipal, fotografando barcos de pesca de camarão e savacus, e contornei o Morro de São João (a única grande elevação de Cananéia), por estrada de terra, admirando os desenhos irregulares dos píncaros da Serra do Itapitangui, que mesmo parecendo próxima está situada no continente, fora da ilha. Uma hora depois eu retornava à avenida Beira-Mar. Como ninguém aparecera, decidi aproveitar o dia e perder mais um pouco do meu já escasso dinheiro pagando os R$100,00 do barco. Enquanto aguardava o barqueiro ajeitar seus equipamentos para zarparmos, eis que surge um outro motociclista, de Itapetininga, e felizmente pudemos dividir o valor e seguir para a Ilha do Cardoso, à bordo do Ana VII, conduzido pelo experiente Brito. Prometeu que veríamos golfinhos ou teríamos nosso dinheiro de volta. De fato, ao fazermos duas longas paradas, a primeira em um cais abandonado e a segunda nas proximidades de um banco de areia, formado pela ação das marés que transportam sedimentos da praia e os empilham em um ponto da Baía dos Golfinhos, visualizamos vários deles, os botos-cinzas, que emergiam sós, em pares e em trios, buscando o ar para satisfazer seus pulmões. Vale ressaltar que são mamíferos, embora muitos achem que sejam peixes. Há, inclusive, um grupo de biólogos na cidade que estuda e protege o boto-cinza. Fazem parte do projeto Projeto Boto-Cinza.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-J95f-124NZk/UdhV5X5nTEI/AAAAAAAAKps/xV5O1tTRa8w/s1600/P1240223.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-J95f-124NZk/UdhV5X5nTEI/AAAAAAAAKps/xV5O1tTRa8w/s320/P1240223.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Savacu jovem</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-JVmYjrTIsVs/UdhV5926pXI/AAAAAAAAKp4/tFT8W6hCbqU/s1600/P1240291.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-JVmYjrTIsVs/UdhV5926pXI/AAAAAAAAKp4/tFT8W6hCbqU/s320/P1240291.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Boto-cinza</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-LSGT5WD9e9c/UdhWVZ6IPoI/AAAAAAAAKp8/LZBINgJjJ58/s1600/P1240311.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-LSGT5WD9e9c/UdhWVZ6IPoI/AAAAAAAAKp8/LZBINgJjJ58/s320/P1240311.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Banco de areia, pouso para os biguás</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-9v14YOzZVd8/UdhXPYg5HGI/AAAAAAAAKqI/-bvMN2TFQ6g/s1600/P1240314.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-9v14YOzZVd8/UdhXPYg5HGI/AAAAAAAAKqI/-bvMN2TFQ6g/s200/P1240314.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilha do Cardoso</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O barco atracou na Ilha do Cardoso em sua parte norte, em uma praia conhecida pelo nome de Pereirinha. Era por volta de 11:30h e combinamos voltar às 13:30h. Eu dispunha, portanto, de duas horas para percorrer o máximo possível de trilhas dentro dessa ilha teoricamente protegida na forma de um Parque Estadual com mais de 13 mil hectares de área. Logo ao chegar, entretanto, fui dissuadido da ideia pelos fiscais. Segundo eles, todas as trilhas nessa parte da ilha devem contar com a presença de um guia, e estes só ficam disponíveis em feriados e fins de semana prolongados, o que não era o caso. Era um sábado comum, e exortaram-me a caminhar pela praia. Tudo ia muito mal nessa viagem, diga-se de passagem. Quando a chuva deu um alívio, simplesmente fiquei de mãos atadas perante a falta de um monitor que pudesse me apresentar aos encantos internos da ilha. Parti, então, para uma caminhada à beira mar, acompanhando o voo de talha-mares e quero-queros, bem como atarantados gaviões-carrapateiros em tentativas infrutíferas de se empoleirar nas galhadas secas da restinga. Olhando para o meio da ilha, onde a mata atlântica é mais densa, delineia-se a Serra do Cardoso, cujo ponto culminante é o triangular Pico do Cardoso. Sempre pela areia, fui deixando a Baía dos Golfinhos, formada pela água do mar que se infiltra entre a Ilha Comprida e a Ilha do Cardoso, e fui descendo ao sul pela Praia de Ipanema, já bordejando o Atlântico. Aqui as ondas são mais truculentas, o vento mais forte e a ausência de sombras transforma o sol em um martírio. Ao longe vê-se uma ilhota, a do Bom Abrigo, com seu farol branco destacando-se em meio ao verde. Pegadas de veados, felinos e canídeos despontam em carreiras extensas e somem em meio à vegetação baixa. A maré foi subindo e, quando encontrei o fim derradeiro da Praia de Ipanema, a faixa de areia não tinha mais do que dois metros de largura. Cioso de que não sou um exímio nadador, resolvi voltar para Pereirinha. Por sorte, na baía a maré ainda não tinha recoberto grande parte da areia. Nos minutos finais na ilha, antes de reembarcarmos, ainda registrei a pesca de alguns caiçaras que vivem defronte a baía, cuja única vista mais marcante do continente é a da jactante Serra do Mandira, um paredão imenso que já contornei em uma outra ocasião (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/02/ariri-ilha-do-cardoso-e-caminho-do.html" target="_blank"><u><b><i>link</i></b></u></a>).</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-gt0Aj-XlBGI/UdhXh78n48I/AAAAAAAAKqU/ZVz3H8SJ-EY/s1600/P1240379.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-gt0Aj-XlBGI/UdhXh78n48I/AAAAAAAAKqU/ZVz3H8SJ-EY/s320/P1240379.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia Pereirinha</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Eo--YbqIdHg/UdhXh699lJI/AAAAAAAAKqY/agLQNGSFKbw/s1600/P1240428_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="138" src="http://4.bp.blogspot.com/-Eo--YbqIdHg/UdhXh699lJI/AAAAAAAAKqY/agLQNGSFKbw/s400/P1240428_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia de Ipanema, com a Ilha do Bom Abrigo à esquerda</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-69gfcn4JaUE/UdhXqeB-2dI/AAAAAAAAKqk/Urf30tvA0os/s1600/P1240470.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-69gfcn4JaUE/UdhXqeB-2dI/AAAAAAAAKqk/Urf30tvA0os/s320/P1240470.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pescadores e a Serra do Mandira</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Tv--dDzu5Y0/UdhYednTatI/AAAAAAAAKq4/6a7ljK3F4vc/s1600/P1240541.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-Tv--dDzu5Y0/UdhYednTatI/AAAAAAAAKq4/6a7ljK3F4vc/s200/P1240541.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Manifestação em Cananéia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O traslado de barco para a Ilha de Cananéia e para a cidade de Cananéia rendeu algumas boas surpresas, como uma revoada de talha-mares e biguás sobre o banco de areia (foto que abre a presente postagem). No entanto, em terra firme o que me surpreendeu não foi a natureza local, e sim a movimentação de manifestantes que, saindo da avenida Independência, marcharam em direção ao centro histórico, bradando sentenças como “Vem pra rua” e “Ei, você aí parado, também tá sendo explorado”. Uma viatura da Polícia Militar acompanhava de longe a ação pacífica, que em marcha lenta progrediu, impedindo o avanço de carros e até mesmo da balsa que faz o transporte de veículos e passageiros entre Cananéia e Ilha Comprida. Os cartazes iam sendo confeccionados à medida que a manifestação prosseguia, e os que mais me chamaram a atenção foram os relativos às balsas de Cananéia para o continente. Conversei com alguns manifestantes e os mesmos relataram que a empresa que administra a balsa cobra até mesmo dos munícipes, o que segundo eles é ultrajante. Reivindicam também transporte público, que ainda não existe por aqui; melhorias nas rodovias de acesso, principalmente com a implantação de ciclovias; melhores salários aos professores (de alguma forma compactuei com esse clamor); e mais respeito à cultura caiçara. O movimento se finalizou com uma grande roda de mãos dadas nos arredores da praça Martim Afonso de Souza e com a promessa de novos protestos. Eu, que saí de Americana no dia em que por lá ocorreria algo semelhante (e de fato ocorreu), infelizmente não pude auxiliar o povo de Cananéia, pois nem sequer estava consciente de suas reais necessidades. Mas, qualquer prefeitura que arrombe em 33 milhões dos cofres públicos de uma cidade com menos de 12 mil habitantes merece ser afrontada. “Nem o centro histórico reformaram direito”, dizia um senhor. “Olhe todos esses fios! Em 1500 não existiam fios”.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-7k-K8ZokvGU/UdhYcG61p5I/AAAAAAAAKq0/GPu8GL8qy9Y/s1600/P1240540.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-7k-K8ZokvGU/UdhYcG61p5I/AAAAAAAAKq0/GPu8GL8qy9Y/s320/P1240540.JPG" width="239" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Ltq4hTYc3qo/UdhYeTQmOwI/AAAAAAAAKrI/q3r5UZwpISQ/s1600/P1240544.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="241" src="http://4.bp.blogspot.com/-Ltq4hTYc3qo/UdhYeTQmOwI/AAAAAAAAKrI/q3r5UZwpISQ/s320/P1240544.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-OUvwsZZrOsg/UdhYey8xAmI/AAAAAAAAKrU/qJ1dFlFRurA/s1600/P1240568.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-OUvwsZZrOsg/UdhYey8xAmI/AAAAAAAAKrU/qJ1dFlFRurA/s320/P1240568.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Reivindicações</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-hjK91CNbuFU/UdhZa_9_3DI/AAAAAAAAKrc/4iAItp8Lcu8/s1600/P1240518.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-hjK91CNbuFU/UdhZa_9_3DI/AAAAAAAAKrc/4iAItp8Lcu8/s200/P1240518.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Cananéia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 23, logo pela manhã, fui sentindo o frio da manhã de Cananéia enquanto me dirigia para o Mar de Cubatão, ou Mar de dentro. Despedia-me da cidade que em apenas dois dias aprendi a admirar, tanto seu povo quanto suas belezas naturais. E pensar que nem por aqui eu passaria, caso meus planejamentos fossem levados à risca. A chuva, que outrora me me parecera uma vilã, sobretudo agora se mostrava ainda como um ente que me afugenta, mas não necessariamente para lugares menos interessantes do que os visados. Parafraseando Konrad Lorenz, que dizia que “o contrário da mentira nem sempre é a verdade, mas uma mentira de sentido oposto à primeira”, acredito que “nem sempre ser escorraçado significa partir de uma situação favorável para uma pior, mas para outra, também boa, mas de uma maneira contrária à primeira”. Calhando no Mar de Cubatão, adentrei a balsa (a mesma contra a qual protestam), com minha moto, e fomos rapidamente desembarcados no continente, mediante o pagamento, logicamente, de uma taxa que beirava os R$5,00. Relembrando: esse é o acesso e saída principais de Cananéia. Existe outro, pelo qual cheguei, por ponte, mas é mais longo e demorado. Os dois caminhos compensam pela beleza. A balsa, contudo, tem toda uma mística, já que é possível descer da moto e observar o movimento das águas, as casinhas de Porto Cubatão, ao longe, e os desenhos da Serra de Itapitangui, já anteriormente citados. No continente, segui pela SP-226 até Pariquera-Açu, cidade de 19 mil habitantes e que tem, em seu território, um conhecido Parque Estadual, o Campina do Encantado, que logo tratei de procurar.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-nHzdQi4gDyc/UdhZba1DImI/AAAAAAAAKr0/-FqKUyueidA/s1600/P1240584.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-nHzdQi4gDyc/UdhZba1DImI/AAAAAAAAKr0/-FqKUyueidA/s320/P1240584.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Balsa para o continente</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-uu5-H1zqWp4/UdhZbEDHiBI/AAAAAAAAKrs/13dls2i0IcQ/s1600/P1240579_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="137" src="http://4.bp.blogspot.com/-uu5-H1zqWp4/UdhZbEDHiBI/AAAAAAAAKrs/13dls2i0IcQ/s400/P1240579_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mar de Cubatão e Serra de Itapitangui</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6mFHYnGW-lY/UdhZblPltBI/AAAAAAAAKr4/wscZV-gEVqw/s1600/P1240629.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-6mFHYnGW-lY/UdhZblPltBI/AAAAAAAAKr4/wscZV-gEVqw/s320/P1240629.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pariquera-Açu</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-XPiUBnLkqh8/UdhaQosceEI/AAAAAAAAKsM/mz66_mIdQjU/s1600/P1240591.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-XPiUBnLkqh8/UdhaQosceEI/AAAAAAAAKsM/mz66_mIdQjU/s200/P1240591.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bananal</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Não há qualquer placa no centro da cidade que indique os acessos para o parque. Um taxista me deu as coordenadas e fui deixando a zona urbana para trás, pilotando por uma estrada de terra que, devido às chuvas dos dias anteriores, apresentava alguns pontos lamacentos. O engraçado é que, quando se entra nessa estrada, as placas surgem a cada dois quilômetros. Menos mal. Rapidamente venci 15km e me vi emparedado por um imenso bananal. O Vale do Ribeira, em sua parte baixa, mais próxima ao litoral, tem boa parte de sua renda proveniente da pesca e da banana. Passado o Bananal surge o portal de acesso do Parque Estadual Campina do Encantado. Mais à frente há um centro de visitantes. Um monitor ambiental, Renato, me recepcionou e me guiou pela Trilha das Palmáceas, apresentando-me a frutos que eu ainda desconhecia, como o coco tucum. Enfatizou a importância do parque, que abriga sambaquis, profícuas áreas de mata primária e secundária e fauna diversificada, além de desempenhar um trabalho de educação ambiental com escolas da região. Há de se destacar o cultivo de mudas, em estufa, que partem dali para reflorestar áreas nos entornos do rio Ribeira de Iguape. Entusiasmei-me particularmente com a presença marcante do pequeno pássaro Tangará. Apesar de todos os meus esforços e vigília, consegui registrar apenas um indivíduo jovem, verde-oliváceo com a testa alaranjada. O adulto macho é azul e preto, com a mesma cor na testa. Não posso deixar de mencionar também a existência de uma tronco tombado com as marcas da garra de um grande felino. Ali ele afiou suas unhas, mas nunca o viram.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-03y3Q64wRm8/UdhaQ_K7jwI/AAAAAAAAKsc/9ioO8WAi2Wg/s1600/P1240626.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-03y3Q64wRm8/UdhaQ_K7jwI/AAAAAAAAKsc/9ioO8WAi2Wg/s320/P1240626.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Estadual Campina do Encantado</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-KTl6vLwxiX8/UdhaQFGfdrI/AAAAAAAAKsI/0eGGaScb6Uc/s1600/P1240613.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-KTl6vLwxiX8/UdhaQFGfdrI/AAAAAAAAKsI/0eGGaScb6Uc/s320/P1240613.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marcas das garras de um felino</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-rMOwtLdwEyc/UdhaQU5zjCI/AAAAAAAAKsQ/Iqtej2NiWv4/s1600/P1240625.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-rMOwtLdwEyc/UdhaQU5zjCI/AAAAAAAAKsQ/Iqtej2NiWv4/s320/P1240625.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tangará macho jovem</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-MX_-MEv-UtY/Udha8Q6a-GI/AAAAAAAAKsg/YSbdnj_l2VA/s1600/P1240594.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-MX_-MEv-UtY/Udha8Q6a-GI/AAAAAAAAKsg/YSbdnj_l2VA/s200/P1240594.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O regresso</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Despedi-me do pessoal do Parque Estadual Campina do Encantado sem conhecer o famoso fogo da campina, uma labareda que brota do chão devido ao acúmulo, ao longo dos anos, do gás metano sob as folhas úmidas da mata atlântica. A trilha de 4km que me levaria a ele só poderia ser palmilhada com agendamento prévio. Esse é o problema quando se muda os destinos no decorrer de uma viagem: como não se sabe exatamente para onde ir, logo não há muito o que antever. De volta a Pariquera-Açu, sem saber o que fazer e ainda com um resto do dia para desfrutar, pilotei pelas curvas da vicinal que a liga a Jacupiranga, outro pequeno município do Vale do Ribeira. Nessa cidade de 17 mil habitantes eu dormiria, nas imediações da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída em 1888, para acordar no outro dia e sumir, acompanhado pela chuva. Estava eu de volta a BR-116, passando por Registro e visualizando pela última vez meu sonho postergado: o rio Ribeira. Ainda voltarei para acompanhá-lo em todo o seu curso e finalizar o que meu propus a fazer. Malgrado todos os engodos e decepções dessa viagem, não me arrependo de ter estado onde estive, e enquanto contornava o Rodoanel, em São Paulo, e enfrentava os últimos dos 850km, pela via Anhanguera, recordava-me de que tinha sentido tantas emoções contraditórias sem sequer sair do Estado. Golfinhos, que muitos vão para o exterior para ver, vi aqui, em nossas águas. Vi também o povo do Vale do Ribeira, que subsiste na região paulista economicamente mais pobre, mas que não deixa de lutar por melhores condições. Como o coro de Cananéia, de poucas e roucas mas eloquentes vozes, meu interior vai se inflando em um desejo cada vez mais inquietante de continuar nessa jornada de descoberta. Que me aguarde o Caraça.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Não estavas ali quando um de meus pés empurrou a porta de madeira maciça, revelando o interior da sala de estar onde sempre estiveste me esperando. Quando me inteiraram das notícias, julguei estares bem, mas não... Não estavas bem. Bem estava eu, com as ideias fervilhando, a chuva apaziguando e o mundo todo se exibindo aos meus olhos. Você estava às mínguas, sofrendo o corte impingido para curar-te e que nunca realmente chegará a cicatrizar, pois em seu sangue já não corre mais vida. Descanse em paz, meu amigo. Eras um companheiro que nunca mais terei igual.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-VDwjmol45m4/UdhbTrHELcI/AAAAAAAAKso/q_25pOEpfdE/s1600/P1240440.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-VDwjmol45m4/UdhbTrHELcI/AAAAAAAAKso/q_25pOEpfdE/s400/P1240440.JPG" width="400" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/IguapeECananeiaDe20A24DeJunhoDe2013?noredirect=1" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5895453405746928225%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues para Iguape, Cananéia e Marx.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/Nnmy1a0ydPg" width="540"></iframe></div>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-40687869816946304342013-06-10T18:43:00.000-07:002013-06-19T14:11:37.030-07:00Parque Estadual de Vassununga – 31 de maio de 2013<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-y3LaPLPtfFY/UbXODRDLDrI/AAAAAAAAKg0/5Lo_25EeyqM/s1600/P1230840.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-y3LaPLPtfFY/UbXODRDLDrI/AAAAAAAAKg0/5Lo_25EeyqM/s400/P1230840.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Um grito de desespero, em tese, não é uma forma de demonstrar revolta. Apesar do som áspero de cordas vocais se retesando, coordenando-se entre si para irromper em um brado que desperta a temeridade e a perplexidade dos circunstantes, nada pode ser mais infrutífero que uma vocalização não procedida imediatamente por uma ação. Os grandes ditadores e líderes mundiais verbalizaram seus conceitos e mobilizaram um grande número de pessoas para pô-los em prática, mesmo sendo os objetivos muitas vezes escusos (não discuto aqui o fim, mas os meios dessa maneira peculiar de atuar no mundo e modificá-lo para sair de uma zona acrítica de conforto). Ideias, no papel, na boca e na mente, são meros contornos, espectros, e o que as dão substância e materialidade é o movimento, esse tão negligenciado pela sociedade cada vez mais confinada, por livre e espontâneo arbítrio, em seus pequenos círculos rotineiros onde tudo parece estar sob controle. Saindo do plano social, e focalizando mais o homem só, individual, eu diria que falta ainda uma motivação para a grande maioria em viver o que realmente a faz sentir viva, e não apenas uma reprodutora do sistema vigente. O problema, a meu ver, não está em idealizar sonhos e devaneios – matéria muito fácil por sinal – mas sim em concretizar o que a mente instaurou como verdade pessoal, absoluta. A capacidade de ação tem se perdido em algum momento entre o pensamento e o impulso nervoso que desencadeia o primeiro passo em direção à liberdade. Em suma, perdemos nossa capacidade de transgressão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6CDEPrBNBIo/UbXObceiF4I/AAAAAAAAKg8/AKAsB_845z0/s1600/P1230918.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-6CDEPrBNBIo/UbXObceiF4I/AAAAAAAAKg8/AKAsB_845z0/s200/P1230918.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vagando solitário pelo interior paulista</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Pequenas revoluções internas moldam o caráter de grandes homens. Não sou um homem exemplar, mas essa curta viagem que esmiuçarei a seguir teve seu efeito revolucionário marcado a ferro e fogo em minha constante formação. Obrigações trabalhistas e sociais me obrigariam a sacrificar os quatro quartos de um feriado prolongado, mas foi nesse instante que esse ímpeto de não assentar raízes e não se curvar ao conformismo bramiu alto, viperino, e abandonei meus compromissos sem pestanejar para usufruir de pelo menos um quarto desse tempo. Sozinho, então, parti para um local pelo qual passei muitas vezes sem necessariamente ter prestado a devida atenção. Trata-se do Parque Estadual de Vassununga, importante área de preservação de mata atlântica interiorana e de grandes jequitibás-rosa, de fácil acesso por ser entrecortado pela rodovia Anhanguera no território do município de Santa Rita do Passa Quatro, terra natal de Zequinha de Abreu e que já visitei, juntamente com outros companheiros, em uma outra oportunidade (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2011/11/santa-rita-do-passa-quatro-e-tambau-02.html" target="_blank"><u><b><i>link</i></b></u></a>). Seriam apenas minha moto e eu, vagando pelo interior paulista em busca de imagens marcantes e elementos conhecidos e desconhecidos de nossa fauna e flora, possibilitando, sobretudo, diálogos internos sobre os rumos a tomar em minha vida daquele momento em diante. Desculpem-me se a postagem soar demasiada filosófica ou introspectiva, mas a intenção desta não é ser extensa, essencialmente descritiva ou exclusivamente promotora dos ambientes fotografados, como as anteriores, e sim concisa e com incentivos à emancipação do sujeito que porventura decida se dirigir a eles – ou a outros – em um dia em que a necessidade gritante de sumir o instigar a abandonar seus rotineiros afazeres e sair sem rumo por algumas horas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-b6yC_MWbSO0/UbXO0VcDGsI/AAAAAAAAKhE/fNZp0fkcrFA/s1600/P1230752.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-b6yC_MWbSO0/UbXO0VcDGsI/AAAAAAAAKhE/fNZp0fkcrFA/s200/P1230752.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cidadão ararense</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Parti de Americana às 9:30h, seguindo sentindo norte pela Anhanguera, principal via de ligação do interior paulista com a megalópole São Paulo. Estava, contudo, com as costas voltadas para a capital, distanciando-me cada vez mais dela, passando pelo perímetro urbano de Limeira e pelos imensos canaviais que ladeiam a praticamente retilínea rodovia. Quarenta quilômetros depois eu me inseria em Araras, onde a ausência de pressa me fez apear nas imediações da Basílica de Nossa Senhora do Patrocínio, imponente e profícuo templo católico da cidade de 120 mil habitantes, mestra na arte de mesclar a impaciência de um grande centro urbano com a simplicidade do povo do interior paulista, principalmente dos mais vetustos, que ainda trajam chapéus, em ambientes abertos, e os sacam antes de adentrar um recinto coberto, seja a própria igreja ou um comércio. A basílica, em si, dá indícios de ser cuidadosamente zelada, notável pelo rodapé recoberto por um tom dourado e passando, um metro e vinte após suas bases, para um amarelo mais tímido e para um branco nos detalhes de portas, vitrais e frontispício. Uma abóbada escarlate, quase vinho, completam a magistralidade de sua arquitetura, uma construção plácida e imóvel em meio ao Largo ao qual os transeuntes parecem não se atentar, vagando a passos apressados de um lado para o outro com um olhar distante, mais preocupados em cumprir seus horários do que propriamente em admirar o belo, como o ipê florido, desfolhando-se, mas ainda exuberante, que sombreava um dos acessos laterais.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-9B4OTK5Wbnk/UbXPHa2rYxI/AAAAAAAAKhM/R91eRDkYlFo/s1600/P1230736.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-9B4OTK5Wbnk/UbXPHa2rYxI/AAAAAAAAKhM/R91eRDkYlFo/s320/P1230736.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Basílica de Nossa Senhora do Patrocínio</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-yoqqUtq87xA/UbXPHUw_Y9I/AAAAAAAAKhQ/S56r-z8_QIY/s1600/P1230740.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-yoqqUtq87xA/UbXPHUw_Y9I/AAAAAAAAKhQ/S56r-z8_QIY/s320/P1230740.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista posterior</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ii5aASLnd0k/UbXP1DPUWsI/AAAAAAAAKhc/sKz9Ov_ZfsU/s1600/P1230772.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-ii5aASLnd0k/UbXP1DPUWsI/AAAAAAAAKhc/sKz9Ov_ZfsU/s200/P1230772.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Portaria do PE de Vassununga</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Deixei o frenesi citadino de Araras com o intuito de vencer o mais brevemente possível os 70km que a apartam do Parque Estadual do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro. Tive a minha cota urbana. Carecia, agora, do mato. Enviesei-me novamente pela rodovia Anhanguera e passei desatentamente pelos perímetros urbanos de Leme, com seu Cristo altivo vigiando-a de braços abertos, da militarizada Pirassununga, com seu Tucano (avião da FAB) exposto ao leste e imensos tonéis onde repousam o conhaque e a cachaça ao oeste, e da capital da cerâmica Porto Ferreira. A última esticada incluiu passagens sobre os rios Mogi-Guaçu e Claro, imprescindíveis para a região e para a bacia do rio Paraná, visto que suas águas se juntam ao do Pardo. Cento e vinte quilômetros depois de sair de casa, abandonava a Anhanguera por um tímido retorno para apear, logo às laterais da mesma, no portal amadeirado retangular, com um travessão de arestas sobressalentes, do Parque Estadual de Vassununga, criado em 1970 para preservar as últimas florestas de jequitibás-rosa ainda encontradas no Estado de São Paulo, bem como toda a flora e a fauna que subsistem na umidade da Floresta Estacional Semidecidual, ou Mata Atlântica de Interior. Estacionando sobre as árvores de médio porte que permeiam a Capetinga Leste (uma das 6 áreas que constituem o parque), caminhei para o Centro de Visitantes, onde animais empalhados encontrados no interior de Vassununga estão expostos, como o lobo-guará, o veado-catingueiro e o jacu, além de estudos científicos diversos acerca do que a área alberga. Foi lá também que me informaram que a Trilha dos Jequitibás, meu escopo, se encontra, na verdade, na Capetinga Oeste, do outro lado da Anhanguera. Incontinenti atravessei um túnel sobre a mesma, venci mais 500m de terra em meio a um canavial e adentrei uma outra portaria. Dali para frente só se explora sobre pés.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-nojWcNRbej4/UbXQPLhQdjI/AAAAAAAAKhk/ryYR0nfSam8/s1600/P1230765.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-nojWcNRbej4/UbXQPLhQdjI/AAAAAAAAKhk/ryYR0nfSam8/s320/P1230765.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Centro de Visitantes na gleba Capetinga Leste</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-kVCW7y5IwLc/UbXQPFuuhYI/AAAAAAAAKho/4tBzN4_lm_I/s1600/P1230780.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-kVCW7y5IwLc/UbXQPFuuhYI/AAAAAAAAKho/4tBzN4_lm_I/s320/P1230780.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Floresta estacional semidecidual na gleba Capetinga Oeste</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-s_ynbOf49uM/UbZ3pByzKCI/AAAAAAAAKh8/UXJbubnsgls/s1600/P1230777.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="155" src="http://2.bp.blogspot.com/-s_ynbOf49uM/UbZ3pByzKCI/AAAAAAAAKh8/UXJbubnsgls/s200/P1230777.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Registro desfocado do raro Curió</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A Trilha dos Jequitibás é uma cicatriz de 1,5km aberta em meio à gleba Capetinga Oeste, como já frisado, e dá acesso ao principal atrativo do Parque Estadual de Vassununga: um grande jequitibá-rosa conhecido como “Patriarca”. Logo nos primeiros metros após a portaria sente-se a temperatura amainar e a umidade se elevar, resultado da pouca luz solar que lanceta a copa das grandes árvores. Bom para o ecossistema e ruim para quem fotografa sem equipamento adequado (meu caso), já que a claridade diminuída impede o registro devido da avifauna local, cujos mais ilustres integrantes são o curió, cada vez mais raro na vida selvagem, e o sabiá, muito engaiolado devido ao seu canto melodioso. Os insignes da flora são o cararão, o araribá, o guapuruvu, o alecrim de campinas, a urtiga, o marinheiro, o jaracutiá, o pau pereira, o jacarandá paulista e a embaúba escura. Digo todos esses nomes não porque sou um profundo conhecedor da vegetação atlântica, mas porque todos estão devidamente identificados por placas de madeira, ajudando bastante na observação e no aprendizado de leigos. Às vezes é preciso desviar de teias abrangentes, onde aranhas diligentes emboscam sua presas usando a mata circundante como apoio para suas armadilhas, imperceptíveis para certos insetos. Borboletas negras, manchadas com um rosa florescente, volitam num traçado errante, pousando aqui ou acolá em flores de onde extraem o néctar, seu doce alimento. Em menos de 1km se alcança a verdadeira razão de o parque existir: o “Patriarca da Floresta”. É um jequitibá-rosa frondoso com mais de 3000 anos de idade, 49 metros de altura (equivalente a um prédio de 13 andares) e 6 metros de diâmetro. São necessárias 12 pessoas de estatura mediana, de mãos dadas, para abraçá-lo. Ainda flori, embora não seja esta a época. Diz-se que, antes de 1970, quando a área era ainda uma propriedade privada, os canavieiros não encontraram ferramentas adequadas para derrubá-lo. Por sorte o governo de São Paulo adquiriu esse pedaço de terra, protegendo o imponente espécime e uma parte da vegetação que o circunda na gleba Capetinga Oeste, que ainda tenta recuperar alguns pontos degradados.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-PP-vTuoUSQQ/UbZ34RM0JhI/AAAAAAAAKiQ/Ei4GbeFRaXA/s1600/P1230791.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-PP-vTuoUSQQ/UbZ34RM0JhI/AAAAAAAAKiQ/Ei4GbeFRaXA/s320/P1230791.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Teia de aranha em meio à mata atlântica de interior</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-7hU8SjmE2Ac/UbZ34aGoA7I/AAAAAAAAKiI/u0RIVWbUEcw/s1600/P1230820+Panorama.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-7hU8SjmE2Ac/UbZ34aGoA7I/AAAAAAAAKiI/u0RIVWbUEcw/s400/P1230820+Panorama.jpg" width="223" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jequitibá-rosa conhecido como "Patriarca"</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-dvFaIjhEcdo/UbZ34Xokz2I/AAAAAAAAKiM/Epx_gqVpulQ/s1600/P1230820_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-dvFaIjhEcdo/UbZ34Xokz2I/AAAAAAAAKiM/Epx_gqVpulQ/s400/P1230820_stitch.jpg" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mais de 3000 anos de idade, 49m de altura e 6m de diâmetro</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-stwbElew9Bc/UbZ5hDaBbxI/AAAAAAAAKik/YmHpb7pkJV4/s1600/P1230796.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-stwbElew9Bc/UbZ5hDaBbxI/AAAAAAAAKik/YmHpb7pkJV4/s200/P1230796.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A fauna sobrevive</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">“É preciso tempo e paciência para algo se tornar imponente e belo”. Essa frase foi dita por um de meus tios, Francisco Silva, após o regresso, mas acredito ser coerente citá-la nesse momento. O grande jequitibá não está só, e esse é um sinal de que todo um ecossistema faz o uso constante e imparcimonioso (desculpem-me pelo neologismo) da espera, da resignação. Há outros exemplares de jequitibás, às margens do córrego da Gruta, um pouco mais à frente, no fim da trilha, evidenciando ser essa uma região de solo abonado, e que apesar de ter sofrido severas investidas, no passado, hoje pode respirar e tocar sua vida. A cerca limítrofe separa Vassununga de um mundo de cana-de-açúcar, a mesma que alimenta as usinas e possibilitam a manutenção do nosso estilo de vida frenético. Não conheci os outros quatro fragmentos do parque, constituídos pelas glebas Pé de Gigante, Praxedes, Maravilha e Capão da Várzea, pois são fechados à visitação, mas pela dinâmica da região e pela vista aérea por satélite penso que todos sofram com o mesmo problema: a vizinhança de uma monocultura que empobrece o solo e assoreia rios e córregos. A fauna também sofre, já que seus habitats naturais são reduzidos, destruídos, limitando seu raio de ação para os 2071 hectares da área total do Parque Estadual (somadas as 6 glebas). A cotia de expressão ingênua que roía despretensiosamente uma semente, na trilha de volta, foi o único mamífero que registrei, muito embora existam provas de outros maiores, como a onça parda e o veado-mateiro. A propósito, o roedor foi a protagonista de um fato curioso. Quando eu me dirigia à portaria do parque, já com intenção de deixá-lo, eis que surgem dois jovens, caminhando em sentido contrário, rumo ao “Patriarca”. Aventei aos mesmos que uma cotia rondava a área e que, se andassem sorrateiros, provavelmente a avistariam. Para minha surpresa, um fitou o outro, indagando com certo temor: será que devemos continuar ou voltar? Continuei no meu caminho, sorrindo, enquanto querelavam. Já vi gente com medo de pequenos roedores, como ratos e ratazanas, mas nunca de grandes, como a cotia. Ou será que desconheciam o que era realmente, acreditando ser uma espécie de cobra ou outro animal perigoso? A falta de conhecimento causa tanto pavor quanto o conhecimento em excesso.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-wX4adVTO8H4/UbZ5x4ftUSI/AAAAAAAAKis/BsE3PvXR_P8/s1600/P1230849.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="256" src="http://3.bp.blogspot.com/-wX4adVTO8H4/UbZ5x4ftUSI/AAAAAAAAKis/BsE3PvXR_P8/s320/P1230849.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-d_Ji7Nm8bPM/UbZ5yMK0x0I/AAAAAAAAKiw/s1RVLIVC0ik/s1600/P1230854.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="235" src="http://2.bp.blogspot.com/-d_Ji7Nm8bPM/UbZ5yMK0x0I/AAAAAAAAKiw/s1RVLIVC0ik/s320/P1230854.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cotia</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-oGlCCy0rZto/UbZ6UjJGs_I/AAAAAAAAKi8/-eOoOtZPOk0/s1600/P1230881.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-oGlCCy0rZto/UbZ6UjJGs_I/AAAAAAAAKi8/-eOoOtZPOk0/s200/P1230881.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pelo Caminho da Fé</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Terminada a minha visita ao Parque Estadual do Vassununga, e com ainda boa parte da tarde disponível, optei por voltar a Americana não pela corriqueira Anhanguera, mas por estradas de chão, cortando fazendas e plantações. Obviamente precisei voltar um trecho pela Anhanguera, sentido capital, apenas o suficiente para acessar a primeira pequena rodovia que aponta para o leste, a Zequinha de Abreu, cujo destino é o centro urbano de Santa Rita do Passa Quatro. Permaneci na mesma por um tempo, abandonando-a tão logo localizei a primeira estrada de terra que pendia para o sul. Estava, portanto, na zona rural da mesma Santa Rita do Passa Quatro, vencendo plantações de cana-de-açúcar, extensas plagas ociosas, aguardando o plantio, e laranjais. Aliás, foi em um desses laranjais que fiz uma pausa, pois além de me prover alimento, interessei-me por uma capelinha, solitária, muito bem adornada e pintada com recentes demãos da cor amarela. A essa altura eu desconhecia o fato de que estava pilotando no Caminho da Fé, palmilhado por peregrinos que partem de São Carlos em direção a Águas da Prata, na divisa com Minas Gerais, para posteriormente subirem ao Pico do Gavião, em Andradas, e seguirem a peleja rumo a Aparecida do Norte, completando um percurso de mais de 400km, essencialmente rural, que pode ser concluído a pé ou de bicicleta. Além das imagens que levarei deste local, idealizaram-se planos para uma futura incursão por esse caminho. Em síntese, por ser uma rota religiosa, muitas dessas capelas despontariam pelo caminho, mas por sorte registrei essa primeira. Todas as outras encontravam-se depredadas. Para finalizar minha estadia em Santa Rita do Passa Quatro, apeei, adiante, na divisa de municípios com Porto Ferreira, demarcada naturalmente pelo curso do rio Claro, afluente do Mogi-Guaçu.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mSCww_mc4do/UbZ6orJVjxI/AAAAAAAAKjU/Kab1VE8AYEg/s1600/P1230876.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-mSCww_mc4do/UbZ6orJVjxI/AAAAAAAAKjU/Kab1VE8AYEg/s320/P1230876.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela na zona rural de Santa Rita do Passa Quatro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-UQkcwJoq220/UbZ6ohToDRI/AAAAAAAAKjY/PkFlTPBAYCY/s1600/P1230884.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-UQkcwJoq220/UbZ6ohToDRI/AAAAAAAAKjY/PkFlTPBAYCY/s320/P1230884.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Claro</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-6Cb7qyJHF3A/UbZ7K2O6yYI/AAAAAAAAKjk/yZwu6McuJrc/s1600/P1230886.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-6Cb7qyJHF3A/UbZ7K2O6yYI/AAAAAAAAKjk/yZwu6McuJrc/s320/P1230886.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Várzea do rio Claro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-9XvbDUOK2bw/UbZ7jQEI5OI/AAAAAAAAKjw/-cUlo_tue8o/s1600/P1230895.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-9XvbDUOK2bw/UbZ7jQEI5OI/AAAAAAAAKjw/-cUlo_tue8o/s200/P1230895.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Irerês</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O rio Claro corria ligeiro, cheio, praticamente desprovido de mata ciliar. O mais interessante, contudo, não foi avistar o próprio rio, nutrindo minha inata paixão pelos opulentos cursos d'água doce do nosso Brasil, mas sim sua várzea, após a simples ponte de concreto, já no território de Porto Ferreira. É, por assim dizer, uma imensa poça intermitente, um reservatório preenchido pelas chuvas que caíram durante as últimas duas semanas e também pela água que transbordou do leito original do rio. Lembrou-me os corixos do Pantanal, os quais visitei em duas oportunidades (links). Não abriga tanta vida selvagem por ser um local reduzido e não acostumado ao vai-e-vem das águas, mas registrei um bando do pato selvagem irerê, além de visualizar os sempre presentes quero-quero e carcará. Prosseguindo, passei pelos portais de algumas fazendas e, após 15km de terra, apeava às margens do rio Mogi Guaçu, no centro urbano de Porto Ferreira, uma cidade com 55 000 habitantes conhecida como a Capital da Cerâmica, devido à alta concentração de empresas ceramistas em seus domínios. O grande rio, que nasce na Serra da Mantiqueira, em Bom Repouso (Minas Gerais), e percorre 473km até desaguar no rio Pardo, na divisa de Pontal, Pitangueiras e Morro Agudo, pode ser atravessado aqui por uma ponte férrea, branca, que para as garças-brancas-grandes serve como um observatório panorâmico. Para os sempre oportunistas pescadores os parapeitos de uma grade de madeira, sobre um reservatório retangular preenchido pelas águas do próprio rio, vem bem a calhar. Sob a estátua alva de São Francisco um homem pescava, e sob o sol escaldante de uma sexta-feira de outono eu continuava minha curta incursão, agora rumo a Pirassununga, também por estradas de terra. Demorei-me, para um último registro da área urbana de Porto Ferreira, em uma igrejinha amarelecida, construída em 1960, com as torres de uma aparentemente desativada cerâmica se elevando ao fundo.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-T9ClhTQ42uo/UbZ7jYAPBzI/AAAAAAAAKj4/z0lWogVR9cU/s1600/P1230904.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-T9ClhTQ42uo/UbZ7jYAPBzI/AAAAAAAAKj4/z0lWogVR9cU/s320/P1230904.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte sobre o rio Mogi-Guaçu, em Porto Ferreira</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-BheifLfjpeU/UbZ7jScDx8I/AAAAAAAAKkA/ttXZsDjEKcE/s1600/P1230897.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-BheifLfjpeU/UbZ7jScDx8I/AAAAAAAAKkA/ttXZsDjEKcE/s320/P1230897.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Garça-branca-grande</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-gQ967PE4IBw/UbZ7j7HQ3MI/AAAAAAAAKkM/kwoJNahuRU4/s1600/P1230912.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-gQ967PE4IBw/UbZ7j7HQ3MI/AAAAAAAAKkM/kwoJNahuRU4/s320/P1230912.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igrejinha de 1960 e cerâmica, em Porto Ferreira</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-o-p-zmQTtdw/UbZ87TJiJHI/AAAAAAAAKkc/SFDPPOarSIU/s1600/P1230916.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-o-p-zmQTtdw/UbZ87TJiJHI/AAAAAAAAKkc/SFDPPOarSIU/s200/P1230916.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Carcará</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">De Porto Ferreira a Pirassununga, por terra, são 11km, e em nenhum desses algo me chamou a atenção. Talvez a aparição do carcará tenha sido responsável por me dar a motivação para prosseguir. É um trecho curto, mas chato. Muitos lamaçais e crateras me acompanharam por uma paisagem cenicamente não tão bela quanto a de Santa Rita do Passa Quatro. Aqui o chão é da cana-de-açúcar e da laranja, e só delas. Com alguma demora cheguei ao centro urbano de Pirassununga, parando por um breve momento defronte a igreja matriz de Nossa Senhora dos Aflitos. É uma cidade de forte apelo militar, com 70 mil habitantes e de trânsito caótico como toda grande cidade paulista. Por isso tratei de logo debandar, atravessando-a de norte a sul, e acessar uma outra estrada de terra que me desembocaria em Leme. Essa sim suscitou em mim algum sentimento. O bucolismo das grandes fazendas, somados à paz proporcionada pelo estar sozinho e não cruzar com nenhum outro veículo, é algo incomensurável. Para um aventureiro solitário é o clímax. Naquela imensidão de soja amarelo-esverdeada e de alfafa florida, branco-arroxeada, eu estanquei, às entradas do Sítio São Roque, aspirando um oxigênio que já começava a gelar minhas narinas, indicando-me que o dia logo partiria para o oriente. Ouvia atentamente ao canto mavioso dos pássaros, como a noivinha-branca, na copa de uma gigantesca árvore, também solitária em meio à baixa estatura das culturas citadas. Continuando, passei pelo ribeirão do Roque e cheguei ao bairro rural Córrego Taquari, já pertencente ao município de Leme, composto por poucas casas e uma capelinha singela, a de Nossa Senhora de Aparecida.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-JHmtpXyssBk/UbZ9eJtrgoI/AAAAAAAAKk0/_EDCxtSZvDQ/s1600/P1230931.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-JHmtpXyssBk/UbZ9eJtrgoI/AAAAAAAAKk0/_EDCxtSZvDQ/s320/P1230931.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Nossa Senhora dos Aflitos, em Pirassununga</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-j5wdzK9Fegc/UbZ9eXrJB9I/AAAAAAAAKk4/GVoLnT4QErA/s1600/P1230952.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-j5wdzK9Fegc/UbZ9eXrJB9I/AAAAAAAAKk4/GVoLnT4QErA/s320/P1230952.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sítio São Roque, na zona rural de Pirassununga</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Ht9WeaZCos0/UbZ9ZqeATWI/AAAAAAAAKkk/xKOXkoCoMUg/s1600/P1230965.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-Ht9WeaZCos0/UbZ9ZqeATWI/AAAAAAAAKkk/xKOXkoCoMUg/s320/P1230965.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bairro do Córrego Taquari, em Leme</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-sTi5BHb-n60/UbZ-RY3wcXI/AAAAAAAAKlA/Tj8eWTQVDis/s1600/P1230959.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-sTi5BHb-n60/UbZ-RY3wcXI/AAAAAAAAKlA/Tj8eWTQVDis/s200/P1230959.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A morte da agricultura familiar</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Leme mostrou sua força no ramo da laranja no trecho final de minha rota de volta por estradas de chão. Laranjais extensos, organizados em fileiras que formavam corredores entre si a perder de vista. Mais uma vez a fome apertou e furtei alguns frutos, sem muito esforço, é verdade, pois aqui não há qualquer tipo de cerca. Eles estão ali, dependurados com seu amarelo vívido sobre as laterais da insidiosa estrada de areia. Havia fotografado uma casa devoluta, às margens do córrego Taquari, mas devo dizer que vi pelo menos mais duas ulteriormente, sumindo em meio a esses laranjais. A agricultura familiar está se curvando ao poderio das grandes citricultoras. Com um dinheiro sedutor, grupos empresariais compram ou arrendam terras de pequenos sitiantes, tirando-os de suas origens e obrigando-os a mudar para as cidades e viver uma vida cosmopolita e enfadonha. Em seguida cultivam a laranja e lucram cifras absurdas com a produção. É uma realidade cruel, absurda, mas é aquele dilema: ou jogamos com os dados do sistema ou somos dragados por ele. No Brasil infelizmente as coisas funcionam dessa maneira. É como escolher entre financiar uma casa em 25 anos ou pagar aluguel o resto da vida. Questões políticas à parte, reencontrei o asfalto e cheguei ao centro de Leme, onde novamente me enviesei pela rodovia Anhanguera. Mais alguns minutos me restavam e, como bom aproveitador do escasso tempo livre, localizei a estradinha de cascalho que leva ao topo do Morro do Cristo, ou Morro do José Leme, de onde se obtém uma visão nítida da pequena cidade de Leme e o movimento incessante de carros nos dois sentidos da rodovia Anhanguera. O Cristo pequeno, pichado e envolvido pela sujeira deixada pelos irresponsáveis visitantes e por torres de telefonia, assistiu comigo a noite cair e permaneceu imóvel enquanto eu partia, morro abaixo, em direção a Americana, a qual cheguei perto das 19h, após 280km rodados de uma viagem que não foi um brado de rebeldia, e sim um tímido sussurro de temporária libertação.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-ASQNNqSL6ok/UbZ-sNI2zJI/AAAAAAAAKlM/gV8_aSfoVlw/s1600/P1230969.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-ASQNNqSL6ok/UbZ-sNI2zJI/AAAAAAAAKlM/gV8_aSfoVlw/s320/P1230969.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cristo de Leme</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-1WtoUzkoRsk/UbZ-sPwm8uI/AAAAAAAAKlQ/1fCFL02ZedM/s1600/P1230970.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="192" src="http://2.bp.blogspot.com/-1WtoUzkoRsk/UbZ-sPwm8uI/AAAAAAAAKlQ/1fCFL02ZedM/s400/P1230970.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista do Morro do José Leme, em Leme</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Se um dia me veres hirto, saiba: estou contemplando algo ou descansando por ter contemplado algo enquanto eu me movimentava. Se um dia me veres em movimento, tenha certeza, estou vivendo, e esse seu olhar atento em minha direção mostra que estás parado, deixando de lado a sua vida, privando-se da contemplação de algo digno. Privando-se do mundo.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-WQvfSO5aNC8/UbaAhrQSUBI/AAAAAAAAKls/J7uICKiSWdk/s1600/P1230950.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-WQvfSO5aNC8/UbaAhrQSUBI/AAAAAAAAKls/J7uICKiSWdk/s400/P1230950.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/Vassununga31DeMaioDe2012" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5885427279381257793%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues com influência da viola caipira do nosso interior paulista para o Parque Estadual de Vassununga e para as várzeas do rio Claro.</span></div>
<br />
<iframe width="540" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/mCS5K7dsbcA" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-40190046878355536952013-05-22T13:47:00.000-07:002013-08-14T14:34:21.216-07:00Chapada dos Veadeiros – de 25 de abril a 04 maio de 2013<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="margin: 0px 50px;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-iL44AcnQR5w/UZoTz22GqkI/AAAAAAAAKTw/Z3-XPB9QdHY/s1600/P1230509.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-iL44AcnQR5w/UZoTz22GqkI/AAAAAAAAKTw/Z3-XPB9QdHY/s400/P1230509.JPG" width="400" /></a></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Muitas vezes me apanho pensando nas mazelas do sedentarismo. Eu, embora seja um educador físico por formação, não me refiro ao termo enquanto falta de atividade motora, mas sim no sentido sociológico, ao estar geograficamente inerte, assentado sobre um mesmo local por longas estações. Penso, ademais, em um período longínquo da história em que o ser humano passou a estocar alimentos (carne de caça e frutos) ao invés de mudar constantemente em busca de outros campos onde as presas fossem abundantes, passando do nomadismo para o atual estado que a sociedade perpetua, sedentário. E penso, por fim, que hoje não temos mais a necessidade de permanecermos hirtos, pelo menos não o tempo todo. A modernidade nos trouxe o conforto de termos tudo às mãos, contribuindo para a pusilanimidade, para a preguiça, para o comodismo. Contudo, essa mesma modernidade ferrenhamente combatida pelos saudosistas (e amiúde por mim), que é apontada como a grande culpada pela nossa alienação por meio principalmente de aparelhos eletrônicos (computadores, celulares, televisão), também nos presenteou com a possibilidade de nos movermos para cada vez mais longe de nossos domicílios, e cada vez mais rápido. A meu ver, portanto, é um erro execrável crer que temos acesso a todos os conteúdos do mundo sem movermos os pés, pois os avanços tecnológicos nos incitam exatamente ao contrário. Podes pesquisá-los, em textos, vídeos e imagens, e logo após, in loco, desfrutar-se dos mesmos materialmente, fechando o ciclo que muitos teóricos denominam práxis (a comprovação, na prática, da teoria). Portanto, minha visão é a de que se deve, levando-se em consideração os atuais pormenores da vida capitalista e cristã, dos quais dificilmente poderíamos nos dissociar, buscar um equilíbrio entre o sedentarismo (trabalho, família, lar) e o nomadismo (viajar, isolar-se, “sumir” no mundo sem motivos aparentes para outras pessoas).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A propósito, nômades ainda existem nos ermos desertos africanos, mas hoje são exceção, e não a regra. Longa vida a eles.</span>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-7amPDQnzy9g/UZ1oLfxnSVI/AAAAAAAAKgk/mc0529dmAIA/s1600/P1220220.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-7amPDQnzy9g/UZ1oLfxnSVI/AAAAAAAAKgk/mc0529dmAIA/s200/P1220220.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Partindo para o coração do Brasil</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Minha gana de viajar sempre esteve atrelada a pesquisas e aspirações particulares, totalmente minhas. Não obstante, desta feita fui um mero coadjuvante, um coautor nos planejamentos de meu caro camarada Thiago Lucas Santos. Quando o mesmo demonstrou interesse em desbravar a Chapada dos Veadeiros, desfrutando de um período de férias forçadas, prestamente me organizei para tentar acompanhá-lo, haja vista que seriam dez dias laborais normais (dias úteis) para mim, excetuando-se o feriado de primeiro de maio. Tudo foi alocado onde deveria, e em dois, portanto, rumaríamos para o coração do Brasil, no Estado de Goiás, uma região que sites que se dizem especializados exibem apenas superficialmente, não fidedignos com a complexidade das intrincadas serras que a compõem. É mais um daqueles recônditos negligenciados por viajantes brasileiros, que não demonstram interesse em intimizar-se com o imo do país, seja devido ao difícil acesso seja pela prioridade de ir a outro país em detrimento ao nosso. Enfim, como diria novamente meu camarada Thiago Lucas Santos, talvez falte um pouco de patriotismo aos jovens de hoje, e acrescento à fala do intrépido que não precisamos daquele choro ao cantar o hino nacional – uma das críticas clássicas de Antônio Abujamra – ou demonstrações de indignação com os problemas sociais que eivam nosso grande “feudo”. Carecemos de uma curiosidade mais eloquente para com a nossa História e nossos biomas ainda relativamente bem preservados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-oO7QxsPyZoQ/UZoVncv0FiI/AAAAAAAAKUA/XbhiYl7TCFA/s1600/P1220224.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-oO7QxsPyZoQ/UZoVncv0FiI/AAAAAAAAKUA/XbhiYl7TCFA/s200/P1220224.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Grande</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Partimos de Americana, mais precisamente do bairro Praia Azul, exatamente às 11h da manhã de um causticante 25 de abril, um fim de mês que ainda prometia muitas surpresas para dois andejos incautos. Sabíamos que a fatídica Anhanguera, a rodovia “diabo velho”, não nos seria assim tão surpreendente. E realmente não foi, levando-nos por perímetros urbanos de cidades como Leme, Pirassununga e Ribeirão Preto, permanecendo praticamente o tempo todo retilínea e sem trechos com mudanças bruscas de altitude. Lá pelas bandas de Aramina Igarapava há uma nesga de mudança, com leves montanhas das serras do Campo Redondo e da Pedra Branca despontando aqui ou acolá até o vale do rio Grande, na divisa do Estado de São Paulo com Minas Gerais. As águas azuis-celestes desse grande formador do rio Paraná são o passatempo preferido de pescadores aos quais o encômio paciencioso não encontraria rival de parelho significado, visto que os mesmos, imóveis, aguardavam o frêmito dos corpos subaquáticos na outra extremidade da linha. Não nos demoramos muito por ali, tocando em frente pela BR-050 (rodovia Chico Xavier), agora em solo mineiro, passando por Uberaba e pelo anel de contorno de Uberlândia, com a companhia de opulentos buritizais na paisagem, demonstrando que a água aqui é abundante. Afinal, onde há buritis, há muita umidade. Vale lembrar que essa região é conhecida como Triângulo Mineiro, ou nariz de Minas, ou mesopotâmia triangulina, ou ainda antigo Sertão da Farinha Podre, uma terra que já pertenceu a Goiás (mais detalhes na postagem sobre<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/02/marechal-mascarenhas-e-desemboque-de-10.html" target="_blank"><i><b> Marechal Mascarenhas e Desemboque</b></i></a>). Uma breve passagem pelo rio Araguari e estávamos na cidade de Araguari, atravessando o rio Paranaíba, limite norte do triângulo mineiro e de Minas Gerais. Daí pra cima já é Goiás, o coração do Brasil. Registramos, no rio que, a exemplo do Grande, também é formador do Paraná (ambos confluem em Aparecida do Taboado e Santa Fé do Sul, na divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo), os ranchos flutuantes de pescadores que, para usufruir melhor do escasso tempo, preferem dormir atracados às margens do rio de leito pedregoso ao invés de regressar para suas casas fixas no fim de cada dia. É uma cena que eu nunca havia visto antes. Transportar a própria casa rio abaixo é privilégio para poucos. Por fim, alcançamos Catalão, finalizando o primeiro dia de incursão às 18h, no caos de uma grande cidade, após 590km rodados.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-3cEIbgEr0mc/UZoVpFUL56I/AAAAAAAAKUI/eSBNl3JdumI/s1600/P1220228.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-3cEIbgEr0mc/UZoVpFUL56I/AAAAAAAAKUI/eSBNl3JdumI/s320/P1220228.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pescador no rio Grande</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-gEoODF01i9Q/UZoWDAVTs2I/AAAAAAAAKUY/_SaBMAZr4yo/s1600/P1220235.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-gEoODF01i9Q/UZoWDAVTs2I/AAAAAAAAKUY/_SaBMAZr4yo/s320/P1220235.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Paranaíba</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-XPW1Bj5xhVw/UZoVrWEgM_I/AAAAAAAAKUQ/kmZC9t1fTRU/s1600/P1220237.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-XPW1Bj5xhVw/UZoVrWEgM_I/AAAAAAAAKUQ/kmZC9t1fTRU/s320/P1220237.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rancho flutuante</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-W0m77ws4LWU/UZoWkBbWAcI/AAAAAAAAKUg/Z5s-xaGNk_c/s1600/P1220243.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-W0m77ws4LWU/UZoWkBbWAcI/AAAAAAAAKUg/Z5s-xaGNk_c/s200/P1220243.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro de São João, em Catalão</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 26, logo às 7 da manhã, registramos a parte mais alta da cidade de Catalão: uma singela igrejinha, precípua, tombada pelo poder público, no alto do Morro de São João, ou Morro da Saudade. É o meu ateísmo novamente cedendo ao apelo arquitetônico dessas obras religiosas. Recolocamo-nos na BR-050, sempre sentido norte, envoltos agora pelo cerrado, responsável por 33% da biodiversidade brasileira. Em Pires Belo, poucos quilômetros depois, demos uma guinada de 15km para o leste à procura do recente reservatório da UHE da Serra do Facão, formado pelas águas represadas do rio São Marcos em 2010. Apeamos das motos em uma ponte extensa sobre aquela imensidão azul, de um tom bem mais escuro que o céu cândido da manhã goiana. Enquanto fotografava esse interessante contraste, sobre a passagem lateral de pedestres da ponte, nem me atentei a quatro cavaleiros que a atravessavam também por ali. Escutava os cascos dos animais, mas tinha por certo que viriam pelo asfalto. Quando me dei conta o primeiro cavalo já estava na iminência de me atropelar. Saltei para o asfalto o mais rápido que pude. A coxa do cavalo ainda me atingiu na lateral do quadril e caí, desequilibrado, do outro lado da mureta. Por sorte não trafegava nenhum automóvel naquele instante. O homem sobre o cavalo, visivelmente inebriado pelo álcool às 8 da manhã, balbuciou algumas desculpas e apeou do outro lado, perto de nossas motos, seguido pelos outros. Descobri, com esse incidente, que a vida é curta e que se deve dar o devido valor a ela. Afinal, não é todo dia que quase se é arremessado de uma ponte, quarenta metros abaixo, por um cavaleiro bêbado, logo nos primeiros raios de sol, em um rio com o mesmo nome que o seu.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-sHIxmQCgcts/UZoWmgdlUrI/AAAAAAAAKUo/DsyTh4Emj14/s1600/P1220250.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-sHIxmQCgcts/UZoWmgdlUrI/AAAAAAAAKUo/DsyTh4Emj14/s320/P1220250.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Reservatório da UHE da Serra do Facão</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-YgpyNA9swlU/UZoWoTmtgSI/AAAAAAAAKUw/jccim46JWJg/s1600/P1220252.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-YgpyNA9swlU/UZoWoTmtgSI/AAAAAAAAKUw/jccim46JWJg/s320/P1220252.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte sobre as águas do rio São Marcos</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Mtsml6I7Nj4/UZoY0TjcluI/AAAAAAAAKVA/BfW1jw60nIw/s1600/P1220260.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-Mtsml6I7Nj4/UZoY0TjcluI/AAAAAAAAKVA/BfW1jw60nIw/s200/P1220260.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alameda dos Estados, em Brasília</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Regressamos para Pires Belo, colocamo-nos de volta na BR-050 e fomos subindo pelo cerrado goiano. Chegamos a Cristalina, onde a gasolina custava incríveis R$3,12 o litro, e a partir dela seguimos pela BR-040, passando pelo caos de Luziânia e Valparaíso de Goiás antes de adentrar definitivamente o Distrito Federal, um Estado retangular no cerne de outro Estado. Lá está, no Planalto Central, a nossa capital Brasília, entregue pelos construtores em tempo recorde, 4 anos, ao governo Kubitschek, em 1960. Pilotávamos pela asa sul do Plano Piloto, onde as ruas semicirculares se ramificam a partir de um eixo central, lembrando o desenho de um esqueleto de avião. O projeto foi um debuxo do saudoso arquiteto Lúcio Costa. No tal eixo central, oficialmente conhecido como Eixo Monumental, aportamos na Alameda dos Estados, defronte o Congresso Nacional, obra do recém-falecido Oscar Niemeyer. São duas torres de escritórios de igual altura, unidas por uma passagem central, formando uma espécie de H com a bandeira brasileira hasteada ao fundo, nos arredores da Praça dos Três Poderes. Some-se a isso duas cúpulas, uma côncava (à direita) e outra convexa (à esquerda). Girando 360º visualizamos o Palácio do Itamaraty, a esplanada dos ministérios, e mais ao longe a Catedral de Brasília e a Torre de TV, bem como o furdúncio da rodoviária e alguns prédios comerciais. Flâmulas de todos os Estados tremulam coloridas ao sabor do vento forte e seco, sombreando o caminhar incessante de transeuntes que atravessam as amplas ruas de um lado para o outro. É um frenesi, a ululante dinâmica de uma das mais caras cidades do Brasil para se viver, onde não existem fios elétricos aparentes (a fiação é toda subterrânea) e muito menos grades separando uma edificação da outra. Transita-se a pé livremente por entre as alvas obras de arquitetura.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-qPn-hLOyv84/UZoY2jDlimI/AAAAAAAAKVI/VnexWWehUqU/s1600/P1220285.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-qPn-hLOyv84/UZoY2jDlimI/AAAAAAAAKVI/VnexWWehUqU/s320/P1220285.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Congresso Nacional</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-2uyQjKsNUS0/UZoY49YHtxI/AAAAAAAAKVQ/BQllAWx_6S4/s1600/P1220297.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-2uyQjKsNUS0/UZoY49YHtxI/AAAAAAAAKVQ/BQllAWx_6S4/s320/P1220297.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bandeira hasteada entre as torres da obra de Oscar Niemeyer</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-OfOEBgOcLxA/UZoZwfsg5kI/AAAAAAAAKVg/96WCFdiWm4k/s1600/P1220317.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-OfOEBgOcLxA/UZoZwfsg5kI/AAAAAAAAKVg/96WCFdiWm4k/s200/P1220317.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chapada na Serra da Boa Vista</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Com receio de nos enfeitiçarmos pela aura da capital e postergar o plano original, saímos pela asa norte, contornando um dos braços do Lago Paranoá, e avançamos por Sobradinho e Planaltina, acessando em seguida a GO-118, com a Lagoa Formosa a oeste, lá embaixo, e as primeiras elevações da Chapada dos Veadeiros timidamente surgindo por todos os lados. Após São João d'Aliança as serras já são bem mais imponentes. Em Alto Paraíso de Goiás, na reta final do segundo dia de viagem, seguimos para o oeste por uma estrada de 24km de asfalto e 12km de terra, pedras e buracos, cruzando com uma chapada da Serra de Boa Vista, com o Jardim de Maytrea, obscurecido pelo sol poente, e com os morros do Buracão e da Baleia. Preás e sabiás-do-campo nos recepcionaram no campo da fauna, em uma parada contemplativa. No campo humano, por sua vez, uma cena inusitada. Uma kombi vinha em sentido contrário, pela estrada de terra, toda colorida, com quatro cidadãos cabeludos no banco da frente. Até aí, tudo bem. Em cima da perua, no meio de malas desajeitadamente dispostas e amarradas, um outro cidadão, deitado, olhando para as estrelas com um sorriso no rosto e com os pés recostados ao para-brisas, vinha aos solavancos, equilibrando-se de uma maneira insólita, e asseguro que estava em êxtase, pois nenhuma corda o prendia ao teto do automóvel. Ao chegarmos à vila de São Jorge às 17h, onde pernoitaríamos, conclui um outro fato, a exemplo do que acontecera de manhã com o cavaleiro embriagado. Eu, saindo de São Paulo, sempre procurei olhar para a frente em busca de novos caminhos e visões gratificantes. Diferente de mim, alguns preferem olhar para cima, mesmo que o corpo se movimente no plano horizontal e que o terreno seja incerto. Enfim, foram rodados, nesse dia, 610km. Estávamos às portas do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, e no dia seguinte o desbravaríamos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-GD5ZbJrCxtc/UZoaKm7LSfI/AAAAAAAAKVo/bG2CAmcb0Rw/s1600/P1220332.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-GD5ZbJrCxtc/UZoaKm7LSfI/AAAAAAAAKVo/bG2CAmcb0Rw/s320/P1220332.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sabiá-do-campo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Oglp5j_dVrc/UZoaM4WzwsI/AAAAAAAAKVw/hQCxlYTe6gQ/s1600/P1220353.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-Oglp5j_dVrc/UZoaM4WzwsI/AAAAAAAAKVw/hQCxlYTe6gQ/s320/P1220353.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Preá</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-usPdXntH0lM/UZoaPtiB1TI/AAAAAAAAKV4/wu6CV5dowIs/s1600/P1220828.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="241" src="http://1.bp.blogspot.com/-usPdXntH0lM/UZoaPtiB1TI/AAAAAAAAKV4/wu6CV5dowIs/s320/P1220828.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vila de São Jorge</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-jQ9WTu5D_Io/UZoa00ODSQI/AAAAAAAAKWQ/piaW5jiw_38/s1600/P1220369.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-jQ9WTu5D_Io/UZoa00ODSQI/AAAAAAAAKWQ/piaW5jiw_38/s200/P1220369.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">João-de-barro na portaria do parque</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Um devaneio adolescente começava a se concretizar às 7h da manhã do dia 27 de abril. Foi quando palmilhamos os 1000m que separam a pacata e mística vila de São Jorge, com seus 600 habitantes, e a portaria do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. De tão ávidos chegamos cedo demais. O parque abriria às 8h. Aproveitamos a aresta pra registrar a avifauna no cerrado adjacente aos limites do parque, em polvorosa. Fotografamos o joão-de-barro, o tico-tico, o periquito-rei e o pássaro-preto, ave de canto melodioso vista aqui aos bandos. Entristece-me quem em São Paulo se pague uma fortuna para ter um espécime desse confinado em uma gaiola, privado da liberdade. O guarda do parque nos permitiu a entrada exatamente às 8h, e fomos exortados a assistir a um vídeo com as regras de conduta dentro do parque, bem como a assinar um termo apontando as trilhas que faríamos naquele dia. Por incrível que pareça não é cobrada uma taxa de entrada, prática comum em parques nacionais. Tempos atrás só se entrava com guias credenciados, geralmente nativos de São Jorge, mas um decreto redigido no começo do ano depôs essa necessidade. Fomos informados, contudo, que as trilhas seriam difíceis e os atrativos distantes um do outro. Como nosso ânimo ainda estava em seu ápice, optamos por tentar palmilhar as duas permitidas: a dos Saltos do Rio Preto e a dos Cânions e Carioquinhas. No total, se tivéssemos pernas para tal, seriam aproximadamente 20km a pé. As motos, nesse dia, teriam um descanso merecido. Sequer as tocaríamos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ZNk5ByeJunI/UZoawsyZDoI/AAAAAAAAKWA/eDcZlobV8Rw/s1600/P1220358.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-ZNk5ByeJunI/UZoawsyZDoI/AAAAAAAAKWA/eDcZlobV8Rw/s320/P1220358.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Periquito-rei</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-P0RcNnipCsA/UZoay8xSHGI/AAAAAAAAKWI/gmqZmoSpYSY/s1600/P1220360.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-P0RcNnipCsA/UZoay8xSHGI/AAAAAAAAKWI/gmqZmoSpYSY/s320/P1220360.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pássaro-preto</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-k-6kAw09Lws/UZobNntkImI/AAAAAAAAKWY/Z5N6zD_JB3M/s1600/P1220394.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-k-6kAw09Lws/UZobNntkImI/AAAAAAAAKWY/Z5N6zD_JB3M/s320/P1220394.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Calango</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-m9zBsMWzPRc/UZobsjrThmI/AAAAAAAAKWg/FfCSZh-_GnM/s1600/P1220424.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-m9zBsMWzPRc/UZobsjrThmI/AAAAAAAAKWg/FfCSZh-_GnM/s200/P1220424.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale do rio Preto</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Principiamos a Trilha dos Saltos, logo após a portaria do parque, sempre acompanhados pelo cerrado campo sujo, caracterizado por árvores de pequeno porte e de caule retorcido. O terreno era um misto de cristais e arenito. Pequenas furnas, bromélias, canelas-de-ema, candombás e lagartos tão ligeiros quanto o piscar de olhos... Enfim, estávamos inseridos em uma área de mais de 60 000 hectares. O plano original era que passasse dos 600 000, mas impedimentos políticos que ainda não compreendi em plenitude foram reduzindo sua abrangência, deixando de fora boa parte da bacia do rio Tocantins. Em um momento a vegetação se abre, dando vida ao capim-estrela e realçando as formas dos paredões de arenito da Serra de Santana, que começa por aqui e se finda lá em Cavalcante, para onde iríamos depois. Descendo o vale do rio Preto, importante afluente do Tocantins, alcançamos o famoso Salto 120, que como o próprio nome diz é uma queda de 120 metros de altura com dois fachos d'água. Infelizmente só é permitido ver a cachoeira de longe, a partir de um mirante, mas mesmo assim o cenário é impressionante. O som produzido pelo contato da água com o fundo do vale é gutural, tonitruante. Seguindo a trilha paralela ao rio, contra o seu curso, se alcança a segunda queda, o Salto 80, essa totalmente acessível. Embora menor, aparenta maior volume por ter um facho d'água mais amplo, único. Ai se veem lambaris, dada a transparência do rio Preto. A incidência da luz solar contrasta o negro do poço com o caramelo das margens, próximo às rochas. As duas quedas são também chamadas de Saltos do Garimpão, já que num passado não tão distante existiam por ali vários pontos de extração de diamante. Diz-se que a Chapada dos Veadeiros é o ponto mais luzente do Brasil quando visto do espaço. Essa é uma teoria que, infelizmente, não poderei atestar. O que posso dizer é que, subindo ainda mais a trilha, no curso do mesmo rio, se encontra belas corredeiras, completando a trilha de quase 9km para esses primeiros atrativos, tão airosos quanto nas fotos alheias aos quais debruçávamos nossos olhos nos dias de planejamento dessa viagem.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-8_im8q3Dw-E/UZobufJsWSI/AAAAAAAAKWo/AgPKVBNpC24/s1600/P1220446_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-8_im8q3Dw-E/UZobufJsWSI/AAAAAAAAKWo/AgPKVBNpC24/s320/P1220446_stitch.jpg" width="245" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Salto 120</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-fXnmIOj2Hkg/UZobw4BhQVI/AAAAAAAAKWw/gr9K7YBAb7w/s1600/P1220484_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="224" src="http://1.bp.blogspot.com/-fXnmIOj2Hkg/UZobw4BhQVI/AAAAAAAAKWw/gr9K7YBAb7w/s320/P1220484_stitch.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Salto 80</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-RFxYwi-haOQ/UZobyzYj8GI/AAAAAAAAKW4/3Nlv50ymojE/s1600/P1220555.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-RFxYwi-haOQ/UZobyzYj8GI/AAAAAAAAKW4/3Nlv50ymojE/s320/P1220555.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Corredeiras do rio Preto</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-dMFKIP5O-r0/UZocjzQgCqI/AAAAAAAAKXA/GryJuaOoufc/s1600/P1220579.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-dMFKIP5O-r0/UZocjzQgCqI/AAAAAAAAKXA/GryJuaOoufc/s200/P1220579.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Anuro camuflado</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Regressamos um bocado, sentido portaria do parque, e com o sol a pino partimos para a segunda trilha, a dos Cânions. Essa é mais plana, mas nem por isso menos dificultosa. Esporadicamente caminhávamos sobre rochas soltas, traiçoeiras, e pontes de madeira sobre córregos cristalinos, sempre com a serra ao fundo testemunhando nosso perrengue. Em suma, andamos em um ritmo mais tranquilo, mas por uma quilometragem maior. O Cânion I infelizmente estava fechado à visitação devido à presença por lá do pato-mergulhão, em fase de reprodução. É um espécime muito sensível e que escolhe a dedo locais para procriar. É uma atitude, portanto, sensata por parte da direção do parque. Por falar em espécimes, registrei um anuro de coloração idêntica às rochas da trilha, camuflado, e que facilmente passaria despercebido por um olho menos atento. Ademais, o Cânion II estava escancarado, e sobre rochas engruvinhadas observamos o rio Preto correr, ligeiro, entre dois paredões naturais com talvez 20 metros de distância um do outro. Forma, no seu curso anterior ao cânion, várias pequenas quedas, e após passar pelo mesmo se abre em um grande poço, seguindo sereno seu caminho e encontrando novamente turbulência apenas na cachoeira de Carioquinhas, a qual nos dirigimos depois, muitos metros adiante. Apesar de pertencer ao mesmo rio, a Carioquinhas não é tão impactante, mas os caminhos encontrados pela água ao descê-la são curiosos. Imaginei os tentáculos de um polvo, as folhas de uma samambaia ou ainda um leque, uma vez que o curso vem estreito e se abre, caindo em veios distintos de 20 metros de altura. Nossa missão no Parque Nacional da Serra da Chapada se encerrava aqui, nesse cenário inspirador, e quando regressávamos à portaria para descansarmos novamente em São Jorge, calculamos ter perambulado por cerca de 22km. Foi um dia árduo. Saímos de lá com o sol se pondo. No entanto, qualquer ação extenuante é meritória de encômios quando o objetivo final é preservar a liberdade.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-RYcx5F9JGBo/UZocltrbzoI/AAAAAAAAKXI/7Y-FLQj8YuE/s1600/P1220611_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-RYcx5F9JGBo/UZocltrbzoI/AAAAAAAAKXI/7Y-FLQj8YuE/s320/P1220611_stitch.jpg" width="287" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cânion II</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Yp_0o6pp2PE/UZocqKfdlgI/AAAAAAAAKXY/VhNfXRyTrIE/s1600/P1220707_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="137" src="http://1.bp.blogspot.com/-Yp_0o6pp2PE/UZocqKfdlgI/AAAAAAAAKXY/VhNfXRyTrIE/s400/P1220707_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira de Carioquinhas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-8JXO7LdkMlI/UZocn9qmxQI/AAAAAAAAKXQ/4gQDppJJm2g/s1600/P1220695.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-8JXO7LdkMlI/UZocn9qmxQI/AAAAAAAAKXQ/4gQDppJJm2g/s320/P1220695.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Detalhe da queda de 20 metros de largura</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-gdxwYjAwr3I/UZrHIPg1Q1I/AAAAAAAAKYQ/7qgL-HBXi28/s1600/P1220746.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-gdxwYjAwr3I/UZrHIPg1Q1I/AAAAAAAAKYQ/7qgL-HBXi28/s200/P1220746.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pepalantus</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_385956726"></span><span id="goog_385956727"></span>Amanheceu o dia 28, o quarto da incursão. O Parque Nacional já fora desbravado, então restou-nos voltar a atenção para o que se desenrola em seus derredores. Mesmo sendo espaços não protegidos diretamente por leis federais e estatutos, preservam seus recursos naturais e paisagísticos com uma maestria ímpar. As serras e seus contrafortes rochosos, como as de Boa Vista, de Almécegas, do Segredo e de Santana, são empecilhos geográficos que impedem o desmatamento em grandes proporções do solo para a instauração de uma agricultura de porte considerável. O que se planta, em pequenas áreas planas entre montanhas, é apenas para a subsistência das própria famílias. Os proprietários de terra encontraram, devido a isso, outros quinhões de onde obter renda. O maior deles é, indubitavelmente, o turismo, e não muito longe de São Jorge, encostado ao perímetro do parque, visitamos o primeiro ponto dito turístico. Fomos de moto até o começo da trilha. Thiago insistiu um pouco mais, na parte em que supostamente deveria estar caminhando, e acabou atolando a sua. Com um pouco de esforço a livramos e, a pé, como seria o correto desde o princípio, avançamos cerrado adentro até a propriedade do “seo” Graciliano, rodeada por sanhaços-de-fogo (macho alaranjado, fêmea amarela) e gralhas-cancans. Arcamos com uma taxa de R$10 e andamos cerca de 1km por um cerrado campo limpo, com pepalantus (“chuveirinho”) de mais de 2 metros de altura aqui ou acolá, até a cachoeira do Abismo, gotejante, praticamente seca. Só é possível vê-la em todo o seu esplendor na época das águas, de outubro a março. Descendo um vale e subindo outra montanha, por mais 2km, alcançamos o Mirante da Janela, de rochas quadradas sobrepostas, do alto das quais se vê as duas quedas do Garimpão, o Salto 120 e o Salto 80, dentro do Parque Nacional, bem como uma grande extensão do vale do rio Preto guarnecido por uma densa mata de galeria. Thiago tomou um belo susto ao quase pisotear uma jararaca-cruzeiro juvenil de 60cm de comprimento. Caso picado, correria o risco de perder o membro ferido pelas presas da bichana, que inoculam uma peçonha gangrenante. Dizem que a beleza tem seus perigos. Aqui experimentamos um pouco disso. Tratamos de deixá-la em paz e abandonar o alto do penhasco, voltando para nossas motos. Foram 7km de caminhada, no total.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-4VoB-rQEvoI/UZrGu7AumaI/AAAAAAAAKXw/z6sy6-ixpSU/s1600/P1220777.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-4VoB-rQEvoI/UZrGu7AumaI/AAAAAAAAKXw/z6sy6-ixpSU/s320/P1220777.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jararaca-cruzeiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-qk-WkZkyD58/UZrGySW3njI/AAAAAAAAKYA/b4pJ9dAUreM/s1600/P1220813.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-qk-WkZkyD58/UZrGySW3njI/AAAAAAAAKYA/b4pJ9dAUreM/s320/P1220813.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Saltos do Garimpão</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Wq3iZiDhpcY/UZrGwlmD7tI/AAAAAAAAKX4/d5MFZAtHRwE/s1600/P1220796_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="111" src="http://2.bp.blogspot.com/-Wq3iZiDhpcY/UZrGwlmD7tI/AAAAAAAAKX4/d5MFZAtHRwE/s400/P1220796_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista total do Mirante da Janela</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-c1YPksbtu2o/UZrIPWZx3nI/AAAAAAAAKY4/REK3e6JifI0/s1600/P1220900.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-c1YPksbtu2o/UZrIPWZx3nI/AAAAAAAAKY4/REK3e6JifI0/s200/P1220900.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale da Lua</td></tr>
</tbody></table>
Quando o segmento é o turismo, o ponto mais visitado da região de São Jorge é o Vale da Lua, distante 7km da vila por estradas de chão. Para lá seguimos de moto, após uma breve subida na torre de celular para uma vista panorâmica do vilarejo. Na portaria do sítio nos cobraram uma taxa de R$10, possibilitado-nos o acesso à trilha de 1,5km aos contrafortes da Serra da Boa Vista, onde o rio São Miguel corre por entre rochas ora esbranquiçadas ora em degradês de cinza, sulcadas, crivadas por crateras ovaladas e formas abstratas diversas. É uma obra que vem sendo esculpida há milhões de anos pela ação constante das águas de um ainda tímido curso d'água contra a truculência do pedregoso vale. Se é parecido com o solo lunar, não sei, mas posso assegurar que aqui se transforma em regra o famoso jargão “água mole, pedra dura, tanto bate até que fura”. É o lugar perfeito para todas as classes de vertebrados. Pequenos répteis aquecem o sangue frio, tisnando seu rígido couro; diminutos anuros amarelecidos, por sua vez, se escondem nas concavidades menos atingidas pela luz solar; borboletas maria-bobas erram pelos ares. Enfim, é um insigne conjunto paisagístico, embelezado ainda mais pela Serra da Boa Vista e pela mata adjacente, com elementos da flora irradiantes de cores, como a bromélia-gravatá. Por sorte pudemos vir a esse lugar fora de feriados e férias, pois certamente nesses períodos o encontraríamos abarrotado de banhistas. O rio São Miguel, que aqui forma poços translúcidos, gelados e peculiares, ainda ostenta, ao longo do seu curso, outros atrativos, os quais conheceríamos no dia posterior, mas aqui obviamente suas águas são mais disputadas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-jk6VQaO2v6U/UZrIJk6JssI/AAAAAAAAKYg/2SC5bU73wYo/s1600/P1220864.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-jk6VQaO2v6U/UZrIJk6JssI/AAAAAAAAKYg/2SC5bU73wYo/s320/P1220864.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale da Lua com a Serra da Boa Vista, ao fundo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-kgWY1CpkGQw/UZrINiB8-6I/AAAAAAAAKYw/dRT8naDlg6w/s1600/P1220881.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-kgWY1CpkGQw/UZrINiB8-6I/AAAAAAAAKYw/dRT8naDlg6w/s320/P1220881.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio São Miguel</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-5U21pCwQ2NA/UZrILgKnR1I/AAAAAAAAKYo/KZR9d9p_5DI/s1600/P1220871.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-5U21pCwQ2NA/UZrILgKnR1I/AAAAAAAAKYo/KZR9d9p_5DI/s320/P1220871.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Anuro</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4wKcm-JJMgk/UZrKPi4_m5I/AAAAAAAAKZQ/BAS920L5xFk/s1600/P1220949.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="112" src="http://3.bp.blogspot.com/-4wKcm-JJMgk/UZrKPi4_m5I/AAAAAAAAKZQ/BAS920L5xFk/s200/P1220949.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Em destaque, o Morro do Buracão</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Saindo do Vale da Lua, voltamos para a estrada que liga São Jorge a Alto Paraíso de Goiás, seguindo em direção à última. A estrada de chão se acabou e o asfalto nos fez alcançar incontinenti o Jardim de Maytrea, pelo qual passáramos no segundo dia de viagem, mas que a escassez de luz não nos permitira registrar. É uma imensa planície com alguns morros carecas em redor, como o da Baleia, e buritis gigantescos sombreando o capim ralo. Ao fundo se vê os píncaros da Serra de Santana. Dizem ser um local de meditação (Maytrea é o ser supremo de cada religião ou seita, como Deus para os cristãos e Buda para os budistas), venerado desde os tempos em que Alto Paraíso de Goiás era ainda uma incipiente vila, com menos de 1000 habitantes, isso na década de 1960. Hoje conta com mais de 7 000. É consenso entre alguns munícipes que na Chapada dos Veadeiros, comumente no Jardim de Maytrea, ocorrem aparições de OVNIS (objetos voadores não identificados), guiados por seres extraterrestres. Durante os vários dias em que estivemos por lá, afirmo, não notamos atividade aérea suspeita sobre as serras da chapada. O que notamos e ratificamos em imagens foram as simples quedas da Fazenda São Bento, a poucos quilômetros dali, cuja entrada se dá à beira da estrada Alto Paraíso-São Jorge mediante um pagamento de R$10. A cachoeira Almécegas II, do córrego homônimo, tem cerca de 10 metros de altura; a Almécegas I vence, com a ajuda da gravidade e da perda de altitude da Serra de Almécegas, mais de 40 metros, caindo paulatinamente em pequenos e tortuosos degraus; e a de São Bento, também com 10 metros, que fotografamos quase sem luz, pois o sol debandava lá por detrás do Morro do Buracão. Foi difícil voltar, já cansados e com a visão faltosa de claridade, para São Jorge, onde mais uma vez pernoitaríamos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2Z6THQ9EA6U/UZrKNagKLDI/AAAAAAAAKZI/9oXYriz10Zc/s1600/P1220968_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="55" src="http://1.bp.blogspot.com/-2Z6THQ9EA6U/UZrKNagKLDI/AAAAAAAAKZI/9oXYriz10Zc/s400/P1220968_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jardim de Maytrea</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-az0IX9QKslo/UZrKTzfQSHI/AAAAAAAAKZg/MRguwEorwJY/s1600/P1230011.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-az0IX9QKslo/UZrKTzfQSHI/AAAAAAAAKZg/MRguwEorwJY/s320/P1230011.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira de Almécegas II</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Yg5l4I6G1ws/UZrKV-n4f5I/AAAAAAAAKZo/SS334YivsnE/s1600/P1230018.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-Yg5l4I6G1ws/UZrKV-n4f5I/AAAAAAAAKZo/SS334YivsnE/s320/P1230018.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira de Almécegas I</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-RwKNkuTrGXQ/UZrKX01LcLI/AAAAAAAAKZw/tl6_qPmPpNA/s1600/P1230048.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-RwKNkuTrGXQ/UZrKX01LcLI/AAAAAAAAKZw/tl6_qPmPpNA/s320/P1230048.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira de São Bento</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-tYDXw3hmCHE/UZrL8mkLvMI/AAAAAAAAKaQ/xiapvYOOtnQ/s1600/P1230092.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-tYDXw3hmCHE/UZrL8mkLvMI/AAAAAAAAKaQ/xiapvYOOtnQ/s200/P1230092.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário Raizama</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Sete da manhã do dia 29. Como de praxe, logo cedo deixamos São Jorge rumo a uma das cachoeiras mais inacessíveis da região, a do Segredo. Entretanto, informaram-nos que a trilha é controlada e que poderíamos visitá-la com a companhia de um guia, e como estávamos fora da época de feriados e férias, não conseguimos um. Com todo o dia pela frente optamos por explorar mais minuciosamente a região pós-São Jorge do rio São Miguel, o mesmo que corta o Vale da Lua. O primeiro atrativo, sentido oeste, foi o Santuário Raizama, distante 4km da vila. É um local de feições rústicas, palco de shows de jazz, rock e blues, com as gravuras de nomes mundiais desses estilos em grandes tampões de redonda madeira compensada. O proprietário recebeu a paga de R$10 e nos indicou uma trilha que, em seu princípio, nos enviesou pelas margens do Córrego Raizama, pontilhado por pequenas quedas e densa mata ciliar. Pouco mais de 1km depois estávamos sobre uma grande queda, o Salto do Raizama, que despeja as águas de seu ínfimo curso diretamente no rio São Miguel, em um cânion tão estreito que não nos possibilita fotografá-la frontalmente. Subindo pelas margens do São Miguel, ulteriormente, obtivemos uma bela visão do cânion, e nada mais. Deu-se por encerrada nossa breve visita ao Santuário Raizama. Passaríamos, contudo, mais adiante, no sítio Morada do Sol, de território parelho, onde nos disseram que existia uma vistosa cachoeira, também do rio São Miguel. Testemunhamos, infelizmente, mais uma corredeira do que propriamente uma cachoeira. Não que não seja um local distinto, mas após um Salto 120 e um Salto 80, ou ainda um Almécegas I, fica difícil entusiasmar-se com uma queda de cinco metros. Para não perdermos os outros R$10 investidos, descemos o vale mais à frente e chegamos ao Buraco das Andorinhas e a Barra dos Dourados, o primeiro uma armadura de rochas em volta do São Miguel, repleta de pequenas grutas e, devido a isso, perfeito para a reprodução de andorinhas, e o segundo um poço límpido, onde lambaris e outros peixes se aglutinam e perpetuam a espécie na água esmeralda.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-YyZQyL1otpI/UZrL4EGxTlI/AAAAAAAAKaA/Bakisv01WTI/s1600/P1230056.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-YyZQyL1otpI/UZrL4EGxTlI/AAAAAAAAKaA/Bakisv01WTI/s320/P1230056.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Queda do córrego Raizama</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-nSvPNYOm4m8/UZrL6dS4C2I/AAAAAAAAKaI/9qKxJeSXydA/s1600/P1230085.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-nSvPNYOm4m8/UZrL6dS4C2I/AAAAAAAAKaI/9qKxJeSXydA/s320/P1230085.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cânion estreito do rio São Miguel</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-pOlFQRzLgNw/UZrL-pO2wvI/AAAAAAAAKaY/OaS-kg3m6S8/s1600/P1230105.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-pOlFQRzLgNw/UZrL-pO2wvI/AAAAAAAAKaY/OaS-kg3m6S8/s320/P1230105.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Buraco das Andorinhas</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-KrdW3SOqcoA/UZrf-TbBumI/AAAAAAAAKa4/ayMXjrcSD8I/s1600/P1230148.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-KrdW3SOqcoA/UZrf-TbBumI/AAAAAAAAKa4/ayMXjrcSD8I/s200/P1230148.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Encontro de rios</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dentre todos esse foi indubitavelmente o dia cenicamente menos belo. As estradas para se chegar a eles são, no mínimo, calamitosas, e Thiago e eu resistíamos bravamente aos solavancos impingidos pelo impetuoso terreno. Riachos era comum atravessarmos, encharcando os pés constantemente. Some-se a isso longas caminhadas e terás um resultado nem um pouco agradável: bolhas. As minhas explodiam a cada passo, e derrocar os 2,5km de uma trilha para o chamado Encontro de Rios foi uma amargura. E dá-lhe mais R$10. Ao alcançar o alto da Serra da Boa Vista, espantando os as guaracavas-de-barriga-amarela, os pés se aliviam da subida e, quem recebe a recompensa são os olhos, ao verem, no fundo do vale, as praias do rio Tocantizinho. Praias de água doce, água gelada e uma brisa que lufa, seca. Próximo a esse mirante a trilha se bifurca. À esquerda calhamos nas corredeiras do rio São Miguel, ligeiro em seus últimos metros antes de misturar-se com o Tocantizinho. É um rio carregado de belezas ímpares desde sua concepção, no alto dos emaranhados de serras da Chapada dos Veadeiros, e aqui encontra sua principal função: unir-se a um outro curso d'água para alimentar, em um outro ponto distante daqui, o rio Tocantins, um dos mais importantes do centro-oeste. À direita acessamos o afamado Encontro de Rios, onde o Tocantizinho, caudaloso e piscoso, recepciona o São Miguel enviesado por um leito rochoso, acinzentado, com o cerrado das montanhas circunvizinhas testemunhando a união. Palmilhamos as praias que vimos lá do alto, já com o intuito de ir embora. Vale lembrar que, após esse encontro, o rio continua com o nome Tocantizinho. E nós continuávamos exaustos. Por sorte guardamos o melhor para o regresso a São Jorge. No Sítio Morro Vermelho, onde há sete fontes de águas termais, sendo duas abertas ao público mediante R$15 de paga, olvidamos a faina em troca de alguns momentos submersos na água morna e esverdeada que brota do subterrâneo da chapada. Já anoitecendo, num último esforço estivemos na Praia do Jatobá, mas seus poços de água gelada nos dissuadiram a um novo banho. Foi nosso último contato com o São Miguel. E foram nossos últimos R$10 gastos na região de São Jorge.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-dcdKLsqcuaU/UZrf8kkzhLI/AAAAAAAAKaw/IGNIkF8IzuA/s1600/P1230142.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-dcdKLsqcuaU/UZrf8kkzhLI/AAAAAAAAKaw/IGNIkF8IzuA/s320/P1230142.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio São Miguel em seus metros finais,<i><b> </b></i>na iminência do encontro com o Tocantizinho</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-6jpaUfCeBs8/UZrf6f7vcJI/AAAAAAAAKao/xia2MaS7n0M/s1600/P1230134.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-6jpaUfCeBs8/UZrf6f7vcJI/AAAAAAAAKao/xia2MaS7n0M/s320/P1230134.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praias do rio Tocantizinho</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-KJyRLryqcnQ/UZrgAUTbT0I/AAAAAAAAKbA/STgz5V7ntG8/s1600/P1230176.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-KJyRLryqcnQ/UZrgAUTbT0I/AAAAAAAAKbA/STgz5V7ntG8/s320/P1230176.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Piscinas termais do Sítio Morro Vermelho</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-ZiSLcnUPS6A/UZxLAWMwEsI/AAAAAAAAKbY/5NCW5BNcL2o/s1600/P1230236.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-ZiSLcnUPS6A/UZxLAWMwEsI/AAAAAAAAKbY/5NCW5BNcL2o/s200/P1230236.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Poço das Esmeraldas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 30, concluímos que nossa missão na parte sul da Chapada dos Veadeiros estava concluída. Logicamente negligenciamos muitos atrativos, mas é sempre bom deixar um motivo para voltar. Despedimo-nos do pessoal acolhedor e extrovertido da vila de São Jorge e seguimos para Alto Paraíso de Goiás, passando pelo já citado Jardim da Maytrea. Em Alto Paraíso, antes de subir definitivamente para Cavalcante, por asfalto, visitamos a Fazenda das Loquinhas, distante 4km por terra do centro, que conta com vários poços cristalinos e cachoeiras que vertem pouca água, devido à seca. O Poço das Loquinhas é um manto d'água que, dependendo do ângulo de incidência da luz, parece nem existir de tão translúcido, evidenciando rochas arredondadas e áureas em seu fundo. As trilhas dentro da fazenda são bem demarcadas, e sem dificuldades chegamos ao Poço das Esmeraldas, com características semelhantes ao anterior, mas com a água puxando mais para o tom de verde. Voltando para a portaria para reavermos nossas motos e debandarmos de vez, registramos a presença do pequenino e parrudo capacetinho-do-oco-do-pau, uma ave extinta no Estado de São Paulo e cada vez mais rara no centro-oeste. É incrível como uma imensidão verde dessas, protegida por leis, tenha problemas dessa ordem. Um guarda do parque nos relatou, ao nos ajudar a socorrer um casal no acostamento da GO-118, cuja moto tossia, engazopada, que não é raro caçadores invadirem o território delimitado para caçar veados-campeiros, raposas, emas e antas. Os “chuveirinhos”, matérias-primas para o artesanato, também são visados, bem como outros espécimes raros da flora do cerrado. Enfim, é um quadro lastimável, que a paisagem entre Alto Paraíso de Goiás e Teresina de Goiás conseguiu apenas sutilmente esvanecer em minha mente. Passamos, nesse ínterim, pelo Cume de Goiás, ou o ponto mais alto do Estado, com quase 1700m de altitude. De Teresina de Goiás a Cavalcante foram mais 20km, totalizando 90km desde Alto Paraíso de Goiás. Estávamos em um remanescente quilombola bem maior do que esperávamos, com seus 10 000 habitantes, no norte da Chapada dos Veadeiros.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-QEozvcg0lXg/UZxK_Ox8wAI/AAAAAAAAKbQ/d3E7wXUlnxo/s1600/P1230223.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-QEozvcg0lXg/UZxK_Ox8wAI/AAAAAAAAKbQ/d3E7wXUlnxo/s320/P1230223.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Poço das Loquinhas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-rG6iOm4a8bc/UZxLCBr20vI/AAAAAAAAKbg/6H0QWPkXr8Y/s1600/P1230239.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-rG6iOm4a8bc/UZxLCBr20vI/AAAAAAAAKbg/6H0QWPkXr8Y/s320/P1230239.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capacetinho-do-oco-do-pau</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-z-_jNG2gYQk/UZxL9mih1CI/AAAAAAAAKbs/YL9R-d5XHHI/s1600/P1230253.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-z-_jNG2gYQk/UZxL9mih1CI/AAAAAAAAKbs/YL9R-d5XHHI/s200/P1230253.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Poço Encantado</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Encontramos pouso para a noite, livramo-nos do excesso de bagagem, e com ainda metade do dia para desfrutar dos encantos da Serra de Santana, enviesamo-nos por uma estrada de chão sentido Colinas do Sul, onde alguns atrativos podem ser acessados. Pensamos em ir primeiro a Ponte de Pedra, na Fazenda Renascer, mas nos apontaram a necessidade da contratação de um guia credenciado, obrigando-nos a postergar tal empreitada. Passáramos, a caminho, pela Fazenda Veredas. Retornamos um pouco e a adentramos. Mais R$10, os primeiros deixados em Cavalcante, e com o aval do proprietário Gaúcho, natural de Palmeiras das Missões, na região das missões no Rio Grande do Sul (<a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/01/rota-das-missoes-e-chui-de-18-27-de.html" target="_blank"><b><i>link</i></b></a>), subimos os aclives calamitosos da serra até o encerramento da estrada, a partir de onde o meio de locomoção voltou a ser nossos judiados pés. Um hálux em carne viva, contudo, não conseguiu retardar nossos passos, e em poucos minutos conhecemos duas cachoeiras: a do Poço Encantado e a Veredinhas Cânion. A primeira, simples, com talvez 20 metros de queda, na qual os borrachudos não nos pouparam; e a segunda, com mais de 30, mas caindo em um cânion (ou vereda, como dizem por aqui) maravilhoso, claustrofobicamente estreito. A cachoeira Véu da Noiva foi de acesso mais difícil, sendo necessária uma longa caminhada por uma trilha aberta na época escravagista, quando negros fugiam de seus senhores e se organizavam em quilombos no meio da mata. Não é uma queda monumental, não tendo mais do que 25 metros, mas o cerrado campo limpo forrado por capim-estrela antes de se chegar a ela é algo indescritível. E pelo caminho há ainda outra queda, de menor expressão: a Toca da Onça. É o habitat perfeito para o lobo-guará, que infelizmente nunca consegui registrar. Já na parte baixa da serra, voltando à sede da fazenda, tentamos localizar a maior de todas, a Veredas, mas simplesmente não fomos capazes. Com o laranja de mais um fim de tarde sobre a chapada, regressamos para o centro urbano de Cavalcante.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-VY6Wo-FUWkg/UZxMB8s80XI/AAAAAAAAKb0/oLK4IChn3HY/s1600/P1230278.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-VY6Wo-FUWkg/UZxMB8s80XI/AAAAAAAAKb0/oLK4IChn3HY/s320/P1230278.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira Veredinhas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_-mDYH37w9Q/UZxMEOE-LPI/AAAAAAAAKb8/9ke6LosVPLk/s1600/P1230299.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-_-mDYH37w9Q/UZxMEOE-LPI/AAAAAAAAKb8/9ke6LosVPLk/s320/P1230299.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira Véu da Noiva</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-I43Z-I2J4GE/UZxNIzMCEZI/AAAAAAAAKcU/zAEWQlkxmqc/s1600/P1230309.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-I43Z-I2J4GE/UZxNIzMCEZI/AAAAAAAAKcU/zAEWQlkxmqc/s320/P1230309.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra de Santana na Fazenda Veredas</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-vWUBWEj4l7Q/UZxNvEa42eI/AAAAAAAAKcc/a1thG-M37Uo/s1600/P1230425.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-vWUBWEj4l7Q/UZxNvEa42eI/AAAAAAAAKcc/a1thG-M37Uo/s200/P1230425.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Kalungas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia primeiro de maio, quarta-feira, feriado nacional do trabalho. Às sete da manhã já estamos na estrada de terra para o quilombo Vão do Moleque, ou Engenho II, distante 30km de Cavalcante, incrustado na cadeia intrincada de serras que compõem a região. Dá-lhe riachos, terra, pedregulho, buracos e areia. Chegando ao quilombo, fomos recepcionados pelo “seo” Cirilo, líder da comunidade Kalunga e profundo admirador da cidade de São Paulo, onde recentemente esteve internado para uma cirurgia. Comentei que a gente sai da cidade grande pra vir pro mato, e quem está no mato quer ir pra cidade grande. Sorriu, oferecendo-nos um café mateiro e mudando o foco da conversa para a história da formação do quilombo, tão antiga quanto a História do próprio Brasil. Segundo ele, em meados do século XVIII, com a extração aurífera em seu apogeu, inúmeros escravos foram trazidos para a faina. Consequentemente muitos fugiram e se refugiaram nas serras, topando com índios, constituindo famílias e formando comunidades como essa. Augurávamos conhecer duas cachoeiras dentro do território, e de quebra nos conscientizamos também de sua evolução social. A região de Cavalcante é considerada o maior remanescente quilombola do Brasil, reconhecido como Sítio Histórico e Patrimônio Cultural desde a década de 1980. Abriga mais de 80 mil afrodescendentes espalhados também pelos municípios de Monte Alegre e Teresina de Goiás. Estima-se que 93% de seus 270 mil hectares continuem intactos. Nossos bolsos, contudo, já apresentavam sinais de devastação. Foram mais R$35 cada para que Joelson, um guia Kalunga, nos levasse às cachoeiras.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-pGsqVR5VXEs/UZxOxW-vUTI/AAAAAAAAKc8/3b7jMfTtJSs/s1600/P1230427.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-pGsqVR5VXEs/UZxOxW-vUTI/AAAAAAAAKc8/3b7jMfTtJSs/s320/P1230427.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vão do Moleque</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-djC6Qsft-9s/UZxOzIxe7SI/AAAAAAAAKdE/oJQWJHv7hFM/s1600/P1230428.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-djC6Qsft-9s/UZxOzIxe7SI/AAAAAAAAKdE/oJQWJHv7hFM/s320/P1230428.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sede do Engenho II</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-jitrpj_r3vM/UZ0j3viDW9I/AAAAAAAAKdk/BwvCxeTEUI4/s1600/P1230335.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-jitrpj_r3vM/UZ0j3viDW9I/AAAAAAAAKdk/BwvCxeTEUI4/s200/P1230335.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira Barbarinha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Do povoado até a cachoeira de Santa Bárbara, o cartão-postal máximo da Chapada dos Veadeiros depois do Parque Nacional, foram 6km de moto, passando por três riachos, erosões e pedras, pra quebrar a rotina. As casinhas de adobe do Engenho II foram ficando para trás e o cerrado ressurgiu com força. Uma curta trilha a pé, findado o papel das motos, nos direcionou a um primeiro contato com o córrego Santa Bárbara e com uma de suas cachoeiras, a Barbarinha, de meros 5 metros mas com um poço azul que, iluminado por alguns raios de sol que infiltravam pela copa das árvores, mostraram mais uma vez a insuperável qualidade da água da chapada. Mais alguns metros córrego acima e nos deslumbrávamos com a cachoeira de Santa Bárbara, a que víamos nas fotos durante o planejamento. São mais de 30 metros de queda e um poço paradisíaco de um azul fosco mais escuro que o celeste. Pensando bem, é bom que cobrem caro para a visitação de lugares como esse. Se fosse de livre acesso, certamente seria mais uma no rol das joias raras da natureza brasileira depredadas, desfiguradas. E como se não bastasse essa cachoeira, ainda fomos levados por Joelson a uma outra, essa mais perto da comunidade. A cachoeira da Capivara, que na verdade são duas quedas, uma do rio Capivara e outra do Tiririca, também impressiona, mas não pelas cores, e sim pelo volume d'água da queda direita (rio Capivara) e a sutileza da esquerda, caindo estreita e demoradamente até formar um mesmo poço juntamente com a as águas provenientes da vizinha.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4Xd8BqubUHA/UZ0kiHch_xI/AAAAAAAAKd0/8zEFKLPOtWk/s1600/P1230422.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-4Xd8BqubUHA/UZ0kiHch_xI/AAAAAAAAKd0/8zEFKLPOtWk/s320/P1230422.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O gavião-caramujeiro, espreitando nossas trilhas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-RYIwRMOj1Y8/UZ0j28I9KMI/AAAAAAAAKdc/hJd7uNDgBAI/s1600/P1230352_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-RYIwRMOj1Y8/UZ0j28I9KMI/AAAAAAAAKdc/hJd7uNDgBAI/s320/P1230352_stitch.jpg" width="255" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira de Santa Bárbara</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-mQcS8jLhx88/UZ0j2Z0XrDI/AAAAAAAAKdU/vZaH0hBb82s/s1600/P1230400_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="253" src="http://4.bp.blogspot.com/-mQcS8jLhx88/UZ0j2Z0XrDI/AAAAAAAAKdU/vZaH0hBb82s/s320/P1230400_stitch.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Capivara</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-YnZdTRfdRWo/UZ0kCzuBUoI/AAAAAAAAKds/loSVcPULcqg/s1600/P1230446.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-YnZdTRfdRWo/UZ0kCzuBUoI/AAAAAAAAKds/loSVcPULcqg/s200/P1230446.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Ave Maria</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Com um aceno do povo Kalunga, deixamos a região do Engenho II e voltamos para Cavalcante, parando por um momento no mirante da Cachoeira Ave Maria, enorme, mas difícil de registrar devido à verticalidade do vale e a ausência de trilhas que levem ao fundo dele. Seguramente possui mais de 100 metros, mas cai morosa, letárgica, com pouca água. Já no centro urbano, começamos a difícil tarefa de conseguir um guia credenciado a nos levar a Ponte de Pedra, que tentáramos visitar no dia anterior. Rodamos a tarde e inteira e nada. Demo-nos por vencidos e, para matar o tempo, subimos o árduo Morro do Cruzeiro, a 2km por estradas de chão e mais 1,5km a pé, para obter uma vista panorâmica de todo o entorno de Cavalcante e da Serra de Santana. Lá encontramos, empoleirado a 1100m de altitude, o carcará, a ave símbolo de minhas perambulações, e também o urubu-de-cabeça-vermelha. Chegamos a ver o urubu-rei, mas o arredio voa alto, longe do alcance da câmera. A exemplo do lobo-guará, persigo-o há tempos. Por fim descemos, retornamos ao conglomerado urbano e repensamos a viagem a partir dali. Caso não encontrássemos um guia para o dia seguinte naquela noite, não havia motivos para permanecermos ali, prostrados. Por sorte, já bem tarde da noite, informaram-nos a respeito de um guia. Fomos até a casa do indicado e agendamos o passeio para as 8 da manhã do dia 2. Zé Pedrão era o nome dele, e cobraria R$100 para nos levar a Ponte de Pedra. Vale frisar que ele cobra esse valor para grupos de até 6 pessoas, ou seja, o valor total é dividido entre todos. Como estávamos em dois, e somos motociclistas sem dinheiro, ficou um tanto oneroso. Seria, porém, o último dia na chapada. Teria que valer a pena.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-OBFBAOlWKSk/UZ0lpFYJQYI/AAAAAAAAKeM/Ijr4BYwTRRQ/s1600/P1230485.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-OBFBAOlWKSk/UZ0lpFYJQYI/AAAAAAAAKeM/Ijr4BYwTRRQ/s320/P1230485.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Carcará</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-jhef3OyICz0/UZ0lmmK4eUI/AAAAAAAAKeE/5FzpjlO7K1w/s1600/P1230454_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="87" src="http://3.bp.blogspot.com/-jhef3OyICz0/UZ0lmmK4eUI/AAAAAAAAKeE/5FzpjlO7K1w/s400/P1230454_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista do Morro do Cruzeiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-H8xgC5nI-pI/UZ0mbf1LLJI/AAAAAAAAKew/srng1otCctg/s1600/P1230625.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-H8xgC5nI-pI/UZ0mbf1LLJI/AAAAAAAAKew/srng1otCctg/s200/P1230625.JPG" width="163" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zé Pedrão, guia de Cavalcante</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 2, às 8 da manhã, Zé Pedrão se unia a nós e o levávamos para a Pousada Vale das Araras, onde assinamos uma lista e pegamos a chave que abre a porteira da Fazenda Renascer, onde está a trilha para a Ponte de Pedra. Enquanto aguardávamos a burocracia, uma arara-canindé, com as cores do Brasil mas predominantemente azul e amarela, pousou no retrovisor de minha moto, de mesma cor. A princípio achei cômico e comecei a fotografá-la loucamente, mas aí então a bela ave começou a arrancar peças de plástico com seu bico forqueado. Aproximei-me, tentando amedrontá-la, mas a bravia permaneceu focada em seu intento: destruir minha moto. Já quase encostado nela, estendi minha mão e incrivelmente ela se acomodou, agarrada à luva, que passou a ser o novo alvo de seus ataques. Depois disso ainda passou para as mãos de Thiago antes de voar em definitivo para o alto dos coqueiros que ladeiam a recepção da pousada. É um dócil animal, nem podendo ser comparado ao que encontramos momentos depois, logo no princípio da trilha a pé, passadas as porteiras da Fazenda Renascer, a 8km dali. Foi aí que o dinheiro pago ao Zé Pedrão se mostrou um grande investimento. Em uma mata de galeria, sem muita luz, um salto rápido do guia, para trás, revelou a presença de uma jararaca-rabo-de-osso, armada, aguardando que déssemos mais um par de passos para abocanhar-nos. Claro que não nos atrevemos. Uma picada teria as mesmas consequências das referentes à jararaca-cruzeiro, mencionada na trilha para o Mirante da Janela, em São Jorge. Apesar de perigoso, é um belo espécime, de cara jactante, fechada, de tons marrons e negros e papo amarelo. Demos uma boa volta para contorná-la e prosseguimos na trilha.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-8GNe_Po8kxg/UZ0maIr9T8I/AAAAAAAAKeY/ieu9K75cHF0/s1600/P1230496.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-8GNe_Po8kxg/UZ0maIr9T8I/AAAAAAAAKeY/ieu9K75cHF0/s320/P1230496.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arara-canindé desmontando a moto</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-oqUDOcxGfqg/UZ0makjwZpI/AAAAAAAAKeg/zfJYdV-vsNw/s1600/P1230519.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-oqUDOcxGfqg/UZ0makjwZpI/AAAAAAAAKeg/zfJYdV-vsNw/s320/P1230519.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jararaca-rabo-de-osso</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ozZQKYDXJrI/UZ0mawUqXEI/AAAAAAAAKek/n9S6W2TPvsA/s1600/P1230523.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-ozZQKYDXJrI/UZ0mawUqXEI/AAAAAAAAKek/n9S6W2TPvsA/s320/P1230523.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A beleza do perigo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-EY2F3b9r8-s/UZ0nfrlxLUI/AAAAAAAAKe8/7PHeXpXhv6Q/s1600/P1230563_stitch.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-EY2F3b9r8-s/UZ0nfrlxLUI/AAAAAAAAKe8/7PHeXpXhv6Q/s200/P1230563_stitch.jpg" width="178" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte de Pedra</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_1471006185"></span><span id="goog_1471006186"></span>Não foi a trilha mais árdua de todas. Palmilhar rochas soltas já não afligia nossos pés. Não sei se estávamos mais resistentes, após 6 dias de incessantes caminhadas, ou se simplesmente ascendíamos, com Zé Pedrão encabeçando o trio, por puro impulso. O certo é que, em uma viagem dessas, descobre-se os limites do corpo. Em meu caso – acredito que Thiago tenha semelhante pensamento quanto à própria galhardia – descobri-me mais forte do que outrora acreditava ser. Deparar-nos com a Ponte de Pedra, um monumento geológico natural sobre o rio Santo Antônio, nos limites do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, foi a coroação de todos os nossos esforços, que passaram não somente por provações físicas, mas também psicológicas e financeiras. O rio, caramelo, passava calmo por baixo da “ponte”, cuja fundação em nada lembra as obras de nossos mais diligentes engenheiros. Seus píncaros são de formas jurássicas, e o tom acinzentado das frágeis rochas de arenito demonstram que esse não é um cenário estático, mas em constante mutação, assim como toda a natureza. Subindo em direção ao seu topo, revela-se a visão de uma extensa planície, das montanhas escarpadas do Parque Nacional e da cachoeira da Ponte de Pedra, que cai de uma altura de 80 metros pouco após passar pela estrutura homônima. Para visualizá-la é preciso apoiar-se um uma pedra, à beira de um abismo, um por vez, e mesmo assim a vista não é completa, pois sua maior parte está sombreada. O sol ali deve bater em apenas alguns minutos do dia, e aquele não era um deles. Reabastecendo os cantis nas próprias águas do Santo Antônio, defronte à Ponte de Pedra, tornamos as costas, pela última vez na viagem, a um local que foge do senso comum, único, inspirador. Levaríamos Zé Pedrão para sua casa, despediríamo-nos do ex-garimpeiro e atrelaríamos a bagagem às motos. Nossa jornada em Cavalcante se encerrava. Aproximava-se, não muito sorridente ou benquisto, o regresso.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-HNaJez1mM1s/UZ0ng-IcnCI/AAAAAAAAKfM/b9CA_bqBSNs/s1600/P1230576_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="197" src="http://2.bp.blogspot.com/-HNaJez1mM1s/UZ0ng-IcnCI/AAAAAAAAKfM/b9CA_bqBSNs/s400/P1230576_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte de Pedra</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-mpkH14q3ges/UZ0nuPjSUyI/AAAAAAAAKfU/9FW_l1mRlwI/s1600/P1230636.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-mpkH14q3ges/UZ0nuPjSUyI/AAAAAAAAKfU/9FW_l1mRlwI/s320/P1230636.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Nos limites do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Nyozh9XfDac/UZ0ngOb5keI/AAAAAAAAKfE/BHJr657udJc/s1600/P1230637.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-Nyozh9XfDac/UZ0ngOb5keI/AAAAAAAAKfE/BHJr657udJc/s320/P1230637.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Ponte de Pedra</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-iBqrHGA4wCo/UZ0o5HmubkI/AAAAAAAAKfs/a8lCts4DTtg/s1600/P1230665.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-iBqrHGA4wCo/UZ0o5HmubkI/AAAAAAAAKfs/a8lCts4DTtg/s200/P1230665.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">André Luiz</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 3, às 8 da manhã, partíamos pela mesma rodovia que nos trouxera a Cavalcante. André Luiz, um menino de 9 anos que tentara lavar a minha moto com um esguicho d'água, sem sucesso, acenou-nos em nossa saída. O sorriso de uma criança, ainda não deturpado pela dureza da vida, nos animou a enfrentar o primeiro dia de retorno de dois previstos. Tudo o que ele queria era montar, exercer sua imaginação sobre esse objeto de duas rodas que fascina estranhamente mais do que um de quatro. Objeto bem sujo, por sinal. Rapidamente passamos por Teresina de Goiás e Alto Paraíso de Goiás, contemplando pela última vez os vívidos pepalantus espalhados pelo cerrado. Quase chegando a São João d'Aliança, apeamos no acostamento para fotografar os últimos seres vivos desse recôndito: emas. Eram 6, no total, que partiram em uma disparada desengonçada tão logo perceberam nossa inconveniente presença. Reentramos no Distrito Federal, avançando pelos entornos de Planaltina (e nos sentindo em alguma canção da Legião Urbana) e chegando a Cristalina, Goiás de novo. Desta feita, porém, não descemos para Catalão. Optamos por seguir ao leste pela BR-040. Uma breve ponte sobre o rio São Marcos (o mesmo em que eu quase fora atirado) e já estávamos em Minas Gerais. Passamos pela histórica Paracatu, com suas casinhas coloniais do século XVIII e com o belíssimo Largo do Rosário (cuja igreja foi construída em 1744) bem mantidos. Agora sentido sul, pilotamos por vicinais que nos levaram até Romaria, onde pernoitamos, passando por Coromandeí e Monte Carmelo.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-deuZLkua3bo/UZ0o4ozqp4I/AAAAAAAAKfk/lQZwH0gvL7M/s1600/P1230688.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-deuZLkua3bo/UZ0o4ozqp4I/AAAAAAAAKfk/lQZwH0gvL7M/s320/P1230688.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Emas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-AS0tvMt3ZRU/UZ0o5pkn-lI/AAAAAAAAKf0/NhqnZ578RH0/s1600/P1230698.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-AS0tvMt3ZRU/UZ0o5pkn-lI/AAAAAAAAKf0/NhqnZ578RH0/s320/P1230698.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Largo do Rosário, em Paracatu</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-5uNgpub2xNQ/UZ0o6sKm_HI/AAAAAAAAKgE/qBO7MC4xF8s/s1600/P1230699.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="140" src="http://1.bp.blogspot.com/-5uNgpub2xNQ/UZ0o6sKm_HI/AAAAAAAAKgE/qBO7MC4xF8s/s320/P1230699.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Herança colonial paracatuense</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-06l9wECHv2I/UZ0o6s86h6I/AAAAAAAAKf8/KIBPS9fxOIk/s1600/P1230712.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-06l9wECHv2I/UZ0o6s86h6I/AAAAAAAAKf8/KIBPS9fxOIk/s200/P1230712.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário de Nossa Sra. da Abadia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Romaria, uma cidade de 3 mil habitantes que vive em função do Santuário de Nossa Senhora da Abadia, uma imponente igreja de 1926, nos surpreendeu, devo dizer. Lá conhecemos um preclaro militar que lutou na Guerrilha do Araguaia, do lado das Forças Armadas, e morou próximo ao Xingu, tendo portanto muitas amizades com índios. Não citarei nomes porque esses mineiros de cidades pequenas conversam tão naturalmente, e vão falando, falando, falando sem se preocupar se o ouvinte é conhecido ou não, ou se vai usar aquilo contra eles. Em poucos lugares de São Paulo se pode ter, ainda, conversas como essa, sem se preocupar com possíveis repercussões. No dia 4, ao nos despedirmos de lá com a promessa de um retorno em agosto, quando acontecerá uma grande festa em celebração a Nossa Senhora da Abadia (o ateu novamente se envolvendo em assuntos religiosos), a corrente de transmissão da minha moto se rompeu. Mais uma vez contei com a ajuda dos munícipes para encontrar, às 8 da manhã de um sábado, um mecânico para remendá-la. Encontrado, foi só esperá-lo concluir o serviço, à beira da rodovia, e pagar uma quantia irrisória pelo seu trabalho. Se fosse em São Paulo certamente me escalpelariam. Mais uma prova da generosidade mineira. Numa toada mais lenta, com medo de a corrente estourar novamente, passamos sobre a barragem da represa de Nova Ponte, do rio Quebra-Anzol, e chegamos a Uberaba, seguindo até a divisa com São Paulo pela BR-050. Após o rio Grande revíamos nosso Estado natal, acelerando pelos quilômetros finais até Americana. Encerrava-se uma jornada de 3000km de moto e aproximadamente 100km a pé pelo coração do Brasil, uma região desconhecida pelos que negligenciam o próprios país em detrimento de paisagens estrangeiras. Não que eu ache errado viajar para fora, mas um povo que não conhece o próprio território, a própria História e os próprios recursos é um povo facilmente dominável. Isso dizia um velho andejo, morto na selva boliviana. Isso dizemos nós, a resistência sobre duas rodas. E sobre dois pés também.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">“Amigo de rodinhas, tudo bem por aqui, mas o céu daí deve ser bem mais estrelado. Tire tantas fotos quanto possível; roa pequis; e plote o passeio”. Assim o fiz, meu caro amigo, e espero que, num futuro próximo, realmente ganhemos a vida desta maneira: viajando. Afinal, o que mais tem sentido?</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-OHwYm4Gvgd8/UZ0q3ZGCdCI/AAAAAAAAKgU/hZa-Iufp5p8/s1600/P1230034.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-OHwYm4Gvgd8/UZ0q3ZGCdCI/AAAAAAAAKgU/hZa-Iufp5p8/s400/P1230034.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <u><i><b>aqui</b></i></u>. </span></div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5876732304691272257%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues composto para a Chapada dos Veadeiros, no coração do Brasil, e para Romaria, em Minas Gerais, cuja benevolência de seu povo carregarei para sempre comigo.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/eRTo1JMMd_c" width="540"></iframe></div>
</div>
</div>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-83314823897644803272013-04-15T06:14:00.000-07:002013-04-15T19:24:05.446-07:00Arenito de Vila Velha e Cânion Guartelá – de 29 a 31 de março de 2013<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="margin: 0px 50px;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-XTcBaXvvlHI/UWvstulZMoI/AAAAAAAAKKA/EeYldso-gXo/s1600/P1150969.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-XTcBaXvvlHI/UWvstulZMoI/AAAAAAAAKKA/EeYldso-gXo/s400/P1150969.JPG" width="400" /></a></span></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">“Nascido e criado sou nestas terras e nunca tive vontade de estar nos locais para os quais estão indo ou de onde estão vindo, piá”. Com essa frase, notadamente uma aceitação da própria passividade de um frentista de Castro, no Paraná, abro essa postagem que, na verdade, é mais uma tentativa falha e enfadonha de dar algum sentido a todas as minhas perambulações motociclísticas e pedestrianistas pelo Brasil. Escrevo poucas linhas por dia, e estas são eivadas de curtas e difusas sentenças, devido a uma pusilanimidade imposta não por minha periclitante e irrequieta personalidade, mas pela ausência daqueles momentos de ócio tão necessários à sobriedade e ao encontro das palavras ideais. Enfim, numa lufada de atrevimento ouso me comparar ao homem citado que, por livre escolha, escolheu a estática, o hirto modo de testemunhar a vida passar sem que um de seus músculos se contraia para modificar a realidade. Eu, por minha vez, busco o movimento, a inquietude que inflama minhas bases e não permitem que meus pés permaneçam na mesma posição por muito tempo. Malgrado todas essas dessemelhanças, penso, somos iguais, sujeitos que lutam pela própria singularidade contra um par de mandrágoras, pequenos demônios que rastejam na penumbra sob as camas do ideário popular: a paz e a guerra. Ele, na guerra pela subsistência, almeja a paz que teoricamente trará o alívio que o trabalho estafante o nega; e eu, na pseudo paz e segurança do meu trabalho rotineiro como funcionário público, aspiro a “guerra” que, dentre outras coisas, possibilita o movimento, o sentir-se vivo ao confrontar-me com o incomum.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-wtqwRZLrVsU/UWvtGlA9-SI/AAAAAAAAKKU/LDo_DvBZF8o/s1600/P1160207.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-wtqwRZLrVsU/UWvtGlA9-SI/AAAAAAAAKKU/LDo_DvBZF8o/s200/P1160207.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Companheiros de aventura</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A ideia de conhecer o conjunto arenítico de Vila Velha, em Ponta Grossa, no meu Estado materno do Paraná, é tão antiga quanto a minha vontade de virar às costas à minha cidade natal, Americana, para desbravar esse Brasil socialmente mal distribuído e, ambientalmente falando, magistralmente composto, onde a beleza cênica natural contrasta com a miséria, a desigualdade e notadamente a desonestidade. Contudo, a postergação de tal empreitada foi, repetidas vezes, necessária, uma vez que feriados mais longos pediam viagens mais longas. Cheguei inclusive a passar por Ponta Grossa no fim do ano de 2012, mas a premência de alcançar o <a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2013/01/rota-das-missoes-e-chui-de-18-27-de.html" target="_blank"><u><i><b>Rio Grande do Sul</b></i></u></a> impediu-me de por lá atracar, mesmo que para uma concisa visita. Desta feita, porém, dispunha de três dias, tempo escasso para uma incursão longa e elongado em demasia para uma pequena aventura. Foi aí que voltei meus olhos para o sul, investigando fontes e mais fontes de informações sobre o Parque Estadual de Vila Velha, criado pelo governo do Paraná com o intuito de resguardar o que as intempéries vem desbastando desde a época em que tudo era gelo sobre o mega continente <i>gondwana</i>, isso há 300 milhões de anos. Não seria, a princípio, uma aventura propriamente dita, pois o caminho até o parque não é, nem de longe, dificultoso, haja vista toda a estrutura turística que o cinde. Não obstante, a existência de outros atrativos de difícil acesso – e por esse motivo menos visitados – na Serra de Itaiacoca, que se eleva nos entornos do perímetro de Vila Velha, garantiria o laivo de perigo sempre tão aspirado por pessoas como Thiago Lucas e Luana Romero, companheiros de viagem, e logicamente por mim. Como bônus, se arestas de minutos nos restassem, conheceríamos, no retorno, um naco dos 32km de extensão do cânion do rio Iapó, o Guartelá, entre Tibagi e Castro, também no Estado do Paraná.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-lczIVkw9iyk/UWvtGE6qRxI/AAAAAAAAKKM/JC8mHFNZ5k4/s1600/P1150723-001.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="149" src="http://4.bp.blogspot.com/-lczIVkw9iyk/UWvtGE6qRxI/AAAAAAAAKKM/JC8mHFNZ5k4/s200/P1150723-001.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A testemunha da partida</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A partida de Americana, mais precisamente do bairro Praia Azul, se deu às 6 da manhã de uma sexta-feira que, pensávamos, seria toda dispendida na estrada. Afinal, os 550km que separam nossa cidade e a de Ponta Grossa, no planalto paranaense, são todos praticamente compostos por rodovias de mão dupla, o que somado ao feriado poderia significar lentidão extrema. Não foi o caso, felizmente, e rapidamente vencemos a SP-304, um trecho da Rodovia do Açúcar, a Estrada do CEASA, em Piracicaba, e a SP-127, na qual permanecemos, sempre com a companhia dos canaviais, até Itapetininga. Acessamos a Raposo Tavares, sentido Capão Bonito, e pouco antes desse município pendemos para o oeste pela rodovia Francisco Alves Negrão, na qual as grandes araucárias e o cerrado começam a tomar conta dos acostamentos. Deixamos Itapeva para trás e acompanhamos o traçado do rio Verde, apeando posteriormente em Itararé para um breve descanso e reabastecimento de nossas motos. Nos últimos quilômetros dentro do Estado de São Paulo, descemos o vale do rio Itararé, apeamos novamente sobre sua ponte e descemos, a pé, o íngreme flanco sul do mesmo para registrar uma pequena, mas garbosa cachoeira do córrego da Prata, que em seus últimos metros, com uma ajuda da gravidade, encontrava com o Itararé, potencializando-o. Deixada ficou em meu imo uma triste impressão olfativa. O odor não era nada agradável, e tanto o Itararé, importante afluente do aclamado rio mais limpo do Estado de São Paulo, o Paranapanema, quanto o córrego da Prata exalavam o malcheiroso descaso com o nosso corpo hídrico.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-E0fbct4L4XQ/UWvtG8vQZlI/AAAAAAAAKKg/GfDFOFPGEYo/s1600/P1150725.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-E0fbct4L4XQ/UWvtG8vQZlI/AAAAAAAAKKg/GfDFOFPGEYo/s320/P1150725.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale do rio Itararé</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Ext-UPkKPVU/UWvtGeJE5mI/AAAAAAAAKKk/T0uUiIZ75yM/s1600/P1150739.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-Ext-UPkKPVU/UWvtGeJE5mI/AAAAAAAAKKk/T0uUiIZ75yM/s320/P1150739.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do córrego da Prata</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-AJt8B4OJkOA/UWvuc7KX6RI/AAAAAAAAKLE/08Avx9A9ce4/s1600/P1150801.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-AJt8B4OJkOA/UWvuc7KX6RI/AAAAAAAAKLE/08Avx9A9ce4/s200/P1150801.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pinus em solo paranaense</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Em frente, agora em solo paranaense e sulista, atravessamos vários rios de cerrado, rasos e com o leito cimentado por rochas acinzentadas, inteiriças e planas, de nomes estranhos, como o Invernadinha e o das Mortes. Entrecortamos Sengés e, na cidade sequente, Jaguariaíva, paramos para registrar uma cachoeira facilmente acessível, vista da própria PR-151, rodovia na qual pilotávamos desde a divisa de Estados. Tratava-se do Cachoeirão do rio Capivari, uma larga queda de talvez cinco metros ladeada por um pequeno cânion. De um mirante, uma espécie de <i>deck</i> de madeira montado pela prefeitura, obtém-se um belo visual, mas descendo-se a trilha, a pé, em direção à base da cachoeira, nota-se o descaso dos frequentadores locais. Lixo, dejetos humanos e restos de uma recente farra dedicada a Baco. Sempre gostei de lugares poucos acessíveis por esse motivo, pois raramente se encontram tão depredados, visto ser o trânsito de pessoas consideravelmente menor. É a segunda vez que passo por essas paragens e pela segunda vez ela me causa uma má impressão. Nas fotos, que representam parte de uma realidade e não sua completude, logicamente parece ser uma paragem aprazível, mas a não agradabilidade nos fez continuar o nosso caminho na PR-151, passando por Castro, onde avistamos as placas que apontam estradas para o Cânion Guartelá, o qual, por ora, negligenciaríamos. Exatamente às 13:30h, envoltos por um frio suportável, atracávamos em Ponta Grossa, uma cidade de 320 mil habitantes que, por ser turística, nos fez penar em encontrar algum lugar barato para pernoitar.</span><br />
<br />
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_1268485626"></span><span id="goog_1268485627"></span> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/--q_ct-B57Fw/UWvuN-6aSbI/AAAAAAAAKK8/wu26_H1-pVM/s1600/P1150758.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/--q_ct-B57Fw/UWvuN-6aSbI/AAAAAAAAKK8/wu26_H1-pVM/s320/P1150758.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeirão do rio Capivari, em Jaguariaíva</td></tr>
</tbody></table>
</span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-n5WanjYDonk/UWvuNoC5EBI/AAAAAAAAKKw/beC8n6lTV8Y/s1600/P1160362.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-n5WanjYDonk/UWvuNoC5EBI/AAAAAAAAKKw/beC8n6lTV8Y/s320/P1160362.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponta Grossa</td></tr>
</tbody></table>
</div><br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-vBe9fkfaolM/UWvvPALVU1I/AAAAAAAAKLU/SJUrgZLiG44/s1600/P1150824.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-vBe9fkfaolM/UWvvPALVU1I/AAAAAAAAKLU/SJUrgZLiG44/s200/P1150824.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capão da Onça</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_1268485632"></span><span id="goog_1268485633"></span>Livres do excesso de peso e com ainda boa parte do dia 29 para aproveitar, optamos por não ir diretamente ao Parque Estadual de Vila Velha, nosso escopo, e rumar para a Rodovia do Talco. Esta, asfaltada via que liga o centro à porção leste da zona rural, é a espinha dorsal de onde se ramificam as estradas de chão que levam a praticamente todos os atrativos naturais dos campos gerais de Ponta Grossa. Enveredamo-nos logo por uma das primeiras, ao norte, e em meio a amarelecidas plantações de soja calhamos em um local conhecido como Capão da Onça, dentro de uma propriedade particular. Foi-nos cobrada uma taxa de R$5,00 e, a pé, trilhamos as margens do rio da Onça, que em seu curso de águas serenas oferece sequências de pequenas cachoeiras e poços para banho, sempre com uma água que, de tão translúcida, reflete as nuvens do céu feito o mais cristalino espelho. A vegetação é predominantemente rasteira, com um pinheiro aqui ou acolá. Há resquícios de uma barragem logo no começo da trilha, mas notadamente dali não se obtinha energia elétrica. Funcionava, talvez, como um reservatório de água para o sítio que tem a propriedade sobre esse pedaço do rio. Encantei-me com o conjunto do cenário em si, com o rio escorregando, caudaloso, pelos tobogãs petrificados de seu leito, formando escadarias extensas de pequenos degraus até, finalmente, ser despejado, com a ajuda sempre oportuna da gravidade, em uma queda maior, formando um poço ladeado por grutas e rochedos de talvez sete ou oito metros de altura. Enfim, como uma abre-alas para a região dos campos gerais, usando-me de uma expressão tupiniquim, veio bem a calhar. Partiríamos, agora, para o segundo atrativo, mesmo tendo informações fidedignas de que não o encontraríamos aberto à visitação.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-YEUGfOlopbg/UWvvPc1fYBI/AAAAAAAAKLk/Fkq1SNJAR-M/s1600/P1150784.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-YEUGfOlopbg/UWvvPc1fYBI/AAAAAAAAKLk/Fkq1SNJAR-M/s320/P1150784.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vestígios de uma barragem</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-JGaTazvhcWI/UWvvPgYmikI/AAAAAAAAKLs/Quzr-3wIBWI/s1600/P1150793.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-JGaTazvhcWI/UWvvPgYmikI/AAAAAAAAKLs/Quzr-3wIBWI/s320/P1150793.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ao fundo, uma plantação de soja</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-rWQQ_bpqukk/UWvvPwgUkpI/AAAAAAAAKLo/io4-lgkb_4I/s1600/P1150838.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-rWQQ_bpqukk/UWvvPwgUkpI/AAAAAAAAKLo/io4-lgkb_4I/s320/P1150838.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Última queda</td></tr>
</tbody></table>
</div><br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Cfa_NROzC4o/UWvwC6AKLjI/AAAAAAAAKL0/jaJjz1S1eFM/s1600/P1150866_stitch.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-Cfa_NROzC4o/UWvwC6AKLjI/AAAAAAAAKL0/jaJjz1S1eFM/s320/P1150866_stitch.jpg" width="146" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Buraco do Padre</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Retornando à Rodovia do Talco, avançamos a leste até avistarmos as setas indicativas para o Buraco do Padre, nosso próximo objetivo. Adentramos uma estrada de chão mista de areia, pedregulho e terra, o que por si só já garantiu boas doses de emoção. Após 11km encontramos uma placa que, em claro português, explicitava estar o local fechado à visitação pública para adequação turística, ou algo parecido. Já pensávamos em retornar, cabisbaixos, quando avistamos um carro, com um senhor ao volante, vindo de uma estrada aberta poucos metros após o aviso. Interpelado, o senhor confirmou a existência de uma trilha, uma picada que facilmente poderíamos vencer, chegando ao começo da trilha a pé para o tal Buraco do Padre. Assim o fizemos, mas o que, nas palavras do homem, seria facilmente vencido, se transformou numa enxaqueca aguda. Num declive totalmente irregular, já nos metros finais, nossas motos chegaram a saltar. Para piorar a situação, logo ao Luana apear para que eu estacionasse a moto em um lugar adequado, ao lado da de Thiago, meu pé esquerdo tateou o chão, falseou por duas vezes e minha moto encontrou-se com o solo fofo e gramado do local. É ruim ver quem você ama jogado ao chão. Com a ajuda de Thiago e de mais dois sujeitos que circulavam pelo local, também de moto e tão inconsequentes quanto nós, a colocamos de pé e partimos pela trilha a pé, beiradeando o rio Quebra Perna em sentido contrário ao seu curso. Menos de trezentos metros depois nos abrigávamos em uma gruta, de onde provinha o rio, e afundando-nos pela baixa luz avistamos uma claraboia e uma cachoeira de cerca de 10 metros. Esse é o Buraco do Padre, uma caverna de rochas engruvinhadas, úmido por ser entrecortado pelo respeitável rio Quebra Perna e cindido por uma bela queda. É um lugar único. Já vi cachoeiras dentro de grutas no PETAR, mas com uma escotilha com acesso direto ao firmamento, logo acima, foi a primeira vez. Em suma, uma queda compensou a outra. Dizem que, aqui, jesuítas rezavam e pediam inspiração aos céus. Não é de se duvidar, visto ser essa uma terra onde os índios nativos, os Umbu, eram submetidos à catequização.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-wwsBQ8Ocf2A/UWvwDKIsl5I/AAAAAAAAKME/VqaD7EJ06Pc/s1600/P1150881_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-wwsBQ8Ocf2A/UWvwDKIsl5I/AAAAAAAAKME/VqaD7EJ06Pc/s320/P1150881_stitch.jpg" width="180" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista frontal</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-b9hE4IbJtGs/UWvwDKuySJI/AAAAAAAAKMA/BEjZjORrbVU/s1600/P1150887.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-b9hE4IbJtGs/UWvwDKuySJI/AAAAAAAAKMA/BEjZjORrbVU/s320/P1150887.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Detalhe das paredes da gruta</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-_zFDGLNve3w/UWvxRjRaJ9I/AAAAAAAAKMY/ELJfEd_L-to/s1600/P1160204.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-_zFDGLNve3w/UWvxRjRaJ9I/AAAAAAAAKMY/ELJfEd_L-to/s200/P1160204.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Passo do Pupo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Onze quilômetros pela mesma estrada de chão calamitosa e de volta estávamos à rodovia asfaltada do Talco. Já eram passadas 17h, e mesmo com o astro rei ameaçando debandar para o oriente decidimos segui para o leste, em busca, agora, das chamadas Furnas Gêmeas. Chegamos ao povoado de Passo do Pupo, pertencente ainda a Ponta Grossa, um conglomerado daquelas casinhas paranaenses típicas do sítio e de algumas cidades menores, de fundações e paredes unicamente de madeira. As mais antigas apresentam portas e janelas também de rústicas tábuas, enquanto as mais novas utilizam madeira com quadradinhos de vidro. Estão geralmente impecáveis, pintadas com zelo e rodeadas por um jardim nem sempre tão zelado assim. De Passo do Pupo se ramifica, ao sul, uma outra estrada de chão, e nela pilotamos por cerca de 2km até, com a falta de luz, optarmos por regressar ao centro de Ponta Grossa, postergando a exploração da área para o outro dia, caso a estadia no Parque Estadual de Vila Velha não se prolongasse por toda a tarde. Na Rodovia do Talco, acelerando de volta para as amplas avenidas ponta-grossenses, testemunhamos a passagem de um veado-campeiro (devido à falta de luz a foto ficou sofrível, mas vale pelo registro) e o resgate de um motociclista que, por algum infortúnio ou descuido, em uma curva, deslizou pelo mato ralo que bordeja a estrada. Lembrei-me que, momentos antes, vociferara impropérios à queda boba no Buraco do Padre, no qual nem eu e nem minha moto sofremos avarias. O pobre homem e sua moto não tiveram a mesma sorte. Aquele jargão “tem sempre alguém pior do que a gente” me veio à memória e me acompanhou pelos sequenciais, enfadonhos e demorados semáforos que nos separavam do nosso local de pernoite.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-IXXNmZz2RpU/UWvxRSvr2fI/AAAAAAAAKMc/9tBj1ysOf6A/s1600/veado.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-IXXNmZz2RpU/UWvxRSvr2fI/AAAAAAAAKMc/9tBj1ysOf6A/s320/veado.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Veado-campeiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-L8kj_OY9fZE/UWvxRU23psI/AAAAAAAAKMQ/KX2u0n7pHsQ/s1600/P1150902.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-L8kj_OY9fZE/UWvxRU23psI/AAAAAAAAKMQ/KX2u0n7pHsQ/s320/P1150902.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A noite de Ponta Grossa</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-b6A15f98rRU/UWvyF-YeAlI/AAAAAAAAKMo/_ApkAHkMScA/s1600/P1150907.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-b6A15f98rRU/UWvyF-YeAlI/AAAAAAAAKMo/_ApkAHkMScA/s200/P1150907.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Campos Gerais</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 30, logo pela manhã, levamos a cabo o que propuséramos desde o início: conhecer o Parque Estadual de Vila Velha. Para lá nos dirigimos, via BR-376, e dezesseis quilômetros depois, já circundados pelos campos gerais, abriam-se as cancelas do parque e apeávamos em seu estacionamento. Do próprio estacionamento, e indo em direção ao Centro de Visitantes, avista-se por todos os lados a vegetação rasteira e aberta que constitui os campos gerais, cuja hegemonia é ora ou outra quebrada por capões de mata densa e fechada, notadamente nos vales por onde correm os rios límpidos nascidos na Serra de Itaiacoca. Fomos recepcionados pelo pessoal do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) que, num sucinto elóquio, apresentou-nos os atrativos que poderiam ser visitados mediante um pagamento de R$18,00 por cabeça, incluso o ônibus que nos levaria ao início de cada trilha e os guias que explanariam a formação das furnas e dos conjuntos areníticos. Sem demoras, então, embarcamos no primeiro ônibus, juntamente com outros turistas, e em cinco minutos, por vias asfaltadas dentro do parque, desembarcamos no princípio da trilha dos arenitos, que calçada por pedras de quatzito nos deu passagem em meio ao magnífico Arenito de Vila Velha. São rochas areníticas enormes, algumas com 40 metros de altura, de aspecto ferruginoso, avermelhado, segundo o guia devido ao óxido de ferro que reveste o arenito. Ainda segundo ele, essas rochas foram formadas na <i>gondwana</i>, continente único e recoberto por gelo que existiu há 340 milhões de anos. Com o deslocamento das placas tectônicas os continentes foram se separando, surgiu o Oceano Atlântico, entre a América e a África, e o degelo revelou o que jazia perene sob sua superfície. O Arenito de Vila Velha é uma dessas revelações. Tudo ao seu redor sofreu alterações devido às intempéries, e ele permaneceu ali, forte, também afetado pela água da chuva, que o esculpe paulatinamente, mas mais resistente do que o resto devido ao óxido de ferro e outros metais que o compõe.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-oert78elscU/UWvyUx1YSRI/AAAAAAAAKM4/FKfhnD5NI78/s1600/P1150955.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-oert78elscU/UWvyUx1YSRI/AAAAAAAAKM4/FKfhnD5NI78/s320/P1150955.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-vBvUYUoZ7-Q/UWvyUtEXsEI/AAAAAAAAKM8/Wd1wdGFFQZE/s1600/P1150962.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-vBvUYUoZ7-Q/UWvyUtEXsEI/AAAAAAAAKM8/Wd1wdGFFQZE/s320/P1150962.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-bX1RyVSZLL4/UWvyVG4UKaI/AAAAAAAAKNA/EftP9tcjtjU/s1600/P1150980.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-bX1RyVSZLL4/UWvyVG4UKaI/AAAAAAAAKNA/EftP9tcjtjU/s320/P1150980.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arenito de Vila Velha</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_Bda541jQis/UWvyUhKm3uI/AAAAAAAAKM0/UGpAw3Z6L8E/s1600/P1150927.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-_Bda541jQis/UWvyUhKm3uI/AAAAAAAAKM0/UGpAw3Z6L8E/s200/P1150927.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Comparação de altura</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Não quero tecer aqui meus comentários acerca do formato das rochas que formam o Arenito Vila Velha. Algumas pessoas são facilmente sugestionáveis e podem concordar que isso parece tal coisa e aquilo parece outra. O certo é que existem formas bem peculiares, como uma bota, um castelo, um camelo e uma taça, mas estas, quando relevado um olhar mais analítico, certamente lembrariam outros objetos ou animais. Em síntese, para mim, e somente para mim, não é a figura de uma ou outra rocha que encanta, mas sim a união de todas na formação de um cenário único, que talvez não possa ser visto em nenhuma outra parte do mundo. Por ser, como já frisado, suscetível à água da chuva, que se infiltra em seus poros e o desbasta, sabemos que, em um dia por vir, tudo se perderá. Vila Velha está em extinção, um processo irreversível que a extirpará em um futuro breve ou distante e que, como muitos outros processos, não podemos antever com exatidão. Enquanto isso, bromélias e outras plantas salpicam as “ruínas” do conjunto arenítico fadado a constantes e metamorfoseadores desabamentos, que a cada dia as dão novos delineios, mas sem abalar, por enquanto, suas características de vila abandonada, sua personalidade, sua aura medieval. A satisfação de terminar a trilha na taça, cartão postal do Parque Estadual de Vila Velha, e ver aquela figura que a maioria das pessoas apenas verá em imagens na internet, me trouxe uma satisfação tremenda, e ao cruzarmos um bosque no regresso ao ônibus, comentávamos entre nós que, apesar de o local ser turístico em demasia, ainda assim é um daqueles lugares comuns que se deve visitar antes de fenecer, a exemplo das Cataratas do Iguaçu, também no Estado do Paraná.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-RMcU5CEV0b4/UWylV_ugyhI/AAAAAAAAKSE/QsTKhFTIoh4/s1600/P1150932.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-RMcU5CEV0b4/UWylV_ugyhI/AAAAAAAAKSE/QsTKhFTIoh4/s320/P1150932.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Camelo</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-nHiI1Bs9RjQ/UWvyVavTMfI/AAAAAAAAKNY/zvImPrdNgQ4/s1600/P1150988.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-nHiI1Bs9RjQ/UWvyVavTMfI/AAAAAAAAKNY/zvImPrdNgQ4/s320/P1150988.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bota</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Si8T8fKnLwU/UWvyVovqI4I/AAAAAAAAKNU/hBGXyDuoUrE/s1600/P1160013.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-Si8T8fKnLwU/UWvyVovqI4I/AAAAAAAAKNU/hBGXyDuoUrE/s320/P1160013.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Taça</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-roAspiv-ax8/UWvz3jKzUAI/AAAAAAAAKNs/R_hO7XGJVcs/s1600/P1160047_stitch.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-roAspiv-ax8/UWvz3jKzUAI/AAAAAAAAKNs/R_hO7XGJVcs/s320/P1160047_stitch.jpg" width="178" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Furna</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Reembarcados no ônibus, serpenteamos pelas estradas bem asfaltadas no interior do parque em direção a duas das sete furnas presentes em seu território. Para quem não está habituado com o termo, uma furna é uma cova de formato aproximadamente cilíndrico, com paredes verticais. É, em síntese, um abismo de pequenas proporções, resultado do desabamento de um teto de arenito. Em seu fundo pode haver água, resultado do lençol freático que infiltra pelas paredes porosas, ou simplesmente uma densa mata. Essas duas, separadas por apenas alguns metros, continham água, mas a primeira, devo dizer, não era possível fotografar. Faltava um mirante elevado, por assim dizer, para que o registro se tornasse interessante. A segunda, essa sim, escancarava-se. Há nela, inclusive, um elevador belga da década de 1930, hoje desativado, no qual se descia os mais de 50m até o fundo. Dizem que consumia muito óleo diesel e graxa e, portanto, foi inviabilizado por ser contrário às prerrogativas da sustentabilidade que permeiam a política de um Parque Estadual. Coroando a rápida visita desses dois exemplos de cavernas verticais, seguimos com o ônibus para mais uma, mas que devido à grande quantidade de água passou a ser chamada de lagoa. A Lagoa Dourada, de águas translúcidas, revelava peixes que serenamente nadavam em seus meros 5m de profundidade. Meus pífios conhecimentos de piscicultura me permitiram identificar apenas o curimba. Admito que, apesar da fama, não discerni tom algum de dourado em sua superfície cristalina. Dizem os guias que tal tom se evidencia no fim do dia, com o sol poente. Algumas pessoas garantiram enxergar a cor áurea. Contudo, lembremos que o brasileiro é, devido a nossa mania de obter informações previamente digeridas, facilmente sugestionável. Que cada um tire suas próprias conclusões mediante a visualização das fotografias. Ou que vá até lá em um momento oportuno.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-0GgKeEQSdJ0/UWv0Swm_moI/AAAAAAAAKOQ/MwXybV8VUHQ/s1600/P1160058.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-0GgKeEQSdJ0/UWv0Swm_moI/AAAAAAAAKOQ/MwXybV8VUHQ/s320/P1160058.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Plataforma de chegada do antigo elevador belga</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-1bR3SEFjbXc/UWvz3z-62AI/AAAAAAAAKN8/UuaTwrMmzIg/s1600/P1160074.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-1bR3SEFjbXc/UWvz3z-62AI/AAAAAAAAKN8/UuaTwrMmzIg/s320/P1160074.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lagoa Dourada</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-WMjLGpdAyZc/UWvz4AK-f8I/AAAAAAAAKOI/5SA_Zm20dMI/s1600/P1160082.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-WMjLGpdAyZc/UWvz4AK-f8I/AAAAAAAAKOI/5SA_Zm20dMI/s320/P1160082.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Curimba</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-M7nQwsffDas/UWv1Jc05RQI/AAAAAAAAKO0/zXdarRv69rU/s1600/P1160097.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-M7nQwsffDas/UWv1Jc05RQI/AAAAAAAAKO0/zXdarRv69rU/s200/P1160097.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Furnas Gêmeas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Eram ainda 12h quando deixamos o Parque Estadual de Vila Velha. Tomara menos tempo do que deliberáramos. Instaurou-se, então, o momento bônus da incursão. Com as coordenadas de mais duas furnas, fora da abrangência do parque, e de mais duas cachoeiras, voltamos pela BR-376, localizamos um atalho, pedregosa estrada de terra, e 10km depois encontrávamos a Rodovia do Talco, a mesma do dia anterior. Passamos novamente por Passo do Pupo e, ao invés de seguirmos pelo asfalto rumo a Biscaia, adentramos uma outra insidiosa estrada de chão, mista de pedregulho, terra batida e areia, sentido sudeste. Desviando de colheitadeiras de soja chegamos ao princípio da trilha a pé para as chamadas Furnas Gêmeas. Escanteamos nossas motos e palmilhamos a curta picada até as duas covas que, dessemelhantes às de Vila Velha, são recobertas por uma opulenta mata, e não inundadas por água. São dois panelões de aproximadamente 50 metros de diâmetro cada, dispostos um ao lado do outro e separados apenas por uma ponte de pedras. A rala vegetação dos campos gerais ocupam os entornos de suas bocas, sobrevivendo no terreno pedregoso que, de tão irregular, rendeu um bom tombo ao meu camarada Thiago Lucas. Por sorte não caiu dentro de uma delas. Olhando com certa atenção encontramos uma trilha, e por ela descemos a segunda furna. O declive é íngreme e o mato denso. Como esperado, no fundo não havia água empoçada. Apenas gotículas caíam do alto, talvez provenientes de um lençol freático paralelo que se infiltra pelos “poros” do arenito, material das “paredes”. Como praticamente tudo nessa região, a relação entre água e rocha arenítica determina a disposição dos elementos. A sensação de estar no fundo da furna, contudo, determina outra coisa: a solidão. Ausência total de sons naturais. Cada passo no barro ecoa demoradamente, amplificado por uma concha acústica montada pela própria natureza. São pelos menos 30 metros de altura – ou de profundidade – para cada uma dessas gêmeas univitelinas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-BTMqHekh6Zw/UWv1DLgFkBI/AAAAAAAAKOs/-ytbGAxsclE/s1600/P1160125.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-BTMqHekh6Zw/UWv1DLgFkBI/AAAAAAAAKOs/-ytbGAxsclE/s320/P1160125.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tamanho de uma das furnas em relação a um ser humano</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-XVmu0JDjbwk/UWv1CwPThvI/AAAAAAAAKOg/p78ecPK21-s/s1600/P1160103.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-XVmu0JDjbwk/UWv1CwPThvI/AAAAAAAAKOg/p78ecPK21-s/s320/P1160103.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vegetação rala nos entornos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-OMXq9tL7tJI/UWv1DYw6xkI/AAAAAAAAKOw/MpW1xpoo74Y/s1600/P1160113.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-OMXq9tL7tJI/UWv1DYw6xkI/AAAAAAAAKOw/MpW1xpoo74Y/s320/P1160113.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Interior de uma das furnas</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-WK35WGZCFnM/UWv2K7m13MI/AAAAAAAAKPE/WoNqJGQ0Lqo/s1600/P1160133.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-WK35WGZCFnM/UWv2K7m13MI/AAAAAAAAKPE/WoNqJGQ0Lqo/s200/P1160133.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa típica do sítio paranaense</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Reavendo nossas motos e as recolocando na insidiosa – desculpas pela redundância – estrada de chão com curtos trechos de areia, a coqueluche dos motociclistas, descemos o vale do rio Quebra Perna (o mesmo do Buraco do Padre) por entre sítios e casebres de madeira que emanam um certo charme nostálgico, rememorando aqueles tempos em que eu visitava meus parentes maternos em outras bandas do Paraná. Dez quilômetros depois aportávamos no sítio que detém a cachoeira da Mariquinha em seus domínios. Mediante um pagamento de R$5,00 por cabeça fomos autorizados a palmilhar a trilha, em meio a uma mata densa que a luz solar não se atrevia a invadir. Por mais de 20 minutos caminhamos, e num estirão final fomos recebidos por um vistoso arco-íris, de pequena parábola, tendo uma base na água imediatamente após a cachoeira e a outra numa espécie de praia formada pela areia às margens do rio Quebra Perna. À esquerda, esplendorosa, escorria, de seus 30 metros, a cachoeira da Mariquinha, larga, portentosa. Borrachudos me atacavam vorazmente, visando principalmente minhas mãos, que a certa altura se entumesceram devido às constantes investidas. Demoraríamo-nos mais por ali se Thiago conseguisse efetivamente banhar-se nas águas da cachoeira, mas foi dissuadido logo ao primeiro contato com o congelante líquido proveniente do alto da Serra de Itaiacoca. Por mencionar tal serra, regressando ao sítio, pela outra margem, para reagruparmo-nos às nossas motos e voltar para o centro urbano de Ponta Grossa, registramos as imensas montanhas de pedra que a compõem, além logicamente do sempre presente gibão-de-couro, amante incondicional das rochas do cerrado e dos campos gerais.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-PvenJqL7vIY/UWv2K-96d5I/AAAAAAAAKPU/ipOlItMZF2o/s1600/P1160144.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-PvenJqL7vIY/UWv2K-96d5I/AAAAAAAAKPU/ipOlItMZF2o/s320/P1160144.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira da Mariquinha</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ayLWxG1iFW8/UWv2K2ul2xI/AAAAAAAAKPQ/EObMpW39tQ4/s1600/P1160190.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-ayLWxG1iFW8/UWv2K2ul2xI/AAAAAAAAKPQ/EObMpW39tQ4/s320/P1160190.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Trilha de volta</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-MKz8E2Yg3Ys/UWv2hFflDdI/AAAAAAAAKPY/s_QBnN7_94c/s1600/P1160136.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-MKz8E2Yg3Ys/UWv2hFflDdI/AAAAAAAAKPY/s_QBnN7_94c/s320/P1160136.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paisagem da Serra de Itaiacoca</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/--6bLcVbeU_s/UWv3DVR2DEI/AAAAAAAAKPg/XyBxybZ5RgM/s1600/P1160132.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/--6bLcVbeU_s/UWv3DVR2DEI/AAAAAAAAKPg/XyBxybZ5RgM/s200/P1160132.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Colheita da soja </td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">De volta ao Passo do Pupo, gastamos a última hora de luz que nos restava para seguir ao leste rumo a Biscaia, povoado do qual não tínhamos informação alguma. O asfalto da Rodovia do Talco nos acompanhou até ele por um trecho sinuoso que, das raras clareiras e pontos altos, possibilitavam a vista, ao longe, da Serra de Paranapiacaba, onde se encontra a nascente do rio Ribeira de Iguape, inspiração para uma de minhas próximas aventuras pelo Vale do Ribeira. Em Biscaia, sempre mais do mesmo. Casebres de madeira rústica, um pequeno bar e muita simplicidade. Foi nele que mordiscamos algo após quase 10 horas sem comida. É engraçado como o corriqueiro ato de comer é negligenciado quando o afã de conhecer novas paisagens está em modo operante. Foi nele também que dois motociclistas, vindos de Ponta Grossa, se embasbacaram com o estado deplorável de nossas motos, a essa altura recobertas por terra e de faróis salpicados por insetos. Os lugares mais belos geralmente o são por usarem a inacessibilidade como método de defesa e evolução. Lembrei-me do clássico livro O Mundo Perdido, de Conan Doyle, que serviu inclusive de inspiração para um série televisiva de muito sucesso no fim dos anos 1990 e princípio dos 2000, no qual o escritor retrata a descoberta de uma chapada, que criam inalcançável, em pleno coração da floresta amazônica. Quando, com muita faina, o escalaram, no topo descobriram formas de vida distintas, endêmicas, e outras tantas que já haviam sido extintas em outras regiões. Guardadas as proporções, eu diria que nos campos gerais conhecemos locais acessíveis, sim, mas com certa dificuldade, e por isso ainda sustentam aquela beleza praticamente intocada pela mão humana. Foi esse pensamento que me acompanhou pela Rodovia do Talco de volta ao centro urbano de Ponta Grossa.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-mKwQfcDggb4/UWv3owDSO4I/AAAAAAAAKP8/tPvmwwX24l0/s1600/P1160215.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-mKwQfcDggb4/UWv3owDSO4I/AAAAAAAAKP8/tPvmwwX24l0/s320/P1160215.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-uiJIzN0qGqc/UWv3pcOvXNI/AAAAAAAAKQE/pjOokz8vraY/s1600/P1160213.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-uiJIzN0qGqc/UWv3pcOvXNI/AAAAAAAAKQE/pjOokz8vraY/s320/P1160213.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagens de Biscaia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-QLyRiAFre34/UWv4gUk91zI/AAAAAAAAKQQ/H3nqQBxipv4/s1600/P1160274.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-QLyRiAFre34/UWv4gUk91zI/AAAAAAAAKQQ/H3nqQBxipv4/s200/P1160274.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do rio São Jorge: parte alta</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 31, após um dia e meio de ligeira e proveitosa estadia em Ponta Grossa, começamos a regressar. Faltava-nos, ainda, conhecer a cachoeira do rio São Jorge, a nordeste do centro urbano. Bem cedo localizamos uma estrada de terra que partia do povoado de Rio Verde e, passando sob um túnel ferroviário, seguimos errando pelos pedregulhos até uma outra estrada de chão, que culminou exatamente no sítio no qual se encontra a dita cachoeira. Acreditávamos ser uma queda d'água de menor porte, mas logo ao apearmos por lá, onde também funciona um <i>camping</i>, vimos algumas fotos que derrubaram por terra nosso pré conceito. Agora mais curiosos, e mediante o pagamento de uma taxa de R$8,00, seguimos a pé pela trilha que beiradeia o rio São Jorge, visualizando a princípio pequenas quedas de não mais de 4 metros de altura. É a chamada parte alta da cachoeira, em que o rio vem errando por um leito pedregoso, acompanhado de perto pelos campos gerais e, um pouco mais acima, por plantações de soja e suas imensas colheitadeiras. Andamos um bom trecho e, da ponta de uma bloco maciço, a cachoeira maior se revelou, bem como o cânion que a empareda. Não obstante, augurávamos uma vista frontal, e por esse motivo descemos o vale pela lateral esquerda do cânion, onde contamos com a ajuda de escadas de ferro colocadas em locais estratégicos pelos proprietários do sítio. Todo o esforço foi recompensado. A vista da queda de 43 metros, à exemplo da de Mariquinha também cindida por um minúsculo arco-íris, coroou nobremente nossa passagem pelos campos gerais de Ponta Grossa. O rio São Jorge cavou seu leito e consolidou seu curso entre paredes gigantescas, imponentes, que escondem grutas e rochas serrilhadas e adornadas por líquens avermelhados. E aqui embaixo, ao contrário da parte alta, a floresta ressurge. Mais uma vez os campos gerais reforçam suas características. Vegetação rasteira no alto; mata fechada nos vales.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-NXdVe2im7bY/UWv4gj2RzWI/AAAAAAAAKQg/5w68nIZGntw/s1600/P1160264_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="175" src="http://3.bp.blogspot.com/-NXdVe2im7bY/UWv4gj2RzWI/AAAAAAAAKQg/5w68nIZGntw/s400/P1160264_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parte alta</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-yOo_wbYHgoM/UWv4gxMB06I/AAAAAAAAKQw/RCXX-6gOC44/s1600/P1160307_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-yOo_wbYHgoM/UWv4gxMB06I/AAAAAAAAKQw/RCXX-6gOC44/s320/P1160307_stitch.jpg" width="270" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parte baixa</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-BTMqdZCzaOo/UWv4g6uVsvI/AAAAAAAAKQ0/0xEso63MPZU/s1600/P1160336.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-BTMqdZCzaOo/UWv4g6uVsvI/AAAAAAAAKQ0/0xEso63MPZU/s320/P1160336.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do rio São Jorge: vista frontal</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-xQzX05OpbRk/UWv5cqvraGI/AAAAAAAAKQ8/-3-Qv4FprKE/s1600/P1160368.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-xQzX05OpbRk/UWv5cqvraGI/AAAAAAAAKQ8/-3-Qv4FprKE/s200/P1160368.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte sobre a Represa dos Alagados</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A visita à cachoeira do rio São Jorge subtraiu-nos mais tempo do que imaginávamos. Já eram quase 12h e a visita ao Cânion Guartelá corria o risco de ser postergada para uma outra oportunidade. Vagarosamente deixamos o sítio, regressamos à estrada de terra proveniente de Rio Verde e, ao invés de volvermos a Ponta Grossa, seguimos para o leste para a região da Represa dos Alagados, da década de 1940, uma das mais antigas do Estado, portanto. A estrada ruim dificultou nossa progressão, mas rapidamente passamos por duas pontes sobre os braços de água do reservatório, onde muitos pescadores se concentravam, e subindo para o norte calhamos em Catanduvas, pertencente ao município de Carambeí que, seguindo agora para o oeste, minutos depois alcançamos, via asfalto. Estávamos de volta a PR-151, subindo com todo o fôlego do mundo para Castro numa corrida frenética contra o relógio. A distancia era curta, cerca de 40km, mas já eram passadas 13h. Na histórica Castro, a terceira cidade mais antiga do Paraná, de 1778, uma parada compulsória para abastecimento. Enquanto Luana fotografava os prédios históricos, remanescentes do século XVIII, quando Castro era a parada de tropeiros que faziam o Caminho de Sorocaba, Thiago e eu coletávamos informações sobre os caminhos que nos levariam ao Cânion Guartelá, que nesse momento decidíramos conhecer a qualquer custo. Seguimos, após localizarmos o Parque Estadual do Guartelá no mapa, para a PR-040, que margeia a escarpa esquerda do rio Iapó. Exatamente às 14:30h apeávamos na sede. Seriam, agora, mais 6km, dentre ida e volta, a pé para desfrutarmos de alguns metros dos 32km totais do sexto maior cânion do mundo e maior do Brasil.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-v0ZmyzlikWY/UWv5coSraUI/AAAAAAAAKRA/gTauYsksZ1o/s1600/P1160365.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-v0ZmyzlikWY/UWv5coSraUI/AAAAAAAAKRA/gTauYsksZ1o/s320/P1160365.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Braço do reservatório da década de 1940</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-pPEtikyik3Y/UWv5cx5gdUI/AAAAAAAAKRM/mtVnT1TZz3s/s1600/DSCN3053.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-pPEtikyik3Y/UWv5cx5gdUI/AAAAAAAAKRM/mtVnT1TZz3s/s320/DSCN3053.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Castro</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-q3yQF32q_dY/UWv6LWjK6kI/AAAAAAAAKRg/I2ZihvG_9S8/s1600/P1160376.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-q3yQF32q_dY/UWv6LWjK6kI/AAAAAAAAKRg/I2ZihvG_9S8/s200/P1160376.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Trilha no PE do Guartelá</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Por incrível que pareça, no Parque Estadual do Guartelá não é cobrada a entrada. A trilha para o cânion é toda em calçamento, até um sítio (nunca havia visto sítios dentro de parques), e no resto do caminho é amadeirada, suspensa, protegendo a vegetação rasteira adjacente. Devido a esses fatores imprimimos um bom ritmo de caminhada, e em pouco tempo encontrávamos um rio sem nome (ninguém soube nos dizer), que poderia ser apenas mais um afluente do rio Iapó, no fundo do vale, mas que por possuir crateras evidentes em suas águas cristalinas e ralas tornou-se um atrativo. São os chamados Panelões do Sumidouro, no qual uma pessoa mediana pode ocultar metade do corpo. Talvez tenham um metro e meio de diâmetro e noventa centímetros de profundidade. Seguindo na trilha encontramos um segundo atrativo, que o pessoal IAP deixou-nos observar apenas de longe, a cachoeira Ponte de Pedra, escorrendo chorosamente vale abaixo, vencendo o Guartelá com a ajuda da gravidade e alcançando o Iapó, o rio mor da região. A cachoeira de 200 metros foi assim denominada devido a uma passagem feita de um lado para o outro pelo incessante trabalho das águas do Lajeado do Pedregulho, que de tanto investir contra uma rocha a atravessou, formando uma ponte natural. O urubu-de-cabeça-vermelha, feito um guardião alado, sobrevoava sem produzir som algum (é mudo, afinal) o Guartelá, nesse momento já bem visível, numa parte em que se encontra com um morro de 1000m de altitude. De um mirante de madeira, na parte final da trilha, obtém-se uma vista ainda mais nítida, em que o cânion caprichosamente contorno o relevo, curvando-se em um meandro e sumindo no horizonte rumo ao Tibagi. O curto tempo de que dispúnhamos foi suficiente apenas para esse acepipe, mas eu diria que foi o desfecho perfeito para nossa estadia na região dos campos gerais do Paraná.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-HFpcfZSgTuA/UWv6LHotlYI/AAAAAAAAKRc/QrTq_NEH8v8/s1600/P1160386.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-HFpcfZSgTuA/UWv6LHotlYI/AAAAAAAAKRc/QrTq_NEH8v8/s320/P1160386.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Panelões do Sumidouro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Rm9KmHdy9_c/UWv6LDMN0oI/AAAAAAAAKRk/Ohp9fPur0-U/s1600/P1160429.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-Rm9KmHdy9_c/UWv6LDMN0oI/AAAAAAAAKRk/Ohp9fPur0-U/s320/P1160429.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira Ponte de Pedra</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-opYBGn3KQ38/UWv6jDN9bXI/AAAAAAAAKRs/teCUIaEqrJc/s1600/P1160449_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="97" src="http://1.bp.blogspot.com/-opYBGn3KQ38/UWv6jDN9bXI/AAAAAAAAKRs/teCUIaEqrJc/s400/P1160449_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cânion Guartelá ou Cânion do Rio Iapó</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_0t-CbZPcQA/UWv69LQXfiI/AAAAAAAAKR0/fQViztbJIcc/s1600/P1160464.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-_0t-CbZPcQA/UWv69LQXfiI/AAAAAAAAKR0/fQViztbJIcc/s200/P1160464.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Até breve, meu Paraná</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Reagrupados às nossas motos, e de volta, agora em sentido oposto, a PR-040, retornarmos a Castro e, como não poderia ser diferente devido ao escasso tempo, aceleramos pela PR-151 a caminho de casa. Sempre procuro fazer uma rota de regresso que destoe da rota de ida, mas já eram passadas 17h e estávamos todos assolados pela lassidão devido a longas caminhadas por vales e solavancos por estradas de chão irregulares. Cruzamos Jaguariaíva, Sengés e, passando o Vale do Itararé, encontramos o Estado de São Paulo após dois dias de separação. Fomos deixando para trás, lentamente em função do abraço da noite, os municípios de Itararé, Itapeva e Capão Bonito, apeando pela última vez na incursão em Itapetininga. Num último estirão entrecortamos Cerquilho, Tietê, Saltinho e Piracicaba, ganhando a SP-304 para percorrer os derradeiros 30km de uma viagem de três dias que uniu a contemplação do belo e o desgaste do físico. Na Praia Azul, em Americana, quando o odômetro parcial de minha moto sentenciava 1400km rodados, despedi-me de meus companheiros e, solitário, enfrentei mais alguns quilômetros da Anhanguera até, definitivamente, reencontrar o Vale do Sítio Anhanguera, defronte ao qual resido. No fim das contas, apesar da fatigante empreitada, senti-me bem em trazer memórias do Estado no qual meu avô materno escreveu parte de sua História e que, por causa dele, acabo também escrevendo a minha, embora a vida cosmopolita que levo me obrigue apenas a ingerir doses homeopáticas do Paraná, meu querido Paraná.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">“Você não tem ganas de conhecer o que está aqui, ao redor de sua cidade?”, perguntou o viajante já exaurido de forças, mas ainda ávido por desfrutar de mais um belo cenário antes de partir. “Talvez eu tivesse, meu caro paulista, se o mesmo local que guarda tamanhas belezas não fosse o mesmo em que sou explorado”. Quando se é castigado defronte o belo, a beleza se torna um martírio, um símbolo de sofreguidão, uma lembrança que talvez seja melhor olvidar.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-IKJXdyVMFbE/UWv4gR3NC7I/AAAAAAAAKQc/p4lGdZcRzvI/s1600/P1160239.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-IKJXdyVMFbE/UWv4gR3NC7I/AAAAAAAAKQc/p4lGdZcRzvI/s400/P1160239.JPG" width="400" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/ArenitoDeVilaVelhaECanionGuartelaDe29A31DeMarcoDe2013?noredirect=1" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5862788559851397265%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues inspirado pelas formações de Vila Velha e pelo desenho imponente do Cânion Guartelá.</span>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/M3leMStdLFU?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
</div>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-66688888016194573012013-03-23T16:57:00.000-07:002013-04-14T15:42:59.403-07:00Circuito das Frutas – 09 de março de 2013<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-oUi-EsZPtHY/UU2hiTdkTdI/AAAAAAAAKEQ/a0YIGL_gGtw/s1600/P1150597.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-oUi-EsZPtHY/UU2hiTdkTdI/AAAAAAAAKEQ/a0YIGL_gGtw/s400/P1150597.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Possibilidades de ação se esgotam? E quanto aos caminhos a se seguir? Muitos diriam que ao nosso redor os cenários são sempre os mesmos, assim como as pessoas e seus assaz previsíveis “<i>modus operandi</i>”. Há, logicamente, aqueles que intentam enxergar a sociedade de formas alternativas, mas estes amiúde se embasam na própria depressão, na rebeldia, no corporativismo e em visões deturpadas pelo uso de substâncias entorpecentes, rascunhando em suas mentes uma realidade que não é verdadeira, e sim uma ilusão que não pode ser materializada e desfrutada em sã consciência. Portanto, não pode ser vivida, e sim imaginada, uma quimera. Passada a euforia, os muros parecem fechar-se novamente, numa claustrofobia que seres humanos frágeis não conseguem contornar. Quando não se vê as saídas, como nesse caso, é porque, para começo de conversa, os conceitos que temos de mundo são equivocados. Sociedade não é mundo; sociedade é sociedade, é um naco do produto total, e julgá-la com o peso de um planeta inteiro me parece um pensamento errôneo. Uma sociedade tem seus defeitos, seja ela liberalista, socialista ou anarquista, e o único poder que detém é o de possibilitar o caos na mente de seus integrantes. Sabendo que enfrentaremos problemas dessa ordem em noventa por cento do lugares em que porventura estejamos, basta habituar-se com os contratempos e mergulhar mais profundamente nos espaços aos quais a sociedade parece não conseguir estender efetivamente seus tentáculos, abstendo-nos de seus antagonismos de tempos em tempos. Apartar-se da “guerra psicológica urbana” não é fugir. É questão de manter a sanidade. É questão de realmente querer intimizar-se com o mundo em sua mais crua e legítima essência, sem a demasiada interferência de grandes e corporativistas conglomerados de pessoas. A companhia de um ser humano não é tão necessário ou onipresente como se pensa. É, geralmente, superestimada.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_1348175037"></span><span id="goog_1348175038"></span></span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-mTPKuYDgWLo/UU3EA3xM5qI/AAAAAAAAKEk/YdPHbErlx0M/s1600/P1150623.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-mTPKuYDgWLo/UU3EA3xM5qI/AAAAAAAAKEk/YdPHbErlx0M/s200/P1150623.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Qual é a chave para a vida?</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Lembro-me, certa vez, de uma atendente de um consultório odontológico que, ao pedir alguns dados a um novo paciente para o preenchimento de uma ficha, indagou: “o que você é”? “Sou um ser humano”, obtemperou o cidadão. Eu, normalmente indiferente a diálogos alheios e muito interessado em um livro de Julio Verne que folheava no momento, atentei meus ouvidos à querela. A moça, consternada, tirou os olhos do papel e reformulou a pergunta, fitando desafiadoramente os olhos do incauto: “o que você faz”? Sabendo ser uma falta de tato absurda, o infeliz respondeu com uma outra pergunta: “Quantas linhas você tem aí”? Visivelmente irritada, a mulher inspirou demoradamente, mas compreendeu o ponto de vista do ser que carregava, a tiracolo, um livro que posteriormente mudaria minha forma de enxergar a existência humana. “Moço, qual é a sua profissão”? Respondeu o satisfeito e didático jovem: “Sou professor, moça, apenas mais um professor”. Essa poderia ser somente mais uma estória das muitas que já testemunhei entre gente que fala a mesma língua e não se entende, mas hoje a utilizo como exemplo para ilustrar como nos reduzimos como seres dito pensantes. Podemos ser o que quisermos, mas nos atemos ao papel que a sociedade espera que desempenhemos: sermos unicamente mão-de-obra. O sujeito quis demonstrar que a profissão, sozinha, não o completa, não o explica pois, antes de ser professor, ele atua em outras áreas, que não necessariamente são seu ganha-pão. Pode ser um leitor, no cair da noite; um fotógrafo, quando decide ir ao campo; um ornitólogo, quando observa as aves; um pai, quando está com um filho; e um filho, quando está com a mãe. Enfim, podemos ser o que nossas aspirações nos suplicam e livrar-nos do estigma e do rótulo de engenheiro, professor, coletor, servente, etc. Acabei-me de recordar que, sempre que posso, sou um motociclista apaixonado pelo Brasil e desbravador principalmente de suas áreas verdes. Lembrei-me também que tenho uma viagem a relatar. Atenhamo-nos a ela, portanto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A propósito, o homem carregava consigo os Manuscritos Econômico-Filosóficos, de Karl Marx.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Z4bq_6Qqv48/UU3ErVrzyjI/AAAAAAAAKEo/711hE_MBBq4/s1600/P1150560.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-Z4bq_6Qqv48/UU3ErVrzyjI/AAAAAAAAKEo/711hE_MBBq4/s200/P1150560.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Companheiros de aventura</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Admito que já fui um grande admirador de bicicletas. Um dia, porém, roubaram uma de mim. Era vermelha e branca, com rodas de náilon de um vermelho no mesmo tom que o do quadro, embora mais esbranquiçado devido ao tempo, que tudo desbota. Tive outras depois, mas nenhuma foi capaz de reavivar aquela jovial e simples alegria de ir, pedalando, à padaria Bom-Gosto ou ao mercadinho Pavan, nos quais comprava pães para a minha mãe e o extinto chocolate Surpresa para mim, quando tinhas meus 10 anos e ainda morava em Santa Bárbara d'Oeste. Malgrado esse trauma, acompanho muito proximamente o aumento do número de ciclistas em minha região, um fenômeno que, inclusive, atingiu pessoas muito próximas a mim, como meu pai, ex-motociclista e atual ciclista. Devido a isso, sempre procuro me inteirar sobre as trilhas de <i>mountain-bike</i> na região de Americana, visto que essas comumente levam a lugares ainda desconhecidos, de difícil acesso e, portanto, apartados dos conglomerados urbanos citados no prólogo dessa postagem. Nem sempre consigo, de moto, trilhar os mesmos caminhos, mas na grande maioria da vezes acabo voltando para casa com imagens de locais que nem sonhava que existiam. Foi em uma dessas pesquisas de trilhas de bicicleta que coloquei meus olhos no site <a href="http://www.aventuraadois.com/" target="_blank"><u><i><b>Aventura a Dois</b></i></u></a>, obra dos aventureiros Renato e Marianna, que sobre duas rodas e sem a ajuda de qualquer motor trilharam a zona rural do chamado Circuito das Frutas, que compreende, dentre outros municípios, Valinhos, Jundiaí, Itupeva e Itatiba. O que me deixou um pouco receoso quanto a essa aventura foi a parte inicial do relato do casal, quando o mesmo prerrogou ser este um caminho praticável apenas a pé ou de bicicleta. Luana Romero, Luiz Paulo Bombarda Blanes e eu arrostaríamos, portanto, o incerto, pois nem sempre uma motocicleta é capaz de passar por trilhas ciclísticas, como já foi dito.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-7RUKf0gojSA/UU3FSBNkvkI/AAAAAAAAKEw/sEZXGMMAa18/s1600/P1150571.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-7RUKf0gojSA/UU3FSBNkvkI/AAAAAAAAKEw/sEZXGMMAa18/s320/P1150571.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zona rural de Valinhos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-YzAWDA9cUKM/UU3FSDrPuJI/AAAAAAAAKFA/igdQCro4XFs/s1600/P1150561.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-YzAWDA9cUKM/UU3FSDrPuJI/AAAAAAAAKFA/igdQCro4XFs/s200/P1150561.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Figueiras</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Partimos de Americana às 7:30h de um sábado sufocante desde os primeiros raios do sol nascente. No planejamento decidimos começar pela zona rural de Valinhos, visto ser essa a cidade mais próxima da Praia Azul, bairro do qual saímos diretamente para a Via Anhanguera, sentido Campinas. Nela permanecemos por cerca de 40km, deixando Campinas para trás e ulteriormente enviesando-nos pelo último retorno antes do pedágio de Valinhos. Passamos por algumas pequenas fábricas e, sentido sul, pilotamos mais alguns quilômetros, ainda por asfalto, até o início da área rural da cidade mencionada. Estávamos, agora oficialmente, nos domínios do Circuito das Frutas, e a dominância, aqui, é toda do figo. As figueiras, de caule curto, calibroso e retorcido, lado a lado, ocupam praticamente todos os pequenos montes que ladeiam a estrada, a essa altura já totalmente despavimentada. As mais novas, com o fruto ainda verde, apresentavam uma folhagem também esverdeada, enquanto as mais velhas, distantes, no alto dos morros, mostravam-se mais acinzentadas, principalmente em suas copas. Alguns casebres, moradias dos produtores, saltavam timidamente aos nossos olhos. Nada com muita pompa. Até mesmo a igrejinha local, imediatamente após uma singela ponte de madeira sobre um ribeirão de águas de potabilidade duvidosa, denotava ser esse um ermo simples, com os trejeitos que a vida no sítio exige. Logicamente essas terras devem pertencer a grandes fazendas. Muitas são arrendadas e comumente o retorno financeiro de todos os produtores e trabalhadores rurais não é condizente com o esforço que empregam na lavoura, mas mesmo assim perpetuam, há décadas, a tradição frutífera da região, contribuindo, em consequência, para o abastecimento em nível nacional (quiçá mundial) desse gênero alimentício tão importante para a manutenção da saúde humana.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mXorfEmIgjw/UU3FSPpwjeI/AAAAAAAAKFI/ogHVgVZADeE/s1600/P1150563.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-mXorfEmIgjw/UU3FSPpwjeI/AAAAAAAAKFI/ogHVgVZADeE/s320/P1150563.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Figos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-AyXvNrGcZyc/UU3FSoirdkI/AAAAAAAAKFM/hNbHlzPKcMg/s1600/P1150572.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-AyXvNrGcZyc/UU3FSoirdkI/AAAAAAAAKFM/hNbHlzPKcMg/s320/P1150572.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela dos produtores rurais no sul de Valinhos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-doq3L2YsR_Y/UU3F5e1lB-I/AAAAAAAAKFQ/Ebo6Kco_fkM/s1600/P1150567.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-doq3L2YsR_Y/UU3F5e1lB-I/AAAAAAAAKFQ/Ebo6Kco_fkM/s320/P1150567.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>"É um ermo simples, com os trejeitos que a vida no sítio exige"</i></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-UE_7xAE3gmo/UU3KtkCIyOI/AAAAAAAAKFk/JnG0uf-oGds/s1600/P1150573.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-UE_7xAE3gmo/UU3KtkCIyOI/AAAAAAAAKFk/JnG0uf-oGds/s200/P1150573.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aclive perigoso</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Atravessamos, passados 500m da capela, um agrupamento de cinco moradias, um pequeno lamaçal e, para a nossa surpresa, fomos obrigados a estancar. Atônitos, testemunhávamos o desaparecimento da estrada de terra e o início de uma trilha íngreme, não mais espessa que alguns centímetros, uma cicatriz em meio à quiçaça que a natureza augurava reaver. Para piorar a situação, muitas pedras soltas, gigantescas, umas inteiriças e outras esfarelando-se, impossibilitavam uma subida rápida das motocicletas sem nos colocar em risco. Luiz e eu fizemos um breve reconhecimento, subindo um trecho de cem metros a pé para estudar o terreno e concluir se arriscaríamos uma ascensão ou se desistiríamos de vez da empreitada. É aí que a bicicleta tem suas vantagens. Certamente seria mais fácil empurrá-la morro acima. Não obstante, estávamos sobre motocicletas, e erguê-las sobre os ombros não era uma opção. Optamos por empurrá-las em dois, uma por vez, primeiro a minha depois a de Luiz. Todo o esforço empregado, somado ao forte calor, exauriu momentaneamente nossas energias, mas vencêramos o primeiro empecilho. Como se não bastasse a lassidão, no alto do morro o mato fechou-se quase que completamente numa braquiária difícil de derrocar até mesmo a pé. Com um pouco de paciência nossas motos foram abrindo caminho. Caso não estivéssemos trajados com mangas longas inevitavelmente escoriaríamos nossos braços e antebraços. Malgrado toda essa faina, ilesos encontramos uma outra estrada, de terra batida, e nela prosseguimos, sacolejando, sempre sentido sul.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-CTz8wdV1KKY/UU3KtjdcMMI/AAAAAAAAKFo/bjWVK91sQ8A/s1600/P1150574.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-CTz8wdV1KKY/UU3KtjdcMMI/AAAAAAAAKFo/bjWVK91sQ8A/s320/P1150574.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">No fim da subida, a trilha se fechou</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-yH48LsJzrlc/UU3LMR8GGfI/AAAAAAAAKF4/2tzIZsK2dbM/s1600/P1150579.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-yH48LsJzrlc/UU3LMR8GGfI/AAAAAAAAKF4/2tzIZsK2dbM/s320/P1150579.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parte da estrada rural coberta pelo matagal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-VGpk88tq3ow/UU3Kt3e-uHI/AAAAAAAAKF0/aYO4Ga2Pw-Q/s1600/P1150578.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-VGpk88tq3ow/UU3Kt3e-uHI/AAAAAAAAKF0/aYO4Ga2Pw-Q/s320/P1150578.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Abrindo caminho em meio à quiçaça</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-RzXgxBEy_Dk/UU3MdT3zRCI/AAAAAAAAKGM/xFXAq1x5jts/s1600/P1150580.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-RzXgxBEy_Dk/UU3MdT3zRCI/AAAAAAAAKGM/xFXAq1x5jts/s200/P1150580.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Goiabal</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Topamos com uma vila, uma escola e um portão semiaberto. Consultamos os mapas e, aparentemente, teríamos que adentrar esse portão. Foi o que fizemos. Estávamos em propriedade particular, mas surpreendentemente ninguém nos repreendera. Encontramos o fim da estrada menos de 200 metros depois, quando nos vimos envolvidos por uma vasta plantação de goiabas. A segunda fruta do circuito mostrava suas caras. É, inquestionavelmente, a minha preferida, mas me abstive de furtá-las por tecnicamente já estarmos fazendo algo ilegal. Restou-nos regressar ao portão e localizar uma outra estrada, essa municipal, que continuou nos direcionando ao sul entre eucaliptos e represas de fazendas antigas cujas placas “Não Entre. Propriedade Particular” nos instavam a permanecer do lado de fora, na via pública. Na reta final, atravessando uma parcialmente erodida ponte sobre o judiado rio Capivari, avistamos a Rodovia dos Bandeirantes. É uma visão da principal via de ligação da Região Metropolitana de Campinas com a capital São Paulo com a qual não estamos habituados. Pra dizer a verdade, nem chegamos a ver seu asfalto dividido em três faixas, pois a cruzamos sob um pontilhão e acessamos uma outra estrada de terra, do outro lado, já em território de Itupeva. O supracitado rio Jundiaí divide naturalmente Valinhos e Itupeva, diga-se de passagem. Passado o primeiro quilômetro nessa nova via fomos surpreendidos pela figura de uma casarão colonial, à beira da estrada, muito bem preservado. Infelizmente ninguém passava por ali no momento e até hoje não sabemos qual fazenda o mantém, mas as fotos testemunham: está impecável. Muito bem cuidado, pintado em amarelo escuro e de rodapés e cercas próximas tomadas por trepadeiras de tons avermelhados. É como voltar centúrias no tempo.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Gl9O-UU1xq4/UU3MdBKkQUI/AAAAAAAAKGU/IU1E4HMt7sA/s1600/P1150582.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-Gl9O-UU1xq4/UU3MdBKkQUI/AAAAAAAAKGU/IU1E4HMt7sA/s320/P1150582.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Goiabas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-qnmlDmCldmw/UU3MdMqr2sI/AAAAAAAAKGI/DW8q_ZAHYTA/s1600/P1150586.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-qnmlDmCldmw/UU3MdMqr2sI/AAAAAAAAKGI/DW8q_ZAHYTA/s320/P1150586.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sob a Rodovia dos Bandeirantes, entre Itupeva e Valinhos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-DTXSxa1f-FI/UU3Mdvrp4iI/AAAAAAAAKGY/CiAvAJY_5jQ/s1600/P1150592.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-DTXSxa1f-FI/UU3Mdvrp4iI/AAAAAAAAKGY/CiAvAJY_5jQ/s320/P1150592.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casarão colonial na zona rural de Itupeva</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-yY6hZnre7Dc/UU3NOE72TAI/AAAAAAAAKGo/R19xBueHhHs/s1600/P1150641.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-yY6hZnre7Dc/UU3NOE72TAI/AAAAAAAAKGo/R19xBueHhHs/s200/P1150641.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja na Fazenda Foga</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Deixado o casarão colonial, tocamos em frente e apeamos na Fazenda Foga, um ícone da zona rural de Itupeva. Felizmente hoje ela é menos turística do que a alguns anos atrás, quando seu restaurante era ponto de encontro de famílias e trilheiros abastados nos fins de semana. Hoje o restaurante está inativo, mas o casarão que o abrigava, de mais de 270 anos, continua lá, mesmo que o inexorável tempo e a falta de zelo exponham o barro e suas fundações de madeira como grandes machucados em seu desenho original. A taipa de pilão requer um cuidado todo especial, e como o casarão não tem sido muito utilizado, acredito que o zelo necessário não vem sendo empregado. Malgrado esses problemas, é uma construção imponente, de porta e janelas de espessa madeira. Uma pesada e trabalhada chave de bronze cinde a entrada. Nos arredores há algumas casas do pessoal que mora e trabalha na fazenda, e infelizmente em muitas delas presenciamos algo terrível. Espécimes e mais espécimes de aves nativas engaioladas, confinadas apesar de todo o verde que as circundam. É como estar a dois dedos de distância da liberdade e, na iminência de alcançá-la, sentir-se repentinamente desmembrado e impossibilitado de dar o passo decisivo. Fora das gaiolas conseguimos fotografar apenas anus-brancos, presentes em praticamente todo o território brasileiro. Meu mal-estar foi tamanho que instei meus companheiros a debandar o mais rapidamente possível, registrando, a caminho da cerca de saída da Fazenda Foga, a igreja católica na qual seus moradores “exercem” sua fé.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-5erMPzuGluI/UU3NN8l8Q-I/AAAAAAAAKGs/T_iM-V6g3BI/s1600/P1150604.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-5erMPzuGluI/UU3NN8l8Q-I/AAAAAAAAKGs/T_iM-V6g3BI/s320/P1150604.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casarão da Fazenda Foga </td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-jXARQdON47c/UU3NN7mlWUI/AAAAAAAAKG0/jiSQTubWPc0/s1600/P1150629.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-jXARQdON47c/UU3NN7mlWUI/AAAAAAAAKG0/jiSQTubWPc0/s320/P1150629.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Anus-brancos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-e0ZMUokWPj0/UU3NW6_JrAI/AAAAAAAAKG8/L2A9W7ZbSHo/s1600/P1150605.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-e0ZMUokWPj0/UU3NW6_JrAI/AAAAAAAAKG8/L2A9W7ZbSHo/s320/P1150605.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Quase três séculos de História</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-cmj0w_tW66Y/UU3OdgqO9WI/AAAAAAAAKHU/LGfSbjCBa7s/s1600/P1150663.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-cmj0w_tW66Y/UU3OdgqO9WI/AAAAAAAAKHU/LGfSbjCBa7s/s200/P1150663.JPG" width="149" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Biguatinga-macho</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_1348175096"></span><span id="goog_1348175097"></span>De volta à estrada, e sempre sentido sul, passamos mais uma vez pelo casarão colonial e bordejamos uma plantação de milho, subindo um leve morro e culminando numa área residencial fechada. Beiradeando seus muros altos e posteriormente eucaliptos, chegamos a um pequeno vale onde se encontra o lago da Fazenda Santa Gertrudes. É um local bucólico protegido por firmes mourões de pedra, como nunca havia visto antes. Aliás, pedras são abundantes na região, e seguindo as indicações deixamos momentaneamente o território rural de Itupeva e fomos pendendo para o oeste, sentido Indaiatuba. Avistávamos, a sudeste, a Serra do Japi, e a leste, os edifícios de Indaiatuba. Porém, apesar de estarmos em território indaiatubense, não acessamos sua parte urbana, permanecendo na zona rural e entrecortando fazendas salpicadas de rochas arredondadas e de gado e equídeos, estes suplementados por pasto e água abundantes. Seguimos pela Fazenda Capim Fino e seus casarões abandonados e, paralelos à rodovia Santos Dummont, rumamos sentido sul em direção ao rio Jundiaí, almejando seguir seu curso até o povoado do Quilombo, de volta a Itupeva. Foi o que aconteceu poucos quilômetros depois, ao cairmos para o leste passada uma ponte sobre o rio, onde biguatingas e garças-brancas resistem bravamente à poluição. A partir daí tivemos o esforço de acompanhar a ampla estrada, sempre com o rio a nossa esquerda, um caminho antigamente feito pelos trilhos ferroviários da linha Ituana, isso lá pelos arredores de 1900.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-roF2friNNHA/UU3OdcmWZCI/AAAAAAAAKHc/EhgpXwqhvwA/s1600/P1150646.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-roF2friNNHA/UU3OdcmWZCI/AAAAAAAAKHc/EhgpXwqhvwA/s320/P1150646.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fazenda Santa Gertrudes</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-azeB-6hChpk/UU3OdPl0jOI/AAAAAAAAKHk/yyFyU6eiuSk/s1600/P1150655.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-azeB-6hChpk/UU3OdPl0jOI/AAAAAAAAKHk/yyFyU6eiuSk/s320/P1150655.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O gado e os equídeos convivem com enormes rochas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-t-Fv897XxIM/UU3Odx0vZsI/AAAAAAAAKHg/kXml7WmetNQ/s1600/P1150665.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-t-Fv897XxIM/UU3Odx0vZsI/AAAAAAAAKHg/kXml7WmetNQ/s320/P1150665.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Jundiaí</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-eHDKWpOYijo/UU3PigTX5NI/AAAAAAAAKHo/R4fJeyif5K0/s1600/P1150666.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-eHDKWpOYijo/UU3PigTX5NI/AAAAAAAAKHo/R4fJeyif5K0/s200/P1150666.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Povoado do Quilombo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A estrada que beiradeia o rio Jundiaí nos guiou até o povoado do Quilombo, um local pouco movimentado, afastado porém equidistante dos centros urbanos de Indaiatuba e Itupeva, apesar de pertencer ao último. Há uma antiga estação, construída em 1873 e pertencente a linha supracitada, bem como um armazém do começo do século que atualmente alberga uma igreja evangélica. Mais um caso de desrespeito com a nossa história, e digo isso não por se tratar de uma igreja, em si. Se fosse uma mercearia ou um açougue eu argumentaria da mesma forma. Digo porque esses espaços históricos deveriam ser preservados e utilizados para a promoção da cultura e conscientização de um povo para com as suas próprias origens. Em Santa Rosa de Viterbo, por exemplo, restaurou-se a antiga estação para servir aos propósitos de uma escola musical municipal. Essa sim é uma atitude louvável do poder público. Saindo do Quilombo, ainda no rastro do Jundiaí, visualizamos uma barragem e as ruínas de uma antiga hidrelétrica. Nossos olhos, acostumados a procurar coisas diminutas no meio do matagal, mal puderam identificar o pequeno degrau por onde a água poluída do Jundiaí salta para continuar a sua sina rumo ao Tietê. Uma coluna de pedras e uma mureta no lado norte do leito completavam o panorama. Certamente é, ou foi, uma construção do começo do século XX, portanto uma das mais antigas do Brasil, provavelmente abastecedora de alguma fazenda das cercanias. Não temos informações concretas a seu respeito. Tudo são suposições e, melancolicamente, arcamos com o negligenciamento de nossa História.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ETjF3_CUOYA/UU3PisyA9SI/AAAAAAAAKH0/f8WiCfJTndU/s1600/P1150667.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-ETjF3_CUOYA/UU3PisyA9SI/AAAAAAAAKH0/f8WiCfJTndU/s320/P1150667.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Armazém da antiga estação do Quilombo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-z8xzhlk-y_4/UU3Pi2CVqTI/AAAAAAAAKH4/T9CBENJdP5k/s1600/P1150672_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="197" src="http://3.bp.blogspot.com/-z8xzhlk-y_4/UU3Pi2CVqTI/AAAAAAAAKH4/T9CBENJdP5k/s400/P1150672_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ruínas de uma hidrelétrica no rio Jundiaí</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-uetGN-v_iwU/UU3QIwyNJMI/AAAAAAAAKIA/IS7bUrdPRP4/s1600/P1150680.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-uetGN-v_iwU/UU3QIwyNJMI/AAAAAAAAKIA/IS7bUrdPRP4/s200/P1150680.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estação de Montserrat</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Enfim, após vários quilômetros de incertas estradas rurais, reencontramos o asfalto e um grande conglomerado urbano: Itupeva. Antes, contudo, uma breve parada em uma outra antiga estação da mesma supracitada Ituana: Montserrat. Está relativamente bem preservada, apesar de desativada desde a década de 1970. Trilhos não existem mais. Maiores informações sobre ela apenas no bem-vindo e utilíssimo site <a href="http://www.estacoesferroviarias.com.br/" target="_blank"><u><i><b>Estações Ferroviárias</b></i></u></a>, idealizado por e para amantes das ferrovias brasileiras. Pesquisando-o descobri, inclusive, menções a duas barragens no rio Jundiaí que alimentavam a Fazenda Ermida, a mesma que, para escoar a produção de café, requisitou a construção da estação e de um ramal férreo no fim do século XIX. Seria uma delas a que fotografáramos momentos antes? A certeza é quase absoluta. Especulando, partimos de Montserrat com um sol causticante sobre nossas cabeças. De tão luzente deve ter ofuscado nosso senso de direção. Estávamos, agora, perdidos em Itupeva entre 45000 pessoas. Foi necessária mais de meia hora para que nos colocássemos de volta no caminho correto, que consistia no acesso de uma estrada de chão que passava, dentre outros atrativos, pelo apiário Santa Emília, cruzando posteriormente a SP300 e margeando os contrafortes da Serra do Japi, já em Jundiaí, onde os pneus de nossas motos se atritaram novamente com o asfalto. Sendo um sábado esperávamos menos movimento no grande centro urbano, mas enquanto passávamos sob a Bandeirantes e a Anhanguera, ganhando a Avenida dos Ferroviários e subindo para o norte, uma agoniante claustrofobia nos assolou. Hora de voltar para a terra e exercer nossa misantropia.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-C0hxSb_fn0Q/UU3QdnkFIRI/AAAAAAAAKIQ/kPlCn7EsF2c/s1600/P1150684.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-C0hxSb_fn0Q/UU3QdnkFIRI/AAAAAAAAKIQ/kPlCn7EsF2c/s320/P1150684.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Japi, em Jundiaí</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-TDC9QScGbAs/UU3Qd5LJT6I/AAAAAAAAKIg/z9HuQmH640g/s1600/P1150685+%25282%2529.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-TDC9QScGbAs/UU3Qd5LJT6I/AAAAAAAAKIg/z9HuQmH640g/s320/P1150685+%25282%2529.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela de Nossa Senhora da Aparecida, Pico Alto, Itatiba</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-vlKJVecqn9E/UU3QdvKXu3I/AAAAAAAAKIc/CpXxkbykpHo/s1600/P1150685.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-vlKJVecqn9E/UU3QdvKXu3I/AAAAAAAAKIc/CpXxkbykpHo/s200/P1150685.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Construção de 1899</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Saindo de Jundiaí tivemos que tomar uma chateante decisão: eliminar Jarinu do planejamento original. O tempo já estava avançado, e como em nossa rota não surgia nada de realmente emocionante optamos por subir até Itatiba pela SP360. De Itatiba rumamos ao norte via SP063, sentido Bragança Paulista. Cruzamos a rodovia Dom Pedro, por baixo, e no chamado Bairro da Moenda encontramos a estrada de terra que nos levaria ao alto da Serra dos Carneiros. Vale dizer que, mesmo estando no Circuito das Frutas, já não as víamos há muito tempo. Fomos surpreendidos, logo no primeiro quilômetro nessa nova via rural, pelo surgimento de uma capela azulada num bairro denominado Pico Alto. Tratava-se da Capela de Nossa Senhora da Aparecida, que em um triângulo branco sobre seu frontispício exibia o ano de sua construção: 1899. É uma construção centenária e que logicamente deve ter sofrido muitas reformas e mutações ao longo das décadas. A partir dela se iniciou a subida da Serra dos Carneiros, que nos levou a uma altitude ligeiramente superior aos 1000 metros, o suficiente para vermos, no horizonte, a leste, a cidade de Bragança Paulista, a Represa de Bragança e as montanhas que constituem o final definitivo da Serra da Mantiqueira. Acredito que tenha sido o ponto mais elevado da viagem e, sem sombra de dúvidas, o que mais me apeteceu. Tenho a certeza de que meus companheiros sentiram o mesmo. Descemos, bestificados com a visão, para Morungaba, onde se principiaria a derradeira fração de nossa rota pelo Circuito das Frutas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-UORpWDy6W9I/UU3RSr8pZfI/AAAAAAAAKIs/FitlmTR_7SU/s1600/P1150696.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-UORpWDy6W9I/UU3RSr8pZfI/AAAAAAAAKIs/FitlmTR_7SU/s320/P1150696.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">No alto da Serra dos Carneiros</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-b__VQhU3iIU/UU3RSjh7lKI/AAAAAAAAKIo/1ijI_pTPZ9s/s1600/P1150692_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="91" src="http://3.bp.blogspot.com/-b__VQhU3iIU/UU3RSjh7lKI/AAAAAAAAKIo/1ijI_pTPZ9s/s400/P1150692_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista de Bragança Paulista e da Serra da Mantiqueira</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-pJHau68PrCY/UU3R5K8EoSI/AAAAAAAAKJQ/gbP8BkqHZz4/s1600/P1150697+(1).JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-pJHau68PrCY/UU3R5K8EoSI/AAAAAAAAKJQ/gbP8BkqHZz4/s200/P1150697+(1).JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada para Girolândia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Até gostaríamos de explorar mais pormenorizadamente a zona rural de Morungaba, mas em um certo ponto do caminho, após subir e descer por pedregosas estradas, deparamo-nos com uma mata fechada que impediu o avanço de nossas motocicletas. De bicicleta não teríamos problemas. Demos meia volta e, com muito custo, localizamos a SP360 e a Estação de Tratamento de Água de Morungaba, de onde partia a estrada de terra para a Fazenda Girolândia. Foi, sem sombra de dúvidas, a estrada mais difícil dentre todas. Pilotar em meio aos eucaliptos requer um cirúrgico cuidado. Muito barro, áreas em processo erosivo, crateras com bordas tão lisas e atrativas – literalmente para a depressão – quanto um aforisma de Nietzsche. Adicione-se a esse ambiente a chuva que já caía ao sul e ameaçava maximizar seu raio de ação, desabando sobre nós que, a 10km/h, penávamos para vencer os poucos metros que nos restavam até o próximo escopo. Afortunadamente chegamos sãos e salvos – e secos – à sede da Fazenda Girolândia, repousando à beira de seu lago de grandes dimensões, deixando os frangos d'água e os gansos ressabiados com a nossa presença. O carrapateiro, um falconídeo comum nas zonas rurais de São Paulo e Minas Gerais, observava nosso descanso de longe, acocorado sobre os postes de madeira e cercas brancas que ladeiam a represa. É um local no qual nos demoramos muito, primeiro devido ao garbo, e segundo por propiciar uma paz imensurável. O zéfiro morno provocava pequenas ondas na água e chacoalhava a vegetação rasteira na margem em que estávamos, e os eucaliptos, na margem oposta, reverberando os sons que, na cidade, passam despercebidos em meio ao caos e à premência do cumprimento de nossas obrigações. E, incrivelmente, não víamos sequer uma pessoa há mais de uma hora.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-pK9uQ16vLNA/UU3R18UZHjI/AAAAAAAAKJM/FlIsTTXcfOk/s1600/P1150698.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-pK9uQ16vLNA/UU3R18UZHjI/AAAAAAAAKJM/FlIsTTXcfOk/s320/P1150698.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fazenda Girolândia</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-yfnLupNB61M/UU3R1roBKQI/AAAAAAAAKJI/r_z3cFpO-dM/s1600/P1150703_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="107" src="http://4.bp.blogspot.com/-yfnLupNB61M/UU3R1roBKQI/AAAAAAAAKJI/r_z3cFpO-dM/s400/P1150703_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista total do lago </td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-0XANvBFZnEA/UU3R1hBNOII/AAAAAAAAKJA/y4qruwmxVNI/s1600/P1150699.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-0XANvBFZnEA/UU3R1hBNOII/AAAAAAAAKJA/y4qruwmxVNI/s320/P1150699.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Carrapateiro</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ppj2jkouwMs/UU3Si8mYLVI/AAAAAAAAKJg/hDEZONDSK1Y/s1600/P1150713.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-ppj2jkouwMs/UU3Si8mYLVI/AAAAAAAAKJg/hDEZONDSK1Y/s200/P1150713.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Atibaia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Da Fazenda Girolândia em diante podemos classificar como “o regresso”. Cruzamos mais uma vez com a rodovia Dom Pedro, por baixo, e adentramos mais uma vez o território de Itatiba ao atravessarmos uma ponte sobre o rio Atibaia, de águas amarronzadas e caudalosas devido à forte chuva que caíra momentos antes. O asfalto nos acompanhou até o centro da cidade, obrigando-nos a vencer uma área de alagamento de cerca de 100 metros que fez o que a chuva até então não conseguira, atingir-nos e encharcar-nos. Fomos nos secando ao vento, naturalmente, enquanto acelerávamos pelas imediações da Fazenda Vista Linda e por imensas plantações de caqui. Enfim reencontrávamos uma fruta no dito Circuito das Frutas. Alcançamos a Estrada Velha Valinhos-Itatiba e, em seguida, localizamos a última estrada de terra da incursão, que por entre haras e plantações de uva nos despejou diretamente na SP063. Nela pilotamos sentido Louveira, a qual alcançamos 10km depois. Chegava ao fim, juntamente com nossas energias, uma cruzada por incontáveis cenários urbanos e rurais do interior paulista, pontilhados por frutas de todos os tipos e sabores, todas adocicadas pela cooperação de forças entre a terra, o sol, a água e o homem. No retorno em definitivo, partindo da Igreja de São Judas, em Louveira, até a Praia Azul, em Americana, amargamos, agora sem escapatória, uma chuva torrencial que, feito o caqui colhido no pé e provado inadvertidamente, despertou <i>a priori</i> um sentimento de repulsa, mas <i>a posteriori</i> a sensação de que, mesmo que façamos tudo o que bem entendemos, ainda estamos subordinados a poderes maiores que os nossos e independentes de nossas vontades, como as intempéries. Por fim, foram 316km de aventura por uma região que, apesar de deter uma aura turística, não é de fácil trânsito. Suas estradas não são, nem de perto, receptivas. Mas, como de todos os lugares em que estive, alguma lembrança boa levei, e desse não internalizei uma imagem ou um causo em si, mas a sensação de estar sozinho, isolado da sociedade, mesmo que por alguns instantes. Mesmo que muito perto de minha casa.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-a1D0dKkDps0/UU3SivQZ3tI/AAAAAAAAKJk/3YXwjSwIcWs/s1600/P1150717.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-a1D0dKkDps0/UU3SivQZ3tI/AAAAAAAAKJk/3YXwjSwIcWs/s320/P1150717.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caquis</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ByilN21lcis/UU3SilX6p5I/AAAAAAAAKJ0/HsRYD3vly38/s1600/P1150719_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-ByilN21lcis/UU3SilX6p5I/AAAAAAAAKJ0/HsRYD3vly38/s320/P1150719_stitch.jpg" width="306" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Plantação de caqui em Itatiba</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Lawx-9usH8c/UU3SjNmvFCI/AAAAAAAAKJw/kkLTHPi6Sq0/s1600/P1150722.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-Lawx-9usH8c/UU3SjNmvFCI/AAAAAAAAKJw/kkLTHPi6Sq0/s320/P1150722.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de São Judas, em Louveira</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Enquanto uns tentam explicar a alma, o espírito, o paraíso, o inferno etc, outros ousam compreender aquela que deveria ser o escopo da metafísica: a vida. É dita consciente, mas a nossa plena incapacidade em dar-lhe um sentido nos devolvem ao estado inconsciente, no sentido de não sermos assim tão pensantes a ponto de explicar o porque perambulamos nesse globo gigantesco. Em suma, acredito que nossas vidas são finitas e que nunca houve um sentido, um porquê de estarmos aqui. Dividimos com outras espécies o mesmo planeta e todas elas compatilham o mesmo propósito: subsistir da forma que as convêm. Talvez, ao questionarmos “por que estamos aqui?” estejamos fazendo a pergunta errada. O mais correto seria “o que fazer para tornar o aqui menos agoniante?”. De qualquer forma, ambos são questionamentos que, de tão complexos, podem soar retóricos. Viver é uma arte para poucos, e geralmente para aqueles poucos que não têm a didática para disseminar seus métodos.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Nas6xF3U2ys/UU3OdBT6YnI/AAAAAAAAKHI/yOcyCi9KhlA/s1600/P1150644.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-Nas6xF3U2ys/UU3OdBT6YnI/AAAAAAAAKHI/yOcyCi9KhlA/s400/P1150644.JPG" width="400" /></a></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/CircuitoDasFrutas09DeMarcoDe2013?noredirect=1" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5854065856080357665%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Reitero que boa parte de nossa rota foi extraída dos mapas de Renato e Marianna, idealizadores do site <a href="http://www.aventuraadois.com/" target="_blank"><u><b><i>Aventura a Dois</i></b></u></a>. Agradecemos enormemente ao casal aventureiro.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues com ares de roça composto especialmente para as zonas rurais de Valinhos, Itupeva, Jundiaí, Itatiba e Morungaba. Em singelos acordes Luiz Paulo Blanes e eu expressamos musicalmente nossa gratidão por estarmos envoltos por terras detentoras de inúmeras belezas e surpresas.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/zZiigHsgVXg?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
</div>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-90733691948121141792013-02-27T18:28:00.000-08:002013-03-06T13:46:22.326-08:00Marechal Mascarenhas e Desemboque – de 10 a 12 de fevereiro de 2013<span id="goog_627362382"></span><span id="goog_627362383"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-jUYoI5xgMPs/US6uixbEBjI/AAAAAAAAJ9o/mwDVfvlK9ew/s1600/P1150326.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-jUYoI5xgMPs/US6uixbEBjI/AAAAAAAAJ9o/mwDVfvlK9ew/s400/P1150326.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Quanto mais perambulo por este país, mais me certifico de que unir o que é histórico e o que é natural numa mesma rota é mais incomplexo do que parece. Enquanto os meios de veiculação de imagens, vídeos e informações turísticas, em sua completude quase sempre comandados à mão-de-ferro por grandes corporações televisivas e comercializadoras de pacotes preconcebidos, tentam “vender a ideia” de que regiões ou cidades que comutem essas duas características são raras e distantes (exemplos: Paraty e Salvador), outros, como eu, procuram informações a respeito de ermos praticamente desconhecidos e olvidados pelo turismo de consumo atual, aquele que transforma lugares e seus atrativos em simples produtos a serem comprados em suaves prestações pelos que, por não augurarem desperdiçar muito tempo em pesquisas ou por ignóbil comodidade, preferem adquirir o que já está pronto. Não é questão de eu achar que minha maneira de viajar é melhor que a de quem consome. É, admito, apenas uma tentativa infrutífera de incutir um pouquinho de criticidade no já bem alienado “pensar” de grande parte dos “viajantes” brasileiros.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_tSM6s0fh44/US6u2ClZ94I/AAAAAAAAJ98/RjUWmomXoNs/s1600/P1150122.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-_tSM6s0fh44/US6u2ClZ94I/AAAAAAAAJ98/RjUWmomXoNs/s200/P1150122.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Companheiros de aventura</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Uma viagem se principia muito antes de dar partida a um motor e se enviesar pelas estradas que levam ao destino pretendido. Ela começa semanas, meses, anos antes, e fagulham de uma simples ideia que, fomentada, vai ganhando força, delineando-se de acordo com nossas possibilidades e expectativas. Essa, que agora me atrevo a relatar, vem sendo nutrida desde a leitura do estupendo Sertão da Farinha Podre, de José Ferreira de Freitas, isso lá pelos idos de 2010. O livro, que relata a história do Triângulo Mineiro desde sua ocupação exclusiva por índios, onças e sucuris “engolidoras de gente” até os dias mais atuais, passando pelas fases bandeirantista e aurífera, em várias de suas páginas menciona o povoado de Desemboque, do qual muito ouro foi extraído e contrabandeado no século XVIII. Era de difícil acesso por estar envolto por uma cadeia intrincada de serras no vale do rio das Velhas, nos contrafortes do Chapadão da Zagaia e do grupo de montanhas que formam atualmente o Parque Nacional da Serra da Canastra. Além das informações históricas contidas na publicação, pouco se encontra de realmente substancial sobre o vilarejo, que hoje pertence ao município de Sacramento (MG), muito embora diste 70km do mesmo. Se não fosse pelas poucas fotos de alguns viajantes eu talvez nem desconfiasse que tal lugar ainda existisse. Por fim, no Carnaval de 2013, em que uma viagem ao Paraná fora programada e, na iminência da partida, cancelada, voltei minhas forças para o norte, arrebanhando para acompanhar-me Luana Romero e Luiz Paulo Bombarda Blanes. De quebra, passaríamos pela minha “menina dos olhos” no sul mineiro, o rio Grande, numa parte de seu curso ainda desconhecida por mim.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-i0SpCgmbO_E/US6ujaMdJmI/AAAAAAAAJ90/X60b6PrULdo/s1600/P1150104.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-i0SpCgmbO_E/US6ujaMdJmI/AAAAAAAAJ90/X60b6PrULdo/s200/P1150104.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada Franca-Ibiraci</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A partida de Americana se deu às 7:30h de um domingo em que antevíamos um tráfego intenso na Anhanguera, que liga a capital São Paulo e o interior paulista ao Triângulo Mineiro, região essa que José Ferreira de Freitas classificou como a Mesopotâmia Triangulina, um “bico” formado pelos cursos dos rios Grande e Paranaíba, que ao confluírem formam o gigantesco Paraná. O desenho retilíneo da rodovia evoca o enfado, e o cultivo em larga escala da cana-de-açúcar em seus acostamentos contribui para a longevidade desse estado de espírito. Sem muitas emoções avançamos por Cravinhos e pela metrópole Ribeirão Preto, acessando a partir dessa última a rodovia Cândido Portinari. Passamos pelos rios Pardo e Sapucaí e pelos perímetros urbanos de Brodowski (cidade natal do artista plástico que nomeia a rodovia) e Franca, a partir da qual o cenário drasticamente se transforma. Os altos edifícios da “capital calçadista” se minimizam no retrovisor à medida que trilhamos a vicinal Franca-Ibiraci, na crista da Serra de Franca. O modo de vida simples do interior paulista e do sul de Minas Gerais começa a ficar evidente. Sobre o lombo de cavalos sitiantes perambulam, com um pano de fundo formado pelas Furnas dos Taveiras e serras dos Borges e dos Garcias. Enquanto cruzamos a divisa de Estados, testemunhamos a consolidação das plantações de café. Estamos, portanto, já em Minas Gerais, mais precisamente no conglomerado urbano de Ibiraci (mãe da árvore, em tupi), que com seus 12000 habitantes não parecia estar disposta a celebrar o Carnaval. O mesmo se passava conosco e, registrando a imponente Igreja de Nossa Senhora das Dores, ou Matriz de Ibiraci, aceleramos em direção ao vale do rio Grande, distante ainda 30km dali.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-w2iDK25rMl8/US6uiyBwqNI/AAAAAAAAJ9k/6V9egj4R_w4/s1600/P1150111.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-w2iDK25rMl8/US6uiyBwqNI/AAAAAAAAJ9k/6V9egj4R_w4/s320/P1150111.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Furnas dos Taveiras e serras dos Borges e dos Garcias</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-4Ed21ZLiYQA/US6uifGFz2I/AAAAAAAAJ9c/3SNONnRAt_k/s1600/P1150114.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-4Ed21ZLiYQA/US6uifGFz2I/AAAAAAAAJ9c/3SNONnRAt_k/s320/P1150114.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Ibiraci</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-tGKpzdzrP6c/US6wNJXPefI/AAAAAAAAJ-Q/TFd-eiFYNdI/s1600/P1150133.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-tGKpzdzrP6c/US6wNJXPefI/AAAAAAAAJ-Q/TFd-eiFYNdI/s320/P1150133.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela da Piçarra</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-z9ZRnPTiA04/US6wM94728I/AAAAAAAAJ-E/hoxV_1G1tTk/s1600/P1150323.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-z9ZRnPTiA04/US6wM94728I/AAAAAAAAJ-E/hoxV_1G1tTk/s200/P1150323.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa de Visitas na Vila de Furnas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Deixar Ibiraci e direcionar o foco para a região da Usina Marechal Mascarenhas de Moraes, onde pretendíamos pernoitar, é praticamente adentrar um novo mundo, no qual altas montanhas escondem vales magníficos e vistas que alcançam quilômetros de distância, mesmo com o tempo deveras nublado. O cerrado demonstra sua força, principalmente no trecho da esburacada vicinal que une o Povoado da Laje ao rio Grande. No vale entre as serras da Chapada e da Tocaia, numa região conhecida como Piçarra, encontra-se uma capela azul-turquesa e um simples cruzeiro de madeira rubra, no alto de um pequeno morro encarapitado em meio a um descampado plano. É a Capela de Nossa Senhora de Lourdes, ou simplesmente Capela da Piçarra, de 1931. Procuramos guarida no arredores da pequena edificação católica, mas a falta de opções e o grande contingente de pessoas que rondavam por ali nos incitaram a prosseguir em direção ao vale do rio Grande. Questionando os cidadãos locais, sempre dispostos a colaborar com toda a benevolência característica do sul mineiro, passamos a primeira guarita da usina e encontramos abrigo na Vila de Furnas, ou Vila da Usina Mascarenhas, um local histórico inaugurado por Juscelino Kubitschek e antigamente frequentado por políticos do alto escalão, como o governador mineiro e vice-presidente militar Aureliano Chaves e o próprio Kubitschek, idealizador de Brasília. Como citado no prólogo, a junção do histórico com o natural mais uma vez se mostrou evidente, pois pássaros, como o xexéu, a maria-faceira, o bem-te-vi-pequeno, o tucano e o carrapateiro, e aracnídeos como a temida aranha-armadeira, dividiam o mesmo espaço com as construções históricas da década de 1950, uma época que, apesar de recente, provocou grandes transformações no Brasil e clama seu devido lugar à História nacional. Afinal, pretendia-se crescer 50 anos em 5, e embora tal meta não tenha sido alcançada, muito de bom e de ruim se fez com vistas a tal.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-H958IcbQ3Ls/US6xKuwdQhI/AAAAAAAAJ-s/VZs_RmjSZkY/s1600/P1150321.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-H958IcbQ3Ls/US6xKuwdQhI/AAAAAAAAJ-s/VZs_RmjSZkY/s320/P1150321.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Carrapateiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-PFpn1REmbE8/US6wNCwXgFI/AAAAAAAAJ-M/wtdSSPTz_rE/s1600/P1150195.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-PFpn1REmbE8/US6wNCwXgFI/AAAAAAAAJ-M/wtdSSPTz_rE/s320/P1150195.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aranha-armadeira</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-K7YAwW208T8/US6wN-SgLxI/AAAAAAAAJ-k/dRiJxVIMlos/s1600/P1150456.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-K7YAwW208T8/US6wN-SgLxI/AAAAAAAAJ-k/dRiJxVIMlos/s320/P1150456.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tucano</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-3btA6p1iMWU/US6x4qYaGlI/AAAAAAAAJ_M/OLURoGlxgME/s1600/P1150325.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-3btA6p1iMWU/US6x4qYaGlI/AAAAAAAAJ_M/OLURoGlxgME/s200/P1150325.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Grande</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Devidamente alojados e destituídos do excesso de bagagem, coletamos algumas informações da região com Marcos Williams, gerente das instalações da vila, que gentilmente nos indicou os pontos mais interessantes nos arredores da usina. Já eram 15h e não pretendíamos ir a Desemboque nesse mesmo dia, visto que as estradas que nos levariam a ele são precárias e demandariam muito tempo e esforço, obrigando-nos a postergar a faina para o dia seguinte. Some-se a isso o céu que, de nublado, passara a austeramente negro, desabando sobre nós a princípio uma refrescante garoa, e ulteriormente um acachapante aguaceiro. Restou-nos fotografar a grandiloquente Usina Hidrelétrica de Marechal Mascarenhas, antiga Usina de Peixoto, a partir de um mirante da Serra da Chapada. Logo atrás, um pouco mais elevado que a barragem, um paredão da Serra do Funil. O rio Grande, de um azul transparente, corria em seu curso natural após a usina entre as serras de Peixoto, ao norte, e a da Chapada, ao sul, esta começando metros depois da barragem e se estendendo rio abaixo, sentido oeste. Foi na da Chapada que nos embrenhamos, pois era a única estrada existente. Acabamos calhando numa ponte antiga e de simples engenharia sobre o rio Grande, da qual se obtém uma vista estupenda do mesmo. De tão transparente é possível ver rochas enormes submersas a três ou quatro metros abaixo de sua superfície. Guarnecido pela sempre presente Serra da Chapada, ao sul, e pela Serra de São Jerônimo, ao norte, foi a primeira das inúmeras visões inesquecíveis que essa viagem me proporcionou. Eu, um grande admirador do rio Grande e que ainda não tive a oportunidade de conhecê-lo por completo, a exemplo do que fiz recentemente com o Itabapoana (<i>link</i> <a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/05/rio-itabapoana-de-29-de-abril-1-de-maio.html" target="_blank"><u><b><i>aqui</i></b></u></a>), nutri ainda mais o meu desejo de um dia levar a cabo essa empreitada. Assim vivem os viandantes, irrefreáveis devaneadores, caçando aventuras dentro de outras aventuras.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wJr9NpHhgf8/US6x34Ip51I/AAAAAAAAJ-4/K3JetFt0n5Q/s1600/P1150208.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-wJr9NpHhgf8/US6x34Ip51I/AAAAAAAAJ-4/K3JetFt0n5Q/s320/P1150208.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Usina Hidrelétrica de Marechal Mascarenhas com o paredão da Serra do Funil logo atrás</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-LvHdoOan0mI/US6x4IkqkII/AAAAAAAAJ_A/XWzxMu71tZo/s1600/P1150210_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="88" src="http://4.bp.blogspot.com/-LvHdoOan0mI/US6x4IkqkII/AAAAAAAAJ_A/XWzxMu71tZo/s400/P1150210_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serras do Peixoto, à esquerda da barragem, e da Tocaia, à direita</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_I6MqHFBPmo/US6x37QmmpI/AAAAAAAAJ-0/jbRrFy0gR7k/s1600/P1150286.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-_I6MqHFBPmo/US6x37QmmpI/AAAAAAAAJ-0/jbRrFy0gR7k/s320/P1150286.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte sobre o rio Grande e montanha da Serra da Chapada</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-RY6QZS6T8jg/US6zSLdwwtI/AAAAAAAAJ_U/iEwILoXQkb4/s1600/P1150232.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-RY6QZS6T8jg/US6zSLdwwtI/AAAAAAAAJ_U/iEwILoXQkb4/s200/P1150232.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do clube</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_627362316"></span><span id="goog_627362317"></span>No lado norte do rio Grande se principia o Triângulo Mineiro propriamente dito, o adunco “nariz” de terra que, no período bandeirantista, pertenceu a Goiás. Recomendo novamente aqui a leitura, aos mais interessados pela história da Mesopotâmia Triangulina, do livro Sertão da Farinha Podre (outro nome dado ao triângulo), de José Ferreira de Freitas. Conta-nos ele que, no ano de 1915, o doutor Joaquim Inácio da Silveira, Ouvidor Geral de Paracatu, outro influente julgado da época, raptou a jovial Ana Jacinta em uma visita a Araxá. Os pais de Dona Beja, como era conhecida a moça, denunciaram o enfatuado homem ao Governador de Goiás. O Ouvidor Geral, utilizando-se de sua influência com a Coroa Portuguesa, engrossa o coro de vozes que já clamava há tempos pelo desanexamento do Triângulo de Goiás e passagem para a posse de Minas. Em 1816, o Triângulo é proclamado mineiro, e Joaquim Inácio da Silveira se safa, pois cometera um delito em um território em que as leis goianas já não o atingiriam. Cômico, com certeza, mas o certo é que não estávamos ali por causa de Dona Beja, mas sim em busca de algo testemunhável, que pudéssemos registrar em fotos. Seguindo as coordenadas de Marcos, meu xará da Vila de Mascarenhas, bordejamos o norte do rio por uma estrada estreita, desviando de pedras e cachoeiras temporárias que escorriam pelos imensos paredões da Serra de São Jerônimo. Cruzamos por vários ranchos de pescadores e nos deparamos com os portões de um clube que, cobrando-nos R$5,00 cada, nos permitiu o acesso a uma trilha de quartzito que nos apresentou à primeira cachoeira da incursão. Não era sabido o seu nome, a propósito, por mais que interpelássemos os funcionários do clube. Não gozava sequer de forma, por sinal, visto que as chuvas do dia e as dos dias anteriores descarregaram um turbilhão de água serra abaixo, transformando a queda em um irrefreado rio caudaloso vertical, na falta de palavras mais esclarecedoras para o fenômeno. Lamentando, demos meia volta e retornamos à entrada do clube, que oferecia uma bela vista dos paredões de arenito da Serra da Chapada, do outro lado do rio, e das pequenas cachoeiras que escorrem por ela em direção ao Grande, que nesse ponto já apresentava indícios do represamento pela Usina de Estreito, alguns quilômetros rio abaixo. Infelizmente é assim: onze hidrelétricas, se não construírem outras enquanto escrevo, num curso de 1300km. Pode-se dizer, sem medo de errar, que quase pouco sobrou do verdadeiro leito do rio. Foi esse o último pensamento do primeiro dia de viagem, enquanto regressávamos à vila, sob forte chuva, para pernoitarmos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-9uvChfbvMn4/US6zSMuPOpI/AAAAAAAAJ_Y/zQoch6nXDHs/s1600/P1150245.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-9uvChfbvMn4/US6zSMuPOpI/AAAAAAAAJ_Y/zQoch6nXDHs/s320/P1150245.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Princípio do Reservatório de Estreito</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-YlTVXS5fDkk/US6zSOvtNSI/AAAAAAAAJ_k/KJVawoodOj0/s1600/P1150251.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-YlTVXS5fDkk/US6zSOvtNSI/AAAAAAAAJ_k/KJVawoodOj0/s320/P1150251.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Chapada</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-ERh4yWsu8Yk/US6zSqGByCI/AAAAAAAAJ_g/OAP8UofstNw/s1600/P1150252.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-ERh4yWsu8Yk/US6zSqGByCI/AAAAAAAAJ_g/OAP8UofstNw/s320/P1150252.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira temporária formada pela chuva</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-EDBBpYqU7JI/US61H1-Na7I/AAAAAAAAJ_4/Yfz3gtBlu_w/s1600/P1150320.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="162" src="http://4.bp.blogspot.com/-EDBBpYqU7JI/US61H1-Na7I/AAAAAAAAJ_4/Yfz3gtBlu_w/s200/P1150320.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Xexéu</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 11, logo pela manhã, despertados pela algazarra dos soturnos xexéus e das espalhafatosas maritacas, saímos rapidamente da vila no encalço do distrito de Desemboque. Refizemos o mesmo caminho do dia anterior, passando pelo mirante da usina e pela ponte, mas agora subindo uma estrada mista de terra e pedra para o norte. A situação calamitosa da via provocou alguns sustos, mas os pontos de observação oportunizados pelas curvas perigosas e escorregadias fizeram os entraves valerem a pena. A altitude subia drasticamente e a visão do vale do rio Grande e das serras que o ladeiam, lá embaixo, foi inegavelmente a segunda a me marcar. O cheiro do cerrado e o capim-estrela nos envolviam, e sobrepassando pontes de madeira calhamos no alto da Serra das Sete Voltas, visualizando o Lago de Peixoto bem ao longe, ao sul. Desviando um pouco da rota, descemos para um vale à procura da Cachoeira Nascentes das Gerais, tida como a maior da região. A descida, em si, pagou mais uma vez o sacrifício. Ao norte via-se o Chapadão da Zagaia, uma mesa de pedras que escondia nosso real objetivo, já que Desemboque fica ao norte do mesmo. Na Fazenda do Danilo, após alguns minutos, deixamos as motos à sombra de goiabeiras e trilhamos, a pé, o caminho por entre o cerrado e capões de mata até a supracitada cachoeira, que com 83 metros de queda esbanjava força e imponência. Era impossível chegar a menos de 3 metros do local do choque da água com o poço. Por incrível que pareça, tal contato produzia ondas parecidas com as dos mares menos agitados. Nem mesmo Luiz Paulo, exímio nadador e bravio “domador” de quedas d'água se atreveu a uma aproximação mais íntima. Era o segundo dia de viagem e a segunda cachoeira nos derrotava. Porém, não há como nos quedarmos cabisbaixos quando emparedados pela maravilhosa Serra das Sete Voltas, ouvindo atentamente aos relatos de Danilo, proprietário da fazenda que detém a cachoeira em seu território, sobre suçuaranas, lobos-guará e tamanduás que perambulam por ali nos fins de tarde. “Os bichanos vêm atrás das minhas galinhas”, disse ele se referindo aos predadores, “mas não me aborreço. Cheguei e essas bandas depois deles”.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-4H8AhVN5VNY/US61H7Fg_FI/AAAAAAAAJ_8/oPoxXioZnhQ/s1600/P1150332.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-4H8AhVN5VNY/US61H7Fg_FI/AAAAAAAAJ_8/oPoxXioZnhQ/s320/P1150332.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista do alto da Serra de São Jerônimo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Tvp8woD4YX8/US61HgYTkQI/AAAAAAAAJ_0/DYF6qiHuV_Y/s1600/P1150355.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-Tvp8woD4YX8/US61HgYTkQI/AAAAAAAAJ_0/DYF6qiHuV_Y/s320/P1150355.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chapadão da Zagaia</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-r2AHZAwKVJA/US61IUEjwWI/AAAAAAAAKAI/oraQ35oWtfk/s1600/P1150365_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-r2AHZAwKVJA/US61IUEjwWI/AAAAAAAAKAI/oraQ35oWtfk/s320/P1150365_stitch.jpg" width="295" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira Nascentes das Gerais</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-P97ntVG2FoI/US62oxLGVWI/AAAAAAAAKAo/MQbQXonluGs/s1600/P1150411.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-P97ntVG2FoI/US62oxLGVWI/AAAAAAAAKAo/MQbQXonluGs/s200/P1150411.JPG" width="149" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pica-pau-branco</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_627362335"></span><span id="goog_627362336"></span>Estava eu ardendo em febre quando abandonamos o vale e recuperamos a rota no alto da Serra das Sete Voltas. A chuva do dia anterior, que nos deixara encharcados, fazia sua vítima. Deixei de sentir calafrios no alto do Chapadão da Zagaia, pouco após cruzarmos pelo povoado de Sete Voltas, mais um dos distritos de Sacramento esquecidos à própria sorte nas intrincadas serras circundantes da Canastra. Uma estrada lisa, barrenta, em meio a uma plantação de soja, fez com que Luiz experimentasse o gosto da terra mineira. Felizmente não se machucou e nem avariou sua moto. O ponto positivo foi a presença, na mesma região, do tucano-de-bico-verde, espécie cada vez mais rara devido a destruição do seu habitat natural, do pica-pau-branco e da ave símbolo de nossas aventuras, o caracará, ou carcará. Em certo ponto do caminho as estradas sumiram, muito embora meu mapa apontasse para a existência de uma. Interpelamos um cidadão, solitário em seu rústico casebre no meio do nada, e o mesmo nos informou que teríamos que atravessar uma plantação de soja, depois uma quiçaça alta e finalmente encontraríamos a estrada. Quando nos demos conta estávamos envolvidos por todos os lados pela braquiária do Chapadão da Zagaia, sem condições de continuar sem colocar em risco principalmente Luana, que vinha engarupada em minha moto. Um outro motociclista, todo enlameado, vinha em sentido contrário e nos exortou a regressar ao povoado de Sete Voltas e tentar um outro caminho que, embora mais longo, seria mais rápido e certamente menos tenebroso. Olhei para Luiz e senti que o mesmo gostaria de prosseguir, custasse o que custasse. Eu também, mas tinha que pensar em Luana. Por fim, acabamos usando o bom senso e volvendo a Sete Voltas. De lá para Desemboque foi um “tirinho” por estradas de terra hediondas, mas possíveis de se trafegar. Numa última reta, descendo o Chapadão da Zagaia pelo norte, tratores impediram nossa progressão e fomos obrigados a entrar em uma plaga revolvida, recém preparada para o plantio da soja. Quase Luana e eu, a exemplo de Luiz, conhecemos o gosto da terra mineira.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-1Gt0kCIDPRE/US62omtSVPI/AAAAAAAAKAc/WAiHa4w1c7M/s1600/P1150412.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-1Gt0kCIDPRE/US62omtSVPI/AAAAAAAAKAc/WAiHa4w1c7M/s320/P1150412.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">No alto da Serra das Sete Voltas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Ei2dkmCa_oI/US62oRx9LuI/AAAAAAAAKAU/01rJELwoElY/s1600/P1150414.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-Ei2dkmCa_oI/US62oRx9LuI/AAAAAAAAKAU/01rJELwoElY/s320/P1150414.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Povoado Sete Voltas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-bSUnmu1D1uw/US62o3j9KgI/AAAAAAAAKAk/brhHUyeHvWM/s1600/P1150426.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-bSUnmu1D1uw/US62o3j9KgI/AAAAAAAAKAk/brhHUyeHvWM/s320/P1150426.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tucano-de-bico-verde</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-vl9lVtHzQc4/US64Xndr2vI/AAAAAAAAKBA/wVfQaOb2uHQ/s1600/P1150425.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-vl9lVtHzQc4/US64Xndr2vI/AAAAAAAAKBA/wVfQaOb2uHQ/s200/P1150425.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Desemboque</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Tudo é plácido quando se entra em Desemboque. Parece que até mesmo as aves velam a sua calmaria, deixando de produzir os sons que lhes são característicos. Duas ruas de paralelepípedos, algumas casas coloniais aparentemente abandonadas, um par de igrejinhas que resistem ao tempo e poucos e vagarosos transeuntes são os elementos de um cenário que, na centúria XVIII, certamente foi mais ululante. Não era para menos: havia muito ouro naquela época. De tão próspero, o Desemboque chegou a ser sede de governo e subordinar todas as outras vilas da região da Mesopotâmia Triangulina aos seus desígnios. Suas origens são incertas, mas há quem diga que tudo começou com as bandeiras comandadas pelo paulista Bartolomeu Bueno do Prado, caçador de índios e negros, que de tão sádico e carniceiro carregava consigo uma fieira com as orelhas decepadas dos corpos que ceifava a vida. Expulsaram os índios caiapós, nativos da região, encontraram ouro e deram início ao povoado. O certo é que era um local de difícil acesso (e ainda é), visto ser a primeira vila propriamente dita do Triângulo Mineiro (na época goiano), e muito do ouro foi roubado e contrabandeado. A Coroa Portuguesa exigia um quinto (“o” quinto) de tudo o que era extraído, mas a fiscalização, quando demonstrou que se tornaria mais eficaz, encontrou apenas os últimos resquícios da pedra preciosa, responsável pela ascensão e pela ruína de todo e qualquer ponto onde fora descoberto até então. Desemboque, subitamente, desfigurou-se. Os moradores, nômades do ouro, debandaram à procura de novos veios. Deixou de ser centro de poder, pois ali já não havia produção intelectual e concentração de riquezas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-680qk91DKnk/US64XGZBsmI/AAAAAAAAKA4/y4Sgh90LI-Q/s1600/P1150421.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-680qk91DKnk/US64XGZBsmI/AAAAAAAAKA4/y4Sgh90LI-Q/s320/P1150421.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Remanescente da arquitetura colonial</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-W2hI6SjkzTE/US64Xv0t8mI/AAAAAAAAKBI/GavMgG0Dsoo/s1600/P1150422+%25282%2529.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-W2hI6SjkzTE/US64Xv0t8mI/AAAAAAAAKBI/GavMgG0Dsoo/s320/P1150422+%25282%2529.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Seo" Lázaro conosco</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-hgNvNCvj-bM/US64XCJ0ejI/AAAAAAAAKA0/c-l3tP3xyJA/s1600/P1150420.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-hgNvNCvj-bM/US64XCJ0ejI/AAAAAAAAKA0/c-l3tP3xyJA/s320/P1150420.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja do Rosário, de meados do século XVIII, construída para os escravos</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-xq3H6cPRlaM/US65uZq6tWI/AAAAAAAAKBs/3465uakMxLI/s1600/P1150417.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-xq3H6cPRlaM/US65uZq6tWI/AAAAAAAAKBs/3465uakMxLI/s200/P1150417.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Detalhe da Ig. do Rosário</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Logo ao apearmos das motos fomos recepcionados pelo senhor Lázaro, único habitante local que se encorajou a conversar com três pessoas em estado lastimável, cobertos de barro, puaca e carrapichos de diversos formatos. O simples homem, trajando roupas surradas e um chapéu de palha, contou-nos um pouco da dinâmica sonolenta de Desemboque, vilarejo de onde partiu para o estrelato nacional o ator Lima Duarte. Explicou-nos um pouco sobre as duas igrejinhas que ainda resistem ao tempo, uma construída para os brancos, em 1743, e a outra, na parte mais alta da vila, para os negros, que não podiam frequentar a dos brancos, datada de 1750, aproximadamente. Ambas são simples capelas de barro, sendo a primeira chamada de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque e a segunda de Nossa Senhora do Rosário. “Seo” Lázaro nos exortou a adentrar a dos brancos e conhecer o seu interior já muitas vezes saqueado. Assim o fizemos, despedindo-nos do homem que, como todos os outros de Desemboque, sobrevive pela agricultura de subsistência. Vencendo o pequeno portão férreo e enferrujado, desviamos dos túmulos desorganizados dispostos pelo espaço defronte ao átrio da igreja de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque e entramos pela porta lateral do templo, registrando seu simples altar datado de 1762. É todo entalhado em madeira com detalhes dourados, numa rusticidade que Luana e eu não testemunhamos em Ouro Preto e Mariana, onde as igrejas se rebuscaram em demasia devido à ambição e à competição entre as famílias ou grupos que as erigiam. Enfim, foi a última visão de um local histórico no qual se gasta apenas uma hora para conhecê-lo por completo. Logicamente a região, por estar nos pés de serras, esconde cachoeiras e vales magníficos, mas infelizmente não teríamos tempo de procurá-los nessa oportunidade. Destarte, é sempre bom deixar um motivo para voltar.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-tCVNYNQF9xs/US64XxwSTfI/AAAAAAAAKBE/2CJtjm1A198/s1600/P1150428.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-tCVNYNQF9xs/US64XxwSTfI/AAAAAAAAKBE/2CJtjm1A198/s320/P1150428.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque, de 1743</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-wZOm0IBoa4Q/US64YmxUDUI/AAAAAAAAKBc/Ly8oHaHWIm0/s1600/P1150429.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-wZOm0IBoa4Q/US64YmxUDUI/AAAAAAAAKBc/Ly8oHaHWIm0/s320/P1150429.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cemitério defronte à igreja</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-V0FB_8Fxicg/US64Y-3st9I/AAAAAAAAKBk/twAn7U1shuA/s1600/P1150444.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-V0FB_8Fxicg/US64Y-3st9I/AAAAAAAAKBk/twAn7U1shuA/s320/P1150444.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Altar entalhado em madeira</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-5L0ECJf_HYA/US66349hXeI/AAAAAAAAKB0/oeSpqu3FhWs/s1600/P1150422.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-5L0ECJf_HYA/US66349hXeI/AAAAAAAAKB0/oeSpqu3FhWs/s200/P1150422.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Desemboque</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Saindo do vale do Araguari, antigo rio das Velhas, subimos novamente ao alto do Chapadão da Zagaia e rumamos sentido oeste, vencendo mata-burros, buracos, lama e revoadas de canários-da-terra. Carrapateiros, curicacas, carcarás e seriemas eram vistos esporadicamente. Após 50km de estradas de chão alcançamos o asfalto das imediações da cidade de Sacramento, ao qual pertence o Desemboque. Já sentindo a umidade do rio Grande, descemos ao vale de mais uma de suas represas, a de Jaguara, antiga conhecida da viagem que Rodrigo Gil e eu fizemos em 2012, quando passamos por ela a caminho de Três Marias (<i>link</i> <a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com/2012/04/tres-marias-de-05-08-de-abril-de-2012.html" target="_blank"><u><b><i>aqui</i></b></u></a>). Passando a ponte, voltamos para São Paulo, pois de Ibiraci em diante o rio demarca a divisa entre os Estados. Em Rifaina, acessamos uma outra estrada de chão que, circundando a Serra da Chave, nos conduziu até o asfalto que, se o seguíssemos em direção ao norte, daria acesso a Usina de Estreito. Como rumamos sentido sul e posteriormente ao leste, acabamos circundando Claraval e chegando ao Povoado da Laje, citado no primeiro dia de viagem. Daí pra frente foi necessário apenas refazer o percurso, descendo ao vale da Capela da Piçarra e embicando para o vale do Reservatório de Peixoto, alcançando, exauridos e maltrapilhos, no principiar da noite, a Vila de Furnas, onde mais uma vez pernoitaríamos. Lembrei-me das palavras de Marcos Williams. “Políticos e pessoas convidadas famosas faziam festas aqui e, no outro dia, todas as roupas eram queimadas para não serem reutilizadas ou roubadas e comercializadas pelos empregados ou por quem quer que seja”. Não nos aguardavam com festa. Na verdade, não nos aguardavam. Ainda bem. Nosso Carnaval não anseia festividades, mas sim novos ermos para continuar o processo de (re)descobrimento do Brasil. Restou-nos, então, descansar, para no dia posterior, já a caminho de casa, conhecer novas paisagens.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-4n9XHn6yTJ4/US67IP7DWUI/AAAAAAAAKB8/cnz7QzVswfg/s1600/P1150416.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-4n9XHn6yTJ4/US67IP7DWUI/AAAAAAAAKB8/cnz7QzVswfg/s320/P1150416.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Carcará</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-5vidqrOu6m0/US67Ie2ciLI/AAAAAAAAKCA/rlrYmQM5bAc/s1600/P1150447.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-5vidqrOu6m0/US67Ie2ciLI/AAAAAAAAKCA/rlrYmQM5bAc/s320/P1150447.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Chave, em Rifaina</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-DIpJLeqb57Y/US68IlubDuI/AAAAAAAAKCM/JR8cait_b8Y/s1600/P1150466.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-DIpJLeqb57Y/US68IlubDuI/AAAAAAAAKCM/JR8cait_b8Y/s200/P1150466.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Vila de Furnas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 12 de fevereiro, despertados pelos barulhentos xexéus, despedimo-nos de Marcos Williams e da Vila de Furnas para darmos início ao difícil ato de regressar. Aproveitamos ainda uma última dica do benevolente homem, um ser humano raro nos dias atuais. Voltamos para a ponte sobre o rio Grande, mas não a atravessamos. Bordejamos, desta feita, o rio pelo lado sul, por uma estrada que dá acesso aos ranchos instalados nos contrafortes da Serra da Chapada. No terceiro mata-burro, encostamos as motos e seguimos, a pé, por uma trilha entre a mata atlântica fechada, beiradeando um dos inúmeros cursos d'água que descem dos pontos culminantes da serra. Em pouco tempo topamos com a gélida Cachoeira dos Ranchos, que com mais de 40 metros de queda escorria por um paredão de pedras enegrecidas e quase intocadas pela luz solar. Foi uma despedida à altura da magnífica região de Marechal Mascarenhas, que guarda em seus domínios mais de 150 cachoeiras, serras intrincadas, pessoas acolhedoras e paisagens que mesclam o que é ainda natural e o que já foi modificado pelo homem, mas que de uma maneira ou de outra mantém os genes garbosos das épocas da Mesopotâmia Triangulina. Certamente Luiz Paulo, Luana e eu retornaremos algum dia para explorar o que o curto tempo dessa viagem nos furtou de conhecer. Voltando para nossas motos, como que dizendo adeus, um pássaro cada vez mais raro na vida selvagem livre, o sabiá, entre as folhas e a escuridão da mata atlântica se deixou fotografar. Devido às condições de pouca luz, a imagem ficou horrenda, mas serviu como um registro de que a vida, apesar de todos os empecilhos, ainda se esconde para, quem sabe um dia, reivindicar seu lugar no mundo.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-v7OVGBmpz5w/US68JNgOavI/AAAAAAAAKCU/mu8IivDvLYQ/s1600/P1150467_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-v7OVGBmpz5w/US68JNgOavI/AAAAAAAAKCU/mu8IivDvLYQ/s320/P1150467_stitch.jpg" width="296" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira dos Ranchos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-GpGSNyW3Gsc/US68JacrF6I/AAAAAAAAKCY/kJ8xKYYumrY/s1600/P1150470.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-GpGSNyW3Gsc/US68JacrF6I/AAAAAAAAKCY/kJ8xKYYumrY/s320/P1150470.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Detalhe da queda de 40 metros</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-qsiTsB5V6Pw/US68j1I_SpI/AAAAAAAAKCs/iVqGfoRC_gU/s1600/P1150484.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-qsiTsB5V6Pw/US68j1I_SpI/AAAAAAAAKCs/iVqGfoRC_gU/s320/P1150484.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sabiá-barranco</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-DAokXaS34ig/US69PTEBsjI/AAAAAAAAKC0/TdOckRHDkxQ/s1600/P1150486.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-DAokXaS34ig/US69PTEBsjI/AAAAAAAAKC0/TdOckRHDkxQ/s200/P1150486.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da Serra da Tocaia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Partindo em definitivo de Marechal Mascarenhas, enveredamo-nos por uma estrada de terra nas proximidades da Capela da Piçarra, subindo a Serra da Tocaia e obtendo belas vistas da Represa de Peixoto. Quando nos demos conta já estávamos em território pertencente ao município de Cássia, contemplando um imenso paredão de arenito do qual descia, longínqua, uma volumosa cachoeira. Conversamos com um senhor, do qual esqueci-me de perguntar a graça, e pedimos informações para chegar à queda d'água, mas o mesmo nos dissuadiu argumentando que não existiam trilhas e que o gado das pastagens adjacentes era potencialmente perigoso. Segundo meus mapas estávamos no sopé da Serra do Itambé. Para não sairmos de “mãos vazias”, o homem nos indicou uma outra cachoeira, longe ainda uns 5km dali, que poderíamos acessar sem problemas. Seguimos, então, pela estrada e, numa venda, enquanto Luiz se deliciava com os “paiêros” artesanais da região, obtive coordenadas para a Cachoeira do Itambé, presente na mesma serra. Fomos até a mesma e, com muitas dificuldades, chegamos a um mirante defronte a queda de 30 metros de altura. O engraçado é que o mesmo homem que nos informara sobre a cachoeira pouco tempo depois veio dar uma olhada para se certificar de que a acháramos, em mais uma mostra de que o povo do sul mineiro carrega um espírito de benevolência cada vez mais raro nos conturbados ambientes urbanos das grandes cidades de São Paulo, como a em que vivo. Foi um local em que nos demoramos em demasia, como que a retardar o regresso definitivo. Afinal, dali para frente seguiríamos pelo asfalto e por áreas mais urbanizadas. O bucolismo se despediu com a visão das águas atingindo com força as rochas triangulares dos contrafortes da Serra do Itambé. Adeus, vale do rio Grande.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-FHfui6jMEpc/US693OV2TfI/AAAAAAAAKDU/77zLNvzEe5A/s1600/P1150502_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="http://4.bp.blogspot.com/-FHfui6jMEpc/US693OV2TfI/AAAAAAAAKDU/77zLNvzEe5A/s400/P1150502_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Itambé</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-cjURUEhmFMI/US69sGbeyAI/AAAAAAAAKDE/wuA91zfdtKg/s1600/P1150509.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-cjURUEhmFMI/US69sGbeyAI/AAAAAAAAKDE/wuA91zfdtKg/s320/P1150509.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Itambé vista da estrada</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-QSnyivcKjPM/US69sve6zzI/AAAAAAAAKDM/YhAurlZr4Zk/s1600/P1150510.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-QSnyivcKjPM/US69sve6zzI/AAAAAAAAKDM/YhAurlZr4Zk/s320/P1150510.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Itambé</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_627362380"></span><span id="goog_627362381"></span> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-JWy_sFyRcT8/US6-edZSCdI/AAAAAAAAKDc/K-D-VuM91qE/s1600/P1150513.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-JWy_sFyRcT8/US6-edZSCdI/AAAAAAAAKDc/K-D-VuM91qE/s200/P1150513.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O regresso</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Por volta das 16h passamos pelo centro de Cássia, pelos perímetros urbanos de Pratápolis e São Sebastião do Paraíso, onde apeamos para descansar pela última vez em solo mineiro, às 17:30h. Na sequência vieram Arceburgo, o rio Canoas e Mococa, já no Estado de São Paulo. Daí pra frente foi só seguir o traçado retilíneo da SP340 até a cidade de Mogi Mirim, onde pendemos sentido Engenheiro Coelho e Limeira. Na Anhanguera, com a noite nos envolvendo, pilotamos até a Praia Azul, em Americana, findando a viagem de Carnaval com o odômetro parcial de minha moto marcando 1000km rodados. Não foi uma incursão longa, mas os perigos das estradas de chão das confusas serras do sul mineiro nos estafaram feito uma viagem de 3000km. Logicamente toda a beleza do que foi contemplado sobrepujará, em minhas memórias, o sacrifício empregado no decorrer da aventura. Voltarei àqueles ermos, certamente, para melhor desbravar tudo o que têm a oferecer. E para aqueles que odeiam as comemorações boêmias que permeiam o nosso feriado de Carnaval, que se dirijam para aquelas bandas, onde festanças praticamente inexistem e a paz é deveras constante. Quem não vê emoção em festividades pode simplesmente estar procurando-a em um local indevido. A alegria, quase sempre, não se encontra na ébria e momentânea felicidade de uma festa, mas sim no ato estático de parar e observar, do alto de uma serra, um mundo aparentemente pacífico, e que só entrará em guerra a partir do momento que para ele regressarmos, pois somos, em suma, os criadores e perpetuadores do caos. Nós, os seres erroneamente chamados humanos, lembrando a fala de um outro querido autor. Mas essa já é outra estória.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">“O silêncio era absoluto, apenas entrecortado pela onomatopeia que caracteriza as matas e cerrados virgens: de fato, o que se podia ouvir eram o assobio do vento, as “vozes” dos animais, representadas por pios, cânticos, trinados ou chilreios dos pássaros, o barulho das fontes, o “urro” das cachoeiras, o uivo de lobos, o miado característico das onças, o tique-taque dos dentes das queixadas... o tombo da caça presa pelas garras da onça faminta... Às vezes, aqui e ali, o silêncio sepulcral era interrompido pelo ranger de árvores gigantes, envelhecidas pelo tempo e bravamente retorcidas pelo redemoinho que sacode ou pelo tufão que ruge... ou pelo pio triste das perdizes que povoam as campinas... pelos guinchos afinados dos micos, até o “ronco” ou “mugido” dos macacos maiores, anunciadores da chuva que vem ou do frio que se vai... ou pelo estalido seco ou abafado do trovão que prenunciava as chuvas ou pelo farfalhar das folhas levemente agitadas pela brisa ou balouçadas loucamente pelo vento que ruge e avassala”. O Triângulo Mineiro, hoje diferente do que era, ainda continua belo, José Ferreira de Freitas, mas em alguns pontos ainda praticamente inacessível. E, como os bandeirantes, nós e outros, “afrontando perigos, contornando cachoeiras, deslizando as canoas sobre toras roliças de madeiras nos varadouros, enfrentando as onças traiçoeiras, as serpes venenosas, os marimbondos e abelhas escondidos, e as gigantes cobras sucuris engolidoras de gente”, continuaremos desbravando-o.</span><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-ubgrYAd1sWs/US6-5VtTEkI/AAAAAAAAKDk/ESeh8Vdt2jY/s1600/P1150189.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-ubgrYAd1sWs/US6-5VtTEkI/AAAAAAAAKDk/ESeh8Vdt2jY/s400/P1150189.JPG" width="400" /></a></div>
</div>
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<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/MarechalMascarenhasEDesemboqueDe10A12DeFevereiroDe2013?noredirect=1#" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span><br />
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<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5845519943645299377%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
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<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Sigo compondo meus curtos blues, como o que segue abaixo em referência ao rio Grande e ao Desemboque. É uma tentativa vã de recuperar a paz e a satisfação que eu sentia em viver quando a responsabilidade era quase nula, em meus tempos de menino, quando somente a sombra de uma árvore piracicabana, um violão e uma lasca de uma ideia eram o suficiente para eu ocupar satisfatoriamente o meu tempo.</span></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/2q8ImZiilp0?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
</div>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-64039372367605328282013-02-07T19:03:00.001-08:002013-02-15T16:27:29.006-08:00Serra das Cabras - 03 de fevereiro de 2013<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-glqLSJ4k4wE/URRT4UEN2WI/AAAAAAAAJ0I/fbq9DTtG7xM/s1600/DSCN1179(2).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-glqLSJ4k4wE/URRT4UEN2WI/AAAAAAAAJ0I/fbq9DTtG7xM/s400/DSCN1179(2).JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Nem só de grandes viagens é feito um viandante. As consideradas curtas são mais apreciativas, embora aos mais ambiciosos caiba refutar, pois tanto a chegada ao destino quanto os caminhos alternativos de regresso são rápidos, conhecidos há muito pelas perambulações corriqueiras ou a trabalho, ensejando um tempo maior de exploração do local pretendido. Costumo dizer, para solidificar minha teoria, que grandes incursões fortificam o caráter de um homem, pois exigem do mesmo pertinácia de espírito e resistência física. As pequenas, por outro lado, moldam, aguçam, aperfeiçoam os sentidos, que não são estacionários, como muitos podem pensar. São, pelo contrário, suscetíveis ao treino e, em consequência, a melhoramentos. Frequentemente, em uma longa jornada, nos privamos de descansar à sombra de uma frondosa árvore e de observar, serenamente hirtos, os traços irregulares de uma cadeia de montanhas no horizonte, uma vez que o objetivo final ainda está distante e o tempo é escasso. Nas mais curtas, para-se onde por bem parar entende-se, já que o tempo não é um fator tão limitante. Enfim, embora minhas explanações sobre ambas possam parecer antagônicas e confusas, reitero que são complementares entre si. Um completo caminhante depende de suas águas duais para preencher um hiato na vida que, em sua grande parte, é alienada, apartada do que mais o apraz.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-k7rswz5lS0E/URRU0g7QUCI/AAAAAAAAJ0Y/qxwashjbnic/s1600/DSCN1078.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-k7rswz5lS0E/URRU0g7QUCI/AAAAAAAAJ0Y/qxwashjbnic/s200/DSCN1078.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caminhos que nos levam</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Todos os habitantes da nossa famosa RMC (Região Metropolitana de Campinas) concordam que os nossos redutos naturais, sejam eles de qualquer espécie, rareiam-se. Rios estão condenados, a fauna foi dizimada ou escorraçada para outras regiões e o que resta da vegetação nativa convive, ombro a ombro, com a indesejada monocultura da cana. É um quadro desolador para quem procura, sempre que pode, manter uma certa distância da agitação burocrática e do ambiente acinzentado dos grandes centros urbanos de Americana, Sumaré, Hortolândia, Santa Bárbara d'Oeste e Limeira, só para citar alguns. Não obstante, uma breve pesquisa nos mapas da metrópole campineira é suficiente para encontrarmos algo interessante. Delineia-se, a nordeste, uma área em que a cor verde predomina. Não é um jardim botânico artificial nem tampouco um parque ecológico de grandes dimensões. Trata-se de um triângulo imaginário formado pelo minúsculo distrito de Joaquim Egídio e as cidades de Morungaba, a leste, e Pedreira, ao norte, dentro do qual figura a chamada Serra das Cabras. Nesse cenário, onde os limites entre os municípios se camuflam em meio a resquícios de mata atlântica e incontáveis fazendas coloniais cujas origens remontam ao Ciclo do Café, no começo do século XIX, nos aventuraríamos em busca de cenários ainda desconhecidos de grande parte da população circundante. Recrutei, para acompanhar-me, Luana Romero, sempre ávida, engarupada em minha moto, esbanjando resistência e um olhar afiado à detecção de pequenos pássaros, répteis e mamíferos nas vias em que a necessidade de pilotar cautelosamente me impede de desgrudar os olhos da estrada, e Thiago Lucas Santos, cúmplice de outras aventuras pelo litoral paulista e pela Serra da Mantiqueira.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-cmW9oLx5Ymo/URRU04qgV5I/AAAAAAAAJ0U/rkuSBijxzq8/s1600/DSCN1040.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-cmW9oLx5Ymo/URRU04qgV5I/AAAAAAAAJ0U/rkuSBijxzq8/s200/DSCN1040.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Atibaia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Deixamos a Praia Azul, em Americana, às 8:30h de um domingo nublado típico de verão. Ignorando as previsões climáticas, que apontavam para uma possibilidade de 80% de chuva, aceleramos pela Anhanguera até o acesso a Dom Pedro, rodovia essa que nos conduziu pelo perímetro da cidade de Campinas. Com mais de 1 milhão de habitantes, a metrópole interiorana é maior do que a maioria das capitais de Estado brasileiras. Para se ter uma noção, Campo Grande, a bela cidade morena, capital do Mato Grosso do Sul, tem pouco mais de 800 mil. Afastando-nos da área mais urbanizada, passamos pelo acesso ao distrito de Sousas e adentramos o próximo, atravessando uma ponte sobre o sereno rio Atibaia, que nasce da confluência dos rios Atibainha e Cachoeira, entre Atibaia e Bom Jesus dos Perdões, alguns quilômetros ao leste. É, juntamente com o Jaguari, formador do rio Piracicaba, na região do Salto Grande, em Americana, praticamente no “quintal de minha casa”, como gosto de falar. Uma placa alertava à presença do temido carrapato estrela em sua escassa mata ciliar, mas isso parecia não dissuadir o ímpeto de incautos pescadores que se embrenhavam à procura de um bom lugar nas pedregosas barrancas para alocar suas tralhas. A febre maculosa, transmitida por esse aracnídeo hematófago que geralmente parasita capivaras, é potencialmente fatal. Enfim, cada um enfrenta o perigo que julga necessário ao encontro de um sentido para a vida. Lembrei-me das palavras de um imperturbado mineiro que, por horas a fio, imóvel, pescava nas barrancas do rio São Francisco, em Três Marias. “<i>Cê</i> nunca vai entender o que eu faço aqui parado, meu filho, assim como eu nunca vou entender o que <i>cê</i> faz por aí, de um lado pro outro, inquieto, em cima de uma moto. Muita gente acha que ter atitude é agir com energia e nunca parar. A minha atitude é o oposto. É uma atitude estática, <i>uai</i>”, disse ele.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-pNOtYiotAvU/URRXF-TpoWI/AAAAAAAAJ0s/FQVsRw3ZtYQ/s1600/DSCN1048.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-pNOtYiotAvU/URRXF-TpoWI/AAAAAAAAJ0s/FQVsRw3ZtYQ/s320/DSCN1048.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada da Bocaina</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-uwUqGBYEwP0/URRU0vN_hWI/AAAAAAAAJ0Q/fYd-iwqBCDY/s1600/DSCN1042.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-uwUqGBYEwP0/URRU0vN_hWI/AAAAAAAAJ0Q/fYd-iwqBCDY/s320/DSCN1042.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ao fundo, a Serra das Cabras</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-WGCTgFo-Drk/URRXF4WmX5I/AAAAAAAAJ0w/cVz0CseNkcE/s1600/DSCN1054.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-WGCTgFo-Drk/URRXF4WmX5I/AAAAAAAAJ0w/cVz0CseNkcE/s200/DSCN1054.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Seriemas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A estrada que se segue após a ponte é de um chão batido de consistência semelhante à do asfalto. Sem emoções, em suma. Vencendo-a, entrecortamos o distrito campineiro de Joaquim Egídio, antigamente conhecido como Bairro do Laranjal, e nos dirigimos incontinenti para uma outra estrada de chão, a da Bocaina, a primeira ao sul na vicinal Campinas-Morungaba. Ladeada primeiramente por extensas pastagens e sítios, começa a metamorfosear-se à medida que se aproxima das margens do sempre presente rio Atibaia. Surgem eucaliptos, que impregnam o ambiente com seu aroma peculiar, casais de seriemas ressabiados pelo transitar de nossas motocicletas, sedes de fazendas coloniais do ciclo cafeeiro e, mais notavelmente, os desenhos dos píncaros da Serra das Cabras, nosso escopo, bem ao longe. Em um determinado momento, cercas vivas naturais chamaram a nossa atenção. Talvez escondessem apenas mais uma fazenda. Um grande portão de madeira, entreaberto, nos convidou a uma espiada. Entramos, sorrateiros, visando fotografar o máximo possível até que alguém nos advertisse. Tratava-se do campo de <i>golf</i> da Fazenda Guariroba, esporte praticado pela elite financeira do mundo todo. São <i>greens</i> imensos, com aparagens de diversas alturas, divididos por um regato artificial que desemboca diretamente no rio Atibaia, esse emparedado, na margem oposta, por um monte de rala vegetação e de um verde mais escuro que o do campo. Embora seja um ambiente elitizado e artificial, não há como não enaltecer o zelo e a maestria com que são cuidados esses palcos esportivos. Saímos incólumes dali, ferindo com pesadas botas um gramado que acostumou-se historicamente com a delicadeza de refinados sapatos italianos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-p9TtYTQDKFI/URRYD-rQzBI/AAAAAAAAJ1U/8qZ5lLEjYnU/s1600/DSCN1058.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-p9TtYTQDKFI/URRYD-rQzBI/AAAAAAAAJ1U/8qZ5lLEjYnU/s320/DSCN1058.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fazenda Guariroba</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-RIHsixZErwc/URRYEJXY9cI/AAAAAAAAJ1Y/EMJmxfdiQvs/s1600/DSCN1059.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-RIHsixZErwc/URRYEJXY9cI/AAAAAAAAJ1Y/EMJmxfdiQvs/s320/DSCN1059.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Campo de <i>golf</i></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-7U0uvs_XcE4/URRYEDzIy1I/AAAAAAAAJ1g/0g7xKxQT7rw/s1600/DSCN1068.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-7U0uvs_XcE4/URRYEDzIy1I/AAAAAAAAJ1g/0g7xKxQT7rw/s320/DSCN1068.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Regato artificial que desemboca no rio Atibaia</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-NW6wk7Wakpg/URRZMNYbNcI/AAAAAAAAJ1s/czlubbzOF7w/s1600/DSCN1081.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-NW6wk7Wakpg/URRZMNYbNcI/AAAAAAAAJ1s/czlubbzOF7w/s200/DSCN1081.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela abandonada</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Continuando pela mesma estrada, passamos por uma antiga capela abandonada, de feição assombrosa, e topamos com a Usina Hidrelétrica de Salto Grande, recentemente tombada como patrimônio cultural de Campinas. A casa das turbinas, construída em pedras, mesclam o passado, notável em sua arquitetura, e o presente, visto em seus modernos motores de refrigeração externos. Recebe três imensos tubos de ferro, provenientes da barragem, pelo qual a água do rio Atibaia corre, em declive, rumo às turbinas que geram energia desde a primeira década do século XX. Figura entre as dez primeiras usinas hidrelétricas do país, instalada em uma cidade pioneira em iluminação urbana. Conheci, no ano de 2011, juntamente com Rodrigo Gil e Luiz Paulo Blanes, a primeira do Estado de São Paulo e segunda do Brasil e da América Latina, a Usina do Monjolinho, em São Carlos, mas eu diria que essa é melhor aparentada e preservada, apesar de historicamente menos interessante em nível nacional. A estrada de chão a beiradeia, mas um amontoado de pedras impossibilita que se siga, de moto, por essa via. Alguns ciclistas passaram por nós, ergueram suas bicicletas e continuaram na trilha. Infelizmente não conseguiríamos fazer o mesmo com nossas pesada motos. Thiago, contumaz, tentou subir, arriscando danificar partes vitais do motor, mas estancou, não indo para frente nem para trás. Após muito esforço conseguimos manobrar a bichana entre as pedras e retornar aos portões da usina. Como última lembrança do lugar, registramos um besouro, de carapaça de um vermelho vívido, que subia, pelas gramíneas, em direção às úmidas rochas que atravancaram nosso caminho.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-1awjpuQagy8/URRZMZVloMI/AAAAAAAAJ10/HB3_N226KyE/s1600/DSCN1094.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-1awjpuQagy8/URRZMZVloMI/AAAAAAAAJ10/HB3_N226KyE/s320/DSCN1094.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Usina Hidrelétrica de Salto Grande</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-dnETzRRL194/URRZMTCoWhI/AAAAAAAAJ14/BSFUYVAjFYE/s1600/DSCN1098.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-dnETzRRL194/URRZMTCoWhI/AAAAAAAAJ14/BSFUYVAjFYE/s320/DSCN1098.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa das turbinas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-MGxyuDx8ZSk/URRZMrQfWhI/AAAAAAAAJ18/-2wUwD4sWgc/s1600/DSCN1110.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-MGxyuDx8ZSk/URRZMrQfWhI/AAAAAAAAJ18/-2wUwD4sWgc/s320/DSCN1110.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Besouro-vermelho</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-n7dhvsQ3M1M/URRaUqyCeGI/AAAAAAAAJ2U/WK85XlMtREs/s1600/DSCN1122.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-n7dhvsQ3M1M/URRaUqyCeGI/AAAAAAAAJ2U/WK85XlMtREs/s200/DSCN1122.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Joaquim Egídio: herança cafeeira</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Voltar pela mesma estrada não é algo que eu aprecie muito, mas as circunstâncias nos obrigaram a tal. Como um aditivo para o meu inconformismo, a chuva, mesmo que na forma de garoa, deu as caras. Procuramos abrigo em Joaquim Egídio, no átrio da igreja de São Joaquim e São Roque, construída em 1926, na última década do Ciclo do Café. Por mencionar esse período, foi nele que o Bairro do Laranjal, nome com o qual era conhecido à época, começou a ser efetivamente povoado, a partir da demanda da Fazenda Laranjal, tanto por trabalhadores paulistas como por europeus, que se instalaram na região e alavancaram-na. O café, considerado o ouro paulista do século XIX, trouxe desenvolvimento e afetou toda a dinâmica local. Nesse pano de fundo surgiu a iluminação pública, até então uma utopia mesmo nas grandes cidades como a capital Rio de Janeiro. Primeiramente foi produzida a vapor, e posteriormente por usinas como a de Salto Grande. A ferrovia e os bondes, a partir das duas últimas décadas do século XIX, foram concebidas com o intuito de escoar a produção das fazendas, que não era pequena. A herança de toda essa história é um casario antigo e bem preservado, que atualmente alberga restaurantes refinados e que, obviamente, não entraram no nosso roteiro. Enquanto caminhávamos pelas ruas, aguardando o cessar do gotejo dos céus, apreciamos a arquitetura ímpar, difícil de se encontrar nas modernas cidades da RMC. Destacamos um prédio que abriga a subprefeitura de Campinas, onde antigamente funcionava uma alfaiataria. Retornando à igreja, reavemos nossas motos e nos pusemos de volta na rota traçada. A chuva cessara.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-MF8jtBrvOG8/URRaUoZNuZI/AAAAAAAAJ2Y/uGRxfUYVQYs/s1600/DSCN1126.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-MF8jtBrvOG8/URRaUoZNuZI/AAAAAAAAJ2Y/uGRxfUYVQYs/s320/DSCN1126.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de São Joaquim e São Roque, de 1926</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ay_x9G08ncs/URRaURr1qAI/AAAAAAAAJ2M/6k0bl9w6c3A/s1600/DSCN1121.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-ay_x9G08ncs/URRaURr1qAI/AAAAAAAAJ2M/6k0bl9w6c3A/s320/DSCN1121.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Prédio da subprefeitura, antigamente uma alfaiataria</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-boFowx1lhkg/URRb5zokCwI/AAAAAAAAJ2o/GCAWgB6kbUI/s1600/DSCN1127.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-boFowx1lhkg/URRb5zokCwI/AAAAAAAAJ2o/GCAWgB6kbUI/s200/DSCN1127.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casebre de taipa de pilão</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Pelo asfalto da SP081, de reconhecido valor paisagístico, nos dirigimos aos píncaros da Serra das Cabras. Testemunhamos um importante trabalho de plantio de mudas nativas nas margens da rodovia, conhecida popularmente pelo nome Campinas-Morungaba, ou Sousas-Morungaba. Um casebre de taipa de pilão, solitário e deteriorado, na margem esquerda, clamava por um registro. Sedes de grandes fazendas se distribuem nos arredores, e nos trechos de subida de serra desaparecem, dando lugar a curvas sinuosas e a uma mata mais densa. Não há acostamentos. Luana, com um sutil tapa em minha perna direita, sinalizou ter visto algo. Imediatamente dei meia volta e retornei alguns metros. Em uma goiabeira, alimentavam-se dos frutos já maduros um bando de saguis-de-tufos-pretos, os mesmos encontrados às margens do rio Mogi Guaçu. Foi difícil fotografá-los. Se movimentam muito rapidamente, caminham sobre os fios de energia elétrica e se escondem entre as folhagens, tornando o simples ato de focar um exercício de paciência. Por fim, conseguimos um único nítido registro desse ser que habita diversos tipos de vegetação, como o cerrado e a mata atlântica, mas que também subsiste, como o onipresente urubu-de-cabeça-preta, em locais desfigurados pelo homem, o mesmo que muitas vezes o aprisiona e o vende ilegalmente, escravizando-o e apresentando-o à solidão, a qual não está habituado por viver em bandos enormes, com mais de dez indivíduos. Contamos, no que vimos, pelo menos sete. Lembrei-me mais uma vez do pescador do Velho Chico. Se me quedasse parado, vendo um rio passar, certamente não me desapontaria cada vez mais com meus semelhantes.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-cWRioWtbnz0/URRciDjfzPI/AAAAAAAAJ24/PUrUiuoDHvc/s1600/DSCN1227.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-cWRioWtbnz0/URRciDjfzPI/AAAAAAAAJ24/PUrUiuoDHvc/s320/DSCN1227.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Urubu-de-cabeça-preta, sempre uma presença marcante</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-POvrb_P2pLI/URRb56sn1aI/AAAAAAAAJ2s/Bc8SAktzIJ8/s1600/DSCN1135.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-POvrb_P2pLI/URRb56sn1aI/AAAAAAAAJ2s/Bc8SAktzIJ8/s320/DSCN1135.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sagui-de-tufos-pretos</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-m9GNJ5cJFA0/URReftLYkhI/AAAAAAAAJ3c/WE05COG2kXI/s1600/DSCN1140.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-m9GNJ5cJFA0/URReftLYkhI/AAAAAAAAJ3c/WE05COG2kXI/s200/DSCN1140.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pôneis na Serra das Cabras</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Em uma bifurcação, o asfalto acabou. Terra para a esquerda, sentido Morungaba; terra para a direita, subindo definitivamente a Serra das Cabras. Optamos pela segunda opção. Como bônus, se tempo nos restasse, desceríamos e encararíamos a primeira. Ascendemos pelo pedregulho e por íngremes ladeiras e rapidamente chegamos ao topo da serra, o chamado Monte Urânia, no qual se encontram as instalações do Observatório Municipal de Campinas, ou Observatório de Capricórnio. Uma imensa arquibancada, aparentemente abandonada, deve servir (ou serviu) como um local de observação a olho nu para a identificação de estrelas e constelações. Obviamente esses mesmos corpos celestiais podem ser vistos pelo telescópio aqui instalado, no ponto mais alto de Campinas, com altitudes beirando os 1100m. Porém, ainda era dia, o céu estava nublado e não poderíamos desfrutar naquele momento de toda a estrutura oferecida pelo observatório. Enviesamo-nos, então, por uma propriedade particular, na qual funciona uma pequena cantina, e mediante um pagamento de R$5,00 cada pudemos andar livremente pelo topo de Campinas, onde formações rochosas peculiares atiçam a imaginação. Pôneis e vacas pastam solenes, como diria Rodrix, mas cabras, que segundo consta serviram de inspiração para a nomenclatura da serra, não deram o ar da graça. Esqueci-me de perguntar ao proprietário, mas talvez nem existam mais ali. O cenário, contudo, do qual o cerrado é mero coadjuvante, existe, e ele palmilharíamos.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-7XDIf1e-uL4/URRfTs8cUTI/AAAAAAAAJ4I/UnG9pBt7Gw0/s1600/DSCN1151.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-7XDIf1e-uL4/URRfTs8cUTI/AAAAAAAAJ4I/UnG9pBt7Gw0/s320/DSCN1151.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cerrado e formações rochosas no Monte Urânia</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-A-Owu0oWIrw/URRefk2-6QI/AAAAAAAAJ3k/TZ27u3DWOf8/s1600/382325_452764908127896_1348046260_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="223" src="http://3.bp.blogspot.com/-A-Owu0oWIrw/URRefk2-6QI/AAAAAAAAJ3k/TZ27u3DWOf8/s400/382325_452764908127896_1348046260_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Observatório de Capricórnio</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-6OiNtyL9vAg/URRg2s731sI/AAAAAAAAJ4g/yEXCR_bgC-0/s1600/DSCN1164.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-6OiNtyL9vAg/URRg2s731sI/AAAAAAAAJ4g/yEXCR_bgC-0/s200/DSCN1164.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Conjunto rochoso</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Um “mata burro” azul, uma trilha, pedras e mais pedras pelo caminho e um odor característico do cerrado sucessivamente nos levaram a um amontoado de rochas seculares lapidadas pelo tempo, pelo vento e pelas intempéries. Dentre elas se destacam duas: a da Águia e a da Agulha. A primeira, um bico aquilino com 6 ou 7 metros de altura, e a segunda, uma torre ainda mais alta, vertical, de quase 10 metros de altura. Em volta delas há ainda outras de silhuetas menos interessantes. Com algum esforço é possível escalar, sem apetrechos de rapel, a Pedra da Águia, mas não a da Agulha. Logo abaixo, descendo pelo mato, há uma outra propriedade particular, cercada, e então volvemos um pouco para adentrarmos uma outra trilha, que nos introduziu em uma mata fechada e depois calhou em uma plataforma natural conhecida como Pedra Mor. A partir dela se obtém uma bela vista da rodovia Dom Pedro, das cidades de Itatiba e Jundiaí e da face norte da Serra do Japi (vimos a sul na última viagem rumo ao Morro do Voturuna, que pode ser acessada <a href="http://carcaradaestrada.blogspot.com.br/2013/01/morro-do-voturuna-20-de-janeiro-de-2013.html" target="_blank"><b><i><u>aqui</u></i></b></a>). Imediatamente abaixo, um vale preenchido por uma mata atlântica densa esconde ribeirões que nascem ali mesmo, no alto da Serra das Cabras, e descem como afluentes do rio Atibaia, suprindo a demanda de água nas fazendas locais no decorrer de seus breves cursos. Por estarmos sós num local nem tão alto, mas bem acima do nível onde as cidades da região foram construídas, fui insuflado por uma serena paz, a mesma que eu idealizara quando resolvi traçar uma rota essencialmente “verde” em uma cidade notadamente “cinza”, como é o caso de Campinas. Por falar na metrópole, estávamos já na sua divisa com Morungaba, uma vez que a Serra das Cabras naturalmente demarca os limites entre as duas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-JqJtA5ngQgM/URRg1-31DKI/AAAAAAAAJ4U/lPmEMnYnwi4/s1600/DSCN1179.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-JqJtA5ngQgM/URRg1-31DKI/AAAAAAAAJ4U/lPmEMnYnwi4/s320/DSCN1179.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra da Agulha e Pedra da Águia</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-7E2VooFrpyk/URRg2Ak_tNI/AAAAAAAAJ4Y/R_BfX_CbyWM/s1600/DSCN1189.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-7E2VooFrpyk/URRg2Ak_tNI/AAAAAAAAJ4Y/R_BfX_CbyWM/s320/DSCN1189.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Itatiba, Jundiaí e a Serra do Japi vistas da Pedra Mor</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-p0aGbC8eGSk/URRjPRI9OCI/AAAAAAAAJ5s/0MBx4qY6lKY/s1600/DSCN1204.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-p0aGbC8eGSk/URRjPRI9OCI/AAAAAAAAJ5s/0MBx4qY6lKY/s320/DSCN1204.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra Mor</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-pjRi9cXtGIg/URRjzCcGAMI/AAAAAAAAJ58/CbeyYttkjh0/s1600/DSCN1263.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-pjRi9cXtGIg/URRjzCcGAMI/AAAAAAAAJ58/CbeyYttkjh0/s200/DSCN1263.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zona rural de Morungaba</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Com tempo de sobra e com mais nada a fazer no alto do Monte Urânia, instaurou-se o momento bônus da curta incursão. Não sabíamos bem o que encontrar nas incertas e perigosas estradas barrentas entre Campinas e Morungaba. Pedreira, que mencionei no começo da postagem, no fim das contas foi deixada de lado, e acabamos nos concentrando mais na ponta leste do triângulo. Na bifurcação mencionada há pouco, valendo-nos da nova abordagem, seguimos dessa vez pela esquerda, passando por sedes de fazendas abastadas e pequenas montanhas salpicadas, como corriqueiro na região, por rochas graníticas arredondadas. Logo após o casarão da Fazenda Paineiras e um túnel natural formado pela vegetação alta e de copa curvada, um mar de lírios-do-brejo surgiu diante de nossos olhos, um jardim natural sensorialmente extasiante. Mais à frente, escapando incólumes dos escorregões oportunizados pela lama, uma pequena represa com eucaliptos ao fundo foi também digna de contemplação. Sem querer nos aproximávamos do outro formador do rio Piracicaba, o rio Jaguari. Nos últimos metros, na iminência do fundo de seu vale, uma outra surpresa: imensas torres de comunicação por satélite da empresa Embratel. Por não podermos fotografá-las de perto com alguém servindo como escala, não consegui precisar a altura, mas são tão gigantescas quanto os montes posteriores a elas. Por fim, numa íngreme última arrancada, o Jaguari corria livre em uma parte pedregosa de seu leito. Mais uma vez uma placa alertava à presença do temido carrapato estrela, e mais uma vez ela era ignorada por alguns pescadores.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Lgx81ECB1hk/URRjzNq460I/AAAAAAAAJ54/MGkHm0dFW2E/s1600/DSCN1256.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-Lgx81ECB1hk/URRjzNq460I/AAAAAAAAJ54/MGkHm0dFW2E/s320/DSCN1256.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Mar" de lírios-do-brejo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-es8HGvuTHdE/URRjzC1HvRI/AAAAAAAAJ50/CB7qu4dAGIs/s1600/DSCN1286.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-es8HGvuTHdE/URRjzC1HvRI/AAAAAAAAJ50/CB7qu4dAGIs/s320/DSCN1286.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Jaguari</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-iLjGdalF7cg/URRj08a8WrI/AAAAAAAAJ6M/W2JYrs-Je7s/s1600/DSCN1291.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-iLjGdalF7cg/URRj08a8WrI/AAAAAAAAJ6M/W2JYrs-Je7s/s320/DSCN1291.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Torres da EMBRATEL</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-rhYsn-PKhj8/URRlG7DxA7I/AAAAAAAAJ64/ZHI8QyG9YcU/s1600/DSCN1292.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-rhYsn-PKhj8/URRlG7DxA7I/AAAAAAAAJ64/ZHI8QyG9YcU/s200/DSCN1292.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Subindo o vale do Jaguari</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Atravessamos o rio Jaguari sobre uma simples ponte e recomeçamos, a partir da outra margem, a subida do vale. A estrada, sempre uma mescla de terra, buracos transversais e pedras, em alguns momentos era ladeada por cercas de arame farpado, e em outros essas cercas simplesmente desapareciam por falta de serventia, já que magnânimas pedras arredondadas faziam o trabalho. Foi em uma dessas que escalamos para obter uma bela panorâmica do vale que acabáramos de deixar. De quebra vimos, ao fundo, as torres da Embratel, agora diminutas em meio à imensidão verde da zona rural de Morungaba, e a própria cidade de Morungaba, cravada entre a serra. Um céu impar, de nuvens rajadas, exibindo seu azul apenas nas entrelinhas, colaborou com o cenário que, para mim, foi o ápice dessa curta incursão pelos arredores da Serra das Cabras. Tenho certeza que meus companheiros sentiram o mesmo, visto que foi neste ermo que mais nos demoramos. Nem mesmo as passagens, na sequência, pelo bairro rural Areia Branca e sua igrejinha de 1925, no território de Amparo, e pelas imediações do Pico da Fortaleza, já em vias de reencontrarmos, depois de muitos quilômetros, o asfalto, sobrepujaram a complexidade do vale do rio Jaguari, rio que nasce nos cumes da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, e vem sendo degradado por todo o seu curso até se unir ao Atibaia, “no quintal de minha casa”, dando vida ao rio Piracicaba, que por sua vez engrandece o rio Tietê, que por sua vez alimenta o rio Paraná, e que por sua vez, no Estuário do Prata, entre o Uruguai e a Argentina, encontra-se com o rio Uruguai e, finalmente, é despejado no Oceano Atlântico. É uma cadeia de encontros que o ser humano, com suas imensas barragens e inconsequente degradação, ainda não conseguiu frear.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-AnH3pFs0gfM/URRlIF3O_jI/AAAAAAAAJ7A/r2EVJ4YIUik/s1600/DSCN1302_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="155" src="http://4.bp.blogspot.com/-AnH3pFs0gfM/URRlIF3O_jI/AAAAAAAAJ7A/r2EVJ4YIUik/s400/DSCN1302_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale do rio Jaguari</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-b89_2iefnG8/URRl5-8eTuI/AAAAAAAAJ7g/NRJRLVry2ms/s1600/531882_2800400666109_321712482_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-b89_2iefnG8/URRl5-8eTuI/AAAAAAAAJ7g/NRJRLVry2ms/s320/531882_2800400666109_321712482_n.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A vista mais marcante da viagem</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-5B_wI2kpZPk/URRl98BQrDI/AAAAAAAAJ7o/sK_a-OjPmdw/s1600/DSCN1328.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-5B_wI2kpZPk/URRl98BQrDI/AAAAAAAAJ7o/sK_a-OjPmdw/s320/DSCN1328.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bairro Areia Branca, em Amparo</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6NQYPGQpfBI/URRnDqWGrgI/AAAAAAAAJ70/FaXxZCbf1os/s1600/DSCN1336.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-6NQYPGQpfBI/URRnDqWGrgI/AAAAAAAAJ70/FaXxZCbf1os/s200/DSCN1336.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morungaba e a Mantiqueira</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Alcançamos o centro de Morungaba pela rodovia Engenheiro Constâncio Cintra, e já nos dávamos por satisfeitos quando avistamos algumas placas turísticas que apontavam para um mirante e um cruzeiro no alto da serra que descêramos há pouco. Eram ainda 16:30h e, portanto, subimos mais uma vez a Serra das Cabras, agora pelo lado morungabense. Reitero que esse conjunto de montanhas faz a divisa natural entre Joaquim Egídio (Campinas) e Morungaba. No Cruzeiro, ao lado da base de uma cruz de três metros de altura, vimos a cidade de Morungaba e, bem longe, um naco da Serra da Mantiqueira, essa tão explorada pelos aventureiros desde o ciclo do ouro, anterior ao do café. Ascendendo ainda mais, no tal do Mirante, Campinas se apresentou em seu melhor ângulo: longínquo. Bem longínquo. Os prédios pareciam se acotovelar em busca de espaço. É uma maquete desordenada, e a sua desorganização social advém ou é propiciada por essa também desorganizada disposição pelo planalto. Mais uma vez me arrisco a citar filósofos autônomos que conheci pelas diversas estradas da vida. “As cidades crescem desordenadas não por si sós, mas pelo simples fato de que cabeça dos homens que as concebem também é desordenada. Não há como extrair um mínimo de sanidade da plena loucura”, uma vez me disse um cidadão uruguaio do Chui. Abstrações à parte, arrostamos mais um trecho de terra e calhamos no mesmo local em que estivéramos no meio do dia, o Observatório Municipal, sobre o Monte Urânia, rodeado por toras de eucalipto recém cortadas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Qf6jqHyc31w/URRnD7NluZI/AAAAAAAAJ78/6ojHUtp2zVo/s1600/DSCN1341.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-Qf6jqHyc31w/URRnD7NluZI/AAAAAAAAJ78/6ojHUtp2zVo/s320/DSCN1341.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Campinas vista do alto da Serra das Cabras</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-HUMXLXN8sa0/URRnD2Kto_I/AAAAAAAAJ8A/zEp-N3JGJi0/s1600/DSCN1344.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-HUMXLXN8sa0/URRnD2Kto_I/AAAAAAAAJ8A/zEp-N3JGJi0/s320/DSCN1344.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Observatório Municipal de Campinas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Thn8T7Atu1s/URRowL4-EhI/AAAAAAAAJ8Y/rT3T3lw27JU/s1600/DSCN1352.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-Thn8T7Atu1s/URRowL4-EhI/AAAAAAAAJ8Y/rT3T3lw27JU/s200/DSCN1352.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Joaquim Egídio</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Hora de regressar. Descemos pela última vez a Serra das Cabras, ganhamos o asfalto e atravessamos Joaquim Egídio, que no princípio da noite começava a se abarrotar de jovens, o que me trouxe à cabeça, como em outras ocasiões, a imagem de Santa Maria e da mocidade que lá perdeu a vida. Rodrigo e eu pernoitamos na cidade, nos fins de dezembro, quando seguíamos em direção ao Chui, e aprendemos a admirar seu povo. Agora, com todos imbuídos na recuperação psicológica pós-tragédia, o admiramos ainda mais. Voltando ao presente, passamos pela antiga estação de trem e por um outro distrito de Campinas, Sousas, antes de acessarmos a rodovia Dom Pedro. Na Anhanguera, deixando Campinas em definitivo, atravessamos a Área Cura de Sumaré e o perímetro urbano de Nova Odessa, observando, ao longe, uma Paulínia que acendia suas primeiras luzes na noite do dia 03 de fevereiro. Na Praia Azul, esse bairro tão esquecido, isolado do resto de Americana, pilotamos pelos últimos minutos dessa pequena incursão de 230km. Mais do que imagens inesquecíveis de ermos que primam pela maestria arquitetônica do grande mestre chamado Tempo, ficou evidente o fortalecimento dos laços fraternais entre os companheiros de aventura. Já há um bom tempo não viajo sozinho, e embora minha alma clame por momentos de solitude, vejo a estação como um grande avanço na concepção de mundo das pessoas que me cercam. Logicamente não sou um bom exemplo para ninguém, mas ver meus convivas economizando o pouco que ganham, como eu, para se imbuir no desbravamento do Brasil é algo que me deixa muito orgulhoso. No fim, quero que deem sentido à vida, e se o sentido é parar e ver um rio passar, que seja! Porém, gostaria muito que fosse diferente, como sair por aí conhecendo a História que já passou, o presente que passa e o futuro que não se espera, mas ao qual se vai de encontro.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Andejo, o mundo está aí, a sua volta, e tudo o que ele exige, para dele poderes desfrutar, são pés firmes. Embora tentem te vender ideias, procure, instintivamente ou através do relato de outros andejos, por locais em que a maioria gritante, que consome uma viagem como um mero produto e não a vive, desconhece ou considera inapta para receber “gente”. As grandes paisagens estão em locais não acessíveis por <i>highways</i>, <i>freeways</i> ou qualquer outro tipo de rodovia bem pavimentada. Muitas delas exigem coragem, resistência e teimosia. Muitas delas exigem o real VOCÊ, e não aquele sujeito citadino eivado das falsas aparências que uma vida em sociedade demanda.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-xicjKG57ukA/URRowLdxHPI/AAAAAAAAJ8Q/XPX8uCMlA3I/s1600/DSCN1175.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-xicjKG57ukA/URRowLdxHPI/AAAAAAAAJ8Q/XPX8uCMlA3I/s400/DSCN1175.JPG" width="400" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/SerraDasCabras03DeFevereiroDe2013?noredirect=1" target="_blank"><u><b><i>aqui</i></b></u></a>.</span> </div>
<br />
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5841064167021004881%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um lamento ao bandolim para a Serra das Cabras e suas pitorescas formações rochosas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/0ZMBgbJ5hxM?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
</div>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-27814651997256902092013-01-30T18:04:00.000-08:002013-02-06T03:27:15.981-08:00Morro do Voturuna – 20 de janeiro de 2013<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-blGIG3ekIH4/UQnrI-8le6I/AAAAAAAAJrw/CmYW5Fn2AnQ/s1600/P1150057.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-blGIG3ekIH4/UQnrI-8le6I/AAAAAAAAJrw/CmYW5Fn2AnQ/s400/P1150057.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">“Um dia como este foi o suficiente para eu momentaneamente ignorar o dorido fato de que, no trabalho, meus superiores têm tentado, durante as últimas três semanas, me escalpelar”. Com essa frase emblemática de Luiz Paulo Bombarda Blanes, confidenciada a mim em uma das breves paradas nas desertas estradas rurais pelas quais nossas galhardas motocicletas se enveredam, esboço mais um daqueles antelóquios utópicos que permeiam todo o conteúdo deste espaço cibernético que, por enquanto, ainda me é “livre de impostos”, algo que pode parecer surreal no desgostoso – e oneroso – janeiro brasileiro. O senso comum do ser humano moderno o incita a nutrir cada vez mais a carreira profissional, elidindo que apenas um terço de nossas vidas é a ela destinado. Nos outros dois terços, uma parte cabe ao revigorante sono (aos que conseguem dormir, logicamente) e outra ao tempo livre, que muitos dispendem simplesmente não fazendo coisa alguma, ou se matriculando em cursos, especializações e outros possíveis potencializadores de nossas carreiras. É aí que pecamos. Obviamente os mais ensandecidos pela nossa economia de mercado vigente podem argumentar que sou louco, já que tudo é voltado para o labor. Não que estudar não seja necessário. É, afinal subsistimos em uma época em que o progresso dita o ritmo da toada. Apenas creio que nos debruçamos em demasia numa questão que não ocupa sequer a metade do nosso dia. Paro por aqui para não me aventurar, com meu pedantismo a tiracolo, pelo campo sociológico. Delego este assunto ao grande mestre Domenico De Masi. E lamento que Luiz e grande parte de meus convivas estejam assim, sofrendo por motivos não meritórios, preferindo o trabalho à vida. E o pior de tudo: viajando pouco.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-RcSoCNgaZ5Y/UQm6OMLQHOI/AAAAAAAAJjc/TtpATX2P7u4/s1600/P1140821.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-RcSoCNgaZ5Y/UQm6OMLQHOI/AAAAAAAAJjc/TtpATX2P7u4/s200/P1140821.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Companheiros de aventura</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A ideia de explorar o Morro do Voturuna, imponente elevação quartzítica, de vegetação rasteira em seus píncaros, compreendida no cerne do triangulo imaginário formado pelos municípios de Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba e Araçariguama, surgiu a partir de recentes incursões pela Estrada dos Romeiros, que liga Itu a Barueri beiradeando o nosso famoso e judiado rio Tietê. Em incontáveis ocasiões eu o contornei pelo asfalto, acreditando que seu cume era de difícil – senão impossível – acesso. Infatigável em minhas pesquisas, que sempre me relegaram à estaca zero, deparei-me com algumas fotos e relatos de Benê Moura, um morador das redondezas que detinha um material interessante sobre o morro. Entrei em contato com o mesmo que, prestativo, me forneceu mapas de trilhas e informações adicionais para que eu tentasse, pela primeira vez, subi-lo, e não apenas observá-lo de longe. Além de sua altivez e importantes valores paisagístico e ambiental, o Voturuna, por sua localização geográfica privilegiada e por estar numa região aclamada como “o berço dos bandeirantes”, incita à releitura de uma das fases mais sombrias e mal estudadas de nossa História: a época bandeirantista. Não precisava de motivos para ir até ele, mas foi bom saber que tinha vários. Restou-me recrutar meus companheiros de outros verões Levi Vieira e Luiz Paulo Blanes, além de minha resistente namorada Luana Romero. O professor Rafael Ferreira também se juntaria a nós, nessa que seria sua primeira viagem sobre duas rodas (e sobre dois pés também). Quatro motocicletas, cinco seres humanos e o Voturuna, além de 150km de surpresas entre eles: completava-se o debuxo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-jpOExKa-T9c/UQu0jaLqzWI/AAAAAAAAJu4/hBK6HWNpbP0/s1600/P1140900.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-jpOExKa-T9c/UQu0jaLqzWI/AAAAAAAAJu4/hBK6HWNpbP0/s200/P1140900.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Luiz Paulo, o letárgico</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Partimos de Americana às 6:10h da manhã de um 20 de janeiro que se revelou frio e pouco nublado, a despeito do calor e das chuvas constantes que assolaram a última semana. De plena consciência que temporais vespertinos de verão, mesmo rápidos, poderiam inviabilizar nossa pequena incursão, optamos por arriscar uma saída ainda sob a luz das estrelas e da lua, maximizando nossas chances de chegar ao local pretendido antes que uma líquida <i>blitzkrieg</i> nos dissuadisse de nossos intentos. Luiz Paulo não compareceu ao local marcado e deixamos o bairro da Praia Azul sem o mesmo. Acessamos a rodovia Anhanguera, na qual permanecemos até o trevo de Sumaré. Cruzamos todo o centro da cidade e aguardamos Luiz Paulo, que se atrasara, nas imediações da avenida Rebouças. Às 7h, um ainda letárgico aventureiro se unia a nós, enveredando-se conosco pelo bairro rural do Cruzeiro, com sua singela igrejinha de torre central iluminada pelo halo dos primeiros raios de sol do dia, e pela vicinal Sumaré-Monte Mor, uma estrada de apenas 14km airada por um bucolismo muitas vezes raro de se encontrar em grandes centros urbanos. É uma estrada extremamente fotogênica, pontilhada por lagoas represadas; grandes pastagens; pequenas elevações, que lembram as coxilhas gaúchas;, árvores frondosas, cujos galhos se dispõem sobre o asfalto, formando túneis naturais e cercas vivas coloridas por exuberantes e violetas quaresmeiras; e um desenho sinuoso, cujo serpentear exige cautela do motociclista e uma velocidade moderada se o intuito é detalhadamente admirar tudo o que tem a exibir. Fui apresentado a essa pequena via, que não consta em muitos mapas rodoviários, pelo meu grande camarada Fernando Santarrossa, isso lá pelo idos de 2011, e desde então, sempre que a rota me permite, procuro passar por estas plagas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-3g9H_N-mPYE/UQm7POd_XiI/AAAAAAAAJjs/-0Qb_OLj0Hc/s320/P1140826.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="320" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja do bairro rural do Cruzeiro, em Sumaré</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-S4U8VOp0rTg/UQm7W0t_iNI/AAAAAAAAJj0/kqcFdyZzhV0/s1600/P1140830.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-S4U8VOp0rTg/UQm7W0t_iNI/AAAAAAAAJj0/kqcFdyZzhV0/s320/P1140830.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Encantos da estrada Sumaré-Monte Mor</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-yilH8397xHc/UQm8Fu4zpDI/AAAAAAAAJj8/D00WWKFgHcg/s1600/P1140838.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-yilH8397xHc/UQm8Fu4zpDI/AAAAAAAAJj8/D00WWKFgHcg/s200/P1140838.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de São Benedito</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Uma plácida Monte Mor nos recepcionou. Nenhum de seus moradores se arriscara a palmilhar as ruas nos derredores da diminuta Igreja de São Benedito, de um amarelo pálido e, a exemplo de sua não distante parente no bairro do Cruzeiro, de única torre central. Seu simples relógio, arredondado, mas em um quadrado emoldurado, apontavam 7:40h. Uma breve consulta em meus mapas nos indicou que o rio Capivari corria próximo, incitando-nos a um adendo nos planos originais. Rapidamente aceleramos para longe dali, testemunhando a cidade de 43000 habitantes despertar à medida que trafegávamos por suas principais avenidas. Sobrepassamos, nos limites da cidade, a rodovia SP101, e nos mantivemos na terra da Estrada do Rio Acima por pouco mais de 200m. Deparamo-nos com o rio Capivari, como desejado. Corria forte e ligeiramente mais alto que seu nível habitual. Em uma de suas recentes cheias deve ter sacrificado a antiga ponte, visto que as fundações de uma nova se erigiam. Por uma escada de madeira alcançamos o alto da estrutura e obtivemos uma boa vista do rio, cuja mata ciliar, de um lado, não passava de algumas pequenas árvores e, do outro, simplesmente inexistia. É mais um dos degradados afluentes do também degradado Tietê. Como esperar que um gigante caminhe para uma plena revitalização se suas pernas e braços o desestabilizam? Lamentamos ao mesmo tempo em que registramos, pousado à copa da vegetação secundária (ou terciária, ou quaternária), uma biguatinga fêmea, valente sobrevivente desse meio que a mim me pareceu, a priori, tão inabitável. Ademais, Luiz observou, quando já nos preparávamos para abandonar aquele desestimulante cenário, a presença do guaranazeiro, de cujo extrato dos frutos é extraída a guaraína ou cafeína, estimulante leve que, dentre outros propósitos, nos auxilia no difícil ato de acordar cedo, num domingo, para desbravar o Brasil.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-NrxZRLkO4l8/UQm9BNEvYDI/AAAAAAAAJkI/f53UqHPyX1o/s1600/P1140846.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-NrxZRLkO4l8/UQm9BNEvYDI/AAAAAAAAJkI/f53UqHPyX1o/s320/P1140846.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Capivari</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-yXQ_tHFuzk8/UQm9BIyqgNI/AAAAAAAAJkQ/XmzWonsExHs/s1600/P1140852.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-yXQ_tHFuzk8/UQm9BIyqgNI/AAAAAAAAJkQ/XmzWonsExHs/s320/P1140852.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Biguatinga fêmea</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2O_JznayMaM/UQm9A8LFlvI/AAAAAAAAJkE/7QwSSo7V2Ug/s1600/P1140856.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-2O_JznayMaM/UQm9A8LFlvI/AAAAAAAAJkE/7QwSSo7V2Ug/s320/P1140856.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Guaraná</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-O0huljtjM_Y/UQm99DU21UI/AAAAAAAAJkc/Nw2_7IUdXXw/s1600/P1140873.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-O0huljtjM_Y/UQm99DU21UI/AAAAAAAAJkc/Nw2_7IUdXXw/s200/P1140873.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada Parque Itu-Cabreúva</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> Meros 3km depois, SP101 abaixo, pendemos para o sudeste pela Estrada Municipal Monte Mor-Indaiatuba, que apesar de bucólica, como a Sumaré-Monte Mor, não é tão paisagisticamente encantadora. Alguns lagos represados, vacarias, eucaliptos e vegetação rasteira ladearam o asfalto até Indaiatuba, recentemente rotulada como a melhor cidade para se viver nesse imenso Brasil. Logicamente foram levados em conta, para a consolidação de tal avassaladora posição na classificação, aspectos econômicos e o suposto fino trato em áreas como Educação e Saúde. Não quero subtrair o mérito da pesquisa e nem protrair-me muito nesse assunto, mas friso que a cidade em que moro, Americana, ficou na 18ª colocação, nesse mesmo ranking, e seus veios educacionais não vão nada bem. Nem menciono a Saúde, há muito negligenciada pelo poder público. No fim, os lugares tidos como os mais desenvolvidos são aqueles em que os moradores são capazes de consumir mais. Os caracteres humanos são deixados de lado quando um grupo de pessoas goza de uma boa renda e contribui para o enriquecimento material aparente de uma determinada cidade. Foi a sensação que tive, e que não foi necessariamente a mesma que a de meus companheiros de aventura, quando seguimos o traçado do córrego do Belchior, dentro da área concernente ao Parque Ecológico de Indaiatuba. Aqui, carros importados estacionados, pessoas com indumentárias de grife correndo, cachorros de raças europeias. Ali, não muito adiante, em uma feira livre, o panorama já era discrepante e tudo parecia estarrecedoramente mais humilde. O contraste, portanto, existe a despeito de todo o afamado desenvolvimento. Foi este último que me fez sair logo dali, ciceroneando meus convivas pelas SP075 e SP300, apeando novamente apenas no portal amadeirado da Estrada Parque Itu-Cabreúva.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-5lOrZ3ju3Wg/UQu3yhlGPYI/AAAAAAAAJvY/KTYPhp7gc-4/s1600/P1140869.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-5lOrZ3ju3Wg/UQu3yhlGPYI/AAAAAAAAJvY/KTYPhp7gc-4/s320/P1140869.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte sobre o rio Tietê, em Itu</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-epfUN57N4bk/UQu8NeT7KRI/AAAAAAAAJwA/_ShrB3ecL74/s1600/P1140862.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-epfUN57N4bk/UQu8NeT7KRI/AAAAAAAAJwA/_ShrB3ecL74/s320/P1140862.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Garça-boiadeira</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-4bms1JClBzk/UQnAOgFmNaI/AAAAAAAAJk4/r4IJ1G1juSM/s1600/P1140877.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-4bms1JClBzk/UQnAOgFmNaI/AAAAAAAAJk4/r4IJ1G1juSM/s200/P1140877.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aracnídeos por todos os lados</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Se em Indaiatuba há divergências entre as aquisições materiais, na Estrada Parque Itu-Cabreúva, um curto pedaço da Estrada dos Romeiros que recebe essa denominação por entrecortar uma Área de Proteção Ambiental, há um duelo constante entre o vistoso e o horrendo. Lembro-me das palavras de Ari Fernando Borsetti Jr, que em uma de nossas incursões por essas paragens exclamou: “não há como achar um lugar belo se todos os sentidos não forem satisfeitos”. Disse isso porque o odor fétido do rio Tietê, cujo curso é acompanhado pela estrada, destoa da visão inspiradora proporcionada pela mata atlântica relativamente bem preservada, que sombreia todo o caminho e abaixa em alguns graus centígrados a temperatura ambiente. De uma ponte, no formato da espinha dorsal de um brontossauro ou qualquer outro grande herbívoro jurássico, observa-se a avifauna que insiste em não abandonar o rio mais poluído do Brasil: garças-boiadeiras (que não vivem da pesca como suas parentes, mas dos carrapatos do gado), garças-brancas-grandes e biguás. Aracnídeos se dependuram onde é possível, tomando a obra de engenharia por completo. Quem conhece sua límpida nascente, na Serra do Mar de Salesópolis, e suas transparentes águas nas prainhas de Pereira Barreto e do oeste paulista, na iminência do encontro com o rio Paraná, parece estar defronte a um outro Tietê, que aqui exibe seu trecho mais poluído. Uma outra característica notável desse ponto, e que passaria a ser uma constante até a cidade de Pirapora do Bom Jesus, é a presença de ilhotas de vegetação atlântica, umas enormes, e outras com apenas duas árvores de médio porte e nada mais. Enfim, é um monstro líquido que, no decorrer de seus 1010km de extensão, nasce, fenece e renasce, feito a fênix, e especificamente nesse confim se sustenta numa linha tênue entre a vida e a morte.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Uhi6_PaqgDM/UQnAOww7e8I/AAAAAAAAJk8/xFLd8Gt8zig/s1600/P1140890.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-Uhi6_PaqgDM/UQnAOww7e8I/AAAAAAAAJk8/xFLd8Gt8zig/s320/P1140890.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Biguás resistindo à poluição</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-uONJ8nk4oNU/UQnBS2OWfOI/AAAAAAAAJlU/VUeA-pCN4Fo/s1600/P1140884.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-uONJ8nk4oNU/UQnBS2OWfOI/AAAAAAAAJlU/VUeA-pCN4Fo/s320/P1140884.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Usina Hidrelétrica de São Pedro</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-gExxjnBP54o/UQnCIXZVayI/AAAAAAAAJlc/NHtkckv2hxM/s1600/P1140895.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-gExxjnBP54o/UQnCIXZVayI/AAAAAAAAJlc/NHtkckv2hxM/s200/P1140895.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um marco de 1923 na Gruta da Glória</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Avançando, deparamo-nos com a antiga Usina Hidrelétrica de São Pedro, construída em 1911 e atualmente desativada. A barragem continua lá, e as águas do Tietê, cheirando a amaciante de roupas, passam livremente por onde anteriormente uma barreira de contenção, que aberta fazia as vezes do vertedouro, inundava a represa. É uma parte bem pedregosa do leito, na qual os biguás pescam e se secam ao sol. Uma aproximação para fotos mais detalhadas não é permitida, e então seguimos, sempre acompanhando o rio contra o seu fluxo, atracando nas proximidades da Gruta da Glória, ou Escalada da Glória, um atrativo natural composto por grandes rochas circulares que rolaram do alto da serra, formando uma pequena caverna sabe-se lá quando. Washington Luiz, governador de São Paulo à época da construção da estrada, em 1922, em suas inspeções de andamento da obra, descansava nesse acidente natural e bestificava-se com a vista proporcionada por ele. O cenário hoje certamente é menos digno de admiração, mas nem por isso passa despercebido. Há de se entristecer apenas com o vandalismo descabido, que marca à tinta rochas seculares, e com o descuido daqueles que produzem lixo e não o descarregam em lugares adequados. No mirante, que se alcança subindo os degraus de cimento construídos para um melhor acesso, visualiza-se a forte correnteza do Tietê e os morros da outra margem, salpicados de pedras graníticas arredondadas e cobertos por uma rala vegetação que, infelizmente, serve de pastagem ao gado local. Aliás, esse é um outro embrolho. Do lado em que estávamos, a mata ciliar, mesmo que não primária, existia. Do outro não há predominância de gramíneas. Preservar a plenitude de algo cada vez mais é uma utopia, inconcebível nos dias atuais.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-hGcZd9IcDbs/UQnDOSu8VYI/AAAAAAAAJlo/FE6HS5x5Jos/s1600/P1140910.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-hGcZd9IcDbs/UQnDOSu8VYI/AAAAAAAAJlo/FE6HS5x5Jos/s320/P1140910.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gruta da Glória</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-lG72blI0V3Q/UQnDOBaXXNI/AAAAAAAAJlk/s3S1vIi7Vlw/s1600/P1140898_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="187" src="http://3.bp.blogspot.com/-lG72blI0V3Q/UQnDOBaXXNI/AAAAAAAAJlk/s3S1vIi7Vlw/s320/P1140898_stitch.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Tietê visto do mirante da gruta</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-eWWqIjLSnW0/UQnDy8xMyRI/AAAAAAAAJl0/FF0SsL7ZaEE/s1600/P1140916.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-eWWqIjLSnW0/UQnDy8xMyRI/AAAAAAAAJl0/FF0SsL7ZaEE/s200/P1140916.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pirapora do Bom Jesus</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Findados os 8km da Estrada Parque, chegamos à diminuta Cabreúva. Contornando-a rapidamente, localizamos em uma de suas saídas a continuação da Estrada dos Romeiros. É um trecho em que o desenho da Serra do Piraí obriga a estrada a afastar-se momentaneamente do rio Tietê. De alguns pontos elevados se avista o vale, magnífico, mas parar é impossível devido à estreiteza da via e à falta de acostamentos. Na descida da serra já era possível avistar, ao longe, a Serra do Voturuna, nosso escopo. Ao norte, uma muralha verde e densa, a Serra do Japi, elevava-se soberana. É a serra com as altitudes mais elevadas na região. Em Pirapora do Bom Jesus, cidade muio procurada por romeiros, encontramos o Tietê salpicado de blocos espumosos densos. Sobre uma ponte fotografamos um cenário que com certeza não perderia em garbo para Veneza, na Itália, se o “água verdadeira”, significado de Tietê em tupi, não estivesse tão desfigurado. As antigas construções beira-rio praticamente mergulham seus alicerces no leito. A Igreja do Bom Jesus e o Seminário Premonstratense, sendo esse último mais elevado que o primeiro, dão a impressão – e a certeza – de que tudo na cidade é derivado da fé catolicista. Há um cruzeiro, subindo em direção ao Morro do Capuava, de onde se obtém uma completa panorâmica da cidade e das serras adjacentes. Vê-se a Serra do Piraí, o Tietê e o conglomerado urbano de Pirapora do Bom Jesus, a oeste; a Serra do Japi, ao norte; e ao sul, agora não tão distante, o Morro do Voturuna, com um de seus flancos desgastado pela extração mineral de quartzo e dolomita. Estávamos perto, mas tentaríamos subi-lo pelo outro lado, o de Santana de Parnaíba.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-dkJlClqxchE/UQnEoxKkt6I/AAAAAAAAJl8/p3vpl4zkntk/s1600/P1140922_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="66" src="http://1.bp.blogspot.com/-dkJlClqxchE/UQnEoxKkt6I/AAAAAAAAJl8/p3vpl4zkntk/s400/P1140922_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pirapora do Bom Jesus e Serra do Japi vistas do Morro do Capuava</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-oyg80ZegP2s/UQnEo1UwFHI/AAAAAAAAJmA/hy2z9yWk_WY/s1600/P1140935.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-oyg80ZegP2s/UQnEo1UwFHI/AAAAAAAAJmA/hy2z9yWk_WY/s320/P1140935.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Voturuna</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-a0fnz5eQ3AQ/UQ-sy9EmTeI/AAAAAAAAJyw/ygnGNqHrFeY/s1600/P1140919.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-a0fnz5eQ3AQ/UQ-sy9EmTeI/AAAAAAAAJyw/ygnGNqHrFeY/s320/P1140919.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="margin: 0px 50px;">Seminário Premonstratense em destaque</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Mpq4k-wOiKw/UQnGh2tWDwI/AAAAAAAAJmg/QEbY2Vrqo0A/s1600/P1140966.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-Mpq4k-wOiKw/UQnGh2tWDwI/AAAAAAAAJmg/QEbY2Vrqo0A/s200/P1140966.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santana de Parnaíba</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Novamente nos enveredamos pela Estrada dos Romeiros, mas agora com o Tietê à esquerda avolumado na forma do Reservatório de Pirapora, alimentador das turbinas da barragem de Pirapora do Bom Jesus, no sopé do Morro do Capuava. Quatorze quilômetros depois a histórica Santana de Parnaíba já nos envolvia, primeiramente com suas construções urbanas modernas e ulteriormente com seu casario colonial das centúrias de XVI, XVII, XVIII, XIX e XX, constituinte do maior acervo arquitetônico tombado do Estado de São Paulo. Utilizamos o largo da Matriz de Sant'Ana, igreja construída em 1892 no lugar da frágil capela erguida por Suzana Dias em 1580, para estacionar as motos e palmilhar as ruas de Cima, do Meio e de Baixo, como são conhecidas as três principais vias do Centro Histórico. Vale frisar que 1580 é o ano de fundação da cidade, e Suzana Dias, mameluca, é aclamada como fundadora. Há inclusive um busto em sua homenagem na praça defronte ao templo católico. Ao lado direito da igreja há uma outra praça: a XIV de Novembro. É em seu muro de sustentação que escravos eram acorrentados, expostos e comercializados nos séculos XVI e XVII. Para se chegar a ele descemos uma escadaria que calha com a casa, erigida na segunda metade do século XVII, do temido Anhanguera (“diabo velho”), nome dado pelos índios ao impiedoso bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, que carregava consigo seu filho homônimo em jornadas pelo Triângulo Mineiro e Goyaz, ensinando-o a árdua faina. Não o confundam com Bartolomeu Bueno de Couto, também bandeirante, sádico colecionador de orelhas de escravos negros. Chegou a ter 3200 pares delas. Por falar em bandeirantes, muitos deles moraram em Santana de Parnaíba. Podemos citar Fernão Dias Falcão, André Fernandes e Domingos Jorge Velho, esse último o desmantelador do Quilombo dos Palmares e responsável direto pela morte do líder negro Zumbi.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-L928jyuV65M/UQnGiGWbc2I/AAAAAAAAJmo/KppZv7NBS64/s1600/P1140957.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-L928jyuV65M/UQnGiGWbc2I/AAAAAAAAJmo/KppZv7NBS64/s320/P1140957.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa do Anhanguera</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-SdKzboQSoGQ/UQnGh1SvWeI/AAAAAAAAJmc/lq5XT19TI7o/s1600/P1140945.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-SdKzboQSoGQ/UQnGh1SvWeI/AAAAAAAAJmc/lq5XT19TI7o/s320/P1140945.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Neste muro os escravos eram acorrentados e expostos para venda</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-EX45q1pfKcw/UQnIDepBhpI/AAAAAAAAJnY/ZnI8X2pPUY8/s1600/P1140947.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-EX45q1pfKcw/UQnIDepBhpI/AAAAAAAAJnY/ZnI8X2pPUY8/s200/P1140947.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A História vista a olho nu</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Andar pelas ruas de Santana de Parnaíba é ratificar – ou não – o que os livros de História nos contavam em nossa juventude. Casas de taipa de pilão, ruas de paralelepípedos, portas e janelas de grossa madeira e dimensões exageradas, tudo remetendo ao Brasil Colônia. A fiação elétrica moderna polui o visual, mas fora isso é um local digno da visitação de quem admira aglomerados históricos. Muitos paulistas expressam o desejo de conhecer as cidades históricas de Minas Gerais, mas negligenciam essa que é uma das mais antigas cidades do Brasil. Para se ter uma ideia, a primeira povoação efetiva do solo paulista (quiça brasileiro) foi a Vila de São Vicente, hoje Santos e São Vicente, datada de 1532. Menos de 50 anos depois, com a difícil transposição da Serra do Mar e o grassar dos colonos pelo Planalto de Piratininga, surgia a Vila de Santana de Parnaíba. São Paulo, antigamente São Paulo de Piratininga, é-lhe praticamente contemporânea, datada de 1554. Ouro Preto, em Minas, é do século XVIII, bem mais recente. Como supracitado, boa parte de seus moradores se dedicavam ao exercício bandeirantista, organizando expedições que saíam daqui, do “berço dos bandeirantes”, em busca de ouro e escravos indígenas no interior do país, uns visando receber títulos da coroa portuguesa pelos seus achados e outros apenas arrumando subterfúgios para exercitar a crueldade e o ódio inerentes aos seus corações. É aí que o Morro do Voturuna, ao qual nos dirigimos após uma breve visita ao Museu Parnaibano de Música, incrusta suas raízes na História, pois, sendo o morro mais elevado da região, servia de mirante natural aos homens que, à época, desprovidos de bússolas, guiavam-se apenas por referências geográficas no horizonte, como montanhas, planícies e rios caudalosos. Contavam, esporadicamente, com a ajuda de índios, preados ou não. Embora o horizonte de hoje seja totalmente diferente, subiríamos o Voturuna, que sofregamente resiste ao passar das centúrias.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-kFN-c75Td2k/UQnIDdjP0uI/AAAAAAAAJnI/mEvMYO95EsM/s1600/P1140965.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-kFN-c75Td2k/UQnIDdjP0uI/AAAAAAAAJnI/mEvMYO95EsM/s320/P1140965.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Museu Parnaibano de Música</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-wlLQO7EwO2k/UQnIDsRna8I/AAAAAAAAJnM/A_kkUzafSZE/s1600/P1140950.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="154" src="http://4.bp.blogspot.com/-wlLQO7EwO2k/UQnIDsRna8I/AAAAAAAAJnM/A_kkUzafSZE/s320/P1140950.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Santana de Parnaíba</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-yCPgnLV7yPw/UQu4l8tVIyI/AAAAAAAAJvg/XXnVwW4A7U8/s1600/P1140972.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-yCPgnLV7yPw/UQu4l8tVIyI/AAAAAAAAJvg/XXnVwW4A7U8/s200/P1140972.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada de chão para o Voturuna</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_677083990"></span><span id="goog_677083991"></span>De Santana de Parnaíba se ramifica uma vicinal chamada Estrada Ecoturística do Suru, e foi por ela que prosseguimos. Deixamos os últimos bairros urbanos para trás, passamos por várias chácaras e sítios e localizamos um pequeno lago, à direita da estrada, do lado do qual se principiava uma estrada mesclada de terra e cascalho. Pilotar por ela aviva uma estranha sensação, já que observamos o Morro do Voturuna se aproximando horizontalmente e se distanciando verticalmente, com a porção norte mais pontiaguda, e não arredondada como a víramos em Pirapora do Bom Jesus. Resumindo, chegar aos seus contrafortes é uma tarefa relativamente rápida; subi-los, a pé, seria outra estória. Nos últimos metros da estrada, uma pouco íngreme, mas barrenta ladeira, fez com que o pneu traseiro de minha moto girasse em falso. Luana e eu esperamos que meus convivas, que já haviam ascendido, retornassem. Por fim regressaram, e com o grupo reunido defronte aos portões do último sítio da estrada, em um local com algum trânsito de moradores locais, abandonamos, por ora, nossas motocicletas, subindo a escorregadia via a pé. Fotografamos, no caminho, um caxinguelê, o esquilo sul americano, serelepe exercitando-se num sobe e desce frenético pelo caule de um pinheiro. Cem metros depois, a estrada para automóveis se encerrava e a mata atlântica se adensava. Por uma picada nos embrenhamos, vencendo troncos crivados por fungos vermelhos caídos sobre ela. Acompanhando o marulhar de um ribeirão, que depois se intensificou, topamos com uma pequena cachoeira, que caía em degraus de uma altura de talvez 10 metros. Suas águas queimavam a pele de tão frias.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-a-y2YnumlE8/UQnJ6I1uLXI/AAAAAAAAJn4/PGxzUAiLfqA/s1600/P1140974.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-a-y2YnumlE8/UQnJ6I1uLXI/AAAAAAAAJn4/PGxzUAiLfqA/s320/P1140974.JPG" width="239" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caxinguelê</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ouqc70J99g0/UQnJ6goyysI/AAAAAAAAJoA/e5ReqkKO71Y/s1600/P1140981.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-ouqc70J99g0/UQnJ6goyysI/AAAAAAAAJoA/e5ReqkKO71Y/s320/P1140981.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Trilha a pé</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_ZV4ucQKTew/UQu-wfmwt3I/AAAAAAAAJwg/3Gsbfsht2mc/s1600/P1140992.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-_ZV4ucQKTew/UQu-wfmwt3I/AAAAAAAAJwg/3Gsbfsht2mc/s320/P1140992.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Voturuna</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-A_5L3M2JhIM/UQ-szZlvN4I/AAAAAAAAJy4/T3IX5eGHObk/s1600/P1150019.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-A_5L3M2JhIM/UQ-szZlvN4I/AAAAAAAAJy4/T3IX5eGHObk/s200/P1150019.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Primeira vista de São Paulo</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Retrocedendo alguns metros, localizamos uma ramificação da trilha, que antes nos passara despercebida pela premência de chegar à cachoeira, e por ela subimos a parte mais verticalizada de todo o percurso a pé. Enormes pedras faziam a vez de degraus. Raízes sobressalentes da exuberante mata atlântica, corrimões naturais, auxiliavam no equilíbrio. Beiradeamos a cabeceira da cachoeira, vencendo perambeiras que, se não relevássemos a umidade da trilha e a possibilidade de escorregões abruptos, poderiam ser fatais. Muito acima, a densa vegetação perdeu sua força, dando lugar a um cerrado recoberto de samambaias selvagens e pequenas árvores de caule retorcido. O aroma, emanado com a ajuda do calor do sol, deixava-se propagar com a ajuda do brando vento, atingindo nossa narinas e incitando-nos a descansar sobre um amontoado de pedras, uma espécie de mesa natural, ao lado do ribeirão que desce o morro, formando a cachoeira. Foi nesse momento que consultei meus mapas e descobri que, na verdade, estávamos a poucos passos de uma nascente. Avançamos, cruzamos um brejo e, num capão, uma pequena poça d'água não nos suscitou dúvidas. Ali estava uma das nascentes do Ribeirão Santo André, que deságua, em território parnaibano, no rio Tietê. Mais à frente, detendo nossos olhos a leste e envolvidos pelas amarelas cascaveleiras e outras flores de tons violetas, a cidade de São Paulo, ao longe, exibia sua imensidão. É tão bela vista de longe! Tem ares de uma ambiciosa maquete, guarnecida pela Serra da Cantareira e o seu ponto culminante e mais famoso, o Pico do Jaraguá. Gosto da cidade de São Paulo assim, distante, aparentando organização e harmonia.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-QQwLYSPovEc/URI96Z7UQKI/AAAAAAAAJzo/llienH0HiS8/s1600/P1150009.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-QQwLYSPovEc/URI96Z7UQKI/AAAAAAAAJzo/llienH0HiS8/s320/P1150009.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Área da nascente do ribeirão Santo André</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-RSdjmj8_ITg/UQnLw2pq_oI/AAAAAAAAJos/WPO9QULoBBw/s1600/P1140997_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="151" src="http://1.bp.blogspot.com/-RSdjmj8_ITg/UQnLw2pq_oI/AAAAAAAAJos/WPO9QULoBBw/s320/P1140997_stitch.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Transição entre cerrado e mata atlântica</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-RJhO1KX5X2k/UQnLxbdEhQI/AAAAAAAAJo0/RRUtTuvehLE/s1600/P1150020.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-RJhO1KX5X2k/UQnLxbdEhQI/AAAAAAAAJo0/RRUtTuvehLE/s320/P1150020.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pico do Jaraguá</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-RaR5ABjHldA/UQnuuHVc8pI/AAAAAAAAJsQ/s2FIQDmkqIk/s1600/P1150036.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-RaR5ABjHldA/UQnuuHVc8pI/AAAAAAAAJsQ/s2FIQDmkqIk/s200/P1150036.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alcançando o topo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Nas últimas pernadas, ainda subindo, cruzamos uma outra parte de mata fechada e o cume ao qual pretendíamos chegar, visível há algum tempo, aproximou-se ainda mais. A trilha sumiu, mas já não carecíamos dela. Entre as ásperas samambaias ascendemos pelos últimos metros, e um campo rupestre, fragoso, nos acompanhou até o topo. Meu altímetro, sobre uma espécie de marco feito com pedras do próprio morro empilhadas, marcava 1092m de altitude. Não é o ponto culminante do Voturuna (ou Boturuna, ou Ivoturuna, nomes com o qual também é conhecido), que em uma porção que meus mapas não conseguiriam nos levar tem 1238m. Ainda assim é uma estonteante vista da região. Vê-se Santana da Parnaíba, com a torre da Igreja de Sant'Ana sobressaindo-se em meios às baixas construções adjacentes, apontando de onde saíramos três horas atrás; a cidade de São Paulo, distante 30km em linha reta; um flanco do próprio morro “roído” pela mineração; e o Morro do Saboó, duas corcovas de camelo pertencentes a São Roque, ao sul. A vista norte, contudo, foi a que mais me impressionou. O rio Tietê, na forma do Reservatório de Pirapora, emparedado a nordeste pela Serra dos Cristais, e ao norte por um conjunto de serras que começam em baixas altitudes e vão aumentando à medida que se distanciam do “água verdadeira”. É um dos cenários mais estratificados que já vi, na falta de um termo mais condizente. Grudado ao rio, a Serra do Porto, com média de 800m de altitude; após um vale, a Serra da Sapoca, com 900m; outro vale e a próxima é a Serra da Guaxinduva, com altitudes beirando os 1200m; e por fim, quase obstruída pela antecessora, a Serra do Japi, com aproximados 1300m em seu ponto mais elevado. Enfim, é uma escadaria de montanhas que parte do rio em direção ao horizonte. Posso estar enganado, mas imagino que todos estejam com a vegetação nativa ainda intacta, preservados como o Tietê nunca foi. Teriam os bandeirantes dos séculos XVI e XVII, que aqui subiam para estudar o caminho para as bandeiras, a mesma admiração por esse cenário? Ou será que viam a natureza como um empecilho às suas tarefas de apresamento de indígenas e conquista de títulos reais na forma de sesmarias? Talvez ambos. Não dizem que o belo emana do perigoso?</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-iUnk56hVj2I/UQnygc7Qz2I/AAAAAAAAJsw/B8_60ZABKh0/s1600/P1150042.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-iUnk56hVj2I/UQnygc7Qz2I/AAAAAAAAJsw/B8_60ZABKh0/s320/P1150042.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São Paulo novamente, no Planalto de Piratininga</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-hJPZZVE3-u0/UQ0Lw5C0D8I/AAAAAAAAJxE/1zJ-HSg2VgU/s1600/P1150068.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-hJPZZVE3-u0/UQ0Lw5C0D8I/AAAAAAAAJxE/1zJ-HSg2VgU/s320/P1150068.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morro do Saboó, em São Roque</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-K142A-auoRs/UQn2gYkjPLI/AAAAAAAAJtw/FBk04eAL7Mw/s1600/P1150062.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-K142A-auoRs/UQn2gYkjPLI/AAAAAAAAJtw/FBk04eAL7Mw/s320/P1150062.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Tietê e as serras que o emparedam</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-pXsUMhtsQsc/UQ0LwvgwGfI/AAAAAAAAJxA/mmaSlmE5aBw/s1600/P1150073.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-pXsUMhtsQsc/UQ0LwvgwGfI/AAAAAAAAJxA/mmaSlmE5aBw/s200/P1150073.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Equídeos em área de nascente</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="margin: 0px 50px;">Foram 2,6km palmilhados e um desnível de 202 metros derrocado. Era chegada a hora de regressar. Com o objetivo cumprido, tomamos o caminho de volta, admirando pela última vez a superfície do Morro do Voturuna. Ao passarmos pela nascente topamos com cerca de dez equídeos, entre mulas e cavalos. Não sei como vieram parar aqui, e também não sei se essa parte do morro é propriedade particular. Tomara que não, pois é um ermo tombado e considerado um refúgio forçado da fauna e da flora paulista, pois tudo ao seu redor foi explorado e ocupado. Ele vem resistindo, e acredito que a criação de um Parque Estadual seja necessária para protegê-lo das constantes investidas da raça humana. Senti a falta de pássaros. Não fotografei e nem vi um espécime sequer. Li os relatos de Benê Moura sobre a retirada de pássaros para engaiolamento e comercialização por ignorantes que não respeitam a avifauna. A era bandeirantista, que aprisionava indígenas, ficou para trás, mas a consciência humana pouco mudou com o passar dos séculos. Apenas aprisiona-se seres vivos diferentes, esses menores, numa mostra irrefutável de que desfrutamos de mais recursos materiais que os bandeirantes, mas perdemos em galhardia. Somos mais covardes que os maltrapilhos andejos do sertão. Enfim, o Voturuna, de onde se partia em exploração ao desconhecido, subsistirá enquanto a vontade de poucos em preservá-lo perdurar. Eu, que já perdi a fé no ser humano há muito tempo, colaboro com minhas críticas pedantes, denunciando pormenorizadamente o que vejo de errado e esperando que minhas palavras sejam lidas por pessoas capazes de agir com força.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-nDK_p3BHlR0/UQnPZT8AbSI/AAAAAAAAJpw/Bnr4BWVOHUw/s1600/P1150055.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-nDK_p3BHlR0/UQnPZT8AbSI/AAAAAAAAJpw/Bnr4BWVOHUw/s320/P1150055.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Extração de quartzito, à direita. Apesar de tombado, o Voturuna "sangra"</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-K4IZGiiSevo/UQ-szgh9wTI/AAAAAAAAJzI/aXcyslZ6dls/s1600/P1150079_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="140" src="http://4.bp.blogspot.com/-K4IZGiiSevo/UQ-szgh9wTI/AAAAAAAAJzI/aXcyslZ6dls/s400/P1150079_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Morro do Voturuna</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-l_dOQ8SEcF8/UQnPZ58PoeI/AAAAAAAAJp4/SLGSPYIE8U4/s1600/P1150076.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-l_dOQ8SEcF8/UQnPZ58PoeI/AAAAAAAAJp4/SLGSPYIE8U4/s200/P1150076.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O regresso</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Um último adeus ao ribeirão (seria nessas águas que encontraram ouro?) e aos rubros fungos da trilha da cachoeira. Reavemos nossas motos e partimos, de costas para o morro do qual nos tornamos íntimos. Em meio à quiçaça, uma derradeira fotografia de sua face leste. Continuamos pela Estrada do Suru, pela Estrada da Capela Velha e pela rodovia Castello Branco, acessando a partir dessa última uma vicinal que contornou a face oeste da Serra do Voturuna. A estafa se estampava na feição de todos, mas ainda pensávamos em levar a cabo uma tarefa: localizar a Cachoeira do Guaxinduva, em Cabreúva. Serpenteamos pela Estrada dos Romeiros até esse município, subindo posteriormente por uma via de ligação com a SP300. Adentramos uma vicinal e uma curta estrada de terra, mas fomos barrados nos portões fortificados de uma fazenda. O porteiro nos informou que desconhecia existir qualquer cachoeira na região. Restou-nos abortar o intento, seguir pela SP300 até Jundiaí e rumar pela Bandeirantes até Campinas, onde nos enviesamos pela Anhanguera. Às 19h, com o sol ainda raiando, apeávamos na Praia Azul após 330km rodados. Não foi uma grande viagem em termos de distâncias, mas foi uma das mais satisfatórias dentre todas as curtas incursões ensejadas pelas brechas da terrível rotina cosmopolita. Destarte, foi a primeira de um ano que promete muitas surpresas, boas e más. Eu sigo, sem dinheiro e sem regalias, vestindo os mesmos andrajos há mais de 10 anos, mas procurando conhecer ao máximo esse nosso país cada vez mais carente de viajantes. Cada vez mais carente de nós, que vivemos como se não existisse nada histórico e natural ao nosso redor.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">“Não há palavras para descrever o que vejo”. Iniciei a postagem com as palavras de Luiz, e termino-a com as de Rafael. Talvez houvesse palavras, meu caro amigo, se a observação do que realmente nos convém fosse a regra, e não a exceção. Somos capazes de minuciar todo o nosso ódio, em português compreensível e embargado, contra o governo, o sistema e outras pessoas que afetam negativamente nossas vidas. Quando estupefatos, maravilhados ou dispostos em frente ao belo, simplesmente não conseguimos expressar nossas sensações. Esse, a meu ver, é o grande mal da humanidade. É o grande leviatã que tentamos arpoar para reaver o simples e não apenas sobreviver, mas viver.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-pmqABkeUdTY/UQnn9T3hBpI/AAAAAAAAJrI/hRuHJ7a2l98/s1600/P1150063.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-pmqABkeUdTY/UQnn9T3hBpI/AAAAAAAAJrI/hRuHJ7a2l98/s400/P1150063.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/MorroDoVoturuna20DeJaneiroDe2011?noredirect=1" target="_blank"><b><u><i>aqui</i></u></b></a>.</span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="margin: auto; text-align: center;">
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5835898412819479537%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a> </span>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Um agradecimento especial a Benê Moura, idealizador do site <a href="http://trilhas.info/"><b><i><u>trilhas.info</u></i></b></a>, pelos mapas e informações fornecidos. Sem eles sería impossível um desfecho satisfatório para essa aventura.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues para o rio Tietê e para a vista do Morro do Voturuna.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/X9rUU9iBGvo?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-44359833425525928972013-01-11T20:52:00.000-08:002013-01-12T05:38:55.138-08:00Rota das Missões e Chuí – de 18 a 27 de dezembro de 2012<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-0qIGgzfm9Tw/UPCzhmSKprI/AAAAAAAAJUw/8EtoGwdlqFI/s1600/P1140199.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-0qIGgzfm9Tw/UPCzhmSKprI/AAAAAAAAJUw/8EtoGwdlqFI/s400/P1140199.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Não me reconheço quando apartado estou dos caminhos que me fazem ir adiante. Sou, na reclusão da estática, o refúgio da apatia, dos nervos constritos e das órbitas tremelicantes. Ansio pelo porvir, pelo amanhã, pelo minuano libertador de todos os males, que me fará, de alguma forma, afrouxar os elos milimetricamente moldados para meus pulsos e que, sem cerimônias, me permitirá alguns plenilúnios de solene liberdade, regados por sóbrias divagações e detentores do poder de eternizar memórias que o dia a dia enfadonho não é capaz de servir à mesa da mesmice. Enfim, ainda não perdi meus mais primitivos instintos, ao contrário dos desgraçadamente hirtos, prostrados diante do trono da imobilidade inconsciente que é, para a alegria do neoliberalismo, o requisito básico à disseminação de todo esse torpe conformismo cavador de sua própria cova. Obviamente sou um alienado, como todos os viventes desse enorme feudo chamado Brasil, mas isso não é motivo para assentar-me e reivindicar uma gleba que, desde o começo, nunca foi minha. Cobram-me por ela, sol após sol, e se disponho de um lugar ao qual retornar, dele posso me apartar ocasionalmente. O direito de ir e vir, pelo menos no meu caso (infelizmente no de muitos brasileiros não), ainda é verossímil. Ainda tenho para onde ir. Ainda tenho para onde “vir”. Ainda.</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Ac9U7I4W6NM/UPC0Uumbz3I/AAAAAAAAJU4/DlWtFmbU7Aw/s1600/P1130809.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-Ac9U7I4W6NM/UPC0Uumbz3I/AAAAAAAAJU4/DlWtFmbU7Aw/s200/P1130809.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Duas motos rumo ao Estado gaúcho</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O Rio Grande do Sul sempre me foi um Estado distante, inexplorado. Conhecia-o apenas pela leitura do livro Viagem ao Rio Grande do Sul, de Auguste de Saint-Hilare, que sobre o lombo de muares desbravou o mais europeu de todos os Estados brasileiros em sua época colonial, e também pelos relatos de meu pai, que meses antes desbravara um pedaço dos pampas gaúchos nas fronteiras com o Uruguai e a Argentina. Não tinha ideias visuais de seu relevo, fauna, cultura e, por ser uma paragem longínqua de Americana, adiara em muitas oportunidades uma incursão a esse local que, se palavras e acordos fossem honrados, hoje não pertenceria ao Brasil, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, firmado entre espanhóis e portugueses em 1494, seis anos antes do nosso “descobrimento”. Enfim, palavras são distorcidas, papéis são incinerados e a evolução social segue seu curso em uma progressão tão desenfreada que Darwin e Weber se pasmariam ao ver, na atualidade, nossa sôfrega flutuação pelo processo. Não obstante, novos tratados, como o de Madrid, de 1750, foram consolidados, e batalhas como a Guerra Guaranítica e outras tantas entre espanhóis, portugueses, jesuítas e indígenas demarcaram, ao custo de muito sangue, nossas fronteiras, e hoje podemos chamar essa nesga de terra de Brasil. Para lá iríamos, portanto, eu e meu intrépido camarada Rodrigo Costa Gil. Seriam duas motocicletas, um Estado completamente novo aos nossos olhares e, peremptoriamente, duas mentes abertas ao desconhecido.</span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-DErPFbJIRSw/UPC1fdC-SNI/AAAAAAAAJVI/PlLyn9P5Jls/s1600/P1140289.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-DErPFbJIRSw/UPC1fdC-SNI/AAAAAAAAJVI/PlLyn9P5Jls/s200/P1140289.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Companheiro de viagem</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A saída de Americana ocorreria às 4h da manhã do dia 19 de dezembro, um horário que nunca antes fora deliberado. A viagem seria longa e almejávamos aproveitar o primeiro dia para vencer a maior quilometragem possível, visto que cruzaríamos dois Estados antes de adentrar definitivamente o Rio Grande do Sul. No entanto, grandes aventuras usufruem de uma margem de erro quanto a datas e horários, e dessa feita não poderia ser dessemelhante. Terminamos deixando as imediações do portal de Americana às 5:30h, enviesando-nos pelas rodovias Anhanguera e Luiz de Queiroz, contemplando nada a não ser lanternas e faróis dos veículos que ousavam transitar a essa hora em meio a penumbra das plantações de cana-de-açúcar. Na Rodovia do Açúcar e na Estrada do CEASA, em Piracicaba, o perigo aumentou consideravelmente, pois além da escuridão desviávamos dos caules de cana que se desgarravam dos treminhões canavieiros. Afinal, era época de colheita. Já na Cornélio Pires os primeiros raios de sol despontavam, revelando uma névoa pouco densa sobe a vegetação composta pela sempre presente cana e pelos tufos de mata atlântica que ainda subsistem às demandas cada vez mais crescentes por etanol. Cruzamos o rio Tietê, entre Tietê e Cerquilho, avançamos por Tatuí e apeamos em Itapetininga, berço do grande compositor Teddy Vieira. Na Raposo Tavares, uma passagem por um ainda incipiente rio Paranapanema e rumamos a Capão Bonito, de onde pendemos para o Paraná pela rodovia Francisco Alves Negrão, com pequenas entradas em Taquarivaí e Itapeva.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-9T9KjcGUcCk/UPC2aXcuJTI/AAAAAAAAJVg/F5Ht56UYnBU/s1600/P1130789_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="192" src="http://4.bp.blogspot.com/-9T9KjcGUcCk/UPC2aXcuJTI/AAAAAAAAJVg/F5Ht56UYnBU/s400/P1130789_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do escoadouro da Usina Matarazzo, em Jaguariaíva</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-0bXcYs3T38s/UPC2ZuIbQCI/AAAAAAAAJVU/S7vTWKAq1hg/s1600/P1130795.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-0bXcYs3T38s/UPC2ZuIbQCI/AAAAAAAAJVU/S7vTWKAq1hg/s320/P1130795.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira Lago Azul</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Tq_EdbmtnR4/UPC2aY8OogI/AAAAAAAAJVc/6-7Y2hqmF1g/s1600/P1130801.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-Tq_EdbmtnR4/UPC2aY8OogI/AAAAAAAAJVc/6-7Y2hqmF1g/s200/P1130801.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedra do Boné</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Enquanto São Paulo ficava para trás e a região sul se tornava uma realidade, observávamos a transição entre a mata atlântica e o cerrado. À nossa direita o rio Verde, de leito pedregoso, granítico, corria em direção ao rio Itararé, que divide, nessa altura, a região sudeste da sul. Cruzamos sobre o mesmo, no município de Itararé, e entramos no Paraná, terra de meus avôs maternos, mais precisamente em Sengés. É uma região linda, com cânions, cachoeiras, corredeiras e um cerrado que ainda demonstra galhardia apesar dos ataques constantes do pinus. Entretanto, ficaria para uma outra ocasião o desbravar dessa área. Como acepipes para um futuro retorno, adentramos uma estrada rural no município de Jaguariaíva, colada a Sengés, para as primeiras fotos da incursão que até então se estendera por 400km. Em direção a Usina Matarazzo, registramos primeiramente a Pedra do Boné, envolta por pequenas árvores retorcidas e por um imenso capão de samambaias, lar de diligentes gibões-de-couro. Em seguida, uma cascata seminatural, semiartificial formada pelo canal escoadouro da usina. Mais à frente, deixando as motos de lado e acessando uma picada, desfrutamos da cachoeira Lago Azul, que descia suavemente por pequenos degraus, derrotando um desnível de 20 metros. Tratava-se das águas do rio Lajeado Grande, que em seu curso oferece muitas belezas a serem apreciadas. Deixando a queda e a estrada rural, observamos uma outra, verticalmente pequena mas longitudinalmente extensa. É uma cria do rio Capivari denominada Cachoeirão, localizada praticamente no centro de Jaguariaíva.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-kI7EOjQtfeA/UPDFiDIX1WI/AAAAAAAAJZA/qBy0ID-J3Cc/s1600/P1130805.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-kI7EOjQtfeA/UPDFiDIX1WI/AAAAAAAAJZA/qBy0ID-J3Cc/s320/P1130805.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gibão-de-couro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-xt9n4FqmIgI/UPDFkAZEnZI/AAAAAAAAJZI/fs2MX8I_3KM/s1600/P1130827.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-xt9n4FqmIgI/UPDFkAZEnZI/AAAAAAAAJZI/fs2MX8I_3KM/s320/P1130827.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeirão</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-tpJCdtLoTLw/UPDFhLyZD4I/AAAAAAAAJY4/TZ43fT8LIHg/s1600/P1130839_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="116" src="http://1.bp.blogspot.com/-tpJCdtLoTLw/UPDFhLyZD4I/AAAAAAAAJY4/TZ43fT8LIHg/s400/P1130839_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra da Esperança</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-L8lr7o9pSic/UPC6tJrSidI/AAAAAAAAJWk/0NnAAcCqkx8/s1600/P1130863.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-L8lr7o9pSic/UPC6tJrSidI/AAAAAAAAJWk/0NnAAcCqkx8/s200/P1130863.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Represa de Salto Santiago</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Pela PR151 fomos tocando lentamente, agora sob o sol escaldante de término de primavera. Os pedágios, uma triste e onerosa realidade das estradas paranaenses, pontilhavam o caminho a cada 40km. Chegamos a Ponta Grossa, cidade com a altitude mais elevada até então: 960 metros. Dessa grande cidade se ramifica a BR373, e nela permanecemos até Prudentópolis, a terra das cachoeiras gigantes, que novamente deixaríamos para visitar numa outra ocasião. Agora na BR277, subimos a Serra da Esperança, um importante reduto de mata atlântica no coração do Paraná. Apesar de parecer uma forte subida, no fim atingimos meros 1100m de altitude. Guarapuava veio na sequência, e foi nesse município que fui testemunha ocular, assim como Rodrigo, do empilhamento de folhas de fumo sobre um caminhão, prontas para partirem para a indústria que alimenta o vício de inúmeras pessoas pelo mundo afora. Já no último quarto do dia, numa continuação da BR373, descemos o vale do rio Iguaçu, o mesmo que, quilômetros depois, forma as Cataratas do Iguaçu, o espetáculo mais garboso e imponente que a natureza foi capaz de arquitetar até hoje. Sobrepassamos a extensa ponte, não sem antes descermos às fundações da mesma para algumas fotografias. Nessa nesga de curso o Iguaçu é represado para a alimentação das turbinas da Usina Hidrelétrica de Salto Santiago. O reservatório, contudo, estava baixo, seco. Do outro lado se principiava a Reserva Indígena Mangueirinha, na qual remanescentes de guaranis vendem artesanato à beira da estrada para complementar a renda e não depender exclusivamente da agricultura de subsistência. Observando as faces risonhas dos indiozinhos passamos por Coronel Vivida e encerramos o primeiro dia na moderna Pato Branco, onde as luzes de natal na matriz pareciam querer transformar a noite em dia. Foram percorridos, no total, 900km.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-sp886e9_rVo/UPC9C6wxLlI/AAAAAAAAJW4/E25iVtR98aU/s1600/P1130878.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-sp886e9_rVo/UPC9C6wxLlI/AAAAAAAAJW4/E25iVtR98aU/s320/P1130878.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pato Branco</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-CmErImUx3W4/UPC9GY339gI/AAAAAAAAJXA/W4QEKUJTe2Y/s1600/P1130891_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="141" src="http://4.bp.blogspot.com/-CmErImUx3W4/UPC9GY339gI/AAAAAAAAJXA/W4QEKUJTe2Y/s400/P1130891_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Uruguai, em Itapiranga</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-V6vqkOkr1pY/UPC9tAfwJyI/AAAAAAAAJXI/Aj8klJH1N54/s1600/P1130910.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-V6vqkOkr1pY/UPC9tAfwJyI/AAAAAAAAJXI/Aj8klJH1N54/s200/P1130910.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale do rio Uruguai</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 20, o segundo da viagem, deixamos Pato Branco rumo à divisa com Santa Catarina. Localizamos, em Vitorina, a PR158, que nos deixou nos arredores de São Lourenço do Oeste, já no Estado catarinense. As típicas casinhas de madeiramento horizontal e pintadas a cores vibrantes surgiam vez ou outra em pequenos vilarejos e também nas extensas plantações de soja, o forte da região noroeste. Fez-se presente também o vento destrambelhado que, de tão impetuoso, impedia que nossas motocicletas permanecessem na posição vertical, relegando-as praticamente aos 45º. O perigo nos fez diminuir a marcha enquanto cruzávamos por Campo Erê, Anchieta e Guaraciaba. Ao nosso lado esquerdo víamos o território argentino, uma vez que descíamos pela BR163 paralelos a ele. Passamos por São Miguel do Oeste, Descanso e Iporã do Oeste, alcançando, exaustos pela repressão da ventania, Itapiranga, num vale magnífico formado pelo rio Uruguai, que naturalmente divide Santa Catarina do Rio Grande do Sul. Não há pontes para o outro lado, e sob um calor de 37º aguardamos a balsa que, por R$7,00 cada, nos desembarcou do outro lado, às margens do desemboque do rio Guarita no grande Uruguai. Pela primeira vez Rodrigo e eu pisávamos em solo gaúcho. A duras penas subimos o vale por uma estrada de terra, obtendo de alguns pontos uma inspiradora vista do rio de águas barrentas que acabáramos de atravessar. Foram mais 20km de pedras, terra e algum barro até a entrada do Parque Estadual do Turvo, no qual se situa o Salto do Yucumã, a maior cachoeira longitudinal do planeta. Porém, nem sempre podemos contar com a sorte. A decepção em minha face se tornou evidente quando o guarda do parque nos informou de que as comportas das hidrelétricas anteriores ao salto foram abertas devido às fortes chuvas dos dias anteriores, causando uma inundação repentina no curso do rio Uruguai e encobrindo todo o Yucumã. <i>"Perderam viagem, gurizada"</i>. Como havia ainda uma estrada dentro do parque de 15km até a cachoeira, resolvemos seguir nela para não "perder a viagem". Barro, preás, teiús e mata atlântica fechada nos acompanharam até a beira d'água. Embaixo daquele turbilhão se escondia, sabíamos, uma cachoeira de 15 metros de queda com 1,8km de extensão. Do outro dela, alcançável a nado ou de barco, se encontrava a Argentina.</span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-6uOEX905CYc/UPC-OHD242I/AAAAAAAAJXQ/F6EuzKQ5uoo/s1600/P1130917.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-6uOEX905CYc/UPC-OHD242I/AAAAAAAAJXQ/F6EuzKQ5uoo/s320/P1130917.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Salto do Yucumã, inundado</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-TPGbaQJ5Bp4/UPC-Ou-YsAI/AAAAAAAAJXY/xkyqrHwl3iw/s1600/P1130920.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-TPGbaQJ5Bp4/UPC-Ou-YsAI/AAAAAAAAJXY/xkyqrHwl3iw/s320/P1130920.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada do Parque Estadual do Turvo</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-dJWvLWKzBQo/UPC-y4aQU5I/AAAAAAAAJXg/3m5hWnNniSs/s1600/P1130934.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-dJWvLWKzBQo/UPC-y4aQU5I/AAAAAAAAJXg/3m5hWnNniSs/s200/P1130934.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chuva em Santa Rosa</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Na saída do Parque Estadual do Turvo, o mais antigo do Estado, nosso infortúnio ganhou uma nova companheira: a chuva. Minha tristeza era tamanha que vesti minha capa, em silêncio, e fui acelerando pela lama descuidadamente, com Rodrigo, cauto, na retaguarda. Felizmente não caí. Não aceitava o fato de viajar 1100km para ver algo e, de repente, ele não estar lá. E saber que o agravante responsável por esse fato é o progresso e sua voraz e cada vez mais premente carência de energia elétrica! Com isso, o curso dos grandes rios, nesse caso o Uruguai, é modificado para a disposição de barragens e usinas hidrelétricas de grande porte, afetando desde piracemas a acidentes geográficos naturais, como o Salto do Yucumã. O aguaceiro dos céus, que nunca me foi um empecilho, a princípio me encolerizou, mas enquanto nos distanciávamos daquelas paragens supostamente maravilhosas do Rio Grande do Sul, tornou-se um aliado, diminuindo a elevada temperatura ambiente e esfriando minha cabeça. Internalizei que restava-nos seguir rumo à região das Missões, nosso segundo escopo nessa aventura pelo Rio Grande do Sul, e objetivando esse fim cruzamos por Derrubadas, Padre Gonzales e São Martinho, sempre com a soja e esporadicamente o milho ladeando o asfalto. O vento, obstinado, soprava com pujança, e assim o faria durante toda a nossa estadia no Estado. A ausência quase total de montanhas, serras e grandes rios extraíam toda e qualquer forma de carisma da paisagem. Outra coisa curiosa que notei foram os pequenos e bem adornados cemitérios que, diferentes dos do Estado de São Paulo, estão dispostos fora da área urbana dos vilarejos e cidades. Era comum vermos um cemitério e, dois quilômetros depois, chegarmos aos municípios, como se quisessem manter seus mortos bem longe do convívio citadino. A solavancos, molhados, decepcionados e exaustos, chegamos a Santa Rosa, já na região das Missões, e nela decidimos pernoitar. Foram rodados 430km nesse segundo dia.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-tDdQrLq2gT8/UPDACLJtnrI/AAAAAAAAJXw/57s3bLEJxhM/s1600/P1130935.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-tDdQrLq2gT8/UPDACLJtnrI/AAAAAAAAJXw/57s3bLEJxhM/s320/P1130935.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Porto Internacional de Porto Xavier</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-bbmAHq5UTfw/UPDACi_liEI/AAAAAAAAJX0/QORYdhfKQWo/s1600/P1130937.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-bbmAHq5UTfw/UPDACi_liEI/AAAAAAAAJX0/QORYdhfKQWo/s320/P1130937.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário de Assunção do Ijuí</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-gFRIcC_r1x8/UPDAnPlQCEI/AAAAAAAAJYA/sanV25pgkcg/s1600/P1130944.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-gFRIcC_r1x8/UPDAnPlQCEI/AAAAAAAAJYA/sanV25pgkcg/s200/P1130944.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cerro do Inhacurutum</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Santa Rosa pertencia a Santo Ângelo, uma das cidades em que havia uma redução jesuítica, isso lá pelos idos de 1706. Contudo, nada havia nela de histórico. Amanhecemos, então, augurando zarpar o mais rapidamente possível, mas uma forte chuva, mais uma vez, intentou nos retardar. Com muito custo partimos em direção ao nosso primeiro sítio arqueológico, ainda bem distante dali. Seguimos pela BR472, observando ao longe as cidades de Santo Cristo e Porto Lucena, onde novamente se via o rio Uruguai e o lado argentino. Apeamos em Porto Xavier, na sequência, e não nos deixaram passar a pé a cancela para fotografarmos o movimento das balsas do Porto Internacional, que transporta veículos entre um país e outro. Aqui se vê a importância do rio Uruguai, pois além de ser um divisor de terras entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, por um trecho, também separa o Brasil da Argentina, até formar, juntamente com o rio Paraná, o grande estuário do rio da Prata, entre a Argentina e o Uruguai, provendo o sustento e a logística de milhões de pessoas em seus mais de 2000km de extensão. Saindo de Porto Xavier, rumamos ao sul, e em menos de 30km acessávamos uma estrada de terra para o Santuário de Assunção do Ijuí, uma simples capela erigida ao Padre João de Castilhos, morto pelos índios guaranis a mando do Cacique Nheçu em 1628, que primeiramente havia aceitado a instalação de uma missão jesuíta para catequizar os índios, mudando de ideia ulteriormente e ceifando a vida do religioso. Diz-se que a primeira missa foi rezada aqui pelo Padre Roque Gonzalez também em 1628. Obviamente nada restou da redução. A capela é uma simples construção moderna, bem como a cruz missioneira, com dois braços abertos, simbolizando a fé redobrada, mas o local, em si, é histórico. Ovelhas pastam solenemente nos gramados aos seus derredores. Ao longe, o Cerro do Inhacurutum, uma pequena elevação de cume arredondado no terreno quase plano, é cultuado como o posto de observação dos índios que, do alto dele, antecipavam a aproximação dos jesuítas. <i>Cerro</i>, em espanhol, é monte, montanha. Essas terras pertenciam à coroa espanhola. As missões eram a mando da coroa espanhola. Anteriormente a dominância era dos nativos indígenas.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-xXVomcTlidE/UPDDLyZ0gZI/AAAAAAAAJYo/fnj8pQvYPII/s1600/P1130960.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-xXVomcTlidE/UPDDLyZ0gZI/AAAAAAAAJYo/fnj8pQvYPII/s320/P1130960.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caprinos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-LkAAikKdPL0/UPDBmNz10uI/AAAAAAAAJYM/f-m5oN-ZhuE/s1600/P1130965.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-LkAAikKdPL0/UPDBmNz10uI/AAAAAAAAJYM/f-m5oN-ZhuE/s320/P1130965.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Posto médico de XVI de Novembro</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Z-Hyf-4_Yg8/UPDBmvxERqI/AAAAAAAAJYU/ijXmvsWm4DM/s1600/P1130999.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-Z-Hyf-4_Yg8/UPDBmvxERqI/AAAAAAAAJYU/ijXmvsWm4DM/s200/P1130999.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pilcha </td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Pela BR392 elongamos, no sentido sul, até a cidade de Roque Gonzalez, batizada com o nome do padre paraguaio, de ascendência espanhola, que comandou a primeira leva de jesuítas para a banda oriental do rio Uruguai na segunda década do século XVII, ou seja, para o solo atualmente riograndense. Ressalto aqui que o fenômeno da catequização indígena pelos jesuítas não se limitou apenas ao Brasil, mas também a Argentina, Paraguai e Uruguai, numa época em que fronteiras eram difusas e a luta por terra entre indígenas, espanhóis e bandeirantes portugueses era ferrenha e imposta mais pela força do que por acordos assinados em pergaminhos. O rio Ijuí corria caudaloso ao nosso lado esquerdo, e acompanhando-o pelo Lago da Usina Hidrelétrica São João topamos com o trevo de acesso a São Nicolau e XVI de Novembro. Quando contornei a rotatória, chamada de rótula pelos gaúchos, olhei automaticamente pelo retrovisor, procurando Rodrigo, e senti o sangue correr gelado ao vê-lo caído no canteiro gramado. Retornei alguns metros, encostei minha moto e constatei os danos de meu camarada: mão esquerda esfacelada, capacete raspado, carenagens laterais destruídas e pedal de câmbio totalmente torto em razão da queda. Dois cidadãos de uma residência próxima me ajudaram a levantar a moto e contataram uma ambulância que, da cidade de XVI de Novembro, vieram resgatar Rodrigo. Um curativo e bandagem nas mãos e o intrépido já estava pronto para seguir viagem, ao contrário de sua moto, que pôde apenas rodar em terceira marcha devido ao pedal retorcido. A 40km/h chegamos a São Nicolau, 30km depois, onde o filho de um mecânico gentilmente desentortou a peça para que a troca de marchas fosse possibilitada.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/--OXPm_YAYNU/UPDQcQfqodI/AAAAAAAAJZY/VNRaRfeSedM/s1600/P1130979.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/--OXPm_YAYNU/UPDQcQfqodI/AAAAAAAAJZY/VNRaRfeSedM/s320/P1130979.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-oeMA8zFRiBc/UPDQcqQj0VI/AAAAAAAAJZg/00LJ0jTp9lk/s1600/P1140002.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-oeMA8zFRiBc/UPDQcqQj0VI/AAAAAAAAJZg/00LJ0jTp9lk/s320/P1140002.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ruínas da redução de São Nicolau</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-KVPsXVWPrmE/UPDRWUy_gUI/AAAAAAAAJZs/x8NvDGtEWA8/s1600/P1130990.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-KVPsXVWPrmE/UPDRWUy_gUI/AAAAAAAAJZs/x8NvDGtEWA8/s200/P1130990.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O que restou da igreja</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Em São Nicolau aproveitamos para visitar o primeiro sítio arqueológico com ruínas de uma redução jesuítica da viagem. Não restou muita coisa, visto ser uma obra em pedra altamente suscetível às intempéries, ao tempo e à mão impiedosa e avassaladora do homem. O Sítio Arqueológico de São Nicolau é, bem dizer, uma reminiscência do passado, um amontoado de rochas trabalhadas que foram sendo descobertas em escavações levadas a cabo por arqueólogos gaúchos em busca de sua História. Várias plaquetas informativas dispostas pelo terreno plano explicam a arquitetura de uma redução, com a igreja ao centro sempre construída com a face voltada para o norte, a casa dos padres em sua laterais, o cemitério e uma praça central com as casas dos índios em processo de catequização nos derredores. Do fronte da igreja restaram apenas dois nacos da parede, e do solo e das casas dos índios apenas pedras. Tal redução é integrante dos chamados Sete Povos das Missões, uma segunda leva de missões jesuítas que se espalharam pelo território riograndense no fim do século XVII. A primeira, como supracitado, foi contida pela desconfiança dos índios guaranis. Depois de conjecturado o Tratado de Madrid, em 1750, as reduções, nelas inclusa São Nicolau, passaram a estar em território português. A Espanha trocara a Colônia de Sacramento, no Uruguai, até então propriedade de Portugal, pelo território que hoje compreende o Rio Grande do Sul. As missões nessa área foram, por esse motivo, destituídas de suas terras. Padres e índios foram mortos ou debandados para outras regiões. Alguns foram escravizados. Dos Sete Povos, sete reduções, apenas quatro ainda preservam suas ruínas. Uma já conhecêramos. Faltavam, ainda, mais três.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-oRiOIKPL1ao/UPDTDIZVKCI/AAAAAAAAJaA/TR4XeW_xuqc/s1600/P1140026.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-oRiOIKPL1ao/UPDTDIZVKCI/AAAAAAAAJaA/TR4XeW_xuqc/s320/P1140026.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-aIUgL9chi6s/UPDTDuoB9JI/AAAAAAAAJaI/POhJJ7QJwP0/s1600/P1140015.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-aIUgL9chi6s/UPDTDuoB9JI/AAAAAAAAJaI/POhJJ7QJwP0/s320/P1140015.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Catedral Angelopolitana, em Santo Ângelo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4o_hDGRR-AQ/UPDTh9LmSeI/AAAAAAAAJaQ/3ibUKCmXZmY/s1600/P1140027.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-4o_hDGRR-AQ/UPDTh9LmSeI/AAAAAAAAJaQ/3ibUKCmXZmY/s200/P1140027.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A cruz missioneira e a lua</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Rodrigo insistia que sua moto estava “puxando” para a direita. A minha, por sua vez, amargava pastilhas de freio totalmente gastas. Na cidade de São Nicolau, onde alguns homens mantêm a tradição gaúcha ao vestirem as pilchas, compostas de bota de couro cru, bombachas, guaiacas (cintos), facas e chicotes, não encontramos as peças necessárias ao reparo de nossas companheiras. A opção foi mudar a rota e partir para a maior cidade da região, Santo Ângelo, distante 120km dali. Chegamos na mesma ao cair da noite, ainda em tempo de fotografar a Catedral Angelopolitana, uma réplica da igreja da redução de São Miguel Arcanjo, que visitaríamos no dia seguinte. É de 1971, e em sua fachada estão dispostas sete esculturas referentes aos Sete Povos das Missões: São Borja, São Nicolau, São Miguel, São Luiz, São Lourenço, São João e Santo Ângelo. A cidade de Santo Ângelo foi, portanto, local de uma redução, a de Santo Ângelo Custódio (1707-1756), mas a cidade moderna edificou-se sobre suas ruínas, restando apenas algumas poucas pedras descobertas recentemente através de escavações arqueológicas. Esses resquícios estão expostos em bancadas cobertas por espesso vidro na lateral direita da catedral. Por fim, ajeitamos para o dia seguinte o conserto das motos, restando-nos descansar dos 360km rodados e de uma queda e refazer a rota daquele local em diante. As luzes de natal novamente auguravam derrotar a noite, resplandecendo nada mais do que o puro consumismo das pessoas que corriam atrás de presentes para a data festiva. Tudo o que consumimos, em nossa falta de capital, se resume na fala da farmacêutica que demoramos a entender devido ao sotaque carregado. <i>“Tão vindo de longe, hein, gurizada! Cuidado com essas motos. Vocês são o para-choque. Seu anti-inflamatório ficou 5 com 30”</i>. Em São Paulo dizemos 5 e 30. Bem, estávamos muito longe de São Paulo, e a mão de Rodrigo não estava nada boa.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-wstVlSKaYGI/UPDUf0OLhrI/AAAAAAAAJac/d4FphXuP6Lk/s1600/P1140091.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-wstVlSKaYGI/UPDUf0OLhrI/AAAAAAAAJac/d4FphXuP6Lk/s320/P1140091.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-SFPti-3Tbdw/UPDUhSxFgkI/AAAAAAAAJak/o5mevUBYwWU/s1600/P1140067.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-SFPti-3Tbdw/UPDUhSxFgkI/AAAAAAAAJak/o5mevUBYwWU/s320/P1140067.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ruínas de São João Batista</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-5W4O4FMQe4I/UPDVB61buUI/AAAAAAAAJa0/wCJiIlXtPYg/s1600/P1140051.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-5W4O4FMQe4I/UPDVB61buUI/AAAAAAAAJa0/wCJiIlXtPYg/s200/P1140051.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Homenagem a Antonio Sepp</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 22, quarto dia da incursão pelo Rio Grande do Sul. A parte da manhã foi consumida inteiramente pelo conserto das motos, e após o meio dia deixamos Santo Ângelo em direção a Entre-Ijuís, onde acessamos a BR285, que corta boa parte da Rota das Missões. Rodamos 14km pelo asfalto, sentido oeste, e adentramos uma estrada de chão, na verdade uma mistura escorregadia de terra, lama, pedra e estrume de gado. Os pouco mais de 8km nesse tipo de solo demandaram certa atenção, mas ao chegarmos às ruínas de São João Batista tudo foi recompensado, algo que nem o calor sufocante de 35º envilecia. Ao contrário do sítio arqueológico de São Nicolau, esse nos aguardava totalmente cercado e estruturado para visitas. Na guarita de acesso, onde há vigilantes 24h, alguns cartazes com explicações sobre as Missões e bancadas com objetos dos séculos XVII e XVIII, descobertos em escavações recentes, preparavam os turistas que, naquele momento, re resumiam a Rodrigo e a mim, para o que viria na sequência: as ruínas em si. É verdade que, de 1697, pouca coisa permaneceu na vertical, como as bases do cemitério e a igreja. Uma escultura retangular nos chamou a atenção por estar bem conservada, mas logo descobrimos se tratar obra recente em homenagem a Antonio Sepp, fundador da redução que foi, na verdade, fruto da divisão da redução mais próspera dentre as sete, a de São Miguel Arcanjo, não muito distante dali. Pedaços de pedras e colunas da época ocupam o lugar antigamente dedicado às casas dos mais de 3000 índios que habitavam a redução. Na parte posterior da igreja, seguindo por uma trilha em meio à mata, um imenso descampado revela árvores frondosas e muita tuna, um cactus de frutos comestíveis muito apreciados na época. Além da tuna, cultivavam e consumiam também, em forma de chá, a erva-mate, bebida indígena tida como energética no pré-batalhas. Hoje a tradição continua. O chimarrão, nome popular, é consumido em todo o Estado e em muitas outras áreas anteriormente ocupadas pelos guaranis.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Zr1KV81S7tk/UPDWHubaHuI/AAAAAAAAJbI/zAYbDd6-mxM/s1600/P1140096.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-Zr1KV81S7tk/UPDWHubaHuI/AAAAAAAAJbI/zAYbDd6-mxM/s320/P1140096.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada entre as ruínas de São João Batista e São Miguel Arcanjo</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-RiG1758rwKw/UPDWG8l6kUI/AAAAAAAAJbA/GJgFcwDxjDo/s1600/P1140110.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-RiG1758rwKw/UPDWG8l6kUI/AAAAAAAAJbA/GJgFcwDxjDo/s320/P1140110.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ruínas de São Miguel Arcanjo</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Q-AjePOpx3k/UPDXRTEIuoI/AAAAAAAAJbk/o9yzd3GJcY8/s1600/P1140125.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-Q-AjePOpx3k/UPDXRTEIuoI/AAAAAAAAJbk/o9yzd3GJcY8/s200/P1140125.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja inacabada</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Das ruínas de São João Batista parte, para o oeste, uma escorregadia e barrenta estrada de terra que demoramos a derrocar. O cenário, a soja, não trazia beleza alguma para um aliviante espairecimento, e nervosamente escorregamos por 18km até o asfalto de São Miguel das Missões, pequena cidade que abriga as ruínas da redução jesuítica de São Miguel Arcanjo, tida como a mais próspera dos Sete Povos das Missões. Por ser o sítio arqueológico melhor conservado dentre os quatro existentes, foi tombado pela UNESCO como Patrimônio Mundial. É de 1687, e possui uma igreja inacabada erigida em pedra grês cujo desenho foi copiado para a construção da Catedral Angelopolitana, que visitamos em Santo Ângelo no dia anterior. É de dimensões magnânimas, sendo cercada pelo que restou da casa dos padres, das oficinas (onde os jesuítas ensinavam diversas atividades de manufatura aos índios) e do cemitério. Da praça e das moradias indígenas nada restou. Há quem diga que todo esse rigor arquitetônico, doutrinamento e supervisão engendrado nas reduções tinha por objetivo final consolidar o domínio espanhol na área através da europeização dos guaranis, mas essa é uma afirmação que carece de evidências sólidas. Os jesuítas estavam presentes em todo os cantos do planeta e faziam um trabalho de cristianização, sendo, talvez, usados pelas monarquias dominantes, no caso a Coroa Espanhola, para manter a posse das áreas das reduções, pois era comum, na época, começar povoados e garantir domínios, a exemplo das invasões e favelas de hoje. Eivadas por motivos escusos ou não, é importante salientar que essas reduções agiram em mão dupla, pois houve um aculturamento indígena e, ao mesmo tempo, o surgimento de uma arte que incorporava elementos europeus e guaranis. Nos pequenos cômodos protegidos por portas de grosso vidro, arquitetados por Lúcio Costa, o mesmo do Plano Piloto de Brasília, e ao lado da cruz missioneira na entrada do sítio, estão expostas esculturas em madeira policromada talhadas na época, bem como objetos feitos em barro, como pias batismais e tigelas. Os Mbyá-Guarani, descendentes dos guaranis remanescentes após o desmantelamento das reduções pelos portugueses a partir de 1750, consideram as ruínas de São Miguel Arcanjo um lugar sagrado. Alguns deles por lá perambulavam, vendendo seus artesanatos. Na primeira metade do século XVIII, mais de 7000 índios moravam na redução.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-e8nbRHXUJc4/UPDX0kO8ZQI/AAAAAAAAJbs/MFPC9gnspYs/s1600/P1140208.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-e8nbRHXUJc4/UPDX0kO8ZQI/AAAAAAAAJbs/MFPC9gnspYs/s320/P1140208.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Índia Mbyá-guarani</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-3EYa8TxwxQM/UPDX0rE19wI/AAAAAAAAJbw/jzu-WtUa1Ds/s1600/P1140211.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-3EYa8TxwxQM/UPDX0rE19wI/AAAAAAAAJbw/jzu-WtUa1Ds/s320/P1140211.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Esta terra tem dono"</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-np4Y8IdORvg/UPDYsoqfFjI/AAAAAAAAJcI/744ybB0q3lc/s1600/P1140240.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-np4Y8IdORvg/UPDYsoqfFjI/AAAAAAAAJcI/744ybB0q3lc/s200/P1140240.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Teiú se aquecendo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Faltava-nos ainda o sítio arqueológico de São Lourenço Mártir. Aceleramos para longe de São Miguel das Missões, pelo asfalto, passando pelo portal das missões, onde a frase Co Yvy Oguereco Yara (esta terra tem dono, em guarani), bradada por Sepé Tiaraju, um dos líderes indígenas que tentou resistir ao fim das reduções e à tomada de suas terras pelos portugueses, e chegando novamente a BR285. Nela foram rodados 14km e, depois, mais 6 de terra até as ruínas de São Lourenço Mártir, a mais tímida de todas. As pedras cortadas em formas de cubo se espalham por todos os lados, muitas numeradas com uma tinta branca para, quem sabe, um melhor controle e organização dos estudos arqueológicos. Ovelhas pastam livremente pelo espaço anteriormente destinado à praça e às casas dos índios, e enormes teiús aquecem seu sangue frio repousados às rochas expostas ao radiante sol do Rio Grande do Sul. É de 1690 e chegou a possuir em seus domínios mais de 4000 indígenas. É também próxima ao Santuário de Caaró, ao qual seguimos na sequência. Neste local, que conta hoje com uma capela singela e 15 cruzes que representam a Via Crucis, bem como uma cruz missioneira, foi morto o precursor de todos os jesuítas que se aventuraram pela região dos Sete Povos das Missões, o padre Roque Gonzalez, num começo de século XVII, mais precisamente em 1628, em que a relação entre hispânicos e índios era ainda baseada em muita desconfiança. Não era para menos. Os bandeirantes portugueses incursionavam por esses confins preando índios para o trabalho escravo. Como acreditariam os nativos na palavra de homens brancos que diziam querer melhorar sua condição de vida?</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-rni-PnNQqRA/UPDZLbXzKOI/AAAAAAAAJcY/GlNmpFxJ6J0/s1600/P1140246.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-rni-PnNQqRA/UPDZLbXzKOI/AAAAAAAAJcY/GlNmpFxJ6J0/s320/P1140246.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ruínas de São Lourenço Mártir</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-y5cJJf6fat8/UPDZMpnmoMI/AAAAAAAAJcg/WAgSmD-dULE/s1600/P1140270.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-y5cJJf6fat8/UPDZMpnmoMI/AAAAAAAAJcg/WAgSmD-dULE/s320/P1140270.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santuário de Caaró</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-K9rfC4rUDZE/UPDZ9Fyf9DI/AAAAAAAAJco/u6vfX6sdo9s/s1600/P1140273.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-K9rfC4rUDZE/UPDZ9Fyf9DI/AAAAAAAAJco/u6vfX6sdo9s/s200/P1140273.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santa Maria</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Nossa “missão” na Rota dos Missões se cumprira. Registráramos os quatro sítios arqueológicos que resistem ao tempo e acabamos deixando o calor daquelas terra ainda no dia 22. Partiríamos, agora, em direção ao sul do Estado, ao ponto mais meridional do Brasil, na divisa com o Uruguai: o Chuí. Permanecemos na BR285 até Ijuí, onde a RS342 finalmente nos direcionou para o sul. Passamos por Cruz Alta e descemos a serra até Santa Maria, uma grande e moderna cidade na qual decidimos pernoitar. As prefeituras do Rio Grande do Sul investem pesado na iluminação natalina e em Santa Maria não poderia ser diferente. De tão cansados pelo vento adormecemos, acordando cedo no dia ulterior para vencer os 550km restantes ao alcance de nosso destino. Foram coxilhas e mais coxilhas, ventanias atarantadas, muito sol e revoadas do simpático pássaro cavalaria até Pelotas onde, sobre uma antiga ponte desativada, fotografamos a imensidão do Canal de São Gonçalo, que une as águas da Lagoa Mirim as da Laguna dos Patos. Há ainda um menor, o de Santa Bárbara, ancoradouro de pequenos navios pesqueiros. Olhando para o norte vê-se o Porto de Pelotas, com embarcações de grande porte, e a cidade de Pelotas em si. As coxilhas, a essa altura, haviam sumido. Já estávamos na planície litorânea, e tudo era excessivamente plano, assim se mantendo por todo o caminho faltante que era, em síntese, o perímetro urbano de Rio Grande e uma retilínea estrada de 220km que, cortando o banhado supostamente preservado na forma da Reserva Ecológica do Taim, nos apresentou ao extremo sul do país. Foi uma pena testemunhar animais em extinção, notadamente canídeos, mortos por toda a extensão da BR471. Foi angustiante ver o Taim agonizando aos pés do asfalto, o mesmo asfalto que, muitas vezes, traz vida aos motociclistas. Vivos, porém, vimos somente capivaras, tachãs e emas. Eu, no meu eterno dilema, maldizia o progresso sentado sobre uma moto criada por ele.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-SMJ6w5KWOKI/UPDajexY2CI/AAAAAAAAJcw/9JK4hi7DTIY/s1600/P1140280_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="118" src="http://3.bp.blogspot.com/-SMJ6w5KWOKI/UPDajexY2CI/AAAAAAAAJcw/9JK4hi7DTIY/s400/P1140280_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Canais de São Gonçalo e de Santa Bárbara, em Pelotas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-sELytnWillk/UPDakzsX07I/AAAAAAAAJc4/NidJq8XRymQ/s1600/P1140312.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-sELytnWillk/UPDakzsX07I/AAAAAAAAJc4/NidJq8XRymQ/s320/P1140312.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ema e seus filhotes, no Taim</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-JYmylbMlOFY/UPDalOih9OI/AAAAAAAAJc8/FAJocYNewOg/s1600/P1140300.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-JYmylbMlOFY/UPDalOih9OI/AAAAAAAAJc8/FAJocYNewOg/s320/P1140300.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capivaras no banhado</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-1ZCe72GY-Eo/UPDbaDNTqBI/AAAAAAAAJdM/zFUnCMdvbB8/s1600/P1140313.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-1ZCe72GY-Eo/UPDbaDNTqBI/AAAAAAAAJdM/zFUnCMdvbB8/s200/P1140313.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chuí e Chuy</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Bem-vindos ao Chuí, uma cidade retangular com 6000 habitantes no lado norte da fronteira seca com o Uruguai. É a mais meridional do Brasil. É onde o país acaba; é onde o país começa. É onde Rodrigo e eu, sem dinheiro para esbanjar, não nos sentimos benquistos. Atravessando o canteiro central divisório entre Chuí e Chuy (Brasil e Uruguai), “cambiávamos” de país e volvíamos passos depois ao constatar que não poderíamos desperdiçar os pífios reais de que dispúnhamos nos colossais <i>free shops</i> uruguaios. Por sorte eu tinha um Plano B. Deixando as motos em Chuí, embarcamos num táxi uruguaio e cortamos 8km da planície do Departamento de Rocha até a Sierra de San Miguel, no alto da qual foi construída pelos espanhóis, em 1734, o Fuerte de San Miguel. É uma construção militar de formato estrelado, guarnecida por canhões, postos de observação e casa de armas e pólvora. Foi tomado e reestruturado por portugueses em 1737, sendo hoje um patrimônio nacional do Uruguai. Seus cômodos internos guardam importantes informações sobre a hierarquia militar e as estratégias de defesa empregadas em uma época em que inexistiam armas de repetição, pelo menos no continente sul americano. Quando as balas de canhão acabavam ou se tornavam ineficazes pela proximidade do combate, os espadins eram empunhados e a luta corporal se desenrolava até que um batalhão finalmente subjugasse o outro. Do lado externo há mais postos de observação, um cemitério e triangulares pedras graníticas, da mesma espécie utilizada para a edificação da fortificação que, em seus primórdios, foi erguida a barro e palha. No fim, foi melhor termos conhecido esse pedaço do Uruguai, tão próximo ao Brasil, do que nos perdermos em meio aos frenéticos consumidores da fronteira seca na cidade de Chuí. Retornamos a ela com o único intuito de dormir, assolados pelos vorazes pernilongos de dupla nacionalidade.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-LIdmzjqkgMg/UPDb_5HvbWI/AAAAAAAAJdc/AESgt7rIWJ8/s1600/P1140327.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-LIdmzjqkgMg/UPDb_5HvbWI/AAAAAAAAJdc/AESgt7rIWJ8/s320/P1140327.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-JBAkCntbtC8/UPDcAHCV5ZI/AAAAAAAAJdg/bePjsKSeSm8/s1600/P1140383.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-JBAkCntbtC8/UPDcAHCV5ZI/AAAAAAAAJdg/bePjsKSeSm8/s320/P1140383.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fuerte de San Miguel</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-xJE4WaYk_mM/UPDcjxnQyrI/AAAAAAAAJds/WM6_yy3VV0A/s1600/P1140406.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-xJE4WaYk_mM/UPDcjxnQyrI/AAAAAAAAJds/WM6_yy3VV0A/s200/P1140406.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marco do extremo sul do Brasil</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dia 24. Hora de começar a voltar para casa. Um último papo com o senhor Alberto, um uruguaio que reside no lado brasileiro da fronteira e que afirma com todo o fôlego de seus pulmões de 80 anos (65 de fumante) que construir no Brasil é mais barato que no Uruguai, uma última passagem pelas avenidas Brasil (lado brasileiro da fronteira seca) e Uruguai (lado uruguaio) e adeus Chuí. Acessamos uma estreita vicinal, ao leste, que nos levou ao Farol da Barra do Chuí e ao Arroio Chuí. Aqui e em boa parte do território sul riograndense o termo arroio (do espanhol <i>arroyo</i>) é usado no lugar de rio, enaltecendo a cultura espanhola que, um dia, foi “dona” dessas paragens. O farol estava fechado à visitação, e então seguimos até uma ponte sobre o arroio na qual o marco Extremo Sul do Brasil se reafirmava. Aqui já não é mais Chuí, e sim Santa Vitória do Palmar, mesmo a sede desse município estando muito distante dali. Demos a volta no farol e atingimos a areia da Praia do Cassino, a maior do mundo em extensão com 240km. Uma caminhada leve sobre a areia e as estruturas de pedra que guiam a última curva do arroio Chuí em direção ao Oceano Atlântico foram tocadas, escaladas e fotografadas. Olhando para o sul, após o rio, o Uruguai e sua orla; a oeste, o Farol da Barra do Chuí, o mais moderno do país; a leste, o mar, imenso, desprovido de ilhas ou qualquer outra “mancha” no cenário; e ao norte, o maior desafio de minha vida, a Praia do Cassino. Digo isso porque querelei por algum tempo com Rodrigo sobre chegar a Rio Grande, na boca da Laguna dos Patos, subindo pela orla e não pelo asfalto, como fizéramos na vinda. Obviamente ele se mostrou inflexível, primeiro por estar inseguro pela queda que sofrera no terceiro dia e, segundo, por insistir que sua moto continuava “puxando” para a direita. Não argumentei muito e rumamos, pelo asfalto, para o Balneário do Hermenegildo, na mesma praia, mas 12km acima. Ali, por fim, me decidi. Iria, pela Praia do Cassino, até Rio Grande. Rodrigo subiria pelo asfalto e me encontraria no posto de gasolina do trevo de entrada da mesma cidade.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-La4xq3A5_ok/UPDdtcfqhCI/AAAAAAAAJeA/fc_ClGNSzZM/s1600/P1140419.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-La4xq3A5_ok/UPDdtcfqhCI/AAAAAAAAJeA/fc_ClGNSzZM/s320/P1140419.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arroio Chuí e Farol da Barra do Chuí</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-CH-FvYOBzak/UPDdsIbdIqI/AAAAAAAAJd4/CDAC63T0R-g/s1600/P1140447.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-CH-FvYOBzak/UPDdsIbdIqI/AAAAAAAAJd4/CDAC63T0R-g/s320/P1140447.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia do Cassino</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2TVYT83d5Vo/UPDftNaVQoI/AAAAAAAAJec/MhAdTe4BGDQ/s1600/P1140434.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-2TVYT83d5Vo/UPDftNaVQoI/AAAAAAAAJec/MhAdTe4BGDQ/s320/P1140434.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Piru-piru</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-A57glWb6eOk/UPDgL36hVGI/AAAAAAAAJek/1XuCeYLfu9Q/s1600/P1140448.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-A57glWb6eOk/UPDgL36hVGI/AAAAAAAAJek/1XuCeYLfu9Q/s200/P1140448.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Farol Verga</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Eu estava, agora, sozinho. Minha moto e eu avançávamos pela traiçoeira areia da orla do Rio Grande do Sul sob um calor de 43ºC. No afã que o denodo clama, olvidei-me de levar comigo o básico para uma aventura solitária por um ermo: água doce. Nos primeiros 40km, os mais árduos, pensei em desistir. As dunas, meu maior medo, seguravam minha moto a ponto de quase atolá-la por duas vezes. O panorama não era nada animador. Via apenas água, areia, tartarugas e leões-marinhos mortos, redes de pesca presas ao litoral e que se estendiam para dentro do mar, pirus-pirus, gaivotões e arredios bandos de maçaricos-pintados. A Praia do Cassino é extensa e tudo o mais, mas só. Não é bela, definitivamente. Não há ilhotas, costões rochosos, restinga. Nada. O primeiro ser humano me apareceu como uma miragem após 60km de cansativa pilotagem. Ao aproximar-me, a surpresa me foi grande. Era um outro motociclista, de São Paulo, solitário como eu e rumando para o sul, ao contrário de mim. Marcelo, como se apresentou, cedeu um gole de sua água e trocamos informações sobre as condições da “estrada” beira-mar. Despedimo-nos com um aperto de mãos e um “boa aventura” e continuamos em caminhos opostos. Por incrível que pareça, após esse encontro, a areia se tornou dura a ponto de sequer ser marcada pelos pneus. Abriu-se num “estradão de chão” no qual eu mantinha uma alta aceleração. Para completar, cruzei por três faróis de navegação que quebraram a monotonia da paisagem. O primeiro foi o do Albardão, enfeitado por losangos brancos e pretos e com 44m de altura, cercado por quatro casinhas de teto triangular. O segundo, menor e rústico, com apenas 11 metros, o Verga, composto por uma base sólida de concreto e uma torre de ferro. E o terceiro, o Sarita, vermelho e branco, estendendo-se 37 metros em direção ao firmamento. Chegando ao Balneário do Cassino, uma outra grata surpresa: o navio graneleiro argentino Altair, encalhado desde 1976 por conta de uma tempestade, parcialmente digerido pelas areias do Rio Grande do Sul. Foi depois dessa inusitada cena que voltei a ver seres humanos, excetuando-se Marcelo. E foi nesse ponto, também, que abandonei as areias da Praia do Cassino e me enveredei pela histórica Rio Grande, encontrando Rodrigo no posto combinado. Foram quatro horas de perrengue. Pelo asfalto não gastaria duas.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-lCo3AohIQdo/UPDgeFj1rEI/AAAAAAAAJes/jqxnZIzp4H0/s1600/P1140445.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-lCo3AohIQdo/UPDgeFj1rEI/AAAAAAAAJes/jqxnZIzp4H0/s320/P1140445.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Farol do Albardão</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-n-9be8dnm5c/UPDgeuFbc0I/AAAAAAAAJe4/8EFOHjlQBdM/s1600/P1140452.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-n-9be8dnm5c/UPDgeuFbc0I/AAAAAAAAJe4/8EFOHjlQBdM/s320/P1140452.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Farol Sarita</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-XqWkbUI0S_4/UPDgeR3Tn_I/AAAAAAAAJew/TYnUv1viV4Y/s1600/P1140454.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-XqWkbUI0S_4/UPDgeR3Tn_I/AAAAAAAAJew/TYnUv1viV4Y/s320/P1140454.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Navio Altair, encalhado desde 1976</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-pdIS9p_C_9w/UPDhUivn7KI/AAAAAAAAJfE/WZTYrtRrTkY/s1600/P1140456.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-pdIS9p_C_9w/UPDhUivn7KI/AAAAAAAAJfE/WZTYrtRrTkY/s200/P1140456.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cat. de São Pedro, em Rio Grande</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Eu, descansado da maresia, e Rodrigo, cansado pela espera, adentramos a cidade de Rio Grande, uma das mais antigas do Estado, remontando ao ano de 1737. Foi também alvo de embates entre espanhóis e portugueses, que chegaram a alternar seu comando em algumas ocasiões até que, em 1777, pelo Tratado de Ildefonso, foi assegurado seu domínio aos lusitanos. Não pretendíamos pernoitar em seu solo histórico, mas a balsa que nos transportaria ao outro lado da imensa Laguna dos Patos encerrara suas atividades na véspera de Natal e, portanto, teríamos que esperar pelo outro dia. Restou-nos “assentar acampamento” e conhecer um pouco da cidade. Destacamos aqui os prédios históricos do Quartel General, de 1894, e a Catedral de São Pedro, construída entre 1755 e 1775, considerada a mais antiga do Estado. A menina dos meus olhos, e certamente a dos de Rodrigo também, apesar de todo o peso histórico da cidade de 200000 habitantes, foi a Laguna dos Patos. Caminhamos pelo porto dos pescadores admirando as águas da segunda maior laguna da América Latina, bailando docemente um corpo de mais de 10000km² ao sabor do vento. Os sempre multicoloridos barcos, atracados ao porto, acompanhavam o ritmo, subindo e descendo pela pequenas ondas formadas com a ajuda das marés e do vento. Foi assim que, na véspera de Natal, findamos nosso dia. De tão exaurido pela travessia da Praia do Cassino, adormeci às 21h. Abstive-me de ouvir os fogos que ribombavam no mundo lá fora, comemorando o pseudo nascimento de Cristo.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-M15rAPssN68/UPDiGI2a0aI/AAAAAAAAJfc/JNCBWfJBuwA/s1600/P1140479.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-M15rAPssN68/UPDiGI2a0aI/AAAAAAAAJfc/JNCBWfJBuwA/s320/P1140479.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Grande e a Laguna dos Patos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-OqfmYvObNwM/UPDiGktnRPI/AAAAAAAAJfk/8qFN2U5olmg/s1600/P1140501.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-OqfmYvObNwM/UPDiGktnRPI/AAAAAAAAJfk/8qFN2U5olmg/s320/P1140501.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Navios petroleiros</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ELgBpBxo0Ck/UPDiGuTq8-I/AAAAAAAAJfo/pzxAqfWGG1g/s1600/P1140506.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-ELgBpBxo0Ck/UPDiGuTq8-I/AAAAAAAAJfo/pzxAqfWGG1g/s320/P1140506.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São José do Norte</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-NvaeEPROSZA/UPDi5L5i1zI/AAAAAAAAJf8/m6WJnuLPfA0/s1600/P1140512.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-NvaeEPROSZA/UPDi5L5i1zI/AAAAAAAAJf8/m6WJnuLPfA0/s200/P1140512.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Molhes da Barra</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 25, às 8 da manhã, embicávamos as motos na plataforma de embarque para a balsa que nos levaria à outra margem da Laguna dos Patos. Foram pouco mais de 20 minutos de travessia, na qual a grande embarcação de barulhento motor à diesel esgueirou-se pelas boias sinalizadoras repletas de biguás. Dois navios Guaporé, da Petrobrás, enveredavam-se, em sincronia, para o interior do continente. Rio Grande ficou distante, bela como qualquer outra grande cidade vista de longe. Desembarcamos em São José do Norte, pacata, e nos enviesamos por uma esburacada estrada de calçamento até os chamados Molhes da Barra, braços de pedra idealizados para prevenir a formação de bancos de areia e proteger as embarcações que passam do Oceano Atlântico para as águas menos profundas da Laguna dos Patos. Um parte de São José do Norte, e o outro do extremo norte da Praia do Cassino, em Rio Grande, estendendo-se 3km mar adentro. É local de incessante trânsito de navios, bem sinalizado para esse fim. No caminho até ele, por exemplo, passamos pelo Farol da Barra, vestido como um “presidiário” de 31 metros de altura. Aliás, há de se ressaltar a receptividade dos moradores da Povoação da Barra, pertencente ao município de São José do Norte e onde estão um o braço norte dos molhes e o Farol da Barra. Em pleno dia 25, feriado natalino, sob um sol causticante de 40º, os pequenos comerciantes trabalhavam freneticamente como se fosse um dia qualquer. Em uma pequena padaria nos hidratamos e, conversando com o proprietário, descobrimos que “aqui, quando é frio, é frio; quando é calor, é calor”, uma tentativa do humilde homem de nos explicar que as estações são bem definidos nestas paragens. Vestir a jaqueta para prosseguir viagem era um martírio, principalmente quando, a nossa frente, a Rodovia do Inferno nos aguardava.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-3PGDwpb90rs/UPDjTzLcqJI/AAAAAAAAJgQ/0ezSV8capaE/s1600/P1140527.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-3PGDwpb90rs/UPDjTzLcqJI/AAAAAAAAJgQ/0ezSV8capaE/s320/P1140527.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Laguna dos Patos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_tFo7zR53QE/UPDjT2YqtRI/AAAAAAAAJgU/tfu5LDS3dQk/s1600/P1140532.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-_tFo7zR53QE/UPDjT2YqtRI/AAAAAAAAJgU/tfu5LDS3dQk/s320/P1140532.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Farol da Barra</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-8pS47ECf0Vk/UPDjwIfWocI/AAAAAAAAJgg/r7mbtKY8H6k/s1600/P1140534.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-8pS47ECf0Vk/UPDjwIfWocI/AAAAAAAAJgg/r7mbtKY8H6k/s200/P1140534.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vítima da BR101</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A BR101 se principia, ou se encerra, em São José do Norte. A famosa rodovia, que beiradeia praticamente toda a costa brasileira, apesar de bem segmentada, neste pedaço do Rio Grande do Sul não provê muito o que se ver. Embora seja uma reta entre a Laguna dos Patos, a oeste, e o Oceano Atlântico, a leste, em raros ensejos chegamos a ver a água de ambos. Por muito tempo foi denominada a Rodovia do Inferno, época em que a pavimentação asfáltica inexistia e os atoleiros e bancos de areia “demonizavam” a progressão de veículos motorizados. Hoje está asfaltada, mas nem por isso a pilotagem por ela requer pouca cautela. O vento lateral, traiçoeiro, incômodo, impossibilita o avanço em linha reta, além logicamente de cansar em demasia o esternocleidomastoideo de qualquer motociclista, por mais resistente que seja. Some-se a ele o calor infernal, abrasando-nos com 52º de sensação térmica. Foi o dia mais quente dos últimos doze anos no Rio Grande do Sul. Animais mortos, notadamente quelônios, completam o cenário, digno de um círculo especial no Inferno fictício do poeta italiano Dante Alighieri. Analogia à parte, passamos pelos pequenos municípios de Bojuru, Tavares, Mostardas e Bacupari, de onde vimos as turbinas cata-vento do Parque Eólico de Palmares do Sul. É bom saber que, de alguma forma, o vento dessa região tem sido aproveitado. Infelizmente um vigilante não permitiu que fotografássemos no interior do parque. Prosseguindo, cruzamos Capivari do Sul e alcançamos a Lagoa dos Barros e o Parque Eólico de Osório. Nesse último uma boa aproximação das turbinas foi oportunizada. Já as vi, de longe, em muitas ocasiões, mas pela primeira vez estive sob essas enormes estruturas geradoras de energia limpa. Daí pra frente apenas permanecemos na 101, que acompanha, a partir de Osório, as grandes lagoas, como a Itapeva, que embelezam a região nordeste do Estado.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-MNXRZ9LHADM/UPDkTiuiNaI/AAAAAAAAJgo/Z6tXuNFnVrI/s1600/P1140539.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-MNXRZ9LHADM/UPDkTiuiNaI/AAAAAAAAJgo/Z6tXuNFnVrI/s320/P1140539.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Eólico de Palmares do Sul</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-6sVDB-ljNPY/UPDkT6k1VnI/AAAAAAAAJgs/4HDY3lk7lfI/s1600/P1140549.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-6sVDB-ljNPY/UPDkT6k1VnI/AAAAAAAAJgs/4HDY3lk7lfI/s320/P1140549.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parque Eólico de Osório</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-VwjfJZ6HcyI/UPDk1mug9TI/AAAAAAAAJg4/kIgfLsaIhAE/s1600/P1140567.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-VwjfJZ6HcyI/UPDk1mug9TI/AAAAAAAAJg4/kIgfLsaIhAE/s200/P1140567.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Torres</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Nosso plano era pernoitar, no dia 25, em Torres, última (ou primeira) cidade litorânea do Rio Grande do Sul. Contudo, a turística e garbosa cidade apinhava-se de gente. Fotografamos rapidamente sua orla a partir do Morro do Farol, com o único intuito de registrar nossa passagem por ali, e rumamos para Praia Grande, já no Estado de Santa Catarina. Apesar do nome, esse pequeno e aprazível município não se encontra no litoral, mas sim nos contrafortes da Serra Geral, que neste pedaço catarinense recebe o nome de Serra do Faxinal. É intitulada como a Cidade dos Cânions, visto que dela partem estradas de terra que sobem e descem a serra, revelando fissuras abertas pelo tempo nos grandes platôs rochosos compreendidos entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No cerne da praça central, em frente à matriz, um chafariz e bonecos de neve artificial, em tamanho real, iluminados pelos pisca-piscas natalinos, foram testemunhas de nosso estado lastimável. De barbas hirsutas, desidratados e tisnados pelo sol forte do dia 25, nos recolhemos cedo. no outro dia, se o tempo instável do alto da serra nos permitisse, visitaríamos o Parque Nacional de Aparados da Serra, que guarda, em seus domínios, o Cânion do Itaimbezinho, uma obra-prima da natureza que eu até então vira somente em fotografias. Belas fotografias. Mal sabíamos que, de quebra, acabaríamos conhecendo outro. Proibido, é verdade, mas o que é uma aventura sem afrontas reais contra a lei?</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-c43DDTm-6J0/UPDlj-_5uyI/AAAAAAAAJhE/tfd-8_aXKCw/s1600/P1140758.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-c43DDTm-6J0/UPDlj-_5uyI/AAAAAAAAJhE/tfd-8_aXKCw/s320/P1140758.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia Grande</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/--OJhtXrUSeM/UPDljqYK3MI/AAAAAAAAJhA/FOZ6UtgFFEo/s1600/P1140590.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/--OJhtXrUSeM/UPDljqYK3MI/AAAAAAAAJhA/FOZ6UtgFFEo/s320/P1140590.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Faxinal</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-LsI_zobbQnA/UPDmCuz6ofI/AAAAAAAAJhQ/kimONScAN04/s1600/P1140642.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-LsI_zobbQnA/UPDmCuz6ofI/AAAAAAAAJhQ/kimONScAN04/s200/P1140642.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caminho proibido</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">No dia 26, cedo, subimos a sinuosa Serra do Faxinal por uma estrada de terra com pequenos trechos asfaltados. Pedras soltas dificultavam a ascensão, mas a visão de cada curva recompensava o perigo. Vimos o litoral, a cidade de Torres, o vale do rio do Boi, chapadões imponentes e uma mata atlântica razoavelmente preservada. No alto da serra, na divisa entre Estados, a vegetação se transforma em um cerrado campo limpo majestoso. Numa base do ICMBio desativada, meu mapa nos fez pular uma cerca, atravessar um riacho cristalino e chegar a um mirante surreal. Era o Cânion dos Índios Coroados, no qual uma cachoeira, gotejante de tão escassa água, caía no vale em dois grandes degraus. O que mais me entusiasmou foi a visualização das “raízes” da serra subindo em 45º e formando o platô onde estávamos. É como aquelas velhas árvores cujas raízes sobrepujam o nível da calçada, rachando-a numa tentativa louca de conseguir mais espaço. Mais tarde descobriríamos que esse ponto, na verdade, está interditado à visitação pública. É de propriedade de um cidadão que aparentemente não tem colaborado muito com os viajantes que vagam pelo alto da Geral em busca de belezas cênicas. Caso fôssemos pegos, arcaríamos com uma multa pesada por invasão de propriedade particular. Por sorte ninguém nos espreitava naquele momento. Reavemos nossas motos, ainda extasiados pela visão do “jardim proibido”, e finalizamos, impunes, o trajeto até a portaria do Parque Nacional de Aparados da Serra.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-t4Ph8xNhusg/UPDmfHAWxKI/AAAAAAAAJhY/S_EujTI5D0Q/s1600/P1140641.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-t4Ph8xNhusg/UPDmfHAWxKI/AAAAAAAAJhY/S_EujTI5D0Q/s320/P1140641.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-lCZbS1qdGOM/UPDmfWSLsII/AAAAAAAAJhc/3eRJHLqjG-s/s1600/P1140624_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-lCZbS1qdGOM/UPDmfWSLsII/AAAAAAAAJhc/3eRJHLqjG-s/s400/P1140624_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cânion dos Índios Coroados</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wQchjtkcAWc/UPDnMz_X0nI/AAAAAAAAJho/jnGlw1yxjbU/s1600/P1140667.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-wQchjtkcAWc/UPDnMz_X0nI/AAAAAAAAJho/jnGlw1yxjbU/s200/P1140667.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cascata das Andorinhas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Dentro do parque, mais 5km de asfalto, além dos 20 que subíramos desde Praia Grande, e estacionamos as motos. Trilhamos a pé, posteriormente, a Trilha do Vértice, que por 800m nos apresentou ao Cânion do Itaimbezinho. É uma transcendental rachadura na Serra Geral com quase 6km de extensão. A Cascata das Andorinhas, formada pelas águas do rio Perdizes, despenca, em dois filetes, 700m vale adentro, sendo considerada a maior cachoeira do Brasil. Mais ao fundo escorre, pela parede rósea e esbranquiçada do paredão direito do cânion, a cascata Véu da Noiva. Em sua porção mais profunda, o vale, por onde corre o rio do Boi, tem 720m de desnível. É uma imagem que certamente as fotos não conseguem dimensionar. Como se não fosse suficientemente belo o contexto, araucárias gigantescas se verticalizam por toda a borda esquerda, sustentando-se num solo pedregoso onde samambaias amareladas sobrevivem bravamente. Na Trilha do Cotovelo, de 3km, acessamos a outra borda, onde visualizamos os meandros do vale. Há guias que, partindo de Praia Grande, incursionam com turistas no curso do rio do Boi, que neste dia e por algum tempo tem estado com pouco fluxo de água. São as mazelas da seca, a mesma que contribuiu com o céu azul e pouco nublado, perfeito para os nossos propósitos visuais. Já ouvi relatos de viajantes que subiram inúmeros dias seguidos ao cânion e não conseguiram vê-lo devido à neblina densa do alto da serra. Estávamos com sorte, ao contrário do segundo dia de viagem, em que infelizmente não foi possível vermos o Salto do Yucumã. Dizem que um dia é da caça e o outro do caçador. Pois bem, era o dia do caçador e, como que esperando nossa saída do parque, a chuva, ainda uma tímida garoa, se precipitou sobre nós. Víramos uma gralha azul, linda, e o Cânion do Itaimbezinho. Que chovesse canivetes pelo resto do caminho de volta para casa!</span>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-k5V3NlXQnik/UPDoFCoYZoI/AAAAAAAAJh0/9dBBV9g3qLA/s1600/P1140707.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-k5V3NlXQnik/UPDoFCoYZoI/AAAAAAAAJh0/9dBBV9g3qLA/s320/P1140707.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-uPl9YV-lsIE/UPDoFv6TueI/AAAAAAAAJh8/OCES299l0Lo/s1600/P1140741.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-uPl9YV-lsIE/UPDoFv6TueI/AAAAAAAAJh8/OCES299l0Lo/s320/P1140741.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-qTXU47VYyjA/UPDoFjHn29I/AAAAAAAAJiA/5P61NvBOAok/s1600/P1140675.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-qTXU47VYyjA/UPDoFjHn29I/AAAAAAAAJiA/5P61NvBOAok/s320/P1140675.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cânion do Itaimbezinho</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Kk-kTbRjzmY/UPDotoUVqiI/AAAAAAAAJiY/il0irb9hX4w/s1600/P1140760.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-Kk-kTbRjzmY/UPDotoUVqiI/AAAAAAAAJiY/il0irb9hX4w/s200/P1140760.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Tijucas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Um último adeus a Serra do Faxinal, a Praia Grande e a Serra Geral. Hora de ir. Na BR101 novamente, em alguns trechos totalmente paralisada devido a obras, não fizemos mais do que engatinhar, conseguindo chegar, às 20:30h, na cidade de Tijucas, pouco além da capital Florianópolis. Pernoitamos pela última noite da incursão às margens do rio Tijucas já em seus últimos metros em direção ao abraço do mar. Logicamente o vimos melhor no dia 27, antes de partirmos em definitivo para o Estado de São Paulo. Chamou-nos a atenção também o prédio histórico do Cine Theatro, de 1925, parcialmente desabado. Mais um caso de descaso com a memória do nosso país. Na 101, deixamos Santa Catarina e entramos no Paraná, subindo até a capital Curitiba. Negligenciando a BR116, enveredamo-nos pelas incessantes curvas da Estrada do Ribeira, também conhecida como Rastro da Serpente. Passamos por Bocaiúva do Sul, Tunas do Paraná e Adrianópolis. Após a ponte sobre o rio Ribeira de Iguape, na divisa de Estados, entramos em São Paulo. Mais uma nota para um futuro lamento: a Serra de Paranapiacaba está sucumbindo perante as plantações de pinus. Algo há de ser feito nestes ermos para preservar o desenho de seus píncaros e o próprio Ribeira, o único grande rio que ainda corre livre, sem barragens, em direção ao mar. Entre os municípios de Ribeira e Apiaí a mata atlântica prevalece, exibindo morros e mais morros forrados de róseos manacás-da-serra. Guapiara e Capão Bonito ficaram para trás, bem como o Rastro da Serpente. Em Itapetininga, vestimos nossas capas pela última vez para enfrentar as chuvas de Cerquilho e Tietê. Piracicaba e seus imensos canaviais reencontrávamos depois de 9 dias de estrada. Santa Bárbara d'Oeste, que foi minha casa por 12 anos, também. Em Americana, um último aceno a Rodrigo, que ainda enfrentaria mais alguns quilômetros até Campinas. Eu estacionava em casa em total depleção de energia após uma jornada de 4600km pelo sul do Brasil. Eu voltava à hirta condição. Voltava a não me reconhecer.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-XdMpp387yaI/UPDrnmJdvfI/AAAAAAAAJi4/tet9O3MRvjA/s1600/P1140772.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-XdMpp387yaI/UPDrnmJdvfI/AAAAAAAAJi4/tet9O3MRvjA/s320/P1140772.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra de Paranapiacaba</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Sempre encerro minhas postagens com alguma divagação pessoal. Desta feita, no entanto, farei diferente. Nesse espaço exporei toda a minha revolta contra a situação das tartarugas-marinhas e leões-marinhos da Praia do Cassino. Hoje, dias após encerrar essa aventura e já traçando rotas para outra, me pego pensando na visão do “holocausto” do qual fui testemunha ocular. Não sei bem certo o que ocorre com esses indefesos seres, mas tudo indica que a pesca (ou sobrepesca?) está envolvida com a sua matança indiscriminada. Quando se contabiliza 27 mortos em 240km de praias é porque algo não está de acordo com o natural. Pesquisando, passei meus olhos em fotos de outros viajantes que se queixam sobre o mesmo tema. Alguns, inclusive, fotografaram animais com marcas de tiro de revólver. Acredito que se enrosquem nas redes deixadas à deriva no Atlântico, prejudicando de alguma forma a coleta dos pescados, e morram por asfixia ou porventura assassinados quando a rede é puxada para a orla. Entrei em contato com o Projeto TAMAR e com o IBAMA a respeito desse caso e espero que, em breve, receba respostas e possíveis meios de sanar essa afronta contra a vida marinha. Que a seguinte foto seja marcante, tanto a ponto de algo ser feito a respeito, e que o Estado do Rio Grande do Sul permaneça belo como o conheci, e preservado como os índios dizimados ou expulsos de suas terras nunca foram.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-njVpYxeAKAU/UPDpRb4qlrI/AAAAAAAAJig/kVAPlFmzSwg/s1600/P1140436.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-njVpYxeAKAU/UPDpRb4qlrI/AAAAAAAAJig/kVAPlFmzSwg/s400/P1140436.JPG" width="400" /></a></div>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/MissoesEChuiDe19A27DeDezembroDe2012?noredirect=1" target="_blank"><b><i><u>aqui</u></i></b></a> </span></div>
<br />
<center>
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5827801938070548465%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span>
</center>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues para os ventos do Rio Grande do Sul e para o Cânion do Itaimbezinho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/F6ypclO5Nm4?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-32307654827074663882012-12-01T08:03:00.000-08:002012-12-06T16:11:40.708-08:00Circuito do Ouro – de 15 a 20 de novembro de 2012<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-ZpHjBh3W14g/ULoWPQxA3PI/AAAAAAAAJMw/tONKIVeSH7Q/s1600/P1130457.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-ZpHjBh3W14g/ULoWPQxA3PI/AAAAAAAAJMw/tONKIVeSH7Q/s400/P1130457.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Naqueles velhos caminhos há muito olvidados me encontrei, me reconheci humano. As incongruências de nossa nefasta História se apresentaram aos meus olhos feito o pescoço do sentenciado à lâmina do machado algoz e, numa mostra de gigantesco contrassenso, não evitei o contato mortal. Cedi, como a alta vegetação cede ao sabor do zéfiro. Carecia de explicações, de aprendizagem, de provas materiais que corroborassem ou não o que me mostravam nos livros fantasiosos e reducionistas de meus juvenis anos escolares. A realidade se mostrou mais cruel do que eu outrora imaginava, bem sei, mas, evocando a frieza calculista que sempre me caracterizou, aspirei profundamente o que podia para, num momento ulterior, poder expor aos leitores e conhecidos um pouco das informações angariadas no decorrer de uma viagem exaustiva por grande parte das cidades pertencentes ao Circuito do Ouro Mineiro. Se a História é feita por pessoas como você e eu, que não acreditem piamente no que aqui será minuciado, pois tudo o que é de origem humana é suscetível à falácia e ao tendenciosismo. História só se faz História se existirem ações, observadores, relatadores, perpetuadores e, primordialmente, céticos. Após a leitura, engendre uma viagem de comprovação para o que ora escrevo. Talvez tenhamos duas versões para uma mesma fase de nosso país. </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-QmHSv6GxXtI/ULn_Nu9gjJI/AAAAAAAAJHo/orGaCuFb7Fs/s1600/P1130579.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-QmHSv6GxXtI/ULn_Nu9gjJI/AAAAAAAAJHo/orGaCuFb7Fs/s200/P1130579.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Companheiros de viagem</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Precocemente nos programamos para uma viagem por algumas cidades que nasceram da exploração aurífera centromineira no século XVIII e, como tudo que é precoce e programado, praticamente nada foi concretizado da forma como havíamos concebido. No debuxo original constava Ari Fernando Borsetti Jr, Fernando Santarrossa, Rosemeire Carmo Santarrossa, Luana Romero e eu, mas imprevisibilidades reduziram a trupe a um trio composto pelo primeiro e pelos dois últimos. Planejávamos visitar apenas São João Del Rey e Ouro Preto, mas no fim acabamos conhecendo também Tiradentes, Congonhas, Ouro Branco, Itatiaia, Lavras Novas, Mariana e Itabirito. Ruim por um lado, proveitoso por outro. A grande sacada das mudanças de estratagemas é que, após a ruína de tudo o que foi traçado, tudo se torna mais imprevisível e descompromissado, o que resulta, no fim das contas, em uma progressão natural e, consequentemente, mais investigativa e minuciosa. Foram tantos os dados coletados que pela primeira vez desde minha viagem ao Pantanal, em julho desse ano, sinto-me convicto a postar nesse espaço que, por ora, me é gratuito. Certamente esquecerei algo muito importante e, quando dele recordar, talvez me aborreça em demasia e acabe excluindo todo o conteúdo original, reescrevendo-o posteriormente com o dito cujo incluso.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-8usrZ9ITX7c/ULn_jyRl3-I/AAAAAAAAJHw/6IRgLXQ6zQ0/s1600/P1130721.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-8usrZ9ITX7c/ULn_jyRl3-I/AAAAAAAAJHw/6IRgLXQ6zQ0/s320/P1130721.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Três aventureiros em busca de parte da História brasileira</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Z6Cr0kJX8Ig/ULoAotLq80I/AAAAAAAAJIA/ecE3G9yz_YI/s1600/P1120851.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-Z6Cr0kJX8Ig/ULoAotLq80I/AAAAAAAAJIA/ecE3G9yz_YI/s200/P1120851.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja S. F. de Assis, em Sumaré</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Luana e eu deixamos a Praia Azul, em Americana, exatamente às 7:30h de uma quinta-feira em que se celebrava a Proclamação da República. Marcamos um encontro com Ari no bairro Nova Veneza, em Sumaré, defronte a uma igreja católica singela, a de São Francisco de Assis, nas imediações da Rodovia Anhanguera. O ponto, por ser comum a todos, uma vez que Ari provinha do centro de Sumaré, nos rendeu a primeira fotografia da viagem e, além disso, o registro visual de uma construção moderna, do século XX, que ulteriormente compararíamos às capelas do século XVIII que fotografaríamos no decorrer da incursão. Após um breve estudo da rota que percorreríamos rumo ao centro de Minas Gerais, aceleramos para longe do caos de Sumaré e Campinas, passando por Itapira e Jacutinga, essa última já no Estado mineiro. Ouro Fino e seu enorme menino da porteira vieram na sequência. O metal valioso, presente no nome e nos ribeirões do município e extraído de seus domínios em meados do século XVIII, reforçou o motivo de estarmos ali, naquele caminho, em busca do antigo eldorado hoje reduzido a velhas construções e muita História. Rapidamente, então, avançamos por Borda da Mata e Pouso Alegre, deixando o sul de Minas pela espinha dorsal de todo o Estado: a Rodovia Fernão Dias. Sem grandes emoções, a não ser pela chuva que ameaçava desabar desde que abandonáramos Sumaré, passamos pelos perímetros urbanos de Três Corações, cidade natal do Rei Pelé, e Lavras, nessa adentrando uma rodovia que, com certa demora, nos infiltrou no centro de São João Del Rey, nosso primeiro destino. Foi bom ter revisto o Rio Grande no caminho, cruzando caudaloso por baixo de uma ponte pouco depois de ser retardado pela barragem da Represa de Camargos.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_fA634ItVHk/ULoAPcH2VrI/AAAAAAAAJH4/o9jhH7_zXU4/s1600/P1120860.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-_fA634ItVHk/ULoAPcH2VrI/AAAAAAAAJH4/o9jhH7_zXU4/s320/P1120860.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ouro Fino</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-KBV2PXHd_yQ/ULoCBMa2juI/AAAAAAAAJII/DNM2Bd0IX5Q/s1600/P1120870.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-KBV2PXHd_yQ/ULoCBMa2juI/AAAAAAAAJII/DNM2Bd0IX5Q/s200/P1120870.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ponte da Cadeia, em São João Del Rei</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Não era a minha primeira vez em São João Del Rei. Há dois anos estive no mesmo lugar, porém mais interessado em desbravar a Serra do Lenheiro do que propriamente o Centro Histórico, escopo da atual empreitada. Em suma, eu estava de volta a um dos palcos da Guerra dos Emboabas, um antigo arraial que evoluiu para uma cidade com mais de 70000 habitantes. Para o bem de nossa História, todas as suas edificações coloniais e capelas, hoje chamadas de igrejas, estão preservadas, talvez por força do tombamento, que nutre com muitas verbas as obras de recuperação e manutenção do patrimônio histórico. Nosso primeiro passo, sabendo disso, foi nos estabelecermos às margens do Córrego do Lenheiro, onde tudo se desenrolava no século XVIII e onde se encontra, portanto, o Centro Histórico. Canalizado, o fétido regato divide a cidade em duas. Sua “mata ciliar” são ralas gramíneas, de um verde vibrante devido à primavera e à abundância de chuvas. Livrando-nos do excesso de bagagem, aportamos nas proximidades do casarão que abriga o Museu Regional, entre as pontes de pedra do Rosário e da Cadeia, obras ao melhor estilo romano, formadas por três arcos dispostos um ao lado do outro com uma estreita passagem e uma cruz centralizada em uma das laterais. São estreitas para os padrões atuais, mas vale ressaltar que, na época, o único meio de transporte disponível eram as montarias e carros de tração animal.</span><span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-wSnOocHWf-0/ULoCyWPkTVI/AAAAAAAAJIQ/ERWCPcJZP8s/s1600/P1120868.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-wSnOocHWf-0/ULoCyWPkTVI/AAAAAAAAJIQ/ERWCPcJZP8s/s320/P1120868.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Museu Regional e, ao fundo, a Igreja de Nossa Senhora do Pilar</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-t0CIwUhjjH4/ULoCzCGxgUI/AAAAAAAAJIY/EdZRNsOwOb4/s1600/P1120882.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-t0CIwUhjjH4/ULoCzCGxgUI/AAAAAAAAJIY/EdZRNsOwOb4/s200/P1120882.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Quadro do Museu Regional</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">O Museu Regional, albergado no interior de um solar – sobrado colonial – branco e de janelas em vinho, detém inúmeras obras de arte do início da exploração aurífera, bem como utensílios utilizados no dia a dia de famílias abastadas, carruagens, esquifes, mobília e oratórios. Dos três andares, interessei-me particularmente pelo térreo, que expõe alguns instrumentos musicais, como bandolins portugueses e trompetes, além de cadernos de composição e partituras musicais, todos amarelados pelo tempo, mas aparentemente intactos. No jardim interno, as esculturas de cinco mulheres, cada uma representando um continente, traduzem a visão de como o ser humano de cada canto do mundo era visto pelos olhos europeus de uma sociedade cuja vanglória se exacerbava pelo ouro. A representante da América, por exemplo, é mostrada com os pés envoltos por um lagarto e com um macaco encarapitando em um dos ombros. O continente era vasto e muito de seus ermos sequer haviam sido explorados até então, prevalecendo a visão de um povo americano essencialmente indígena, o que não era uma ideia inteiramente equivocada. Do lado de fora, já deixando o museu, uma última olhada para os andares superiores revelou, ao fundo, as torres da Igreja de Nossa Senhora do Pilar. Era um aperitivo para o que viria a seguir: igrejas e mais igrejas católicas, todas edificadas no século XVIII. Todas, portanto, seculares.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Xdhw7CmxM_E/ULoEAUJLNEI/AAAAAAAAJIg/kxo4dPx9VCE/s1600/P1120874.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-Xdhw7CmxM_E/ULoEAUJLNEI/AAAAAAAAJIg/kxo4dPx9VCE/s320/P1120874.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cada escultura (mulher) representa um continente</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-f3T15w3-YRw/ULoEfq84bmI/AAAAAAAAJIo/75WegVnmpbU/s1600/P1120886.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-f3T15w3-YRw/ULoEfq84bmI/AAAAAAAAJIo/75WegVnmpbU/s200/P1120886.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de S. F. de Assis, de 1774</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Sobrepassamos o Córrego do Lenheiro, a pé, por uma ponte férrea que dá acesso ao outro lado da cidade, defronte o Theatro Municipal, e subimos até a rua Balbino da Cunha, sempre com paralelepípedos sob nosso pés. Acredito que tenham substituído o calçamento original de pé-de-moleque, comum à época. A Igreja de São Francisco de Assis de longe nos saltou aos olhos, imponente como uma obra faraônica. Ao nos aproximarmos, constatamos que a mesma ostenta torres arredondadas, o que a diferencia de todas as outras de São João Del Rei, de formas retangulares ao melhor estilo barroco. Dois anjos, sentados sobre a porta, em conjunto com toda a arte em pedra-sabão, contribuem para um rebusque que somente o ouro podia comprar. Diz-se ser obra de Aleijadinho, mas há quem refute tal alusão. Foi construída em 1774, e depois restaurada de acordo com um projeto do centenário Burle Marx no princípio do presente século. Foi difícil conseguir uma foto sem a inconveniente presença de um transeunte ou turista. Altas palmeiras, plantadas no jardim imediatamente à frente dela, são locais de pouso dos sempre barulhentos bandos de maritacas. É um pássaro que consegue sobreviver e se multiplicar mesmo em ambientes urbanizados e abarrotados de pessoas. Somam-se ao cenário, do outro lado da rua, o casarão da Biblioteca Municipal e uma pequena capela dos Passos da Paixão de Cristo, ambos, logicamente, tão antigos quanto.</span><span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-LogHiCOOf28/ULoFPTNP-MI/AAAAAAAAJIw/RiNPnUZBocs/s1600/P1120891.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-LogHiCOOf28/ULoFPTNP-MI/AAAAAAAAJIw/RiNPnUZBocs/s320/P1120891.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de São Francisco de Assis: detalhes das torres</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-XpxvO9sprL4/ULoGDbqsy9I/AAAAAAAAJJA/5rq9z7bgxtI/s1600/P1120930.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-XpxvO9sprL4/ULoGDbqsy9I/AAAAAAAAJJA/5rq9z7bgxtI/s200/P1120930.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja do Rosário, de 1719</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">De volta às ruas marginais ao Córrego do Lenheiro, atravessamos a Ponte do Rosário e acessamos o Largo do Rosário, que mais parece um beco desordenado do que propriamente uma via. Logo nos primeiros passos demos de cara com os fundos da Igreja do Rosário, contornando-a para uma apresentação frontal. Um busto em bronze de um padre ou bispo, do qual não me recordo o nome, está disposto dez metros a frente da igreja de dimensões bem menos generosas quando comparadas as da de São Francisco de Assis. Um pálido azul e um adorno de porta simples garantem a singeleza de seus contornos, bem como as tímidas luminárias elétricas esverdeadas que se acendiam para destacá-la no período noturno. Antigamente era queimado o óleo de baleia para esse fim. Foi a primeira capela do antigo arraial, construída em 1719. Já se passavam das 18h, e não nos demoramos nela, visto que estava fechada. Menos de cem metros à frente, outra: a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, construída em 1721. Robusta e promíscua, foi a única que nos recepcionou de portas escancaradas. Fiquei com dúvidas em relação às grades que a protegem. Seriam uma obra para evitar saques? Era fortificada à época de sua construção ou foi uma adaptação recente? Sem respostas, fotografamos seu interior, repleto de tons dourados, mesmo nos trabalhos feitos em madeira. Um enorme lustre, remetendo ao cristal, pendurava-se exatamente no centro do teto, que também contava com pinturas de passagens bíblicas em tons avermelhados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-DFamPMTytw0/ULoGlUdb_JI/AAAAAAAAJJI/HWPrr1Smgs0/s1600/P1120940.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-DFamPMTytw0/ULoGlUdb_JI/AAAAAAAAJJI/HWPrr1Smgs0/s320/P1120940.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Pilar, de 1721</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-PjzvlozDEjA/ULoGC59Zo-I/AAAAAAAAJI4/CQN7iSPliTM/s1600/P1120926_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="156" src="http://2.bp.blogspot.com/-PjzvlozDEjA/ULoGC59Zo-I/AAAAAAAAJI4/CQN7iSPliTM/s400/P1120926_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Largo do Rosário</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Vknq3HoUcUg/ULoHZ36ftQI/AAAAAAAAJJY/X5fPkudiAHg/s1600/P1120964.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-Vknq3HoUcUg/ULoHZ36ftQI/AAAAAAAAJJY/X5fPkudiAHg/s200/P1120964.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ig. de N. Sra. das Mercês, de 1751</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Seguindo pela Getúlio Vargas, sempre lado a lado com os sobrados coloniais conservados, comprovei a minha máxima de que “tropeçar em um paralelepípedo de São João Del Rei é cair na escadaria de algum templo católico”. A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, apertada em meio a edificações comerciais, apresentava-se tão serena e bela quanto a de São Francisco de Assis, inclusive com muitas semelhanças em seu desenho, mas consideravelmente menos portentosa. É de 1734. Em seu lado esquerdo, atravessando a rua, foi idealizado, em 1836, um cemitério em que os caixões não são enterrados, mas sim dispostos em prateleiras verticais, feito gavetas. Obviamente os portões nos impediram de adentrá-lo. Partimos então por uma ladeira, e em um ponto mais alto encontramos a Igreja de Nossa Senhora das Mercês, que tem passado por muitas remodelações desde sua inauguração, em 1751. Singela, conta com apenas uma torre e é acessada por uma longa escadaria de estreitos degraus. Sua iluminação amarelada, sempre partindo de luminárias de negra armação, nos instava a abortar o reconhecimento do resto da cidade. Afinal, o sol, encoberto pelo céu nublado, já há muito dava indícios de querer abandonar a quinta-feira. Retomamos o caminho para o Córrego do Lenheiro e, ao tentarmos atravessá-lo para assistir a Orquestra Sinfônica do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, que apresentaria gratuitamente um concerto no Theatro Municipal (datado de 1893), fomos assolados por uma chuva torrencial, que nos ilhou por alguns minutos sob os toldos de um salão comercial. Mesmo molhados conseguimos prestigiar à virtuosa apresentação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-VGz3pmD6c4w/ULoHZqLz2_I/AAAAAAAAJJQ/0-HhNKW8bog/s1600/P1120955.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-VGz3pmD6c4w/ULoHZqLz2_I/AAAAAAAAJJQ/0-HhNKW8bog/s320/P1120955.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Carmo, de 1734</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-5Zd1MPhtMPo/ULoIj2mvpeI/AAAAAAAAJJg/WaXAxTt39Ho/s1600/P1120972.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-5Zd1MPhtMPo/ULoIj2mvpeI/AAAAAAAAJJg/WaXAxTt39Ho/s200/P1120972.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela de N. Sra. das Dores, de 1918</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">No segundo dia de viagem despertamos logo cedo para rapidamente localizarmos alguns pontos que o tempo não nos oportunizara conhecer no dia anterior. Atrelamos as tralhas às motos, passamos pela Estação Ferroviária e, na rua Comendador Bastos, fotografamos a estreita, alta e amarelada Capela de Nossa Senhora das Dores. É uma obra mais recente, de 1918, bem distinta de todos os outros templos religiosos da cidade, com suas características lembrando a arquitetura de um castelo medieval. Na mesma rua, cinquenta metros à frente, a Igreja de São Gonçalo Garcia, de dimensões reduzidas, com uma simples torre central e uma cruz menos rebuscada do que suas vizinhas munícipes. Foi edificada em 1722. Defronte a ela, na Praça dos Expedicionários, há um monumento para um regimento dos Praças, soldados brasileiros enviados a missões em território italiano na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) para lutar a favor dos Aliados, liderados pelos Estados Unidos. Um soldado bradando um grito de guerra, em bronze, e uma arma de grosso calibre, talvez antiaérea, homenageavam o destacamento que partira de São João Del Rei e fizera inúmeros prisioneiros de guerra em solo italiano. Para finalizar nossa estadia na cidade, não poderíamos deixar de ingressar no Museu Tancredo Neves para conhecer um pouco mais de sua trajetória. Eleito em 1984, morreu antes de ocupar o cargo de presidente, nas primeiras eleições diretas após um período militarista. É, quiçá, o cidadão mais ilustre e icônico nascido nesse local em que a História parece pulsar em cada beco, travessia, templo e casarão, isso desde o descobrimento do ouro nos leitos de seus ribeirões, rios e também na Serra do Lenheiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-vaUIqG8dGuc/ULoIkoEnXjI/AAAAAAAAJJo/YSFcYgJ8PTY/s1600/P1120975.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-vaUIqG8dGuc/ULoIkoEnXjI/AAAAAAAAJJo/YSFcYgJ8PTY/s320/P1120975.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Monumento aos Praças e Igreja de São Gonçalo Garcia, de 1722</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-xkyUFq8PSjQ/ULoJppQRGZI/AAAAAAAAJJw/ZqJSuTi1XZM/s1600/P1120989.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-xkyUFq8PSjQ/ULoJppQRGZI/AAAAAAAAJJw/ZqJSuTi1XZM/s200/P1120989.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Bom Despacho</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Principiava-se a subida para o cerne de Minas Gerais. Deixamos São João Del Rei, ainda antes das 10h, e fomos nos afastando de seu Centro Histórico, alcançando a cidade de Santa Cruz de Minas. A calçada Estrada Real entrecortava-a, e por ela fomos vagarosamente tocando, visando alcançar Tiradentes, a segunda cidade pretendida. A nossa esquerda, os primórdios da Serra de São José e o cerrado, e não demorou muito para visualizarmos uma cachoeira que deles desciam. Tratava-se da Cachoeira do Bom Despacho, que caía randomicamente, em degraus, com pouco volume d'água. Por ser uma área preservada eu diria que é pouco vigiada, visto que a sujeira se espalhava por todos os lados. A movimentação de pessoas era intensa, e portanto prosseguimos em direção ao destino, que não tardou a atingirmos. Já na zona urbana de Tiradentes o trânsito de pedestres e carros de passeio era ainda maior, principalmente nas imediações da Matriz de Santo Antônio, finalizada em 1752 e atração número um da cidade que, no começo do século XVIII, emergiu a partir do descobrimento de ouro na Serra de São José, um imenso paredão rochoso e brilhante que guarnece o norte de seu território. Abandonamos as motos, por um momento, à sombra de um florido flamboiã. O resto seria conhecido – por Luana e Ari – e reconhecido – por mim – a pé a partir dali.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-MSzgEGGmbPw/ULoKQjO-asI/AAAAAAAAJJ4/dYasyAjIhxA/s1600/P1130062_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="123" src="http://4.bp.blogspot.com/-MSzgEGGmbPw/ULoKQjO-asI/AAAAAAAAJJ4/dYasyAjIhxA/s400/P1130062_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra de São José, em Tiradentes</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-JnbnKtj0uoU/ULoKRHszC4I/AAAAAAAAJKA/pOjbAacYQBQ/s1600/P1130070.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-JnbnKtj0uoU/ULoKRHszC4I/AAAAAAAAJKA/pOjbAacYQBQ/s320/P1130070.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Santo Antônio, de 1752</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-JnPbDTaAm5A/ULoK5HJleuI/AAAAAAAAJKI/RCRKuuLpEAg/s1600/P1130008.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-JnPbDTaAm5A/ULoK5HJleuI/AAAAAAAAJKI/RCRKuuLpEAg/s200/P1130008.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cap. da Santíssima Trindade, de 1810</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Subimos a Rua da Câmara, com o impetuoso calçamento pé-de-moleque de pedra sabão, parte original parte recalçado, e topamos com a Capela da Santíssima Trindade, que de tão humilde não recebia a atenção dos turistas. É de 1810, e para se chegar a ela a ladeira é exigente. As casas coloniais, transformadas em comércio de artesanato, estão de ambos os lados, brancas e de contornos coloridos, sempre impecáveis na pintura. Descemos, cruzamos o Bosque da Matriz e, atacados por marimbondos, chegamos a Igreja de São João Evangelista, datada de 1760, também simplória e desprovida de torres. Na rua de baixo, a Igreja do Rosário, de 1708, e a rósea Cadeia, com suas grades férreas intactas. Com exceção a Matriz de Santo Antônio, todos os outros templos religiosos se mostraram menores. O povo de São João Del Rei construía igrejas aparentemente maiores, mais adornadas, e no intuito de comprovar esse fato reavemos nossas motos e rumamos para o outro lado da cidade, fotografando, no caminho, o Chafariz de São José. Lá a chuva desabou mais uma vez, e nos abrigamos nas reformas da Capela São Francisco de Paula, do século XIX, num ponto alto da cidade, de onde se tem uma vista privilegiada de todo o Centro Histórico de Tiradentes. Vale abaixo, um registro do último templo católico de nossa breve estadia: a Igreja das Mercês, da segunda metade do século XVIII. Comprovadamente o ouro, descoberto na Serra de São José, era mais escasso do que o de São João Del Rei. Por isso as igrejas, aqui, na terra que leva o nome de um inconfidente que nasceu nas imediações, são menos suntuosas, mas igualmente belas e tricentenárias.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-oayHhu__SE0/ULoL3TD4jeI/AAAAAAAAJKQ/_hyo7VC_6eg/s1600/P1130042.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-oayHhu__SE0/ULoL3TD4jeI/AAAAAAAAJKQ/_hyo7VC_6eg/s320/P1130042.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Típica rua de Tiradentes</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ElcqoOx042o/ULoL3xLyipI/AAAAAAAAJKY/XVZ9j727WYs/s1600/P1130087.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-ElcqoOx042o/ULoL3xLyipI/AAAAAAAAJKY/XVZ9j727WYs/s320/P1130087.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista de Tiradentes a partir da Capela São Francisco de Paula</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-r4MmyX_tpzQ/ULoNTdHX_MI/AAAAAAAAJKg/eQ3vAYz9Uyw/s1600/P1130156.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-r4MmyX_tpzQ/ULoNTdHX_MI/AAAAAAAAJKg/eQ3vAYz9Uyw/s200/P1130156.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Congonhas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Voltamos pela Estrada Real, vislumbramos pela última vez a Cachoeira do Bom Despacho, cruzamos Santa Cruz de Minas e nos colocamos na BR383. Num sobe e desce serpenteante pelo relevo mineiro deixamos para trás os perímetros urbanos de Lagoa Dourada, Entre Rios de Minas e São Brás do Suaçuí. A mistura de barro, caminhões e chuva nos emporcalhava e ensopava até que, finalmente, nos enviesamos pela BR040. Dela para Congonhas, cidade almejada naquele segundo dia de viagem, foram poucos úmidos quilômetros, inclusive por dentro da cidade que, digamos, não é nem um pouco planejada. Seguimos prontamente as indicações para o alto do morro onde foi erigida a Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, que teve suas obras iniciadas em 1765. Subimos a ladeira infindável e asfaltada, procuramos pouso nas proximidades do atrativo e, sem nossas motos, aproveitamos os últimos momentos de sol para uma “peregrinação” pelos entornos da basílica que, por si só, é um local histórico mundialmente conhecido, visto que nela se encontram, nos corrimões da escadaria de acesso, os doze profetas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, todos esculpidos em pedra sabão entre 1800 e 1805, com faces expressivas, mas olhares desprovidos de órbitas, enigmáticos. Muitos consideram o homem que sofria de uma doença degenerativa, que minava seus movimentos, paralisando seus membros com o decorrer do tempo, o maior gênio dentre todos os artistas brasileiros, não só no segmento da arte sacra. Que era uma figura cercada de mistérios é indubitável. As iniciais de todos os profetas esculpidos, por exemplo, formam seu apelido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-b_ckfyi62rg/ULoPGdPslhI/AAAAAAAAJKo/pReUw00ZxuY/s1600/P1130132.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-b_ckfyi62rg/ULoPGdPslhI/AAAAAAAAJKo/pReUw00ZxuY/s320/P1130132.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-E-1Mx4X8sP0/ULoPHV-bBYI/AAAAAAAAJKw/1NmH5rjxP2A/s1600/P1130187.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-E-1Mx4X8sP0/ULoPHV-bBYI/AAAAAAAAJKw/1NmH5rjxP2A/s320/P1130187.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos com os 12 profetas de Aleijadinho</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-5SesvtEISIY/ULoQMqA_NVI/AAAAAAAAJK4/bs1OIEKhRoQ/s1600/P1130106.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-5SesvtEISIY/ULoQMqA_NVI/AAAAAAAAJK4/bs1OIEKhRoQ/s200/P1130106.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Daniel</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Seis capelas guardam, em frente aos profetas e à basílica, o caminho de Jesus ao calvário, entalhados em cedro por Aleijadinho e seu ateliê, mas correntes interpostas em nosso caminho impediram que as conhecêssemos no fim daquela tarde. Caminhamos, então, por uma ladeira histórica, onde o pé-de-moleque novamente era o calçamento. Mais casas centenárias e mais uma igreja, de formas arredondadas: a de São José. Data de 1817. Ao longe, do outro lado da cidade, a Matriz Nossa Senhora da Conceição, de 1734, em processo de restauração. A noite caía, e com ela a beleza de Congonhas não esmorecia. Pelo contrário, era ainda mais avivada pela bem postada iluminação da basílica. Cada profeta recebia seu naco de luz. A imagem carismática de Daniel, com um leão prostrado aos pés, bem como a de Isaías, de barba hirsuta e aparentemente desprovida de medo, foram a última visão da segunda noite de viagem. Amanheceríamos no outro dia, um sábado, apenas para fotografar o que outrora correntes nos empecilharam. As obras em madeira de Aleijadinho, esculpidas entre 1796 e 1799, vivas em cores, expressões, detalhes, retratando o Horto das Oliveiras, a Prisão de Cristo, a Flagelação e Coroação de Espinhos, a Subida ao Calvário e a Crucificação. Para um ateu, como é o meu caso, tudo era belo demais. Para um religioso fervoroso, a fé deve se reafirmar ao ver tais obras. A inervação e os ligamentos das mãos das esculturas eram algo digno de livros de anatomia humana. Um último adeus às obras do mestre, pensamos. Um último adeus a Isaías, Jeremias, Baruc (Louvado), Ezequiel, Daniel, Oséias, Jonas, Joel, Amós, Abdias, Naum e Habacuc. Só pensamos.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-uBokKhS2R-A/ULoQj4pZkoI/AAAAAAAAJLA/MYePdq7aHsg/s1600/P1130211.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-uBokKhS2R-A/ULoQj4pZkoI/AAAAAAAAJLA/MYePdq7aHsg/s320/P1130211.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Detalhe da mão de uma escultura em cedro de Aleijadinho</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-xenAm171nOo/ULoQktzacrI/AAAAAAAAJLE/Gfgu89OggqM/s1600/P1130217.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-xenAm171nOo/ULoQktzacrI/AAAAAAAAJLE/Gfgu89OggqM/s320/P1130217.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Subida ao Calvário</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-CFUpLgPr_bY/ULoRV4-rktI/AAAAAAAAJLQ/pNCp1e5_hn0/s1600/P1130246.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-CFUpLgPr_bY/ULoRV4-rktI/AAAAAAAAJLQ/pNCp1e5_hn0/s200/P1130246.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Matriz de Ouro Branco, de 1779</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Descemos, agora com nossas motocicletas, para o centro de Congonhas, cujo ouro do Rio Maranhão e ribeirões adjacentes financiou a necessidade por templos religiosos, e nos dirigimos a Ouro Branco, próxima cidade do Circuito do Ouro em pauta. Pouco mais de 20km separam as duas, e o caminho entre elas é digno de menção. O Lago de Soledade, de inúmeros braços, sombreado pelos contornos da Serra de Ouro Branco, é inspirador, quebrando aquela visão de obras estritamente humanas que gozáramos até então, mudando-a momentaneamente para algo esculpido por força da natureza, mesmo sabendo que o citado lago é uma represa do Córrego de Soledade. Na zona central de Ouro Branco fomos surpreendidos pela ausência de construções antigas. Baseados nas cidades recentemente visitadas, augurávamos conhecer construções coloniais, igrejas e mais igrejas, mas tal fato não ocorreu. Duas edificações, a Igreja Matriz de Santo Antônio, de 1779, e a Antiga Casa Paroquial, de 1759, e nada mais. Perplexos, rumamos às indicações de uma placa turística e nos afastamos do centro urbano. Em um trecho da Estrada Real, entre Ouro Branco e Conselheiro Lafayete, encontramos a Casa de Tiradentes, deteriorada pelo descaso das autoridades para com a nossa História. Diz-se que os Inconfidentes, entre eles Joaquim José da Silva Xavier, reuniam-se ali para tratar dos assuntos concernentes à revolução, rotulada Inconfidência Mineira, que nunca ocorreu, isso na última década do século XVIII. Acredito que seja uma informação equivocada, haja vista a localidade da casa. Seria difícil manter algo na surdina em meio a única estrada altamente transitada na época.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-xg4j1bcS1pI/ULoRvAhuV7I/AAAAAAAAJLg/xdhwZaRZw48/s1600/P1130253.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-xg4j1bcS1pI/ULoRvAhuV7I/AAAAAAAAJLg/xdhwZaRZw48/s320/P1130253.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa Paroquial, de 1759</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-IfRD58LfOGs/ULoRwJTEupI/AAAAAAAAJLo/U5PdQEW2ihk/s1600/P1130277.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-IfRD58LfOGs/ULoRwJTEupI/AAAAAAAAJLo/U5PdQEW2ihk/s320/P1130277.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casa de Tiradentes</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-LX1GANicU0g/ULoSlToM2TI/AAAAAAAAJLw/vAUisl3njLc/s1600/P1130281.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-LX1GANicU0g/ULoSlToM2TI/AAAAAAAAJLw/vAUisl3njLc/s200/P1130281.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da Serra de Ouro Branco</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Nossa desilusão para com Ouro Branco foi dispersada ao conversarmos com um ciclista, na Casa de Tiradentes, sendo informados pelo mesmo que encontraríamos mais atrativos históricos em Itatiaia, distrito de Ouro Branco, não muito longe dali. Como era caminho para Ouro Preto, aproveitamos o ensejo, subimos a Serra de Ouro Branco e rumamos ao local, não sem antes perambularmos cautelosamente pela crista da imensa chapada via calamitosas estradas de terra. Lá em cima a visão é privilegiada e recompensa o esforço empregado. Um cerrado limpo, que me lembrou a Serra da Canastra, e esparsos amontoados de pedras graníticas, pontilharam o caminho até uma pequena capela e um cruzeiro. Torres de transmissão também estavam ali instaladas. Via-se, de 1500m de altitude, a cidade de Ouro Branco, Conselheiro Lafayete ao longe, o Lago de Soledade e o acidentado relevo dessa rica – hoje em belezas, antigamente em belezas e ouro – região mineira. Na volta para o asfalto, ainda a partir de uma posição elevada, discernimos, emparelhada pela maravilhosa Serra de Itatiaia, o distrito de Itatiaia, que não demoramos a alcançar. Novamente o calçamento se modificou, e novamente estávamos em um local histórico, contemplando a Igreja de Santo Antônio, construída em 1761, barroca e em um meio termo entre o descaso e a preservação, e as pequenas casas de pau-a-pique e barro que resistem bravamente ao inexorável passar dos anos.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-9FJAm7MmhkQ/ULoTOR4MwGI/AAAAAAAAJMA/6z0e6_8R6ZQ/s1600/P1130319.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-9FJAm7MmhkQ/ULoTOR4MwGI/AAAAAAAAJMA/6z0e6_8R6ZQ/s320/P1130319.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Santo Antônio, de 1761, em Itatiaia</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6QyR-5bVTtM/ULoTN7SqQpI/AAAAAAAAJL4/-9e1LXYCdak/s1600/P1130316_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="147" src="http://3.bp.blogspot.com/-6QyR-5bVTtM/ULoTN7SqQpI/AAAAAAAAJL4/-9e1LXYCdak/s400/P1130316_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra de Itatiaia</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-PEc1j4S7sAY/ULoUR6YHQ1I/AAAAAAAAJMI/76xpfKGlLAk/s1600/P1130326.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-PEc1j4S7sAY/ULoUR6YHQ1I/AAAAAAAAJMI/76xpfKGlLAk/s200/P1130326.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">N. Sra. dos Prazeres, em Lavras Novas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Nos fundos da “vilinha” de Itatiaia, a Serra de Itatiaia, que o IBGE nomeia Serra da Chapada, se apresenta verde, imponente e de crista com altitudes variáveis, mesclando linhas horizontais e protuberâncias triangulares. Para continuar seguindo em direção a Ouro Preto fomos obrigados a contorná-la, via asfalto, atravessando algumas pontes de pedra da Estrada Real, romanas, com um arco simples. A leste, a Serra do Trovão, no alto da qual se esconde Lavras Novas, distrito de Ouro Preto. Parte do caminho até ele está asfaltada, parte não. Ficamos poucos minutos por lá, visto que o movimento de turistas era grande e poluíam em demasia as fotografias. Aliás, isso seria uma regra a partir deste momento. Fotos “limpas” rareariam. Registramos a Igreja Nossa Senhora dos Prazeres, de 1740, e logo nos afastamos do pequeno distrito onde o comércio gastronômico é ululante, com vistas a nos banharmos numa pequena cachoeira que Luana vira no caminho. Pequena, sim, porém refrescante, e veio bem a calhar num dia que, para mim, mais acostumado a mato do que a cidades, ver igrejas começava a ser um exercício enfadonho. Na verdade, são duas pequenas quedas, separadas por um parede rochosa de 4 metros de altura. De lado esquerdo as águas caem com mais vigor. Do direito apenas escorrem. O sol a pino se encarregou de secar o que a água molhara para prosseguirmos viagem, não sem antes registrar, a partir da estrada e pela última vez, a luzente Serra do Trovão.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-C1U9entU9OY/ULoUTZWaHII/AAAAAAAAJMY/q8Dc85Xp0_k/s1600/P1130364_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="107" src="http://3.bp.blogspot.com/-C1U9entU9OY/ULoUTZWaHII/AAAAAAAAJMY/q8Dc85Xp0_k/s400/P1130364_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Serra do Trovão</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-q1RGwwKsEuE/ULoUSgef-mI/AAAAAAAAJMQ/HQmjrKu49fg/s1600/P1130351_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="111" src="http://3.bp.blogspot.com/-q1RGwwKsEuE/ULoUSgef-mI/AAAAAAAAJMQ/HQmjrKu49fg/s400/P1130351_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira em Lavras Novas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-X4NBWSAQGDI/ULn-3w1iOfI/AAAAAAAAJHg/dMNuP_6azE8/s1600/P1130543.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-X4NBWSAQGDI/ULn-3w1iOfI/AAAAAAAAJHg/dMNuP_6azE8/s200/P1130543.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ouro Preto</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"><span id="goog_493266594"></span><span id="goog_493266595"></span>Ouro Preto adiante. Nosso objetivo final se aproximava. Não tardou que mergulhássemos de vez na história mineira marcada pelo reluzente metal tão almejado pelo modo de vida europeu da época. Lembrei-me das descobertas de Bandeirantes que, no fim do século XVIII, chegaram a esse ermo e se apoderaram de pedaços de um material negro que, levados a São Paulo e ao Rio de Janeiro, tiveram camadas de óxido ferroso extraídas para revelar o ouro que se escondia em seu núcleo. Ouro Preto, o denominaram. Começava, então, a corrida pelo eldorado, uma exploração estabanada e desmedida que exigia altos custos, como a própria vida. Escravos, homens livres, aristocratas: todos empenhados em explorar o máximo possível dos morros e ribeirões desse local que já foi chamado de Vila Velha, depois Vila Rica e, por fim, Ouro Preto. Foi capital de Minas Gerais, cedendo o posto à planejada Belo Horizonte, construída sobre o Curral Del Rey no começo do século XX. Descemos os morros para ver o que víamos apenas nos livros de História. Desculpem-me a expressão, um jargão por assim dizer, mas não há melhor maneira de descrever essa viagem de resgate do nosso passado. Encontramos rapidamente pouso às margens do malcheiroso Ribeirão do Funil e, a pé, nos dispusemos a conhecer a maior de todas as cidades até então visitadas, para o infortúnio dos nossos estafados membros inferiores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-OTZ54tilLYc/ULoV1B-vKlI/AAAAAAAAJMo/7Wsk3i2oB3s/s1600/P1130396.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-OTZ54tilLYc/ULoV1B-vKlI/AAAAAAAAJMo/7Wsk3i2oB3s/s320/P1130396.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pico do Itacolomi, ao fundo</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-4oOnTGQZTFA/ULoalkiHL1I/AAAAAAAAJOw/QzUL2_Qcb2c/s1600/P1130391.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-4oOnTGQZTFA/ULoalkiHL1I/AAAAAAAAJOw/QzUL2_Qcb2c/s320/P1130391.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia de Baixo, de 1773</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-UYMhBHcT11Y/ULobGOQiCRI/AAAAAAAAJO4/VlAbTKjgffw/s1600/P1130564.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-UYMhBHcT11Y/ULobGOQiCRI/AAAAAAAAJO4/VlAbTKjgffw/s200/P1130564.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ig. de S. F. de Assis, de Aleijadinho</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A antiga Vila Rica é uma das cidades mais fotogênicas em que estive o prazer de estar. Há elementos urbanos de quatro séculos distintos. Três serras a protegem: a Serra do Veloso, a noroeste; a Serra de Ouro Preto, a nordeste; e a Serra do Itacolomi, cujo cume é o Pico do Itacolomi, a sudeste, que possibilitou aos bandeirantes um estudo melhor do relevo local devido à posição privilegiada em que se encontra. De suas encostas também se extraiu o ouro, razão da rápida ascensão da vila. Inspirados por esse contraste entre o natural e o rústico, subimos a ladeira em pé-de-moleque da Rua Antônio Martins. Vencendo becos e uma grande escadaria localizamos a primeira das inúmeras igrejas de Ouro Preto: a de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia de Baixo, de 1773. Fechada a cadeados, com a mata ao redor das escadarias por cortar, abandonada: assim me pareceu. Possuía uma aura de anciã, mas sem demonstrar debilidade. Duzentos metros acima a segunda, mais uma bela obra de Aleijadinho, construída entre 1766 e 1810: a Igreja de São Francisco de Assis, onde atualmente está instalado um museu com peças do artista que nasceu e morreu em Ouro Preto. A este ponto já sabíamos que, para conhecer o interior dos templos, precisaríamos desembolsar uma certa quantia de dinheiro. São todas obras tombadas que albergam inúmeras e inestimáveis obras de arte. Preferimos guardar nossos poucos reais para o Museu da Inconfidência, porvindouro, que é uma coletânea dos assuntos históricos e religiosos não só de Ouro Preto, mas de todo o Estado de Minas Gerais.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-1JEDne6qMVM/ULocadCToFI/AAAAAAAAJPA/89Ev-o4a2XA/s1600/P1130410.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-1JEDne6qMVM/ULocadCToFI/AAAAAAAAJPA/89Ev-o4a2XA/s320/P1130410.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Museu da Inconfidência, no prédio da Antiga Casa da Câmara e Cadeia</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Zl8OoEED9bI/ULocs9JnTSI/AAAAAAAAJPI/62p6WvduvAo/s1600/P1130409.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-Zl8OoEED9bI/ULocs9JnTSI/AAAAAAAAJPI/62p6WvduvAo/s320/P1130409.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praça Tiradentes</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mlqYH8PcJEc/ULodQmH9taI/AAAAAAAAJPQ/p6Zq3jwpntw/s1600/P1130419.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-mlqYH8PcJEc/ULodQmH9taI/AAAAAAAAJPQ/p6Zq3jwpntw/s200/P1130419.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de N. Sra. do Carmo, de 1772</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">O casario colonial, abarcador de repúblicas estudantis, restaurantes e comércios, acompanhou-nos para o norte, momento em que o aperto das vielas repentinamente desapareceu, dando lugar à ampla Praça Tiradentes, na área central da cidade. Indiferentes à concentração claustrofóbica de turistas, deixamo-nos envolver pelo panorama, composto pela Casa da Câmara e Cadeia, erigida entre 1784 e 1846 e onde hoje funciona o Museu da Inconfidência, pela Estátua de Tiradentes, de 1894, e pela face lateral norte da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, finalizada em 1772. Perto dessa última, aos pés de sua escadaria, subsiste o mais antigo teatro em funcionamento da América Latina: a Casa da Ópera de Vila Rica, de 1770, hoje chamada de Teatro Municipal de Ouro Preto. Toda essa área central é muito bem mantida pelos órgãos responsáveis, principalmente no que se refere às estruturas, aparentemente firmes e sem sinais de desgaste, e à pintura, sempre com o branco, ou outra cor clara, contrastando com um tom mais vivo. Ainda mais ao norte, ao lado do Palácio dos Governadores, de 1741, os parapeitos de concreto da Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia de Cima, de 1771, ofereceram uma vista ainda mais apreciativa de toda a desorganização dos arredores da Praça Tiradentes e de toda a Ouro Preto em geral. Não é uma cidade planejada, como é o caso de suas contemporâneas Paraty e Mariana, tendo crescido desordenadamente ao longo do século XVIII por conta daqueles que aqui chegavam e se instalavam em busca do ouro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-3UbHukzNaLI/ULod3dIhCwI/AAAAAAAAJPY/9xRHZphiG7Y/s1600/P1130415.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-3UbHukzNaLI/ULod3dIhCwI/AAAAAAAAJPY/9xRHZphiG7Y/s320/P1130415.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de São Francisco de Paula e a Serra do Veloso</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-5Kl5DGC2LFQ/ULod4L8ScEI/AAAAAAAAJPg/iE5beC-DbLE/s1600/P1130437.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-5Kl5DGC2LFQ/ULod4L8ScEI/AAAAAAAAJPg/iE5beC-DbLE/s320/P1130437.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia de Cima, de 1771</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-3qwMsyIa0Kk/ULoesk4kaKI/AAAAAAAAJPo/YWJoahtboEY/s1600/P1130488.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-3qwMsyIa0Kk/ULoesk4kaKI/AAAAAAAAJPo/YWJoahtboEY/s200/P1130488.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ig. de N. Sra. do Pilar, de 1731</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">No alto da Serra do Veloso, a noroeste da cidade, descemos pela rodoviária e, a partir da pichada Igreja São Francisco de Paula, edificada entre 1804 e 1898, obtivemos a panorâmica mais privilegiada de Ouro Preto até então. Via-se o sempre presente Pico do Itacolomi, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, o Museu da Inconfidência, o casario central e a Igreja de São José, de 1811, a qual Aleijadinho deu um naco de contribuição. Na verdade essa última estava na mesma ladeira, um pouco abaixo, e por ela passamos apenas para retificar nossas suspeitas de que todos os templos católicos detinham seus próprios cemitérios, no qual enterravam seus membros mais ilustres. Com mais essa informação assimilada, palmilhamos uma rua semicircular e fomos agraciados pelas formas também semicirculares da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, de 1785. Foi, para mim, a mais difícil de registrar, haja vista a altura de suas torres e a estreiteza do Largo do Rosário, onde foi erigida. A luz solar colaborava cada vez menos, e numa progressão rápida, permeada por desvios bruscos de universitários inebriados que subiam em sentido contrário, fotografamos, escondida entre sobrados coloniais, a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, na qual o padre discorria sobre o fim do mundo. Não era assunto para aquele momento. O mundo não poderia acabar com tanto por conhecer. Optamos por retornar ao principal ponto da cidade, vigiado pelo altivo líder da Inconfidência Mineira em bronze: a Praça Tiradentes. As luzes dos Museu da Inconfidência e da Igreja de Nossa Senhora do Carmo se acenderam, imitando a lua. Foi o desfecho perfeito para um dia fisicamente demandador.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-GsKyfutD9i4/ULofUpVbWEI/AAAAAAAAJPw/BaQ_DZgy6d0/s1600/P1130478.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-GsKyfutD9i4/ULofUpVbWEI/AAAAAAAAJPw/BaQ_DZgy6d0/s320/P1130478.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Rosário, de 1785</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2UuQjZNtev0/ULofVcWtLZI/AAAAAAAAJP4/m3pQ96opYZk/s1600/P1130500.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-2UuQjZNtev0/ULofVcWtLZI/AAAAAAAAJP4/m3pQ96opYZk/s320/P1130500.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A noite de Ouro Preto</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ywW2PNRShbc/ULof3odjdJI/AAAAAAAAJQA/66MBd-maiRg/s1600/P1130562.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-ywW2PNRShbc/ULof3odjdJI/AAAAAAAAJQA/66MBd-maiRg/s200/P1130562.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Santa Efigênia</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Manhã chuvosa de domingo. O subir de ladeiras continua, agora para riscar do roteiro os atrativos aos quais ainda não puséramos um olhar. Cruzamos a ponte de pedra sobre o Ribeirão do Funil novamente, palmilhando a Rua Antônio Martins até uma região conhecida como Antônio Dias, onde a Igreja Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, construída em 1727 pelo pai de Aleijadinho, Manuel Francisco Lisboa, exibia-se rósea, de pintura branca enegrecida, com o tempo a embolorá-la. Em uma das ruas de acesso a ela adentramos uma propriedade privada, que detém os direitos de visitação de uma das muitas minas de ouro de Ouro Preto. Tratava-se da antiga Mina da Encardideira, hoje conhecido por Mina do Chico Rey. Segundo fantasiosa história, Chico Rey, um escravo que antes de ser trazido para o Brasil era príncipe no Congo, conseguiu comprar sua alforria e a de vários outros escravos com o ouro extraído da mina de seu senhor, primeiro extraviando parte do metal e, depois de juntar o suficiente para comprá-la, tomando posse em definitivo da mina. Pagamos uma pequena quantia e, equipados com capacetes, caminhamos com um jovem guia pelo interior dos claustrofóbicos túneis que abrangem 7km² de área. São raros os momentos em que podemos ficar totalmente em pé, pois a baixa altura da rústica escavação não o permite, fazendo com que caminhemos agachados em noventa por cento do percurso. Diz a lenda, e também o guia, que um dos túneis dá acesso ao interior da Igreja de Santa Efigênia, distante 2km dali. Essa igreja, que ulteriormente visitamos ao subir o pior morro de todos, foi erigida entre 1720 e 1785 para os negros de Vila Rica por, dizem, intermédio e financiamento do próprio Chico Rey.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-6ryshDCJ75k/ULogsrpXYvI/AAAAAAAAJQI/3mZYhT5WBBM/s1600/P1130508.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-6ryshDCJ75k/ULogsrpXYvI/AAAAAAAAJQI/3mZYhT5WBBM/s320/P1130508.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, de 1727</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-vORTpo2j1Ts/ULogtSTc8vI/AAAAAAAAJQQ/ZcWB0lt8MAw/s1600/P1130523.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-vORTpo2j1Ts/ULogtSTc8vI/AAAAAAAAJQQ/ZcWB0lt8MAw/s320/P1130523.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mina da Encardideira, ou Mina do Chico Rey</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-3k9DMLUXWZM/ULohQlk9dzI/AAAAAAAAJQY/RnQdc86mxLE/s1600/P1130559.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-3k9DMLUXWZM/ULohQlk9dzI/AAAAAAAAJQY/RnQdc86mxLE/s200/P1130559.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tiradentes, o líder inconfidente</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Uma última missão para deixar de vez Ouro Preto: absorvermos o conteúdo do Museu da Inconfidência. Partindo da Igreja de Santa Efigênia, rapidamente passamos pela Capela Nossa Senhora das Dores, de 1788 e com as paredes laterais prestes a desmoronar, e volvemos ao centro da cidade à altamente trafegada Praça Tiradentes. Ali, o imenso casarão com traços do barroco, com duas escadas laterais para uma entrada frontal, aguardava o pagamento de oito reais para mergulhar-nos de vez na luxúria dos áureos séculos passados. São dois andares que expõem obras de Aleijadinho, Manuel da Costa Ataíde e de outros brilhantes artistas de nossa História, peças de vestuário, objetos de uso doméstico, cartas, cheques e recibos de uma época em que a palavra falada começava a não valer muita coisa. Um pouco de precaução sempre é benquista quando há ouro envolvido nas negociações. Na última sala do primeiro andar existe um espaço dedicado exclusivamente à tentativa de revolução engendrada pelos inconfidentes, com destaque para a lápide de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, líder da chamada Inconfidência Mineira, movimento contrário à cobrança do quinto – “derrama” – pela coroa portuguesa. Traídos por um próprio membro, grande parte dos inconfidentes foi exilada. No caso específico de Tiradentes, enforcado e esquartejado em praça pública no Rio de Janeiro. Seus membros foram dependurados em árvores ao longo do Caminho Novo da Estrada Real como forma de acalmar os ânimos de quem porventura estivesse cogitando levar a cabo novas tentativas de insurreição. Infelizmente não é permitido que se fotografe o interior do museu. A lembrança disso tudo terá que ser mental, e não fotográfica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Yov2ZJNrOAM/ULoh3N83l6I/AAAAAAAAJQg/zzlhpPH9kSI/s1600/P1130458_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="93" src="http://2.bp.blogspot.com/-Yov2ZJNrOAM/ULoh3N83l6I/AAAAAAAAJQg/zzlhpPH9kSI/s400/P1130458_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Ouro Preto</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-hZ46ODynfao/ULoh4Ngk4YI/AAAAAAAAJQo/XAG5KFdi9As/s1600/P1130642.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-hZ46ODynfao/ULoh4Ngk4YI/AAAAAAAAJQo/XAG5KFdi9As/s320/P1130642.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mariana</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-HTr-1gvDx24/ULoiL4qD5bI/AAAAAAAAJQw/pwEVvji_tOo/s1600/P1130571.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-HTr-1gvDx24/ULoiL4qD5bI/AAAAAAAAJQw/pwEVvji_tOo/s200/P1130571.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Antiga Casa da Câmara e Cadeia</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A despedida de Ouro Preto foi emotiva. Nunca antes me deixara envolver tanto por obras humanas como nesta cidade. Luana e Ari partilhavam idêntico sentimento. Por incrível que pareça não necessitamos nos afastar muito dela. Pela Rodovia dos Inconfidentes, 20km depois, envolvia-nos Mariana, primeira cidade de Minas Gerais e, portanto, primeira capital. Estávamos agora do outro lado da Serra de Ouro Preto e da Serra do Itacolomi. Tratamos de encontrar pouso, livrar-nos do excesso de bagagem e, a pé, desbravar o Centro Histórico cheio de peculiaridades e consideravelmente menor que o de Ouro Preto. E quão grande foi nossa surpresa ao nos depararmos, logo de cara, com as duas igrejas que evitam se encarar mais famosas do nosso Brasil: a de Nossa Senhora do Carmo, de 1783, e a de São Francisco de Assis, de 1762. Construídas a poucos metros de distância uma da outra, perpendiculares entre si e muito semelhantes em seus desenhos, em uma época onde a rivalidade entre os barões do ouro chegava ao ponto de duelarem para ver quem conseguiria erigir a melhor igreja. Deu no que deu: um belo cartão de visitas para Mariana, mas mais um capítulo sórdido intermediado pelo excesso de ouro. O mais engraçado é que a Antiga Casa da Câmara e Cadeia, da segunda metade do século XVIII, em um dos lados da mesma praça onde se encontram as “inimigas”, testemunha todo o embrolho. Será que ambas não pecaram ao procurar o local ideal para a construção? Logo em frente à cadeia? Brincadeiras à parte, o certo é que a antiga cadeia, que hoje abriga a Câmara dos Vereadores, é, também, uma bela obra arquitetônica e, em seu interior, quadros da realeza portuguesa estão gratuitamente expostos.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-wnDxcDW-Ja0/ULoipKj8k4I/AAAAAAAAJQ4/niUzSv3LgPs/s1600/P1130568.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-wnDxcDW-Ja0/ULoipKj8k4I/AAAAAAAAJQ4/niUzSv3LgPs/s320/P1130568.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igrejas de S. F. de Assis (1762), à esquerda, e de N. Sra. do Carmo (1783), à direita</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-e0xBoCIbQiw/ULoipjEfotI/AAAAAAAAJRA/FxaMy7GJKYU/s1600/P1130599.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-e0xBoCIbQiw/ULoipjEfotI/AAAAAAAAJRA/FxaMy7GJKYU/s320/P1130599.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Basílica de N. Sra. da Assunção, de 1760</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_FhPZJDxFdg/ULojjxnl6II/AAAAAAAAJRI/e0XrUG0PZl4/s1600/P1130638.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-_FhPZJDxFdg/ULojjxnl6II/AAAAAAAAJRI/e0XrUG0PZl4/s200/P1130638.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ig. de S. P. dos Clérigos</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Nossos próximos passos foram em direção a Praça da Sé, de frente para a qual foi edificada, em 1760, a Basílica de Nossa Senhora da Assunção, ou simplesmente Catedral da Sé. Ao seu lado, uma rua reta com um casario colonial que abriga diversos comércios, todos obviamente fechados por ser um domingo. Quis mencionar “ruas retas” porque Mariana, como frisado anteriormente, foi uma cidade planejada desde o princípio, quando ainda era vila, no alvorecer do século XVIII. Suas vias são muito mais intuitivas que as de Ouro Preto e, usando isso a nosso favor, encontramos prestamente todos os outros atrativos, como a Capela de Sant'Ana, de 1720, na mesma rua da Praça da Sé, mas um pouco mais afastada do centro, em uma área residencial. Depois, passando pela Praça Doutor Gomes Freire, forrada de munícipes, localizamos a Capela de Nossa Senhora da Boa Morte, de 1750, com ampla área verde e concentração de pássaros. Subindo uma ladeira, mais desgaste muscular e mais um templo: a Igreja Arquiconfraria de São Francisco dos Cordões, com as torres em reforma, de 1780. Somente Luana e eu quisemos fotografar uma outra, mais escondida, numa rua atravessada: a Igreja de Nossa Senhora das Mercês, de 1787 e de dimensões reduzidas. Nos reunimos a Ari poucos minutos depois em um dos pontos mais altos da cidade, nas imediações da belíssima Igreja de São Pedro dos Clérigos, de aspecto amadeirado por apresentar uma tonalidade marrom, remetendo ao barro. Dela se tem uma ampla vista de toda Mariana, não somente de seu Centro Histórico, mas também de sua área residencial mais moderna e periferias. É da segunda metade do século VIII. Aqui terminamos nosso domingo. Aqui planejávamos o regresso para casa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-331QGUDVpTE/ULokJ9XhS4I/AAAAAAAAJRQ/lzoomLv4vuM/s1600/P1130625.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-331QGUDVpTE/ULokJ9XhS4I/AAAAAAAAJRQ/lzoomLv4vuM/s320/P1130625.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capela de Nossa Senhora da Boa Morte, de 1750</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mbOi8GYu_3I/ULokK1PnguI/AAAAAAAAJRY/KuOSq68qAJM/s1600/P1130650.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-mbOi8GYu_3I/ULokK1PnguI/AAAAAAAAJRY/KuOSq68qAJM/s320/P1130650.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Seminário de São José, também de 1750</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-wQutZXrw9Yg/ULok8ca0rjI/AAAAAAAAJRg/7qC7JoRYlQo/s1600/P1130681.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-wQutZXrw9Yg/ULok8ca0rjI/AAAAAAAAJRg/7qC7JoRYlQo/s200/P1130681.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Itabirito e sua Matriz, de 1720</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Na segunda-feira, dia 19, pulamos cedo da cama, pois ainda faltava conhecer a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, de 1752, que víramos ao longe, no alto de um morro do outro lado da cidade. Aproveitamos o ensejo e passamos pelo Seminário de São José, escondido entre altas palmeiras. Tem uma bela imagem de Cristo em azulejos azulados numa espécie de torre central. Chegando à igreja supracitada, a fotografamos e repensamos para onde iríamos a partir dali. Sabará, representante do Circuito do Ouro, estava longe e não teríamos tempo hábil para visitá-la. Ficaria para uma próxima viagem. Optamos, então, por voltar pela Rodovia dos Inconfidentes, cruzar Ouro Preto pelo perímetro urbano e rumar para Itabirito, cidade mais modesta e também detentora de importantes obras arquitetônicas do século XVIII. Teve seu quinhão de ouro, mas foi na extração de ferro que se destacou. Na antiga estação obtivemos essas informações e mais algumas que nos levaram ao pequeno Centro Histórico. Subindo a ladeira São Francisco, de pé-de-moleque, topamos com a Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, de 1720, e subindo mais ainda, com a Igreja Nossa Senhora do Rosário, do começo do século XVIII. Dessa última vimos as outras duas, às quais seguimos após atravessarmos a Rua 7 de Setembro, com um charmoso casario colonial. Mais uma ladeira e nossa saga pelo Circuito do Ouro se encerrava com as fotografias das Igrejas Nossa Senhora das Mercês, de 1764, e Bom Jesus do Matozinhos, de 1765. Nossa breve estadia em Itabirito, cidade natal de Telê Santana (há uma estátua de bronze em sua homenagem numa das ruas do centro moderno), testemunharia, pelo retrovisor, nossos primeiros quilômetros no retorno para casa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-8bZ_Zg5XACk/ULol3S0BL_I/AAAAAAAAJRo/fJleV2RjHNQ/s1600/P1130675.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-8bZ_Zg5XACk/ULol3S0BL_I/AAAAAAAAJRo/fJleV2RjHNQ/s320/P1130675.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Rosário, do começo do século XVIII</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-xF0hnae3TF0/ULol4IvAuCI/AAAAAAAAJRw/BPcjC5QsRgQ/s1600/P1130694.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-xF0hnae3TF0/ULol4IvAuCI/AAAAAAAAJRw/BPcjC5QsRgQ/s320/P1130694.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja do Bom Jesus do Matozinhos, de 1765</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-EchQMtVYa_8/ULomciB0l8I/AAAAAAAAJR4/6_qBcvZL18M/s1600/P1130738.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-EchQMtVYa_8/ULomciB0l8I/AAAAAAAAJR4/6_qBcvZL18M/s200/P1130738.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São Thomé das Letras</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">A Rodovia dos Inconfidentes nos desembocou na BR040, passando pela ressequida Represa das Codornas. Fomos subindo sentido Belo Horizonte, que contornamos pelo anel viário. A capital, gigantesca, não nos apeteceu, e aceleramos para longe dela pela Fernão Dias. Daí pra frente foram 300km de pedágios e monótona pilotagem até Três Corações, pela qual passáramos no primeiro dia de viagem. Desta feita, contudo, adentramos sua zona urbana, acessando uma vicinal que nos levou, anoitecendo, a São Thomé das Letras, a 1440m de altitude. Nela dormiríamos nessa última noite de viagem. Acordaríamos no dia seguinte, logo cedo, apenas para uma visita rápida pelos mirantes magníficos do Parque Municipal Antônio Rosa, como o Cruzeiro e a Pirâmide, construção de pedras encaixadas sem qualquer espécie de argamassa entre elas. Aliás, tudo em São Thomé é feito de pedras, notadamente quartzito, sendo sua extração a principal fonte de renda da pequena e mística cidade. Dizem que aqui pousam OVNIS. O que sei é que a Igreja Matriz é de 1785, construída ao lado da Gruta de São Thomé, que segundo a lenda guardava a imagem de São Tomé encontrada por um escravo que se escondera ao fugir de seu senhor, dando origem ao nome da cidade. Há também uma outra, a de Nossa Senhora do Rosário, do século XIX, toda revestida em pedra. Para finalizar com chave de “ouro” nossa passagem, um banho de cachoeira no gélido Vale das Borboletas. Era hora de regressar. Hora de alienar-nos novamente.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-MU5t0dKOwhQ/ULom93r-phI/AAAAAAAAJSA/MZ-qMqs0XpY/s1600/P1130716.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-MU5t0dKOwhQ/ULom93r-phI/AAAAAAAAJSA/MZ-qMqs0XpY/s320/P1130716.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora do Rosário, revestida com pedras de quartzito</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-y7RmzmXixBI/ULom-2auLWI/AAAAAAAAJSI/nQaa3E5nHMM/s1600/P1130759.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-y7RmzmXixBI/ULom-2auLWI/AAAAAAAAJSI/nQaa3E5nHMM/s320/P1130759.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vale das Borboletas</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-1Owy05Lbzxo/ULontF21NrI/AAAAAAAAJSQ/kvMheHSAFh0/s1600/P1130661.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-1Owy05Lbzxo/ULontF21NrI/AAAAAAAAJSQ/kvMheHSAFh0/s200/P1130661.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Regresso à estática vida</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Deixamos São Thomé das Letras às 14h de uma terça-feira de Consciência Negra, para a maioria dos paulistas, mas de trabalho para o proletariado mineiro. Cruzamos a movimentada Três Corações sob uma fina garoa que, quando já estávamos na Fernão Dias, transformou-se em um pesado dilúvio. O sol e a chuva, a partir daí, foram se alternando até o município de Pouso Alegre, a partir de onde o astro-rei prevaleceu pelo resto do caminho. Em Atibaia, acessamos a Rodovia Dom Pedro e nela permanecemos até Campinas, pagando, nesse decorrer, dois onerosos pedágios que, digo, me despertaram aquela vontade louca de abandonar tudo e seguir a pé, como fizéramos em todas as cidades do Circuito do Ouro em que estivéramos. Na Anhanguera, batizada com o nome de um bandeirante temido pelos índios, rodamos nossos últimos quilômetros em
direção ao comum, à vida cheia de engodos, contas a pagar e falsas relações sociais por manter. Ari, no trevo de Sumaré, despedia-se com um aceno, deixando Luana e eu a sós sobre a minha fiel companheira, minha moto, símbolo de minha resistência e sede de conhecimento. Luana apeou na Praia Azul e eu, sozinho, trilhei os últimos quilômetros dos 1600 totais em direção a minha residência. No fim somos todos bandeirantes, “matando” o que quer que esteja no caminho em busca de um “eldorado”. Custe o que custar.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Uma voz estridente gritava em minhas orelhas: <i>go south!</i> Era, na verdade, o refrão de uma senil canção, intitulada <i>Go West</i>, mas estava eu tão absorto na vã tentativa de concatenar meus próprios pensamentos que devo ter entendido errado. Pois bem, atenderei a mais este apelo. Com parte da nossa História devidamente internalizada, documentada e, nesta postagem, externalizada (à minha maneira, eu sei), partirei à caça de ermos tão desconhecidos por mim quanto a psicótica mente de um assassino em série, por mais complicado que seja o caminho. No fim, como sempre digo aos meus alunos em um simples português, é preferível sucumbir à fadiga a desistir pela falta de vontade. <i>Go South</i>!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-gZQNLqD8D9k/ULooMQBvNkI/AAAAAAAAJSY/ymbM6c1BrkI/s1600/P1130501.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-gZQNLqD8D9k/ULooMQBvNkI/AAAAAAAAJSY/ymbM6c1BrkI/s400/P1130501.JPG" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span> <span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos no seguinte <i>slideshow</i> ou <a href="https://picasaweb.google.com/111506201642937001855/CircuitoDoOuroDe15A20DeNovembroDe2012" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>.</span></div>
<br />
<center>
<embed flashvars="host=picasaweb.google.com&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F111506201642937001855%2Falbumid%2F5814369295867312353%3Fkind%3Dphoto%26alt%3Drss" height="350" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://picasaweb.google.com/s/c/bin/slideshow.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="420" wmode="transparent"></embed><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.tools4noobs.com/picasa/">Made with Slideshow Embed Tool</a></span></div>
</center>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um blues para o ouro de Minas Gerais e para os verdadeiros artistas de nossa História: os escravos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/wtlqcJUUfT8?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2765784573256202545.post-33227456217689696872012-10-26T04:41:00.001-07:002016-01-06T17:59:31.208-08:00Cunha e Paraty – de 12 a 14 de outubro de 2012<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-d3ZwUMKpPgo/UImxuq9lkhI/AAAAAAAAI2s/bX1l9--DxCc/s1600/P1120750.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-d3ZwUMKpPgo/UImxuq9lkhI/AAAAAAAAI2s/bX1l9--DxCc/s400/P1120750.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Mais eficaz do que qualquer outra forma de expansão da mente é ele, o ato de viajar. Há quem prefira drogas, a literatura ou a televisão, apenas para citar alguns, mas todos estes falham no quesito abrangência de sentidos. Tóxicos alienam a mente. A literatura, apesar de muito importante para a aquisição de criatividade e conhecimento, peca por muitas vezes não situar o leitor em uma realidade que deveria ser vivida e desmistificada por ele, sendo, portanto, mais lúdica do que propriamente construtiva e emancipatória. A televisão e outros veículos de mídia, por sua vez, são vieses pelos quais um mundo fantasioso, idealizado por uma minoria, é inoculado nas classes inferiores, travestindo um papel prepóstero ao que realmente deveria servir, que é a informação, e não a sacramentação das diferenças entre seres que gozam de estruturas físicas e psicológicas semelhantes e que, por esses motivos, deveriam ser pesados na mesma balança pelas superestruturas de uma sociedade. O viajar consciente, contrário a todos os supracitados, eleva a visão, a audição, o olfato, o paladar e, caso o viajante não seja um completo misantropo, também a interação entre culturas diferentes, esta última imprescindível à socialização. O melhor de tudo é que gera uma rotina de mapeamento de diferentes realidades, derrubando por terra aquela noção “paulista” de que o mundo é apenas “São Paulo”, como se todos os outros Estados e municípios fossem parecidos ou inferiores ao magnânimo centro econômico-cerebral do Brasil.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-QZtRBRuRWr8/UImynPYVVFI/AAAAAAAAI24/oND-dxEZAXo/s1600/P1120700.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-QZtRBRuRWr8/UImynPYVVFI/AAAAAAAAI24/oND-dxEZAXo/s200/P1120700.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Companheiras de viagem</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Queria eu voltar a Serra do Mar. É nela que se encontram os dez por cento restantes de toda a mata atlântica brasileira. É nela que os parques estaduais e nacionais, e algumas reservas particulares, ainda empunham a bandeira da preservação, num último grito desesperado pela manutenção de nossa riqueza natural tão explorada desde o advento dos portugueses a Terra de Vera Cruz. Por falar em nossos “colonizadores”, suscita-se em meu imo o devaneio de reaver parte da nossa nefasta História, que teve como palco, em sua fase aurífera no começo do século XVIII, o território dos municípios que visitaríamos: Cunha, em São Paulo, guarnecida pelas Serras do Quebra Cangalha, da Bocaina e do Mar; e Paraty, na planície litorânea do Rio de Janeiro. Ambos foram povoados originados a partir de andanças pelo Caminho Velho do Ouro, antiga trilha que os índios guaianases palmilhavam para vencer as imponentes serras da região. Os gajos oportunistas e sua sede pelo ouro recém-descoberto nas minas de Ouro Preto e redondezas escoavam o luzente metal por esta mesma trilha até o Porto de Paraty, onde ulteriormente era transportado de nau para São Sebastião do Rio de Janeiro, hoje apenas Rio de Janeiro, capital fluminense. O caminho inverso supria a necessidade por escravos, alimento e animais para tração. Faríamos a primeira – ou última – parte da rota, hoje conhecida como Estrada Real (Caminho Velho), de Taubaté a Paraty, vencendo a Serra do Mar. Comigo iria Luana e suas joviais coragem e resistência.</span><span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-nWFmFgDvfmY/UImzG6iaziI/AAAAAAAAI3A/y0MEgjtVYAM/s1600/P1120580.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-nWFmFgDvfmY/UImzG6iaziI/AAAAAAAAI3A/y0MEgjtVYAM/s200/P1120580.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Represa de Atibainha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Partimos de Americana, do bairro Praia Azul, às oito e meia de uma manhã sisuda de outubro. O tímido azul entre nuvens contrariava as sempre fidedignas previsões do CPTEC, que no dia anterior indicava chuvas incessantes para todo o fim de semana. A verdade é que chovera a noite inteira, mas o astro-rei parecia não querer entregar-se sem luta, reivindicando seu posto matutino. Esperançosos com esse espírito, Luana, eu e minha moto adentramos a Rodovia Anhanguera em um de seus trechos mais perigosos, entre Americana e o acesso a Dom Pedro. Nesta última fomos avançando vagarosamente, assolados pelas terríveis rajadas de vento lateral comuns no território de Campinas. Atravessamos, infelizmente a um custo elevado, dois postos de pedágio e apeamos pela primeira vez após uma ponte sobre a Represa de Atibainha, último local em que ainda era possível notar o azul celeste. Daí pra frente um gotejar fino e intermitente foi nossa insistente companhia enquanto cruzávamos pontes e mais pontes sobre represas do rio Atibaia, a Pedra Grande (palco de saudosas aventuras com meus companheiros Luiz Paulo Blanes e Levi Vieira) e o derradeiro pedágio em Bom Jesus dos Perdões. Naturalmente optamos, para rumar ao norte, pela Carvalho Pinto, notadamente mais expressa e menos sujeita a engarrafamentos que a Dutra. Mais um par de pedágios e encontramos quem 55km antes evitáramos: a mesma Dutra. Nela permanecemos até o município de Guaratinguetá, imediatamente após Aparecida do Norte, à qual um grande número de romeiros caminhava em direção pelos perigosos acostamentos da 116, mesmo sob a garoa gelada.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-acio9M8teA0/UIm1OiHo9zI/AAAAAAAAI3I/g04GKy1vsw0/s1600/P1120696.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-acio9M8teA0/UIm1OiHo9zI/AAAAAAAAI3I/g04GKy1vsw0/s320/P1120696.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cunha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-U2qQdwXTs48/UIm1v9OueQI/AAAAAAAAI3Q/rR5F-mezuAM/s1600/P1120698.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-U2qQdwXTs48/UIm1v9OueQI/AAAAAAAAI3Q/rR5F-mezuAM/s200/P1120698.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">SP171</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A tônica, deixada a Dutra, passou a ser os desenhos sinuosos necessários ao avanço por entre os montes e vales albergantes de rios, córregos e ribeirões que compõem a bacia do Rio Paraíba do Sul. Estávamos, agora, na SP-117, da qual mais de 70% de seu comprimento total são derivados do Antigo Caminho do Ouro, hoje conhecido como Estrada Real. Ele se interligava ao Caminho Geral do Sertão, proveniente do Planalto de Piratininga, hoje cidade de São Paulo, e partia para o sertão de Minas Gerais, de onde o ouro era extraído. Em pouco mais de meia hora vencemos os 60km que separam Guaratinguetá do portal de Cunha, saindo, ademais, de uma altitude de 500m para uma de 1100m. A chuva apertou e, escorregando no calçamento de paralelepípedos, apeamos de minha moto à caça de guarida para a noite. Com a jactância daquele clima nada poderíamos fazer na zona rural da cidade, onde estão os atrativos que nos propuséramos a conhecer. Restava-nos explorar, a pé, a zona urbana de pouco mais de 12 mil habitantes – outros 12 mil se encontram espalhados pelas fazendas adjacentes – e sua arquitetura colonial derivada dos tempos em que este era um ponto de parada de quem provinha do Porto de Paraty e se embrenhava pelas truculentas matas da Serra do Mar, numa época passada trilhadas apenas pelos nativos guaianases.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-0uZDz-mPsvo/UIm2LL7al7I/AAAAAAAAI3Y/II_o0cHG6b4/s1600/P1120585.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-0uZDz-mPsvo/UIm2LL7al7I/AAAAAAAAI3Y/II_o0cHG6b4/s320/P1120585.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja do Rosário, construída em 1793 para os escravos</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-5fW14f8t4ho/UIm4Gj7Pb7I/AAAAAAAAI3g/JmKST9cVDEs/s1600/P1120734.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-5fW14f8t4ho/UIm4Gj7Pb7I/AAAAAAAAI3g/JmKST9cVDEs/s200/P1120734.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alusão ao Caminho do Ouro</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">O primeiro local que cativou nossa vista no pequeno centro histórico de Cunha, calçado por paralelepípedos como a grande maioria deles, foi um templo católico que, apesar de suas dimensões reduzidas, prendeu nossa atenção pelo fato de estar aparentemente descuidado quanto a sua pintura, mas transpirando passadismo ao evocar lembranças de figuras de carcomidos livros de História que eu costumava manusear em meus anos juvenis. A Igreja do Rosário, alva, com portas e janelas de madeira pintadas de um azul encorpado e beirais contornados de um amarelo quase bege demonstravam uma simplicidade que não era muito comum em 1793, época em que foi construída. Há uma explicação para isso: foi edificada exclusivamente para os escravos que trabalhavam nas fazendas locais. O café, após a diminuição considerável das reservas de ouro em Minas Gerais, passou a ser o produto brasileiro mais valioso, isso no fim do século XVIII e durante todo o século XIX. Por Cunha passavam as tropas que transportavam os louros da cafeicultura. Foi a época em que a cidade mais se desenvolveu, pois muitos por ali paravam para usufruir do clima ameno e do solo fértil de seus 1100m de altitude. Foi a época, doravante, que mais careceu de escravos, o que “explicava” a necessidade de uma igreja exclusiva aos mesmos, isso na “cabeça” dos colonos.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-6wqHVoHtdow/UIm5cQVuyLI/AAAAAAAAI3o/8YjWQ0VG-vI/s1600/P1120603.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-6wqHVoHtdow/UIm5cQVuyLI/AAAAAAAAI3o/8YjWQ0VG-vI/s320/P1120603.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marco da Estrada Real a 1320m de altitude, na Serra do Mar, com a Cachoeira do Mato Limpo ao fundo</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-j_FkxzoI82I/UIm53hA5jVI/AAAAAAAAI3w/26ngC3R9Q3g/s1600/P1120609.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-j_FkxzoI82I/UIm53hA5jVI/AAAAAAAAI3w/26ngC3R9Q3g/s200/P1120609.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Mato Limpo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Nada mais poderíamos fazer em uma sexta-feira chuvosa que já se despedia. Logicamente as partes históricas de Cunha apeteciam a Luana, mas não completamente a mim. Estava mais disposto a conhecer cachoeiras, vales e picos. Com esse intuito, no sábado, logo pela sereníssima e “serenosa” manhã, subimos a Serra do Mar pela continuação da SP171. A divisa com o Estado do Rio de Janeiro não estava longe, e dançando com a moto por entre as traiçoeiras curvas chegamos a ela. O altímetro marcava, nos píncaros da serra, 1523m de altitude. Devido ao tempo nublado a vista estava prejudicada, mas a sensação de cegueira somada à vertigem foi única. Estar no alto, olhar para baixo e não ver absolutamente nada tem um efeito semelhante ao da vaidade na personalidade de muitos seres humanos. Devaneios à parte, imediatamente após a placa demarcatória da divisa de Estados o asfalto se encerra, visto que se principia a descida em direção a Paraty por dentro dos domínios do Parque Nacional da Serra da Bocaina. Desceríamos para Paraty, mas não hoje. Voltamos sentido Cunha e apeamos em uma queda d'água por nome de Cachoeira do Mato Limpo, parelha à estrada. Com 15 metros em sua parte mais visível, é rota de vazão das águas que brotam no interior da Fazenda Mato Limpo e conta com um marco da Estrada Real, indicando que os que passavam pelo Caminho Velho também eram agraciados com a sua beleza. O manso ribeirão atravessa a rodovia por debaixo de uma singela ponte e continua vale abaixo, formando novas quedas, seguindo seu caminho até desembocar em definitivo no Rio do Taboão.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-pcfCB73Supg/UIm6YmVqAwI/AAAAAAAAI34/_GJl5E1DwSo/s1600/P1120595.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-pcfCB73Supg/UIm6YmVqAwI/AAAAAAAAI34/_GJl5E1DwSo/s320/P1120595.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">À direita, uma queda menor</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-edLi2QWFSTY/UInBAqmui-I/AAAAAAAAI5w/SdMJr6kXOAM/s1600/P1120624.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-edLi2QWFSTY/UInBAqmui-I/AAAAAAAAI5w/SdMJr6kXOAM/s200/P1120624.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Paraibuna</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Voltando para Cunha, sempre pela espinha dorsal SP171, passamos nossos olhos por um monumento, à beira da estrada, a Paulo Virgínio, agricultor cunhense que se negou a delatar a posição das tropas paulistas às tropas de Getúlio Vargas durante a Revolta Constitucionalista de 1932. Logicamente foi torturado, obrigado a cavar a própria cova e assassinado para preenchê-la. A essa altura eram tantas informações históricas relativas a Cunha que eu praticamente desistira de conhecer seus aspectos naturais. Quando já me dava por vencido, eis que visualizo uma placa com indicações para o Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Cunha-Indaiá. Aquela coragem muitas vezes maléfica me incitou a adentrar a Estrada do Paraibuna, totalmente de terra, para tentar a sorte nos domínios de uma área protegida de mata atlântica. Seriam 20km de terreno judiado pela chuva, no qual lamaçais, especialmente nos últimos 5km anteriores à portaria do parque, acautelavam a progressão que, por sinal, já era bem lenta. A tensão foi quebrada apenas quando apeamos em mais uma queda d'água parelha à cerca de uma propriedade privada, mas totalmente acessível. Tratava-se da Cachoeira do Paraibuna, do próprio Rio Paraibuna, que com o Paraitinga dão origem a um dos mais importantes e extensos rios do Brasil: o Paraíba do Sul. Com pouco volume, 12 metros e um poço de águas amarronzadas, não é imponente, mas impressiona por sua largura, escorrendo suas águas, com a ajuda oportuna da gravidade, em forma de leque de ponta-cabeça. Aranhas multicoloridas tecem suas teias no gramado derredor ao poço. Por mais que eu tenha enviado mensagens eletrônicas para o pessoal do Butantã, ainda não me responderam qual é a espécie do aracnídeo.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-VSFzwNvLQTU/UInCoMAK84I/AAAAAAAAI54/Ip0_o8idXrQ/s1600/P1120626_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="http://1.bp.blogspot.com/-VSFzwNvLQTU/UInCoMAK84I/AAAAAAAAI54/Ip0_o8idXrQ/s400/P1120626_stitch.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-qN7Oq0468nQ/UInCpYudApI/AAAAAAAAI6A/egLjIxZTxek/s1600/P1120640_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="152" src="http://3.bp.blogspot.com/-qN7Oq0468nQ/UInCpYudApI/AAAAAAAAI6A/egLjIxZTxek/s400/P1120640_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Paraibuna: mais imagens<br />
<br /></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-DT_e4Xzf5cU/UIpOF6jT6dI/AAAAAAAAI8I/ZrTi7lXpHNg/s1600/P1120677.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-DT_e4Xzf5cU/UIpOF6jT6dI/AAAAAAAAI8I/ZrTi7lXpHNg/s200/P1120677.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Núcleo Cunha-Indaiá</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> Sem atolar, por incrível que pareça, alcançamos a portaria do Núcleo Cunha-Indaiá do Parque Estadual da Serra do Mar. O sereno e o chuvisco deixaram de ser complacentes e o aguaceiro apertou. Conversamos com membros da equipe de manutenção do parque, visualizamos algumas fotos no Centro de Visitantes e partimos, a pé, pela única trilha disponível devido ao tempo: a Trilha do Rio Paraibuna. Esta margeia o mesmo rio na qual observáramos a cachoeira supracitada. A chance de vermos bichos era ínfima, devido ao clima tempestuoso, mas nem por isso deixamos de palmilhar seus 1700m de extensão. São vistas sucessivas quedas ao longo do rio, não maiores do que cinco metros cada, com destaque para a Cachoeira do Barracão, uma espécie de corredeira entre pedras arredondadas amontoadas. Bromélias, araucárias e palmiteiros-jussara se destacam em meio à densa mata ciliar. Pequenos anuros cruzavam a trilha visando alcançar o úmido interior da mata, e algum cuidado era necessário para não pisarmos neles. Girinos às centenas se espremiam em pequenas poças d'água formada sobre os sulcos das enormes rochas presentes no leito do rio. Enfim, um cenário típico da mata atlântica, que já chegou a ocupar 80% de todo o território paulista e hoje subsiste com meros 6%. Todo o esforço dispendido para sua preservação é, a meu ver, meritório de exortativos encômios.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-iJet2A2tgcs/UIpOEw0zfsI/AAAAAAAAI8A/p47oHt8_STQ/s1600/P1120661.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-iJet2A2tgcs/UIpOEw0zfsI/AAAAAAAAI8A/p47oHt8_STQ/s320/P1120661.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Barracão</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-UrjBa6W90UU/UIpODzm21sI/AAAAAAAAI74/uLXsbJrLg6I/s1600/P1120652.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-UrjBa6W90UU/UIpODzm21sI/AAAAAAAAI74/uLXsbJrLg6I/s320/P1120652.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rio Paraibuna</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-rxNYyt8WK58/UIpT4hSalvI/AAAAAAAAI-A/spHEtNVvyZ4/s1600/P1120724.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-rxNYyt8WK58/UIpT4hSalvI/AAAAAAAAI-A/spHEtNVvyZ4/s200/P1120724.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora da Conceição</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Duas horas no interior do Parque Estadual da Serra do Mar foram suficientes para que meu medo de enfrentar a Estrada do Paraibuna, no caminho de volta para Cunha, adquirisse proporções abissais. Quando viéramos, o barro se mostrou um impetuoso empecilho. Agora, caíra ainda mais água e o potencial “escorregativo” de seu solo certamente se maximizara. Contrariando as expectativas, tudo transcorreu da maneira mais suave possível. Atravessamos a Vila de Paraibuna, com sua capela singela e um campo de futebol de pequenas dimensões, e calhamos novamente na SP171. Descemos para Cunha, observando-a enquanto perdíamos altitude nas serpenteantes curvas da serra. Na zona urbana não mais chovia, e desta feita pudemos fotografar a Igreja Matriz, inegavelmente maior do que a do Rosário. Leva o nome de Nossa Senhora da Conceição e foi construída em 1731. Por ser de cunho barroco não é tão deslumbrante quanto as suntuosas igrejas de São João del Rei, mas mesmo assim nos remete ao passado, numa época em que tudo era mais difícil mas que, nem por isso, deixava de ser idealizado e concretizado. O interior da edificação, praticamente todo talhado em madeira e pintado a cores vivas, é um bom exemplo do esforço que era empregado na construção de templos religiosos no século XVIII. De tão carismática, a igreja e a Praça Cônego Siqueira, que a circunda, são os pontos de maior trânsito de pessoas de Cunha. Como era de se esperar, o Caminho do Ouro passava por aqui. Há até uma alusão a ele no calçamento moderno de uma das vielas comerciais que se ligam à praça.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-5mWLB6pLFsg/UIpT6Kl9lKI/AAAAAAAAI-I/phE7Hj7sAP0/s1600/P1120731.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-5mWLB6pLFsg/UIpT6Kl9lKI/AAAAAAAAI-I/phE7Hj7sAP0/s320/P1120731.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Interior da Igreja Matriz</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-qfR_0gUvKM8/UIpWqzPhM2I/AAAAAAAAJAA/sirr6V6ryLw/s1600/P1120741.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-qfR_0gUvKM8/UIpWqzPhM2I/AAAAAAAAJAA/sirr6V6ryLw/s200/P1120741.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zona rural de Cunha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Sob chuva dormimos, e abrigados por um céu azul despertamos. Era o dia D, um domingo em que o clima parecia querer ceder aos nossos objetivos. Incontinenti nos despedimos da zona urbana de Cunha e acessamos a zona rural por um trecho bem preservado da Estrada Real, chamado localmente de Estrada do Monjolo. Os marcos em marrom, que se estendem na vertical a pouco mais de um metro, facilitam bastante a progressão pela estrada de terra. Por entre vales, pontes de madeira e fazendas vencemos cerca de 9km até a porteira semiaberta do sítio em cujo território se encontra a Cachoeira do Desterro. Caminhamos até ela por uma trilha que, numa primeira parte, atravessava um pasto. À direita, o Rio Jacuí, segundo a carta topográfica do IBGE, formava uma ilhota ao bifurcar-se à procura de um caminho por entre o vale. Metros abaixo, a cabeceira da cachoeira, de sólidas pedras acinzentadas, delineavam o formato das duas quedas d'água de Desterro. Prosseguindo pela trilha, agora através de uma mata mais densa, obtivemos uma vista frontal de ambas as quedas, com 15 metros, sendo a da esquerda mais poderosa e a da direita mais parcimoniosa. As róseas caliandras, aos montes, enfeitavam ainda mais o cenário, que me lembrou as quedas do Córrego do Rebojo, em Tambaú. No mapa, ainda havia mais uma alguns quilômetros à frente. Aproveitarmo-nos íamos do promissor tempo.</span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-VINZ5o6orhs/UIpWs86uFlI/AAAAAAAAJAI/r55ID1fDvoA/s1600/P1120749.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-VINZ5o6orhs/UIpWs86uFlI/AAAAAAAAJAI/r55ID1fDvoA/s320/P1120749.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Desterro</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-DWerItbGoy8/UIpdGT867ZI/AAAAAAAAJCA/86AvKPynWmg/s1600/P1120760.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-DWerItbGoy8/UIpdGT867ZI/AAAAAAAAJCA/86AvKPynWmg/s320/P1120760.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caliandras</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-a2mG2patA04/UIpdbe-GU1I/AAAAAAAAJCI/CQdiSM8CkpY/s1600/P1120763.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-a2mG2patA04/UIpdbe-GU1I/AAAAAAAAJCI/CQdiSM8CkpY/s200/P1120763.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Pimenta</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Meu mapa estava certo. Detrás do arame farpado e dos mourões da cerca, 4km adiante da Cachoeira do Desterro, visualizamos as várias quedas que formam a Cachoeira do Pimenta, também no curso do Rio Jacuí. São mais de 70 metros de desnível, desde a primeira queda, no topo, até o poço que se forma após a última. Por não ser em queda livre, como a do Desterro, não é tão exuberante, mas carrega um peso histórico considerável por alimentar uma antiga usina hidrelétrica que supria a demanda de energia da cidade de Cunha. Poderíamos caminhar pela trilha lateral às quedas, fotografando-as uma por uma, inclusive um museu que há por lá, mas em cachoeiras como essa, que caem diagonalmente e não em 90º, a beleza se distingue no conjunto cênico, e não em cada pedaço registrado separadamente. Preferimos, portanto, prosseguir, e toda esse azáfama era fruto de uma ideia um tanto quanto inconsequente que nos assolara no sábado: descer pelo trecho calamitoso e famigerado da Estrada Real, inserido no Parque Nacional da Serra da Bocaina, para Paraty. Terminamos o trajeto, portanto, pela Estrada do Monjolo mesmo, e nossa coragem em realizar tal empreitada começou a ser testada. A chuva, sem sobreaviso, reaparecera, fina e constante. Com o barro dificultando calhamos na SP171, a 1300m de altitude. No asfalto, passamos pela estrada de acesso a Pedra da Macela, mas não a adentramos pois, subir a 1800m de altitude com os céus fechados, não nos oportunizaria ver a Baía de Paraty em toda seu esplendor. Um dia voltaremos para visitá-la, certamente.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-dLjtQ9TVzsM/UIpdcpUF_YI/AAAAAAAAJCQ/-qGl4MN2fqM/s1600/P1120766.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-dLjtQ9TVzsM/UIpdcpUF_YI/AAAAAAAAJCQ/-qGl4MN2fqM/s320/P1120766.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cachoeira do Pimenta: primeiras quedas</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-EeeXos8hgOE/UIpviFebYaI/AAAAAAAAJEM/X2H_V_fMTf0/s1600/P1120605.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-EeeXos8hgOE/UIpviFebYaI/AAAAAAAAJEM/X2H_V_fMTf0/s200/P1120605.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Cunha</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Mil e quinhentos metros de altitude. Divisa São Paulo/Rio de Janeiro. Desse lado, a segurança do asfalto. Do outro, o barro e os buracos da Estrada Real. Estanquei a moto, hesitando por um minuto ou dois, e indaguei Luana sobre sua disposição em sofrer. Afinal, desceríamos 9km por uma estrada incerta, desconhecida, popularmente conhecida por destruir o assoalho de carros de passeio comuns. Com o aval dela, e munido daquele brio que infelizmente não me abandona, acelerei minha moto e principiamos cautelosamente a descida. Eram muitas pedras soltas, vincos, canaletas formadas pelo escoamento natural da água da chuva, crateras com mais de dois metros de diâmetro e, o que o mais temia, barro. Muito barro. Em alguns trechos achei por bem passar sozinho com a moto. Luana descia a pé os poucos metros em que o solo pegajoso pedia leveza para sua transposição. A estrada, uma cicatriz de quatro metros de largura aberta na imensidão da mata atlântica da Serra do Mar, mas por incrível que pareça neste ermo pertencente ao Parque Nacional da Serra da Bocaina, em conjunto com a chuva, tanto nos amedrontaram que fotografar foi impossível. A tensão e a concentração se voltaram ambas exclusivamente para a íngreme e sinuosa descida. Um fusca branco subiu, em sentido inverso ao nosso, sofregamente subia, bailando ao sabor dos buracos e da lama. No fim das contas, encontramos asfalto 9km depois. Foram necessários 90 minutos para derrocá-los.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-FS9c9fecbwI/UIpwKUKpuLI/AAAAAAAAJEU/03W2_wRs_60/s1600/P1120770.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-FS9c9fecbwI/UIpwKUKpuLI/AAAAAAAAJEU/03W2_wRs_60/s320/P1120770.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paraty</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-sw_4iyjJvPU/UIpwhFS927I/AAAAAAAAJEc/k8PhA8ajR1s/s1600/P1120768.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://1.bp.blogspot.com/-sw_4iyjJvPU/UIpwhFS927I/AAAAAAAAJEc/k8PhA8ajR1s/s200/P1120768.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Centro Histórico</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A continuação do caminho, a RJ165, também é parte integrante da Estrada Real, mas por ser asfaltado, e também por estarmos ensopados, não mereceu olhares pormenorizados. Passamos pela multidão que se aglomerava na entrada para a trilha da Cachoeira da Penha e atravessamos uma ponte sobre o Rio Perequê-Açú, cuja 165 segue paralela a partir de então. Em pouco tempo contornamos a rotatória da BR101 e apeamos nas proximidades do Centro Histórico de Paraty. Vestimos roupas secas e, a pé, palmilhamos boa parte das três dezenas de quarteirões que abrigam uma importante parte de nossa História. Nestas paragens doadas por Maria Jácome de Melo, em 1646, começou a ser edificada uma vila pela qual, no começo do século XVIII, mais precisamente a partir de 1703, o ouro era transportado de barco para São Sebastião do Rio de Janeiro, e de lá levado para Portugal. Foi, por este motivo, planejada para melhor se adequar a este propósito. Suas ruas de pé-de-moleque são banhadas pela maré alta que, na época em questão, levava para o mar todas as impurezas de suas vielas, basicamente de fezes de animais de tração, diminuindo o risco de transmissão de doenças. Sua arquitetura colonial muito bem preservada, onde casas geminadas coexistem com igrejas que muitos dizem inacabadas, contrasta com a modernidade dos aparelhos eletrônicos carregados por turistas estrangeiros e brasileiros. São sobrados e mais sobrados alinhados quase que perfeitamente, diferindo apenas no que se refere à altura, essa variando bastante de uma casebre para outro.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-W8q2rj-WYTk/UIpwiEnVxNI/AAAAAAAAJEk/VU8YtkiyH_c/s1600/P1120772.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-W8q2rj-WYTk/UIpwiEnVxNI/AAAAAAAAJEk/VU8YtkiyH_c/s320/P1120772.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Calçamento pé-de-moleque</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-0WB_SggPDvc/UIpxTMMn2uI/AAAAAAAAJEs/oNPdapR7vDA/s1600/P1120775.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-0WB_SggPDvc/UIpxTMMn2uI/AAAAAAAAJEs/oNPdapR7vDA/s200/P1120775.JPG" width="150" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Santa Rita</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">A Igreja da Santa Rita, defronte a Baía de Paraty, remonta ao ano de 1722, e em suas proximidades um sujeito caracterizado de escravo, de corrente nas mãos, eloquentemente brada palavras sobre a História da cidade. Não dá para dizer que tudo é verdade, mas o espetáculo é interessante. O engraçado é ele se queixando de que os turistas preferem fotografá-lo a guardar suas informações. Numa rápida inspeção localizamos alguns canhões de ferro, apontados para o mar, relembrando que Portugal acreditava na localização estratégica de Paraty na defesa das terras brasileiras. Não era raro o ataque de piratas aos barcos que transportavam o ouro daqui para o Rio. Foi isso que inviabilizou o Caminho Velho, obrigando um Caminho Novo, que partia direto do Rio de Janeiro para o sertão de Minas Gerais, a ser aberto pela coroa portuguesa, a partir de 1710, fadando Paraty ao declínio. Não obstante, sua aura jaz intacta, até hoje, e nos contornos do Atlântico chegamos ao extremo norte do Centro Histórico, mais precisamente à foz do Rio Perequê-Açú. Pelo caminho, as importante igrejas de Nossa Senhora das Dores, construída em 1800 com um galo férreo no topo de sua única torre, e a de Nossa Senhora dos Remédios, ou Matriz, de 1873. Barcos coloridos e de nomes cômicos, ancorados, pareciam nos encarar enquanto atravessávamos a ponte em direção ao Forte Defensor Perpétuo, afastando-nos do Centro Histórico.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wvO-1Yomc6Q/UIpxU2Sa9wI/AAAAAAAAJE8/VQmzSA4Ie28/s1600/P1120785_stitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="78" src="http://2.bp.blogspot.com/-wvO-1Yomc6Q/UIpxU2Sa9wI/AAAAAAAAJE8/VQmzSA4Ie28/s400/P1120785_stitch.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Baía de Paraty</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-HMzCQ4Tuasw/UIpygDb3vSI/AAAAAAAAJFE/xfsAjgU3fKQ/s1600/P1120799.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-HMzCQ4Tuasw/UIpygDb3vSI/AAAAAAAAJFE/xfsAjgU3fKQ/s320/P1120799.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de Nossa Senhora das Dores, construída em 1800</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span>
<span style="margin: 0px 50px;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-057M2JCHB4Y/UIp0CR8re9I/AAAAAAAAJFM/goEtYadea0E/s1600/P1120827.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-057M2JCHB4Y/UIp0CR8re9I/AAAAAAAAJFM/goEtYadea0E/s200/P1120827.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Forte Defensor Perpétuo</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Alguns minutos de caminhada, uma leve subida pelo asfalto, ainda a pé, e adentramos uma trilha que culminou no forte. Não passa de um simples casarão, datado de 1703, rodeado por enormes canhões que garantiam a segurança de Paraty por estarem localizados em um ponto estratégico. A vista da Baía de Paraty é ampla, e mesmo o céu sisudo não foi capaz de esmaecer seu brilho. Luana soltou seu capacete após um escorregão nas pedras do costão rochoso que dá acesso às águas do mar e, por pouco, não o perdeu para o Atlântico. Agradecendo um tufo de gramíneas que o segurou, subimos de volta para o forte para fotografá-lo e, mais do que isso, aproveitar nossos últimos instantes na cidade histórica. Já eram passadas 15h de domingo e a chuva, nossa fiel companheira durante os três dias em que nos aventuramos por Cunha e Paraty, regava com vigor nossas cabeças. Satisfeito estive eu lá no alto da Serra, em Cunha, e na Estrada Real, na Bocaina, e pulsante estava agora Luana e seu particular interesse na História vista, contada e lida de nosso país. Aprendemos em demasia, baseados em provas visuais, quando viajamos com a mente aberta não somente para o atual, mas também para o antigo. Poderíamos ver Paraty como todo a veem: casas velhas com restaurantes requintados, comida cara e turistas estrangeiros. Optamos por uma abordagem discrepante do senso comum. Nas palavras de Luana Romero, “uma história, uma vida que, por mim, nunca foi vivida, mas que me contenta por preservar suas simples casas descascadas e janelas coloridas e me fazer imaginar”.</span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Bm2ZOTzXt2g/UIpxUAlektI/AAAAAAAAJE0/uetfqXgRIEo/s1600/P1120780.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-Bm2ZOTzXt2g/UIpxUAlektI/AAAAAAAAJE0/uetfqXgRIEo/s320/P1120780.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Adeus, Paraty</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-O-H3Ue66bbA/UIp0-IiunNI/AAAAAAAAJFU/cTu7pnuTPkc/s1600/P1120776.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-O-H3Ue66bbA/UIp0-IiunNI/AAAAAAAAJFU/cTu7pnuTPkc/s200/P1120776.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Seremos História?</td></tr>
</tbody></table>
<span style="margin: 0px 50px;">Exatamente às 16h de domingo deixamos Paraty. Reavemos nossa motocicleta, aceleramos para longe do Centro Histórico e ganhamos a BR101, na qual permanecemos até o município de Ubatuba, tendo relances do mar azulado à esquerda quando a mata atlântica nos permitia vê-lo. Acessamos a Oswaldo Cruz, visando escapar do tráfego de Caraguatatuba e da Tamoios, mas infelizmente não demos sorte. Vagarosamente subimos a Serra do Mar pelas curvas “cotovelo” dessa perigosa rodovia. O céu estrelado após a São Luiz do Paraitinga me fez esboçar um sorriso irônico dentro do capacete. É bem verdade que ele tentou de todas as formas agourar essa viagem que, há tempos, eu tentava levar a cabo, mas em nenhum momento fui compelido a desistir por causa das intempéries. Taubaté sumia nos retrovisores, deslizávamos sobre a Dom Pedro e, após 910km rodados em asfalto, lama e pedras, apeávamos na Praia Azul, onde eu me despedia de uma de minhas companheiras de aventura. A outra, minha inseparável moto, comigo ainda enfrentaria os últimos quilômetros da Anhanguera, que leva o nome de um bandeirante, atiçando dessa feita uma gargalhada estridente. A História e meus caminhos estão interligados. Mesmo não querendo, um dia serei parte dela.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px 50px;">Deixei-te porque, para controlar-te, necessário era que te abandonastes. Na hipocrisia de tudo, o nada me surgiu, tão translúcido quanto a certeza da morte. Ei-lo, meus mais torpes devaneios, escritos na sufocância da evidente depressão, pois fizeste-me tão perdido e só que desbravar o mundo tornou-se minha única passagem para fora de seu abraço. Escutar-te-ei não mais, infrutífera pusilanimidade. Aviltarei a letargia e, em meio ao negro de que meus olhos se inundam quando me privas da luz, evocarei mapas mentais tão minuciosos que te fariam pensar ser, na verdade, uma projeção de uma dimensão onde nada dominas. Onde não tens sentido algum. Onde viver seja a única possível verdade.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-tOm40w6u_xg/UIp1cSVkqgI/AAAAAAAAJFk/30nvvzJf-qk/s1600/P1120647.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="241" src="http://3.bp.blogspot.com/-tOm40w6u_xg/UIp1cSVkqgI/AAAAAAAAJFk/30nvvzJf-qk/s320/P1120647.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">Mais fotos <a href="https://picasaweb.google.com/108885731124849771418/CunhaEParatyDe12A14DeOutubroDe2012" target="_blank"><u><i><b>aqui</b></i></u></a>. </span><br />
<br />
<span style="margin: 0px 50px;">E abaixo, um lamento bandoleiro para as cidades de Cunha e Paraty.</span><br />
<span style="margin: 0px 50px;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/eG3z7pCg714?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<span style="margin: 0px 50px;"><br /></span></div>
Marcos "Carcará" Gazolahttp://www.blogger.com/profile/00102075348135696886noreply@blogger.com6